– Você tem certeza?

– Sim. – ela suspirou e olhou para ele.

Hinata pegou o pequeno diário que se encontrava dentro da caixa. O loiro percebeu que havia outras coisas lá dentro, mas resolveu não questionar sobre isso.

– Desde quando você soube que eu gostava de você? – ela perguntou repentinamente, olhando profundamente para ele, esperando uma resposta.

– Desde... Oras... – ele corou ao pensar sobre o assunto. Na verdade, ele sabia que ela o amava desde a luta contra o Pain, mas sempre tivera um sexto sentido em relação à morena.

Hinata riu da reação dele. Sempre fora meio lerdo para essas coisas e ela sabia disso, mas mais importante era: ela não se importava.

– Tudo bem. – ela disse ainda sorrindo. Abriu o diário em uma de suas primeiras páginas, no começo e começou a ler. – Vinte de Abril de dois mil e nove. – ela olhou para ele numa breve pausa e reparou que ele prestava atenção. Voltou seus olhos para o caderno e continuou a ler. – Primeiro dia de academia. Eu estava muito nervosa antes de chegar lá. Meu pai me olhava como se soubesse que eu seria um fracasso. Hanabi pulava de alegria e dizia que não via a hora dela. Eu tremia na base. Entrei na sala e encontrei muitas crianças da minha idade. Algumas eu já havia visto, pois meu pai mantinha contato com os pais delas. Passei meus olhos pela sala e me sentei numa carteira vazia.

*/*

– Olá! – um menino de cabelos escuros e espetados sentou-se ao meu lado e começou a conversa com um sorriso no rosto. Não pude deixar de reparar que havia um cachorrinho dentro de seu casaco. Senti meu rosto ficando extremamente quente e imaginei que estivesse vermelha.

– O-olá. – respondi gaguejando. Odiava quando gaguejava, mas não podia evitar.

– Meu nome é Inuzuka Kiba e este aqui é o Akamaru. – ele disse sorrindo e passando a mão levemente pela cabeça do minúsculo cão branco. – Qual o seu nome?

– Hyuuga Hinata. – respirei fundo e tentei sorrir.

– Você não quer passar a mão nele? – ele perguntou apontando para o cachorro. – Não tenha medo, ele não morde. – ele disse e segurou minha mão, levando-a até seu peito. Eu tive que respirar fundo muitas vezes para não desmaiar. Ele estava pegando a minha mão. Um contato tão simples, mas tão repentino. E eu não estava acostumada com aquilo.

Senti o pelo macio de Akamaru e relaxei. Ele soltou um pequeno gemido de satisfação e felicidade com o carinho e eu não pude deixar de sorrir timidamente.

O contato havia terminado com a entrada do professor. Iruka-sensei parecia ser muito bom e paciente, o que me deixava mais tranquila. Eu me virei para frente quando o vi. Cabelos loiros, olhos azuis e leves marcas nas bochechas. Meu coração parou por um instante e eu senti que ficava corada novamente.

– Naruto-kun! Você não pode fazer isso! – o professor brigava com ele. O menino dava de ombros e nem sequer olhava para o homem.

– Eu faço o que eu bem entender. – respondeu com a cara fechada enquanto olhava para sala. Seus olhos pousaram em mim e eu comecei a tremer.

O dia passou rápido e eu continuei sem fazer contato com muitas pessoas além de Kiba-kun. Ele era, realmente, muito gentil. As equipes foram formadas e eu dei graças a Kami que Kiba-kun estava no meu grupo. Logo depois, passei a conhecer Shino-kun que, apesar de muito calado, parecia ser legal.

Não pude deixar de prestar atenção no garoto excluído. Ele havia caído no time sete, juntamente com Sakura-chan e Sasuke-kun. Todas as garotas pareciam babar pelo moreno intrigante e silencioso, mas eu não via sentido naquilo.

O dia terminou e eu voltei para casa. Ainda tive que fazer o jantar e Hanabi...

*/*

Hinata parou de ler o diário, concluindo que a parte mais importante já havia sido lida. Levantou seu rosto para analisar Naruto. Ele a olhava com o cenho franzido, com os olhos penetrantes e distantes.

– Está tudo bem? – ela perguntou preocupada, colocando sua mão sobre as bochechas do loiro. Talvez estivesse muito cedo para dizer aquelas coisas a ele. Mas eram sentimentos que explodiam pelo seu corpo e ela tinha a enorme necessidade de expô-los. Mesmo que soubesse que estaria um passo a frente. Mesmo que ele não a amasse.

– E-eu... – ele olhou para baixo, fechou os olhos e colocou sua mão sobre a dela. – Eu não imaginava que desde aquela época você... – ele respirou fundo e abriu os olhos. Ele percebeu que ela estava visivelmente preocupada. – Não sabia que tinha uma queda por Kiba desde aquela época. – ele finalizou a frase e relaxou a feição, abrindo um enorme sorriso brincalhão.

– Ora seu... – ela tentou ficar brava, mas não conseguiu e acabou sorrindo com ele. Tirou a mão de seu rosto, guardou o diário na caixa e colocou-a de volta no esconderijo, fechando-o.

Hinata levantou-se e caminhou pelo campo enquanto sentia a leve brisa da noite que chegava sem avisos, sem vontade.

Seus cabelos escuros e lisos estavam soltos e balançavam sobre suas costas. Seus braços estavam cruzados sobre o peito e ela se sentiu insegura. Olhou para o céu e parou, admirando a lua. Não demorou muito para sentir dois braços quentes envolvendo-a pela cintura.

– Gomen, eu não queria que ficasse brava. Eu só estava brincando. – ele disse beijando-lhe o pescoço. Ela sentiu um arrepio percorrer seu corpo e encostou sua cabeça na dele. Seus braços já estavam uns sobre os outros.

– Eu não fiquei brava. – ela se virou e olhou em seus olhos. A distância de ambos era pequena, o que fazia com que o coração de Hinata acelerasse ainda mais. Ela passou os nós dos dedos pelo rosto dele e o viu fechando os olhos de prazer. – Eu só não quero sofrer mais. E, acredite, eu vou.

O sorriso de ambos sumiu com as palavras ditas pela morena.

– Como assim, vai sofrer? Eu... – ele começou a falar, tentando se defender e explicar que não iria deixá-la, mas foi interrompido pelos dedos da morena que lhe selavam a boca.

– Esqueça isso, tudo bem? – ela sorriu e deu um selinho nele. Logo se desvencilhou e pegou em sua mão, voltando a caminhar. – A lua hoje está muito bonita, não está?

– Sim. Só preciso de uma coisa... – ele disse e puxou-a para si, dando início a um beijo romântico e inesperado.