– Na-naruto-kun? – ela estava surpresa por vê-lo. Não. Era exatamente aquilo que ela não queria.

– E-eu só... Eu estava te procurando. Queria falar com você. A sós. – disse ao se virar para a loira que estava sentada ao lado de Hinata. Ele não estava com vontade nenhuma de ouvir falsas acusações vindas de Ino.

– Naruto... Eu queria pedir desculpas. – ele foi pego de surpresa por aquela frase. Olhou nos olhos da garota que havia se levantado. – Eu não te tratei bem depois do que aconteceu. Eu te culpei por tudo. Desculpe-me por tudo isso. Foi errado. É só que... Eu sinto a falta dela e... – Ele a abraçou sem permissão, fazendo com que ela parasse de falar.

– Tudo bem. Eu aceito suas desculpas. Eu também sinto a falta dela. – disse o garoto ao se afastar.

– Mas... O que está fazendo aqui, Naruto?

– Estava procurando por Hinata! – respondeu ao olhar para a garota que estava sentada observando a cena. Ela possuía um sorriso encantador no rosto, mas logo desapareceu quando percebeu que ele a encarava.

– Bom... Eu tenho que ir. Minha mãe deve estar precisando de ajuda na loja. – disse Ino enquanto se afastava com passos leves e olhava para Hinata. A loira piscou o olho e foi embora, deixando os dois sozinhos.

– Então... Como soube que eu estava aqui? – perguntou a garota com uma voz tímida.  

– Longa história. – disse enquanto se sentava ao lado dela. – Primeiro eu te procurei na sua casa. Sua irmã mais nova disse que você tinha ido procurar Kiba. Achei Kiba treinando como um louco e perguntei onde você estava. Ele disse que você tinha ido procurar Ino. Fui até a floricultura da mãe de Ino e ela me disse que vocês tinham ido para o parque. Então eu vim para o parque e te encontrei.  – ele abriu um sorriso enorme no rosto, demonstrando orgulho de si mesmo e felicidade. Fazia muito tempo que ela não via aquele sorriso tão contagiante e alegre. Seu estômago congelou e ela resolveu olhar para frente. Era mais seguro. – Ah... Por falar nisso... Por incrível que pareça, Kiba me pediu desculpas.

– F-foi mesmo? – tentou demonstrar surpresa, mas sem sucesso.

– Ora essa... Hinata-chan... Eu sei que você falou com ele. E sei que falou com Ino também. – ele segurou o rosto da garota pelo queixo, fazendo com que ela olhasse para ele. – Obrigado.

Os olhos de Naruto num azul penetrante se chocaram com os seus. Hinata sentiu suas bochechas queimarem e teve quase certeza de que estava corada.

– E-eu... Eu não fiz nada. – respondeu enquanto admirava as feições do garoto. Ele havia se tornando um homem. E que homem.

– Não seja modesta. – ele se aproximou do ouvido da garota. – Não sei o que faria sem você. – sussurrou lentamente.

Hinata sentiu um arrepio percorrer seu corpo, fazendo com que estremecesse de leve. Suas bochechas estavam extremamente vermelhas. Ela percebeu que havia parado de respirar e deixou o ar entrar e sair de seus pulmões lentamente. Antigamente, quando Naruto falava com ela ou chegava perto demais, ela desmaiava por nervosismo e por se esquecer de respirar.

– Na-naruto-kun... E-eu não... – ela começou e se afastou lentamente.

– Não. Não diga nada. Eu quero experimentar uma coisa.

Naruto pôde ver que os olhos da garota demonstravam medo, ansiedade, confusão. Ela estava numa batalha interna. Uma parte dela dizia para se entregar ao homem que amava. Outra parte dizia que ela sairia machucada e sofreria mais.

Ele encostou os lábios na bochecha quente e macia da garota. O corpo dela tremia e ele sorriu ao perceber que era a causa daquilo. Ele levou uma das mãos até a nuca da garota e a outra até a lateral de seu rosto. Ele sentiu como se estivesse prestes a atacar um inimigo. A ansiedade tomava conta de seu corpo. Sua respiração tornou-se pesada. Seu coração batia mais rápido.

Ele caminhou com os lábios lentamente em direção aos de Hinata. Aquela era, definitivamente, uma das melhores sensações do mundo. Não havia sido daquele jeito com Sakura. Suas mãos tremiam levemente.

A distância que separava os lábios de Naruto dos de Hinata era capaz de ser quase desconsiderada de tão pequena. Sem conseguir aguentar sequer mais algum segundo, ele tentou avançar para o beijo no exato momento em que Kiba apareceu, fazendo com que a garota despertasse do transe e levantasse do banco.

– Olá, Hinata-chan. Naruto. – disse o menino ao lado do grande cão branco. Ele demorou alguns segundos até perceber que estava atrapalhando. Ficou feliz por ter chego na hora certa. Mais um segundo e ele acabaria por ver um beijo entre Naruto e Hinata. Não sabia se seria capaz de presenciar tal imagem.

– K-kiba-kun! – ela disse enquanto dava alguns passos para longe dos dois.

– Eu estou atrapalhando alguma coisa? – disse com um sorriso malicioso ao olhar para Naruto.

– Sim..

– Não! – disse Hinata rapidamente ao cortar a fala de Naruto.

– Oh... Então tá. – disse ainda sorrindo para o loiro. Virou-se para a garota e encarou-a. Ela estava mais vermelha do que nunca. Ele tinha certeza que estava interrompendo. Ela parecia prestes a explodir ou desmaiar. – Está tudo bem, Hinata-chan?

– T-tudo ótimo, Kiba-kun. – ela respondeu enquanto passava a mão pelo cabelo, tentando disfarçar a vergonha. Perdeu a conta de quantas vezes teve que respirar fundo. Olhou para Naruto. Ele estava ficando vermelho. Talvez sua raiva estivesse crescendo. Ela precisaria escolher o que dizer, assim como Kiba, se não quisesse encontrar a morte tão cedo.

– Eu só estava passando por aqui e vi vocês dois. Achei que pudesse vir e dizer um olá. – ele mantinha um sorriso de satisfação no rosto.

– Achou errado. – ele se levantou e encarou Kiba com um único olhar penetrante antes de virar as costas e ir embora.

– Nossa... Achei que tínhamos nos entendido hoje de manhã. – disse Kiba com um ar falso de questionamento.

– Nos falamos depois, Kiba-kun. – disse Hinata, que já havia retornado a sua cor original e estava caminhando depressa em direção ao loiro.

– Não. – ele agarrou o braço da menina e forçou-a a encará-lo. – Você continua dizendo essas coisas. Porque esse depois não pode ser agora?

Hinata olhou para a mão firme que a segurava. Depois levantou os olhos para Kiba, que a encarava impaciente. Ela puxou o braço, fazendo com que se desvencilhasse dele. Seu olhar era assustado e ela não compreendia aquela ação.

– Kiba-kun... Tente entender... Tenho coisas a resolver primeiro. – ela virou e saiu correndo, mas não pôde deixar de ouvir o último comentário gritado do fundo dos pulmões de Kiba.

– Coisas a resolver? O nome dessas coisas é Naruto!

*/*

Hinata corria na direção em que Naruto havia saído. Esperava encontrar o garoto antes que ele fizesse alguma besteira.

– Naruto-kun! – ela gritou quando avistou uma cabeleira loira andando pela multidão do centro de Konoha.

Naruto parou ao ouvir aquela voz chamando seu nome. Sentiu o coração congelar. Virou-se e avistou a garota de cabelos azuis e olhos perolados andando em sua direção. De repente, sentiu a felicidade invadir seu peito. Ela preferia ficar com ele. Ela preferia ele a Kiba.

– Naruto-kun. – ela disse novamente enquanto parava ao lado do garoto.

– Desculpe-me por sair daquele jeito. Mas é que... Aquele desgraçado me tira do sério às vezes.

Ela sorriu e colocou uma mecha azul do cabelo atrás da orelha. O coração do menino acelerou com aquele simples gesto. Tão charmosa... Tão linda... Como ele não havia percebido antes?

– Tudo bem. Eu só vim aqui pra me despedir. E pra ter certeza de que não vai causar problemas ou fazer alguma besteira.

– Ah... – ele não pôde esconder certa decepção ao ouvir aquelas palavras. Então ela não estava ali porque queria. Estava ali para impedi-lo de brigar com alguém ou destruir alguma coisa. – Pode ter certeza de que não farei nada.

Os dois pararam quando perceberam que haviam se distanciado das pessoas. Estavam perto de uma rua iluminada apenas por uma fonte fraca de energia. Ele virou a garota para si. Precisava tentar entender o que havia por trás daqueles olhos.

– Na-naruto-kun... Tenho que ir. Preciso cuidar de Hanabi. – disse a morena ao perceber que ele estava se aproximando.  

– Espere! Eu preciso saber... Eu fiz alguma coisa errada? Eu... Desculpe-me, Hinata-chan... Eu não tive a intenção de... – ele começou enquanto segurava-a pelas mãos.

– Não. Não se preocupe com isso. A culpa não é sua. Eu só preciso ir. – ela se desvencilhou e correu até seu clã.

*/*

– Não posso vê-lo mais. – Hinata estava desesperada, deitada na cama em seu quarto. Seus olhos estavam cheios de lágrimas que, há tanto tempo, pediam para cair.

– Oneechan! – disse Hanabi enquanto entrava no quarto da irmã e se sentava na beirada da cama. Ela começou a afagar os cabelos azuis de Hinata, numa tentativa de demonstrar apoio. – Quem você não pode ver? Não estou entendendo nada.

– Hanabi. – ela havia se sentado, respirado fundo. – Não tente entender essas coisas. Por favor, me deixe sozinha por um instante. Eu prometo que amanhã vou estar melhor. – ela esboçou um sorriso no rosto enquanto olhava para a irmã. Tão nova, tão ingênua.

– Mas oneechan... – Hanabi começou, mas foi interrompida.

– Está tudo bem, Hanabi. Amanhã vai estar tudo certo.

Ela achava que estava sendo fraca. Aquela vez quase resultou num beijo. Um beijo que ela tanto queria, mas não podia ter. Como ele podia ser tão cego? Cego ao ponto de não perceber que a havia recusado, portanto não poderia tê-la em seus braços. Cego ao ponto de não saber o que havia feito de errado. E ela, fraca o suficiente para se deixar levar, se deixar ser seduzida por ele. Por Kami, como ele mexia com seus nervos, com seus instintos. Estar com ele era como respirar. Fácil, natural, vital. Mas ela teria de se controlar.