This Strange Love escrita por Finholdt


Capítulo 15
A culpa é toda da tapioca!


Notas iniciais do capítulo

Oi =3



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Miss Nothing

Aquela sensação era extasiante. Sentir minha boca na dela... Era uma sensação completamente indescritível. Meus braços agarram sua cintura, meu corpo colara no dela... Eu, simplesmente, não era mais capaz de mandar em meu corpo. Nenhum de meus membros me obedeciam. Era como se aquela fosse uma guerra que eu nunca seria capaz de vencer. Ela era tudo e, ao mesmo tempo, nada - para mim. Eu sentia um desejo avassalador, incurável, por aquela garota. Eu quase enlouquecia só de pensar em soltá-la. Era fato consumado: ela havia roubado o que me restara de sanidade.

Eu estava preso nela, naqueles orbes, naquele corpo, naquele beijo. Ela estava me sufocando. Mas eu, extraordinariamente, estava disposto a implorar pela minha morte, porque eu não ia largá-la. Eu negava-me a pensar naquela hipótese. Eu estava no êxtase do êxtase. Estava em transe.

Meus dedos escorregaram para suas coxas que me deixavam completamente louco e a puxei, a fazendo se deitar no banco da biblioteca a baixo de mim.

Os lábios dela me queimavam de dentro para fora, seu cabelo era muito mais macio do que parecia, cheirava a pirulito de morango. Tudo nela estava me deixando louco.

Merida agarrou minha nuca enquanto ela brincava com meu cabelo. Sim, eu a odiava, certamente que isso nunca vai mudar, mas eu sentia tanto desejo por ela naquele momento que minha mente estava completamente abafada.

Tive a impressão de que Rapunzel disse alguma coisa, mas parecia que eu estava de baixo d’água. Quando o ar faltou, não dei tempo para um flash de consciência me atingisse. Comecei a mordiscar o pescoço de Merida enquanto ela puxava meus cabelos.

Meus dedos estavam completamente trêmulos quando foram para o zíper do moletom dela. Ela usava uma regata por baixo que a deixava mais bonita ainda.

Senti uma de suas mãos passando queimando de baixo da minha camisa e mordi seu pescoço forte o suficiente para deixar marca. Está vendo isso, Macintosh?, pensei possessivamente.

Eu estava completamente entregue naquele momento. Se ela pedisse para eu colocar fogo na escola todinha, eu faria, apenas pra sentir o gosto de seus lábios de novo. Pra alguém com a língua tão afiada, essa é a coisa mais gostosa que eu já provei na vida. E eu não estava disposto a provar outra coisa tão cedo.

Estava subindo a blusa dela quando ouvi o barulho de passos se aproximando. Levei alguns segundos para sair do meu transe. Pitch! Ai, meu Deus!

Merida e eu trocamos um olhar de pânico e ela pegou o moletom que estava jogado no chão. Olhei em volta e percebi alguma coisa azul jogada de qualquer jeito do lado de Merida.

Ei, é a minha camisa!

Como... Quando... Eu nem percebi!

Enquanto vestia minha blusa, olhava furtivamente para Merida que arrumava suas coisas na velocidade da luz. Ás vezes nossos olhares se encontravam e ela corava furiosamente, desviando o olhar. Meu rosto parecia em chamas. Ela praticamente voou pra fora da biblioteca, enquanto eu ficava parado, sentado, tentando processar o que diabos eu tinha acabado de fazer.

Merida era muito mais perigosa do que eu pensava.

[...]

Quando cheguei em casa, eu estava rezando com todas as forças para que o meu pai não tenha olhado as câmeras.

Banguela me recebeu com uma mordida no tornozelo. Gato idiota... Peguei aquele projeto de filhote no colo e fiz carinho em sua nuca enquanto ele ronronava.

Chamei pelo General, mas parecia que ele não estava em casa. Dei de ombros e fui para a sala, pronto para me jogar em cima do sofá.

O problema é que ele já estava ocupado.

— ASTER?! Que diabos?! Quem te deixou entrar?!

O maldito australiano estava jogando o meu vídeo-game como se ele fosse o dono da casa. Ele suspirou como se eu fosse uma criança irritante e me olhou contrariado.

— Vocês deixam a chave dentro do vaso de planta, que clichê. E eu estava a fim de jogar, e você não chegava logo, então... Ah! O General pediu pra dizer que ele está no evento de basquete do fundamental. — Me olhou descnfiado — Por que você demorou tanto?

Eu estava prestes a gritar com ele, de tão revoltado que eu estava, mas assim que ele perguntou, parecia que todo o ar tinha fugido dos meus pulmões. Senti a boca de Merida novamente na minha e perdi a linha de raciocínio por alguns minutos.

Balancei a cabeça com força para dissipar meus pensamentos e encarei Aster.

— Vai ter que pagar pedágio.

Aster pausou o jogo e me encarou desafiadoramente.

— Ah é? O quê? Quer que eu pague uma dança stripp pra você?

— Ugh! — Exclamei, horrorizado. Aster caiu na gargalhada. — Não! Faz alguma coisa para a gente comer. — Expliquei, carrancudo.

— Tudo bem. — Concordou, indo para a cozinha. — Vou fazer tapioca porquê sim.

Abri a boca para pedir por outra coisa, mas Aster me olhou irritado.

— Minha comida. Eu escolho.

— Minha casa! — Argumentei. — Meus ingredientes.

— Quem vai cozinhar sou eu. Não esquece que o veneno pra rato fica de baixo da pia.

Vou comer tapioca.

[...]

Estava comendo a bendita tapioca com Aster quando Astrid invadiu a casa à pontapés.

Ela estava vermelha e rangia os dentes, totalmente furiosa. Esse era um dos raros momentos em que o cabelo de Astrid estava solto.

— Hã... Quem é essa mina, Jack? — Perguntou Aster arqueando a sobrancelha.

— Astrid. — Respondi, surpreso.

— Sua ex? — Perguntou horrizado, assistindo enquanto Astrid chutava a parede furiosamente, murmurando coisas que nem ouso tentou entender.

— A gente só ficou! — Expliquei apressadamente.

— De qualquer forma, ela está detonando sua parede.

Essa foi minha deixa para me aproximar dela cautelosamente, com o prato de tapioca na mão.

— Hã... Astrid... Oi... O que você está fazendo na minha casa? Digo, além de destruir a pobre parede?

Ela me olhou enraivecida, o olhar descendo para o prato de tapioca na minha mão. Isso a acalmou.

— Isso é tapioca?

— É. Quer uma?

— Me dá isso aqui! — E tomou o prato da minha mão.

Esperei alguns minutos e tentei de novo.

— O que você está fazendo?

— Comendo tapioca.

— Quis dizer, aqui.

— Merida estava com Macintosh, Rapunzel tinha saído com a família dela e o Flynn deu no pé. Você foi minha última opção.

— Estou honrado. E por que você veio aqui?

Ela rosnou pra mim como se fosse um cão raivoso, involuntariamente dei um passo para trás.

— Aquela... Aquela... Vadia da Heather se fazendo de vítima pro meu homem!

— Hã? Heather?

— Uma garota que mora no apartamento ao lado. — Explicou enquanto devorava a tapioca. — Os pais dela vivem viajando e levam ela, então nós raramente nos vemos. E agora, ela está dando uma de vítima pro Soluço! — Afinou a voz — “Ai, os meus pais viajaram sem mim, buá, buá!”. Aquele idiota! Caiu na conversa dela feito um patinho! Não agüentei mais um minuto perto daqueles dois.

— Nossa, quem diria. — Comentei, sem pensar. — Você, com ciúmes.

Astrid abriu a boca para retrucar quando a porta se abriu novamente. Pelo berro que Banguela soltou, já sabia quem era.

— Astrid! — O tom de voz de Soluço era aliviado. — Aqui está você! A Heather pediu para dormir lá em casa. Ela fez tapioca.

Essa foi a deixa para o pandemônio.

Astrid ficou tão irada que jogou o prato na parede, à alguns centímetros da orelha esquerda de Soluço. Aster soltou um berro tão alto que acho que a vizinhança toda ouviu, os cacos atingiram seu ombro.

Soluço começou a gaguejar, Astrid começou a gritar, Aster lamentava pela tapioca no chão alegando que não ia limpar isso e Rapunzel só dizia “Jack, aparte eles! Acalmem eles! AGORA!”

A porta se abriu novamente e dela saiu o General, sorridente como sempre, mas seu sorriso morreu no momento que viu o caos em sua sala de estar.

— O QUE SIGNIFICA ISSO?! — Rugiu.

Teria mais efeito se ele não tivesse escorregado na tapioca esquecida do chão. Foi um tombo digno de cinema. As pernas foram pra frente e o corpo para trás, que nem nos desenhos animados quando as pessoas escorregam em casca de banana.

— O que... É isso? — Gemeu de forma abafada. Tudo ficou dolorosamente silencioso.

— Tapioca. — Respondi com um fio de voz.

— Tapioca... — Ele repetiu com a voz mecânica. — TAPIOCA!? Eu odeio tapioca!

— Foi idéia do Jack! — Exclamou Aster, tão apavorado quanto eu.

— EI! Traidor!

— Eu nem moro aqui! — Gemeu Soluço.

— Diretor North? — Perguntou Astrid chocada.

Ah, não! Merda, merda, merda!

Os olhos de Soluço se arregalaram e ele me encarou, juntando dois mais dois. Essa não! Meu pai estava se levantando enquanto esfregava as costas, resmungando.

— Oh, olá, Srta. Hofferson. É bom vê-la do lado de fora da diretoria. — Lhe deu um olhar reprovador, mas cheio de ternura. Como sempre. Ele olha todo mundo desse jeito.

— O que faz na casa do Jack? — Pela expressão dela, ela só queria confirmar.

— Como assim o que eu faço aqui? Eu sou o—

— O síndico! — Berrei com todas as forças. — Veio pegar o dinheiro, não é? Está lá no segundo andar. — Ri nervoso, pegando ele pelo braço, que me encarava sem expressão. — A gente já volta!

Jack, o que você está fazendo?, berrou Rapunzel, mortificada. Na verdade, nem eu sabia. Você está mentindo para os seus amigos! Eu sei, mas... Não estou pronto... Não quero...

Meu pai não olhou para mim nenhum momento. Apenas entrou no quarto e trancou. Senti vontade de me dar um soco, mas retornei a sala, no lugar.

Aster tinha ido embora, tendo apenas Soluço e Astrid na sala, discutindo. Assim que apareci, eles me olharam. Soluço me dava um olhar reprovador e Astrid me encarava desconfiada.

Droga, droga, droga!

— Então, eu acho que a tal da Heather fez tapioca...

— Tapioca! Pra puta que pariu a tapioca! — Explodiu Astrid. Ela encarou Soluço, furiosa. — Vai lá, dormir com a Heather. Eu vou dormir com a Rapunzel.

— Mas ela não saiu? — Perguntei.

— Sei onde fica a chave.

Ah, ótimo. Astrid é a versão feminina do Aster. Esse tipo de pensamento me fez ter um calafrio, considerando que já fiquei mais ou menos uns dois meses com ela.

A loira deu as costas a nós e foi embora batendo o pé.

Primeiro, Soluço me encarou horrorizado pela atitude da namorada; depois, me deu seu típico olhar reprovador.

— O diretor North é seu pai, não é? O russo.

— E se for? — Perguntei, nervoso.

— Por que negou?

Eu não tinha uma resposta convincente para isso.

— Não é da sua conta. Você não tem um namoro para salvar ou uma tal de Heather pra tapioca pegar?

Soluço me lançou mais um de seus olhares insatisfeitos e saiu. Pela janela, percebi que ele não seguiu Astrid.

[...]

Quando subi pro meu quarto, bati na porta do meu pai. Ele abriu e me olhou sem expressão. Imediatamente me senti mal.

— Oi, pai.

— Ah, agora eu sou seu pai? Achei que eu era o síndico.

— Então, sobre isso...

Ele levantou a mão me impedindo de falar.

— Depois. A semana de saco cheio vai ser semana que vem. Quer aproveitar a onda de calor e ir pro casa de praia?

Já tinha aberto a boca para dizer que eu odeio o calor, obrigado, mas então lembrei. O que tem em praias? Garotas de biquini.

— Você pode chamar três amigos seus. Nada mais.

Ele deu as costas e já estava fechando a porta quando disse.

— Eu e o Aster vamos juntos, claro. Você vai ter que contar para esses três amigos que eu sou seu pai, por mais que você tenha vergonha de admitir.

Eu já ia gritar que não era nada disso, mas ele fechou a porta com força, num alto lembrete de “Cai fora”. Suspirei arrasado e fui pro meu quarto pensando em quem eu chamaria. Soluço era óbvio que eu chamaria ele. Pensei mais um pouco e um “plano” se traçou na minha cabeça.

Rapunzel, com seu típico tom desconfiado disse “O que você está aprontando, Jack?”; a mandei calar a boca que amanhã conversamos.


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Notas finais do capítulo

So, o que acharam? *--*