_Neji...- balbuciei.

_O que foi?- perguntou ele.

_Eu não quero sair.- disse enfim.

_Você prometeu! Disse que ia comigo!- falou Neji apontando para o álbum que negociamos.

_Mas... eu nem quero sair!- falei “muito” entusiasmada.

_Então me devolve o álbum!- disse ele, fitando o MEU álbum.

Não disse nada, não iria entregar aquele objeto precioso, de jeito nenhum!

_Eu prometo que vai ser divertido!- garantiu ele.

_Tabom!- concordo, afinal havia prometido que iria se ele me desse o álbum.

Neji sorriu, cantando a vitória.

_Hinata...- disse me virando a ela que ainda não havia deixado o recinto.- ... você tem alguma roupa pra me emprestar?- pergunto rezando pra que ela não tivesse.

_Tenho, escolhe uma lá.- disse ela sem vontade e encarando Neji.

AFFS!

_Lá na onde?- pergunto.

_Vem comigo!- disse ela agarrando minha mão.

Chegamos num quarto onde escolhi uma roupa que eu havia gostado.

Depois que eu me vesti e já me encontrava pronta Hinata começou a conversar comigo:

_Não entendo a razão de ele ter lhe convidado para esse dia... – comentou Hinata.

_Por que? Eu nem queria ir mesmo!- exclamo me sentando na cama, junto a Hinata.

_É que... é uma data tradicional da nossa família...

_Hum, então chama essa família pra irem com vocês!- disse com ironia.

_Bom... nós tentamos, mas todos se julgam ocupados e importantes para perderem seu tempo com um dia idiota desse, que eles deveriam dedicar a seus familiares.- disse Hinata olhando para baixo.

Ela estava triste, ela não possuía um relacionamento muito bom com seu pai, pelo contrário... com certeza ela havia o convidado para esse dia e ele não aceitara.

_Então só ia você e Neji?- perguntei.

_É, não sei por que ele insiste tanto em comemorar esse dia, acho que era por que vovó costumava dar muita importância a essa data. Ele era o neto preferido dela...- disse ela distante.- Acho bom que você vá! Assim nosso dia de Diversão será especial...- disse Hinata sorrindo.

Saímos do quarto a procura de Neji, que logo encontramos esperando impacientemente sentado no sofá e olhando o relógio de minuto a minuto.

_Poxa! Não podiam demorar menos?- perguntou ele nos encarando.

_Não! Estávamos fazendo um esquema para matar você!- respondi mostrando a língua para ele, que me ignorou completamente.

_Então... vamos?- diz Hinata na tentativa meio que de quebrar o clima.

_Pra já!- disse Neji se levantando de sobressalto.

_O que vamos fazer?- pergunto, pois para fazer alguma coisa de interessante ou divertido tinha que pelo menos saber por onde começar.

_Eu fiz uma lista de várias coisas que podemos fazer essa tarde... – fala Neji retirando do seu bolso uma lista com várias programações.

Como eu esperava dele!

Sentei-me no mesmo sofá em que Neji estava, porém me mantendo bem distante.

Ele começou a discutir sobre as programações.

_Ainda nos resta um pouquinho da parte da manhã, o que podemos fazer?

_Ei... Neji...- disse Hinata corando e baixando os olhos ao chão.

Neji apenas e fitou e ela continuou:

_O Na-naruto pode passar o dia com a gente?- diz ela depois de longas pausas.

_Mas por que aquele babaca?- disse Neji que obviamente não queria de forma alguma consentir.

Hinata se alterou visivelmente:

_Por que eu não posso levar o Naruto comigo? Vocês vão ficar namorando enquanto eu fico segurando vela?- exclama ela num tom até então desconhecido.

_Ah, então quer dizer que você não quer ficar segurando vela, e por isso quer levar Naruto para namorar também?- pergunta Neji se divertindo.

_É que... - seu tom ameaçador passou para um tom envergonhado.- ... Desculpe-me, é...

_Tudo bem... pode levá-lo, mas eu não ia ficar namorando... era mais preferível engolir sapos do que ficar com Tenten...- disse Neji provocando um certo alívio em Hinata.

Tive vontade de chorar naquele momento, tentei não cometer esse erro mas...

Sai de lá que nem um furacão e corri pra um lugar não muito distante daquela porcaria de casa, um parque, onde só tinha grama e mais grama.

Corri pra lá e pude presenciar a alegria de ser criança.

Sentei-me debaixo de um ipê roxo, onde várias flores caiam, e me encostei-me àquela árvore, abracei os joelhos e comecei a chorar silenciosamente, apenas observando aquelas crianças brincando, correndo soltas e felizes ao ar livre, um dia elas iriam crescer e seu mundo cor de rosa iria desaparecer, escorrendo por entre os dedos como areia sem podermos fazer nada, a realidade era triste e chocante.

Naquele momento eu sabia de uma coisa, eu não queria viver.

Talvez tivesse sido uma má ideia eu tê-lo derrubado em meu primeiro dia de aula, ter esquecido os materiais, chegado atrasada...

Talvez fora um erro eu ajudá-lo em sua vida amorosa, apenas me comprometendo mais, participado de seus problemas...

Foi um erro eu ter dançado com ele, ficado bêbada, dormir em sua cassa...

Meu pior erro foi amá-lo...