This Strange Love escrita por Finholdt


Capítulo 2
Rapunzel me abre os olhos


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, mas gosto de postar com no mínimo 1500 palavras :/
Esse capítulo não foi betado, quais quer erros culpem a Toth. Mentira, te adoro Toth ♥
Falando nela, ela até hoje não apareceu.



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Faz uma semana que o mauricinho entrou no colégio. Ele não é da minha sala, graças a Deus!

Merida está mais insuportável que o normal. O olhar de superioridade, antes, era apenas enviado quando zoávamos ela (e o tempo todo pra mim, mas isso é outra história), agora, ela não tira mais esse olhar da cara dela!

Só acho que é influência de Macintosh, viu?

Falando nele, ele parou de usar saia, uma pena pois assim não tenho mais minha poderosa arma de zoação contra ele.

Uma droga isso, já que eu não tenho muito mais para falar mal dele.

Vamos pelo seu currículo superficial: Ninguém ri do seu sotaque SUPER carregado, ele é tão bom em matemática que Soluço está começando a temer seu primeiro lugar em matemática na sala (Soluço e Macintosh são da mesma sala [HAHAHA AZAR O DELE!]). Em história, daqui a pouco ele vai tirar o professor do quadro negro e dar aula ele mesmo.

Agora, o MEU currículo: Onde ele passa as garotas suspiram, algumas pedem para tocar na tatuagem dele, e ele deixa! Merida fica vermelha de raiva e não fala nada! Parem o mundo que eu quero descer! Ele deve ter alguma alergia a camisa. Astrid e Rapunzel ainda babam por ele (mas são bem mais discretas).

O que o cara tem demais? Uma tatuagem tribal azul no braço? Músculos? Sotaque escocês? Cabelo de galã de novela das 8? O cara também manja na esgrima, argh.

Agora temos dois assassinos escoceses. Uma é no arco-e-flecha e o outro na espada. Lindo. Simplesmente: perfeito.

O intervalo nunca mais é o mesmo. Astrid e Rapunzel ficam encarando o livro fixamente e trocam poucas palavras, Soluço anda cabisbaixo por causa da decisão de Astrid (ele ainda está decidindo se vai ser veterinário ou professor, eu disse pra ele que se ele for professor ele vai sofrer muito, então acho que ele está mais inclinado ao veterinário mesmo). Flynn fica com os fones no máximo e evita qualquer contato visual com Merida e Macintosh que parecem que necessitam da boca de um do outro pra respirar. Sério.

Merida DunBroch, a garota sem compromisso, está completamente apaixonada e não consegue largar o cara.

Nojento. E estranho. Tem coisa errada nessa história, mas é claro que aquela arrogante não me diria. Até porque, eu não tenho motivos para me importar com o que acontecesse. Se ela morrer, pra mim tanto faz. Uma ruiva a menos no mundo.

Oh, veja só, é aula de literatura! Isso vai ser legal.

— Jack. — Epa, o quê?

— Sim?

— Leia.

— Ler o quê?

A sala começou a dar risadinhas. Mas eu estava muito perdido em pensamentos para prestar atenção. O professor suspirou derrotado e se virou para Merida.

— Merida, leia você então. — Merida me olhou como se estivesse pensando qual era a melhor forma de me ver num espeto. Eu só mandei um beijo para ela, que recuou com nojo. — Terceiro ato, cena 1, príncipe Hamlet.

Ah sim, nós acabamos Macbeth semana passada, agora é Hamlet.

“O pensamento assim nos acovarda, e assim
É que se cobre a tez normal da decisão
Com o tom pálido e enfermo da melancolia;
E desde que nos prendam tais cogitações,
Empresas de alto escopo e que bem alto planam
Desviam-se de rumo e cessam até mesmo
De se chamar ação.”

A sala novamente explodiu em gargalhadas. Mas eu fiquei intrigado. Aquele trecho... Senti como um tapa na cara, mas eu não sei dizer bem o porquê. Resolvi deixar para lá. O sotaque de Merida anda muito mais carregado que o normal, desde que Macintosh chegou ela parou de tentar controlar seu sotaque.

O professor Gobber encarou Merida como se estivesse tentando descobrir o porquê de Merida estar mais metida que o normal, já que ela só empinou o nariz e se sentou.

— Merida. Depois da aula, você fica.

Merida ficou vermelha de raiva e tentou argumentar com um “Mas professor...!”

— O que é isso, DunBroch? Por acaso está com medo de perder o seu encontro com o seu namoradinho? — Eu perguntei irônico.

Ouvi algumas garotas venenosas bufando de raiva por Macintosh ser namorado de Merida “Logo daquela ruiva horrorosa!”, e outras suspirando apenas por lembrar quem é Macintosh. Os garotos se limitaram a fazer uma careta.

No intervalo Astrid e Soluço estavam se abraçando e Astrid tinha alguma expressão meio abatida mas forçava um sorriso. Não consegui ver a cara de Soluço.

— Gente, por favor, vão para um motel, aqui não é lugar. — Murmurei alto o suficiente para eles ouvirem.

Astrid me olhou como se quisesse arrancar meu coro. Soluço ficou com as orelhas vermelhas.

— Sobre o que estavam falando? — Perguntei curioso.

— Soluço agora é, oficialmente, mais inteligente que todos vocês. — Disse Astrid com um brilho orgulhoso.

— E você diz isso porque...?

Soluço deu uma risadinha, Rapunzel e Flynn tinham chegado.

— Antes de tudo, quero dizer: Se fodeu, Frost!

Todos – tirando Astrid – olharam confusos para Soluço.

— Chupem, eu fui aceito na universidade! Vou fazer veterinária mesmo.

— Mas... Falta três anos ainda para você chegar no último ano. — Comentou Rapunzel surpresa.

— Eu sei! Mas eu ganhei uma bolsa para a universidade! Se fodeu Frost, sou um ano mais novo que você e já vou para a faculdade. Começo assim que esse ano acabar.

— Do meu ponto de vista, quem se fodeu foi você, mas okay, né? E a Astrid? — Respondi fazendo pouco caso.

— Aaah... — Astrid pareceu meio sem graça. — Eu resolvi ir mesmo para o exército. Até eu ter idade suficiente, vou apenas visitar o Soluço na faculdade e mandar cartas.

Rapunzel abriu a boca para falar algo reconfortante, suponho eu, mas ela logo se calou pois Merida e Macintosh se sentaram na mesa.

— Oi gente, qual é a boa? — Perguntou Merida animada, comendo uma maçã.

Achei estranho o fato de ninguém ter falado com ela, e Soluço não ter nem comentado a novidade, mas resolvi ficar em silêncio.

Macintosh agarrou a cintura de Merida e rapidamente já estavam se agarrando. Revirei os olhos. Todo dia estava sendo assim, ninguém mais falava nada quando aqueles dois estavam por perto.

[...]

Hoje Soluço me ligou, ele veio com um papo estranho sobre não poder mais contar com Merida sobre um certo assunto em especial. Eu perguntei para ele o que seria, e ele apenas respondeu que eu não entenderia, apenas Merida.

Fiquei revoltado. O que ele sabe sobre mim?! Eu nunca falei da minha vida para ninguém, e nem pretendo, é algo muito pessoal.

Resolvi sair um pouco de casa, estava nervoso e alguma coisa estava me incomodando, mas eu não faço ideia do quê. Isso me revolta, droga.

Estava andando pelas ruas quando vi Macintosh saindo de uma lanchonete, não queria ter que cumprimentá-lo, então me escondi entre os carros e esperei ele passar. Não fiquei muito impressionado quando vi as garotas por perto suspirarem e o encararem fixamente, mas eu arregalei levemente os olhos por perceber que Merida é quem estava no caixa, pagando a conta provavelmente, enquanto Macintosh se insinuava para as garotas do lado de fora. Que canalha, pensei revoltado.

Logo a vi correndo para fora da lanchonete e abraçando o namorado, ele fingiu que não notou e continuou andando, com Merida correndo atrás dele.

Isso fez meu estômago se agitar. Eu não estava acreditando que a valente, destemida, metida e arrogante Merida DunBroch estava sendo tão submissa ao um mauricinho, ela não faz esse tipo. Pela primeira vez, desde que ela apareceu com esse cara na escola, fiquei curioso para saber o que ela viu nele. E porque o namora, já que ele não faz tanta questão assim dela.

Entrei na lanchonete um pouco depois disso e avistei Rapunzel entrando ao longe também, acenei para ela e sentamos juntos.

— Oi Punz, esperando o Flynn? — Perguntei, notando que seu namorado não estava por perto.

— De certa forma... — Ela parecia meio constrangida com algo. Isso aguçou minha curiosidade.

— O que você estava fazendo, Rapunzel Corona? — Perguntei franzindo o cenho.

Rapunzel mordeu o lábio inferior, tinha um brilho meio inseguro nos olhos e notei um ar de tensão nela, mas ela logo se acalmou. Respirou fundo e olhou nos meus olhos.

— Estava seguindo Merida.

Oh.

— Por quê? — Franzi o cenho, confuso.

— Ela anda muito estranha, estou preocupada. Acho que... — Se calou.

— O que você acha, Punz?

— Eu deveria estar falando com o Flynn, ou Soluço ou até mesmo Astrid sobre isso. Você não gosta de Merida. — Ela se levantou, olhando para os lados como se estivesse procurando alguém.

Tentei não parecer tão ofendido quanto realmente estava.

Peguei no pulso de Rapunzel e a puxei para ela se sentar de novo.

— E daí? Eu gosto de você. Se ajudar a DunBroch arrogante te faz feliz, eu vou ajudar.

Rapunzel deu um sorriso agradecido mas balançou a cabeça em negação.

— Merida não quer que você saiba sobre a vida pessoal dela, e não vai ser eu que vai deixa-la com raiva.

Bem, EU estou com raiva agora. Isso conta? ~ Nickelback - Too Bad

— Finja que está falando com um espelho. — Não sei por que continuava insistindo. Quer dizer, eu pouco me lixo para saber da vida da ruiva.

— Tudo bem. — Rapunzel sempre desistia fácil quando a pressionavam.

— E então?

Rapunzel suspirou algumas vezes, respirou fundo e abriu a boca.

— Quando Merida chegou de intercambio... Você lembra que ela não falava com ninguém, e que ninguém gostava dela? — Ela não esperou resposta. — Acontece é que ela não sabia falar, ela só falava em escocês. Vocês também não ajudavam a coitada, sempre sozinha e sendo maltratada pelo sotaque. Claro que Merida aprendeu a se defender não é? O pai dela era um renome campeão de artes marciais e ensinou praticamente tudo a ela. Mas... — Rapunzel fechou os olhos, como se fosse doloroso demais lembrar. — Uma dia, Merida e sua família foram caçar um urso, é coisa do seu país. — Rapunzel já estava com os olhos marejados de lágrimas, ela é extremamente sensível. — M-mas... Merida ainda não dominava o arco e flecha, tinha só 12 anos. Ela achou um urso dormindo e atirou nele, mas em vez de acertá-lo, apenas o acordou. O urso era adulto e enorme, ele ia matá-la. O pai dela, Fergus – Deus o tenha – puxou a espada e foi lutar com a fera, protegendo Merida. Por mais que Fergus seja um magnífico caçador, a fera era mais forte. A mãe de Merida, Elinor, a pegou e as duas fugiram quando viram que Fergus não ia segurar a fera por muito tempo. Enquanto corria, a última coisa que Merida viu, foi o enorme urso mordendo o pescoço de seu pai até mata-lo.

Ficamos um tempo em silêncio. Minha cabeça estava a mil e eu não conseguia raciocinar direito. Rapunzel limpou as lágrimas que escorriam.

— Por que... Por que está me dizendo isso?

— Estou dizendo, pra começo de conversa, eu nem deveria ter te contado isso. Mas é para você entender antes de julgá-la. Ela é agressiva daquele jeito como uma capa protetora. Diz que não quer ser uma fraca que não faz nada nunca mais.

Isso me parece familiar, mas resolvi ficar calado.

— E porque está preocupada com ela a fim de até segui-la?

— Você sabe muito bem que Merida não gosta de relacionamentos, se prender. Gosta de sua liberdade. — Assenti esperando saber onde Rapunzel queria chegar, ela apertava as mãos uma na outra sem parar. — Você notou que aquele cara também é escocês, não? Pois bem. Um dia depois de Macintosh chegar – enquanto Merida ainda falava conosco – ela me ligou dizendo que Macintosh veio para cá só para ficar com ela. Que na época em que ela ainda vivia na Escócia, ele e mais dois primos dela eram sempre unidos. Admitiu que já teve uma queda por ele mas mais nada. Disse que agora o amava. Entenda Jack, Merida não é assim, tem alguma coisa errada. A mãe dela, Elinor, realmente queria que Merida fosse mais feminina e fosse cheia dos namorados. Ela é meio controladora mas ama a sua filha, principalmente depois daquilo... Uma vez Merida me ligou chorando que a mãe dela a chamou de culpada pela morte de Fergus. Isso acabou com ela. E olha que coincidência, dois dias depois disso ela aparece com Macintosh toda “apaixonada”. Você concorda comigo não? Que tem algo de errado?

Não pude responder. Soluço e Flynn tinham chegado e nos olhava com curiosidade.

[...]

Mesmo dia. Minha cabeça ainda estava a mil por hora e eu não sabia o que pensar direito. Já era noite e resolvi ligar para Soluço, tinha algumas dúvidas para esclarecer com ele.

Ele atendeu no terceiro toque, tinha voz meio ofegante como se tivesse corrido numa maratona.

— A-alô?

— Soluço? Que voz é essa? Espera... Não me diga que a Astrid está aí do seu lado. — Recebi silêncio em resposta. Comecei a rir desesperadamente. — Simon Haddock, senhoras e senhores, sabe dar amassos.

Eu sentia a vermelhidão de Soluço pelo telefone.

— O que você quer, Jack? — Rosnou constrangido.

Eu ainda estava rindo.

— Depois que terminar seja lá o que vocês estiverem fazendo, preciso que me ligue, é importante.

— Tudo bem. — Soluço já estava desligando, mas não resisti e gritei no telefone.

— ASTRID NÃO SE ESQUEÇA DA CAMISINHA!

— Vá pro inferno, Frost! — Ouvi Soluço gritando antes de desligar o telefone.


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Notas finais do capítulo

Devo ter trollado uns jackunzel com esse título, HUEHUEHUEHUEBRBR