This Strange Love escrita por Finholdt


Capítulo 11
Radiantemente estranha


Notas iniciais do capítulo

ME DESCULPEEEEEEEM!!! Eu ando acabada essa semana, estou dormindo durante as aulas e estou passando as tardes trabalhando com o meu pai pra ele pagar minha maldita festa de aniversário.
De qualquer forma, foi só um dia de atraso. Me perdoem, e é isso.



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Estou em casa fazendo a lição. Ou pelo menos, é o que eu deveria estar fazendo. O que eu estou realmente fazendo, é ficar com a cabeça na mesa, soprando minha caneta que fica vindo em minha direção.

Estou pensando em tudo o que está acontecendo. Merida me fez jurar que não iria contar nada para os outros. O problema, é que eu não faço ideia do que posso fazer para ajudá-la. Tudo o que eu quero fazer é pegar Macintosh e surrá-lo até ele perder a consciência.

[…]

Hoje, na escola, eu e Merida continuamos agindo como se nada tivesse acontecido. O que não estava sendo fácil, já que eu queria, desesperadamente, tirar ela de perto daquele cretino e surrá-lo.

No intervalo, vi Merida deitar em cima da mesa e dormir. Cogitei em ficar na sala, mas a ideia logo foi embora. No pátio, Macintosh estava sem a camisa e paquerando as garotas. O ignorei.

— Oi Jack. — Disse Rapunzel sorrindo.

— Oi Punz. — Suspirei.

— O que você tem? Aconteceu alguma coisa ontem?

Por algum motivo, ela parecia preocupada. Então lembrei de que eu não tinha ligado pra ela, depois de que fui embora da casa da ruiva. Rapunzel deveria estar pensando de que fui pego e espancado.

— Não, não. Não aconteceu nada. Estou bem. Depois te falo o que aconteceu. Cadê o Flynn?

— Ahn... Ele... Faltou hoje.

Rapunzel estava estranha, parecia melancólica. Imediatamente, fiquei preocupado.

— Está tudo bem?

— C-claro! Por que não estaria?

— Rapunzel, eu te conheço. — Afirmei arqueando a sobrancelha. — Vai, pode me falar.

Seu lábio tremeu, mas ela não falou nada. Soluço apareceu relativamente contente.

— Oi gente.

— Oi Soluço. — Disse Rapunzel e eu ao mesmo tempo.

— Cadê a Astrid? — Perguntei.

— Refeitório. Ela quis pegar outro pudim.

— Pudim é legal. — Comentei dando de ombros.

Soluço sentou do meu lado e começou a comer seu pudim. Encarei Rapunzel, que parecia relativamente triste. Me perguntei o que aconteceu com ela, quer dizer, eu não posso conta-la sobre a treta com a Merida, ela ficaria arrasada e faria alguma coisa impensável.

Astrid apareceu saltitando com dois potes de pudim na mão.

— Me dá. — Pedi pra loira, estendendo a mão.

Ela riu na minha cara.

— Sem chance. Meus pudins. Meus! — E começou a rir como uma maníaca.

Soluço revirou os olhos.

— Me dá uma colherada, Astrid?

Astrid olhou para Soluço, que fazia uma cara igual o gato de botas. Ela corou e fechou os olhos com força, balançando a cabeça com força.

— Não, não! Meus pudins! Meeuus!

Depois ela abriu um dos olhos e ficou mais vermelha ainda.

— Tá! — Resmungou, entregando um dos potes para Soluço. — Só deixa um pouco pra mim. E não dê pro Frost.

Soluço sorriu de lado e foi comer o pudim dela.

Revirei os olhos. Esses dois... Nunca vou entender.

[...]

Na saída, cogitei em seguir Merida e falar com ela, mas logo deixei pra lá. No lugar, fui atrás de Rapunzel, que andava chutando pedras.

— Rapunzel? — Chamei, indo em direção a ela.

A morena se virou e me encarou. Forçou um sorriso.

— Oi, Jack.

— Vou te acompanhar até em casa.

— Tudo bem.

Andamos por um tempo em silencio, até, por fim, eu resolver falar algo.

— Rapunzel, o que você tem?

— Hã? Eu? Tenho nada.

— Finge que acredito. Estou falando sério. Você parece muito triste.

Os lábios dela tremeram e eu a abracei.

— Vai, pode falar.

— F-Flynn vai viajar por um mês. Ganhar nota. Sei que não deveria estar triste, mas estou arrasada. Nós conversamos, e ele me garantiu que voltaria do mesmo jeito que foi. Isso é idiotice, eu deveria estar feliz por ele.

— Por que você não vai junto?

Ela balançou a cabeça, os olhos marejados.

— Não posso. É pra universidade da área dele, não minha.

— Quando ele vai? — Perguntei.

— Amanhã. Ele faltou hoje pra arrumar as coisas.

— E os pais dele?

— Flynn é órfão, esqueceu? Ele mora sozinho.

— Ah é. — Encarei Rapunzel. — Não fique assim, morena. Ele vai ficar bem, e você tem a gente.

Rapunzel sorriu e beijou minha bochecha.

— Já sei o que vou fazer. — Ela disse, agora confiante. Fechou um dos punhos, parecendo determinada. — Amanhã, você vai me ver radiante, com o sol!

Dei risada e beijei sua testa. Rapunzel tomou outro caminho e eu continuei o meu, feliz que pelo menos um dos problemas eu conseguiu resolver.

[...]

Quando ela disse radiante como o sol... Eu não achei que ela quis dizer literalmente.

No momento, eu e Soluço estamos – um do lado do outro – encarando, perplexos, Rapunzel que chegava. Minha boca estava escancarada e eu estava tentando processar o que estava vendo.

— Oi meninos! — Disse Rapunzel, quando chegou perto de nós.

Acho que Soluço tentou dizer algo, mas não tenho certeza.

— O que vocês tem? — Ela perguntou, confusa.

As pessoas que passavam encaravam Rapunzel, em choque. Vi os olhos de Ana praticamente brilharem, e Aster arregalou os olhos. Notei Astrid, que estava saindo de algum lugar que não me dei o trabalho de notar, estacando no lugar, em choque.

A coisa estava tão séria, que vi Merida ao longe – com seu moletom e Macintosh ao seu lado, que, me deixou furioso – arregalar os olhos, em choque. A próxima coisa que notei, foi Merida soltando o braço de Macintosh – que a encarou confuso e com um pouco de raiva – e correndo em nossa direção.

Ah sim, como se o dia não pudesse ficar mais estranho.

Merida praticamente saltou pra cima de Rapunzel, jogando as duas no chão. Rapunzel soltou um gritinho assustado assim que caiu.

— O que... Diabos... Você fez... Com o seu cabelo?! — Berrou a ruiva.

Rapunzel sorriu, mal dando importância pelo fato de estar no chão, com Merida em cima dela.

— Gostou? Estou radiante, não?

— Sua... Sua...! Você tem noção de que... Ai meu bom Tan Hall, o que eu faço com essa desmiolada?! — Merida olhou para o céu por um momento, sacudindo Rapunzel pelos ombros.

Tanto eu, quanto Soluço, estávamos chocados demais para fazer algum movimento.

— Você tem noção do quanto você vai fritar seus poucos neurônios com esse cabelo?!

— Ora, Merida! Aposto que, se eu fizer uma chapinha em seu cabelo, vai ficar do tamanho do meu.

Merida sacudiu a cabeça, negando.

— É diferente! O meu não cresceu de um dia pro outro, eu já acostumei. E porque diabos você pintou de loiro?!

— Você tem algo contra loiro, srta. DunBroch? — Perguntou Astrid atrás dela, de braços cruzados.

Soluço e eu trocamos olhares nervosos.

— É claro que não. Tenho algo contra cabelos falsos. — Merida retrucou.

Alguém deveria aparecer e apartar aquelas três – Merida que estava em cima de Rapunzel, ainda a sacudindo de vez em quando, Rapunzel que não parava de sorrir, jogada no chão com seus novos e gigantescos cabelos dourados, e Astrid que estava de pé, de braços cruzados. Nem eu nem Soluço nos oferecemos por dois motivos.

Primeiro, nunca se meta entre a Hofferson e a DunBroch, isso é uma regra que toda a escola conhece.

Segundo, a cena estava, de certa forma, bem nostálgica.

Isso é, até o sinal bater e Merida perceber o que acabou de fazer. Ela arregalou os olhos, me jogou um olhar nervoso, e praticamente voou para dentro da sala. Astrid e Rapunzel trocaram um olhar confuso. A loira de olhos azuis ajudou a outra loira a se levantar e as duas deram de ombros.

[...]

Merida rabiscava alguma coisa em seu caderno com fúria. Eu estava sentindo pena do pobre lápis. Na verdade, não estava prestando muita atenção. Eu só estava ouvindo ela rabiscar, estava muito ocupado em praguejar contra a onda de calor.

Algum professor aleatório devia estar dando aula, mas, é claro, eu não estava dando a mínima pra isso. Odeio o calor, me faz ficar com preguiça até de pensar.

Sem piadinhas.

Então, imagine minha surpresa, ao sentir um avião de papel bater na minha cabeça. Pisquei, um pouco atordoado e peguei o avião, encarando as pessoas ao meu redor com raiva. O que ganhei em resposta, foi um olhar duro de Merida.

Revirei os olhos e abri o avião.

Então, intrometido, você tem algum plano?
Eu posso até ser impulsiva, mas até eu planejo
um pouco antes de fazer algo.

Rabisquei de volta:

Sua metida, não, não tenho um plano, ainda.
Ajudaria se você me explicasse melhor essas
besteiras da Escócia.

Joguei o avião em direção ao cabelo descontrolado dela, que imediatamente, entrou lá dentro. Segurei uma risada. Merida me deu um olhar carrancudo e fez um gesto obsceno com o dedo. Wow, que deselegante.

Já te expliquei, seu burro idiota. Não é difícil.
Realeza + babaquice real + Conselho = casamento.
Viu? Bem simples. Agora, como você pretende me
tirar dessa roubada, “gênio”?

“Ela tem um ponto, Jack.”, disse Rapunzel na minha mente, “quer dizer, é como Macintosh disse, você é só um plebeu. O que você pode fazer?”.

Resolvi mudar de assunto, odeio me sentir inútil.

Então, deixa eu ver se eu entendi direito...
Você é princesa....?

Não foi bem uma pergunta.

Olhei de soslaio para Merida, e notei ela mordendo o lábio e suas bochechas ficarem vermelhas.

Mais ou menos. Digamos que sim. É como
a Rainha da Inglaterra, entende? Realeza
mas não faz muita coisa? Pra isso existe o
Conselho. Ele é a política. Ele diz o que é melhor
pro povo, e nós – realeza – obedecemos.
Esse intercâmbio idiota, se eu não tivesse me
inscrito pra fugir daquilo tudo... Talvez...
Talvez papai ainda estaria vivo e nada disso
estaria acontecendo...

Foi com muito custo, que consegui decifrar o que estava escrito por trás daqueles rabiscos. Me senti um pouco mal por Merida, mas logo deixei isso de lado. Estou ajudando ela por causa de nossos amigos, não por ela. É parceria, não amizade. O ódio continua.

Hum... Não posso simplesmente pegar
Macintosh num beco e surrá-lo até ele
entrar em coma?

Ouvi sua risada ao meu lado e contive um sorriso. A risada dela é agradável, eu acho que quase nunca a escuto rir. Deve ser porque, sempre que estamos juntos no mesmo lugar, só berramos e brigamos um com o outro.

Tentador. Mas não. Provavelmente só deixaria
o Conselho zangado, e nós NÃO queremos isso.
Eles podem tirar os trigêmeos de mim e da
minha mãe. Fora de questão, as pestes são minhas.
Sem falar que ainda existem mais dois primos.
Apesar de que o MacGuffin... Hum... Não. Não mesmo
Quero acabar com esse problema.

Suspirei, jogando a cabeça pra trás. Tudo o que eu mais quero no momento, é pegar o pescoço daquele escocês metido e esganá-lo por me meter nessa.

Tudo bem, princesa... – escrevi até de outra cor, só pra encher o saco
Me dê um tempo pra pensar. Vou planejar algo.

Escutei um grunhido vindo da ruiva ao meu lado e soltei uma risadinha.

E você lá pensa? E NÃO me chame de princesa!

Okay, estou ofendido. Ia escrever um monte de palavrões pra ela, quando notei que o avião sumiu da minha mão. Olhei pra cima, só pra encarar o professor Alvin.

— Sr. Frost. Por que não estou surpreso? Ah, vejo que a srta. DunBroch também. Nossa, quem diria? Logo vocês dois, de papeizinhos durante a aula?

Olhei em volta, todos da sala começaram a cochichar entre si, sorrindo de forma maliciosa. Argh, droga. O maldito boato.

Senti minhas bochechas ficarem em chamas, olhei de soslaio para Merida, ela estava tão vermelha quanto seus cabelos.

Eu odeio o professor Alvin. Soluço o apelidou de “Traiçoeiro” e o apelido pegou. O professor Alvin, é do tipo que gosta de humilhar os alunos.

— Bem, já que vocês dois estão tão juntinhos, por que não vão os dois pra diretoria? É. Eu gosto disso. Os dois, pra diretoria. Nicholas vai adorar ver você lá, Frost.

Congelei. Só Aster e os professores sabem que fui adotado pelo diretor North, e todos eles entraram num acordo em não sair espalhando por aí. Meu pai foi bem rigoroso nisso. Se bem que o cara não foi apelidado de Traiçoeiro à toa...

Ele não falou mais nada, apenas deu um sorriso escárnio. Estalei a língua e arrumei minhas coisas pra ir para a sala do diretor. Olhei para Merida, ela fazia o mesmo.

No corredor, tenho quase certeza de que todas as salas escutaram nossos gritos.

“É CULPA SUA!”
“MINHA CULPA?! A CULPA É TOTALMENTE SUA!”
“IDIOTA!”
“IMBECIL!”
“BABACA!”

[...]

Meu pai nos encarou por um momento e arqueou a sobrancelha.

— Vocês dois... Trocaram bilhetinhos? — Meu pai parecia perplexo demais para dizer alguma coisa.

Não consegui evitar de corar.

— É, diretor. Dá pra entregar nossa advertência logo pra eu ir pra casa? — Merida parecia com muita pressa de ir embora.

Senti vontade de chutar a ruiva. O General não funciona assim!

— Com pressa, srta. DunBroch? Esse é um recorde, hein?

— Hã, diretor. — Pigarreei. — Qual vai ser nossa punição?

Meu pai arreganhou um sorriso. Ah não, aquele sorriso...

— Sem advertência dessa vez.

Merida abriu um sorriso, mas eu continuei sem expressão, sabia que daquele mato não ia sair coelho.

— No lugar — Continuou —, vocês dois vão passar uma semana, depois das aulas do vespertino, toda noite, aqui. Arrumando os livros da biblioteca.

Arregalei os olhos ao mesmo tempo que Merida escancarava a boca.

— A biblioteca?! Mas... Vamos levar séculos! Ela é gigantesca! Eu não vou-

Interrompi Merida com um forte pisão no pé dela. Ela se virou, prestes a me dar um soco, mas eu lhe olhei de um jeito “Cala-a-boca-agora-antes-que-você-piore-as-coisas-idiota!”, acho que a ofensa ela não entendeu, mas pelo menos se calou.

— Quando começamos? — Perguntei melancolicamente.

— Eu até diria “hoje mesmo”, mas vou ser bonzinho. Amanhã. Já podem ir.

Esperei Merida sair da sala – bufando – e encarei meu pai, semicerrando os olhos.

— Tem armação aí. O que você está planejando, sr. Nicholar North?

O General piscou aqueles grandes olhos azul-bebê de forma inocente. Não cai nessa.

— Quem, eu? Jack, como você pode pensar de que estou armando contra meu próprio filho?

— Pai, corta essa. Você fez aquele sorriso, aquele sorriso que você sempre dá antes de me ferrar. Quer que eu e a DunBroch coloque fogo na escola? Por que é o que vamos fazer se você deixar nós dois sozinhos no mesmo lugar.

— Pensei que os jovens de hoje em dia faziam outras coisas, quando sozinhas. Coisas que envolvem contato físico.

Arregalei os olhos, aposto que todo o sangue do meu corpo subiu pra minha cara.

— V-você...! S-seu...! C-como você pode imaginar...! Nós nunca...! ARGH! — E dando um berro de frustração, sai da sala do diretor, ouvindo as risadas escandalosas de meu pai.

As janelas começaram a tremer e tenho quase certeza de que meus joelhos resolveram se juntar a elas.


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Notas finais do capítulo

#2- Qual o segredo que o Soluço tem com a Merida?
—----
ONEE!! EU TÔ DE OLHO EM TU, É PRA COMENTAR!