Paulina e Carlos Daniel saíram da mansão rumo ao restaurante. Diferente das outras vezes que saiam, o silêncio rondava o interior do carro, sendo quebrado apenas pelo som rouco do motor. Vez que outra, pequenos olhares eram trocados, mas o olhar de Paulina voltava-se sorridente olhando a cidade pelo vidro escuro. Carlos Daniel soltou uma das mãos do volante e pegou delicadamente uma das mãos de Paulina; A levou nos lábios e depositou um pequeno beijo sobe sua aliança.

–Está tudo bem, meu amor? –Perguntou ele falando baixinho.

Paulina olhou para ele e logo acenou com a cabeça, sorridente. Sua vontade era de gritar ao mundo que em seu ventre havia um fruto daquele belo amor.

–Tem certeza, você esta com uma carinha... hum... –Ele passa as costas dos dedos dela sobre os lábios. –sapeca.

Paulina ri.

–Está tudo bem.

Carlos Daniel estaciona o carro em frente à porta do iluminado restaurante. Ele já desce do carro sinalizando ao manobrista que ele mesmo abriria a porta para a esposa. Ele entrega as chaves ao rapaz, abrindo a porta do veículo.

Paulina estende a mão a ele sorridente descendo do carro. Carlos Daniel deposita um pequeno beijo em sua bochecha e abraça pela cintura, conduzindo-a para dentro do local. Aquele era um dos melhores restaurantes do México. Na entrada, O Ar Rústico-Chique do local já podia ser notado. As Paredes externas cobertas por uma madeira envernizada. Luminárias a óleo mostravam o brilho do verniz. Na entrada, pedras de cor terra faziam o caminho até a enorme porta de vidro. Ao lado esquerdo da Entrada, um belo jardim com flores de diversas espécies ficavam ao entorno de uma fonte iluminada. Já, do outro lado, um grande gramado verde tinha dois coqueiros juntos a placa com o nome do lugar.

Não era a primeira vez que o casal vinha ali. Na primeira, Carlos Daniel era o dono do mistério. Naquela noite, entregou a Paulina um anel de brilhantes, junto ao seu pedido oficial de noivado. E agora, na segunda noite, quem faria a surpresa era ela, contando a ele a tão desejada gravidez. E sem dúvidas, aquela noite seria tão inesquecível quanto a primeira.

Paulina havia combinado tudo com os gerentes do restaurante, e assim que confirmaram as reservas e foram levados a mesa, um garçom pediu que Carlos Daniel fosse até a adega escolher o vinho da noite. Assim ele fez. Paulina rapidamente entregou os sapatinhos a gerente confirmando o que tinha falado a ela na ligação. Logo Ela estava sentada novamente em sua mesa, e Carlos Daniel não demorou a chegar.

–Demorei? –Perguntou ele sentando-se frente a ela, com o sorriso apaixonado de sempre.

–Não. –Disse ela devolvendo o sorriso.

–Como foi com o Doutor Varella? –Perguntou ele pegando a mão dela sobre a mesa, mirando os olhos exatamente nos seus.

–Hum... é... –ela desvia o olhar, mas logo coloca-o novamente de encontro ao dele. -bem, foi tudo bem. –Disse nervosa.

–Você esta me escondendo algo Paulina? –Perguntou ele sério segurando firme a mão dela, mostrando-se preocupado.

Nesse momento, Livrando Paulina do nervosismo, o garçom trás o cardápio, fazendo-a soltar um leve suspiro de agradecimento. Rapidamente eles escolhem o jantar. Paulina escolheu salmão ao molho de Champion com arroz branco, e uma salada verde com ervas finas como entrada. Carlos Daniel empolgado, pediu o mesmo. Como sobremesa, uma torta gelada com castanhas e calda quente, deixaria tudo mais gostoso.

O Jantar corria normalmente, entre conversas e alguns risos. Paulina vez que outra sentia-se nervosa. Suas mãos tremiam e ela tentava controlar a ansiedade. Carlos Daniel visivelmente mostrava sua preocupação, mas tentava não pressiona-la.

–O que foi aquela palavra de Lizete? Deixou-me surpreso! –Disse ele sorrindo, olhando-a no fundo dos olhos, pegando em suas mãos.

–Fique Surpresa também! Nossos filhos estão crescendo... –Disse ela baixando o olhar, lembrando-se que logo teriam outro; um bebe crescia ali, dentro dela.

–Paulina, amor meu, está realmente tudo bem? Eu estou ficando preocupado com você. Hoje pela manhã estava tudo tão tranquilo. Você estava tão bem na hora que deixei você no consultório. Devia ter ficado contigo. O que te deixou assim? O que aconteceu, vida minha? –Perguntou falando baixinho buscando o olhar dela.

–Carlos Daniel está tudo bem, eu só... Estou um pouco cansada. Acho que deveríamos pedir a sobremesa e voltar pra casa. –Disse disposta a abrir o jogo de uma vez. A Ansiedade falava mais alto.

–Tem certeza que não tem nada a mais que isso? –Insistiu ele vendo o semblante ansioso dela.

–Tenho meu amor. –Sorriu nervosa olhando-o nos olhos.

–Está bem então. –Carlos Daniel mesmo não satisfeito, respeitou a vontade dela de calar-se. Fazendo sinal para o garçom, logo as sobremesas chegaram.

O Garçom, largou sobre a mesa frente a Paulina, uma pequena bandeja de prata com uma taça de sobremesa. Já para Carlos Daniel, a mesma bandeja, porem com ela tampada.

–Vamos comer? –Perguntou Paulina sorridente.

Em sua cabeça, o som de seus batimentos cardíacos ecoavam. Nervosa? Isso era pouco para definir Paulina naquele instante.

–Por que a minha esta coberta e a sua não? –Disse sorrindo de canto para ela.

Paulina sorriu para ele com um brilho deslumbrante preenchendo seu olhar. Logo, assentiu com a cabeça para que ele abrisse.

Carlos Daniel curioso, calmamente levantou a tampa da bandeja. No mesmo instante seu rosto ficou sério. No início um olhar confuso, mas logo o esclarecimento pairou em seus pensamentos. Lá estava o pequeno sapatinho de lã amarelo, fazendo o coração de ambos bater desenfreado, deixando Paulina com os olhos marejados. Era incrível como aquele pequeno objeto significava algo tão grande, tão desejado. Os olhos de Carlos Daniel também ficando carregados por lágrimas; e Paulina, vendo-o assim, deixou que as suas escorressem por sua face, transmitindo mais ainda toda a emoção que sentia.

–Paulina... –Disse ele sorrindo enquanto o brilho naquele olhar castanho apenas multiplicava.

–Sim... –Ela sorriu chorando pegando as mãos dele sobre a mesa. O olhar dela que estava nas mãos dele foi de encontro aos belos olhos castanhos do marido. Encontrando-o, respirou profundamente, e sem deixar de sorrir e continuou: -Carlos Daniel, eu estou grávida.