The Surviver escrita por NDeggau


Capítulo 31
Epílogo — Vivendo


Notas iniciais do capítulo

Desculpa a demora, mas aqui está. Espero que gostem :3



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Epílogo

Vivendo

NÃO SABEMOS QUANTO TEMPO AINDA TEMOS. Era isso que me motivava a viver tão intensamente minha vida.

Eu não conseguia ficar parada. Ou eu estava ajudando nas tarefas diárias, ou estava brincando com Lola, ou com Alice, ou estava com Jamie. Não havia tempo para perder, o tempo era tão curto.

E meus momentos tristes, aqueles de que eu recordava às vezes, apenas me lembravam de que os momentos felizes estavam por vir, e eu os valorizava.

Os jogos eram a melhor época entre a semeadura e colheita dos campos. Eu havia ganhado na corrida de Trudy, mas perdido de Mel. Ela era infalível. Nas lutas, eu estava ganhando. Tanto Aaron quando Jared haviam sido nocauteados. Eu me sentia extasiada e um pouco convencida. Jamie havia tentando lutar comigo – eu neguei, e disse que não bateria nele nem que me obrigassem. Ele acabou rindo – fazer o quê?

Com Ian foi confuso. Eu não queria bater nele, entretanto, queria soca-lo muito, para descontar a raiva que sentia, para me livrar do que eu sentia.

Mas ele era rápido, e não se deixou ser nocauteado. Acertei um soco em seu rosto, foi forte demais, porém valeu a pena. Eu senti a descarga elétrica daquele soco, e expulsou as incertezas do meu coração. Eu não tinha medo de feri-lo, eu não o amava mais. Mesmo preocupada com o rosto dele, eu sorri. Aquela vitória foi maior do que aparentava. Eu tinha que comemorar.

Nem senti quando minhas costas caíram pesadamente no colchão. Minha atenção estava totalmente voltada para outra coisa, para outra pessoa. E no modo urgente no qual ele me beijava. E também em como Jamie me segurava apertada contra seu corpo, como se estivesse me impedindo de fugir. Eu sorri contra seus lábios, e ele sorriu também.

Estávamos tão juntos que mal contávamos como dois.

Seus lábios desceram para meu pescoço, e o calor da explosão era tão grande que o ar faltava, eu não conseguia respirar. Agarrei o pescoço de Jamie, encontrando nele o oxigênio que eu precisava, em seus lábios calcinantes.

De repente eu estava no colo dele, minhas pernas envoltas em sua cintura. Tudo estava acontecendo rápido demais, porém nos movíamos quase em câmera lenta. Tantos sentimentos brincaram no meu peito que não pude identificar nenhum. Apenas explosões intensas que me jogavam mais e mais sobre Jamie, sempre afundando em seus braços e me embriagando com seus beijos. Meu coração martelava com tanta força que eu tinha certeza que Jamie o sentia contra seu próprio peito.

Entretanto, eu também sentia o coração dele batendo com força, causando-lhe falta de ar assim como em mim, e fiquei feliz em perceber que eu o afetava tanto quanto ele afetava a mim. Espalmei minha mão sobre seu pulsante coração, reconhecendo que aqueles fortes batimentos eram por mim. Ele já havia dito que me amava, mas não só por que eu gostava de ouvir – eu sabia que era verdade. Eu sentia isso. Esperava que ele soubesse que eu o amava também.

Meus dedos se enrolaram entre seus cabelos negros e o puxei mais, eu precisava dele o mais perto possível de mim.

Contudo, quando ouvimos os passos rápidos no corredor, seguidos da voz, paramos abruptamente.

—Ash? —Era Alice que se aproximava.

Relutante, escorreguei para fora do colo de Jamie, sentando ao seu lado, e fingi estar muito ocupada com o zíper do meu moletom. Jamie limpou a garganta e de repente ficou muito preocupado em avaliar o teto do quarto. Alice entrou no quarto e se jogou no meu colo.

—Ashley Mayfleet, a senhorita tem que ir agora até a cozinha. Peg disse que Jared tem uma notícia para nós, e precisamos ouvi-la sentada. E ande logo, eu estou quase morrendo de curiosidade!

Ri com a euforia dela, e concordei.

—Vá na frente, Al. Eu já estou indo.

—Não demore. Eu sei que você estava ocupada, aos beijos com seu namorado, mas não se esqueça da sua irmãzinha.

Eu e Jamie trocamos olhares cumplices, e senti meu rosto corando, mas sorri para Alice.

—Vá andando, pequena. Estou em seus calcanhares.

Alice revirou os olhos.

—Eu duvido.

Ela saiu porta afora, deixando eu e Jamie com olhares vazios no rosto. Meus olhos não demoraram a se encher, de um pouco de ansiedade e euforia, quando Jamie se inclinou para sussurrar no meu ouvido.

—Não pense que eu vou te deixar fugir, Mayfleet, depois nós continuamos.

Caminhamos até a cozinha de mãos dadas. O toque dos dedos de Jamie nos meus era confortador. Estava ajudando a sufocar a ansiedade que me dominava.

Alice estava lá, impaciente. Peg, Ian, Jared, Doc, Maggie, Trudy e Melanie também. Eles pareciam animados. Cheguei até eles quase correndo.

—Peg! —Exclamei. —Vamos, diga o que aconteceu.

Atrás de mim, Trudy riu.

—Parece que a curiosidade é de família. —Ela estava se referindo a Alice, que se agitava impacientemente no banco de pedra.

Eu sorri, tentando parecer calma, porém fracassei.

—Então...? —Eu pulava sobre meus calcanhares, ansiosa.

Ouvi uma cálida gargalhada á minha direita. Jared se aproximou de mim, sorrindo e exibindo suas linhas a partir dos olhos, e descansou uma mão no meu ombro.

—Acho melhor se sentar, Ashley.

Eu me sentei ao lado de Alice, Peg sentou do meu outro lado e afagou meu braço. Eu peguei a mão dela, de tão nervosa.

Jared limpou a garganta e começou a falar.

—Anteontem, quando eu estava voltando da incursão, nos encontramos com Nate, ele tem um grupo de humanos no norte. —Ele pausou como se esperasse pela minha reação. Sacudi a cabeça, indicando que ele continuasse. Jared continuou.

—Nate também salva humanos, como nós fazemos. Agora ele tem um grupo de cento e cinco pessoas, ao todo.

Outra pausa. Minhas mãos já estavam suadas.

—Quer dizer, ele tem agora um grupo de cento e cinco pessoas, mas eu acho que, em breve, será apenas cento e três pessoas...

Eu não fazia ideia do que ele estava falando, mas algo no meu interior estava agitado. Eu tremia.

—Há uma semana, Blake e Nate encontraram um casal perdido na mata. Eles diziam que se chamavam Orvalho da Manhã e...

—Chamas no Cristal. —Conclui sussurrando. Meu coração parou, e dei um salto.

—Meus pais? São meus pais? Charles e Jane?

Jared deu um largo sorriso, confirmando.

—Vamos partir amanhã para busca-los.

Eu comecei a rir euforicamente, Alice ao meu lado fez o mesmo. Soltei a mão de Peg e praticamente pulei sobre Jared, abraçando seu pescoço e rindo.

—Obrigada! Obrigada! Obrigada!

Jared segurou meu corpo antes que eu caísse e o levasse junto. Eu me desprendi dele devagar, mais ainda estava rindo. Havia umidade demais em meus olhos.

Ao lado de Jared, Ian estava sorrindo. Eu estava tão eufórica, tão feliz, que o abracei também.

Aquele abraço. Acalmou minhas risadas histéricas. Desacelerou meu coração agitado. Minha respiração voltou ao normal. Entretanto, eu ainda sorria abertamente, incapaz de controlar aquele sorriso.

Eu me soltei dele e abracei minha próxima vítima – Alice, que estava tão radiante quanto eu.

—Eles estão chegando! —Ela gritou no meu ouvido. —Papai e mamãe, eles estão vindo! Vamos ficar juntos, Ash.

—Sim. —Eu respondi, sussurrando. —Vamos ficar todos juntos novamente.

Alice se soltou de mim, e abraçou sua pequena amiga Liberdade.

Eu dei alguns passos para trás, observando sorridente a felicidade de Alice. Foi quando esbarrei em alguém, e sorri ainda mais quando o reconheci.

Jamie pegou minhas mãos e as segurou na frente do meu corpo, me abraçando pelas costas. Ele pressionou os lábios no alto da minha cabeça e acomodou o rosto ao lado do meu.

—Eles estão chegando. —Repeti as palavras de Alice.

—E vamos ficar todos juntos. —Ele sussurrou.

Eu me virei para poder encontrar seu rosto, seus lábios, e pousei as mãos em seu rosto. Jamie descansou suas mãos em meus quadris, e pressionou levemente seus lábios nos meus. Não houve a explosão, contudo, foi suficientemente bom. Repousamos nossas testas uma contra a outra e fechei os olhos para desfrutar do momento.

Senti meu ombro ser apertado com delicadeza, por uma diminuta mão, e me virei para poder cumprimentar Peg.

Ela estava sorrindo com seu delicado sorriso, tudo nela era tão delicado que me sentia mal por não ter gostado dela no inicio. Peg era uma criatura difícil de odiar.

Eu sorri de volta para ela e me inclinei para poder abraça-la.

—Fico muito feliz por você e seus pais, e por Alice. —Ela disse.

—Obrigada, Peg. Por tudo, inclusive.

Ela sorriu novamente, e se afastou para poder se acomodar nos braços de Ian. Eu nem me preocupei em olhar para ele, meus olhos já estavam muito ocupados com o chocolate, meia-noite e luz.

—Tem certeza de que não posso ir junto? —Perguntei desanimada.

Jared jogou uma mochila pesada nos bancos traseiros do jipe e negou com a cabeça.

—Eu já lhe disse Ashley, pode ser perigoso. E, além disso, você tem que ficar com Alice.

Eu suspirei.

—Claro.

Jared subiu no jipe, seguido por Melanie.

—Vamos trazer seus pais de volta. —Disse Melanie.

—Eu sei. Obrigada. Tomem muito cuidado. —Eu falei, preocupada. —E voltem vivos.

—Não se preocupe conosco. —Disse Jared.

—Cuide bem do meu irmão. —Advertiu Melanie, mas estava sorrindo.

Eu sorri também, e me afastei para que Jared pudesse dar a ré no jipe. Eles sumiram no deserto. Eu suspirei e voltei para dentro das cavernas em silêncio, apenas escutando o eco dos meus passos pelos túneis vazios.

Eu já estava quase chegando à cozinha, onde todos estavam, quando uma mão me puxou para o lado.

Minha primeira reação foi gritar, mas a mão cobriu minha boca e me virou de frente para seu corpo.

—Jamie! Quase me matou de susto.

Ele riu, seu corpo se sacudindo com sua risada, e me puxou para dentro de seus braços.

—Venha. —Jamie me puxou pela mão em direção ao depósito de suprimentos, que estava lotado. Virou uma curva abrupta para a esquerda, para outro corredor escuro, até a rampa que levava a saída. Eu subi a rampa agachada, com medo de bater a cabeça no teto baixo.

(Ouçam:http://www.youtube.com/watch?feature=player_detailpage&v=o_1aF54DO60 )

O céu estava mesclado de azul e nuvens cinzentas, o sol em seu auge.

Eu o segui em silêncio, mas sorridente. Subimos nas montanhas, andando no lado de fora do teto abobadado do pátio principal, e a vista ali era linda. Quilômetros sem fim de areia marfim, com creosotos, ocotillos, chollas e prosópis espalhados em harmonia pelo vasto campo dourado. No horizonte, muito longe, era possível ver uma pequena linha, uma cicatriz de cimento no deserto, a autoestrada.

—É lindo aqui. —Comentei, admirando a paisagem por alguns segundos antes de olhar para Jamie.

Ele estava me observando, seus lábios levemente sorridentes. Seus olhos de chocolate brilharam quando encontraram os meus.

—É realmente linda. —Ele disse.

Um sorriso surgiu nos meus lábios com tanta facilidade que nem pude controla-lo. Sorri abertamente, fechando os olhos por um segundo.

Jamie segurava uma de minhas mãos entre as suas, e me puxou para mais perto num rodopio, como um passo de dança, me enrolando em seus braços.

Ele conseguiu atar-me, me abrigar com apenas um braço. Sua outra mão descansou no meu rosto, evitando que eu me afastasse. Como se eu fosse fazer isso. Jamie inclinou o rosto para perto do meu, e esperei seus lábios. Eu os senti, porém pressionados contra a minha testa.

—Feche os olhos. —Ele sussurrou.

Eu fechei, e fiquei com o rosto apoiado contra o dele. Muitos segundos se passaram, talvez minutos, mas nenhum dos dois parecia se importar.

—Consegue sentir o cheiro? —Sussurrou Jamie, depois de um tempo.

Eu inspirei profundamente. Apenas sentia um cheiro – o dele – e me parecia suficiente. Inspirei mais uma vez e senti o cheiro de orvalho, frescor e manhã. O ar perfumado e úmido entrou nos meus pulmões, livrando-os do cheiro mofado de dentro das cavernas.

—Chuva? —Perguntei.

Jamie não precisou responder. O céu o fez antes. Senti os leves toques das gotas contra meus braços e pelo meu rosto. Jamie segurou minha cintura com os braços, me trazendo para bem perto. Deixei minhas mãos caírem sobre seus ombros, se encontrando em sua nuca – não havia outro lugar para elas.

Seu rosto ainda repousava sobre o meu, sentia sua respiração quente sobre minhas pálpebras.

—Ash... —Ele chamou sussurrando. —O que você mais deseja?

—Nesse momento? —Pensei a respeito. —Um beijo na chuva.

Eu senti quando ele sorriu contra meu rosto, e sorri junto.

Então Jamie inclinou a cabeça para poder tocar meus lábios.

E explodimos.

Nunca na vida eu poderia sentir algo melhor do que aquela explosão. Era tão fatal, tão certa, sem controvérsias. Apenas o calor, as células vibrando, o coração se agitando, a pele estremecendo, o estômago se contorcendo com as borboletas, o cérebro desligando e os nervos se incendiando. Enquanto seus lábios não abandonassem os meus, não havia outro jeito – apenas teria que pular de cabeça em meio ao fogo da arrasadora explosão.

Inevitável.

A explosão foi cessando, tornando-se controlável, porém quente, como os rastros de fogo ainda percorrendo meu corpo.

Jamie beijou toda a extensão do meu rosto, com o maior cuidado que possuía, como se temesse me machucar.

—Eu te amo. —Ele murmurou contra meu rosto.

—E eu te amo. —Respondi, também murmurando, tomando cuidado para meus lábios não roçarem os dele, evitando a explosão, e desejando-a ao mesmo tempo.

Ele me abraçou com força, e todo ponto que ele me tocava estava extremamente vivo.

E eu a senti novamente, começando no centro do peito e se dilatando devagar entre os órgãos, até cobrir cada centímetro do meu corpo. A felicidade infinita. A paz interna, em que tudo estava perfeitamente em seu lugar. Nada poderia abalar aquilo agora, o sentimento tão forte que parecia inquebrável. Éramos sobreviventes. Éramos inquebráveis.

—Por que está tremendo? —Perguntou Jamie.

—Acho que estou tentando me adaptar a essa sensação. A essa... Felicidade infinita.

—Você é minha agora, Ash. E se depender de mim, nunca vai precisar se esquecer dessa sensação.

O beijo dele foi diferente dessa vez. Possuía um calor que eu não conhecia, tornando a explosão mais intensa, porém menor. O beijo era a perfeita harmonia entre a ternura e a voracidade.

—Eu quero que dure uma eternidade. —Sussurrei, entre seus beijos.

—Não importa quando tempo dure nossa eternidade. —Ele pressionou os lábios demoradamente contra os meus, ternamente. E Jamie, meu Jamie, disse em voz alta, para que ecoasse no deserto, para que o mundo todo nos ouvisse. Eu queria que tivesse escutado.

—Nós somos eternos.

E seríamos.


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Notas finais do capítulo

Enfim, terminou.
Particularmente, demorei para postar o capítulo por ficar sem coragem. Eu não queria que acabasse.
E, se vocês se apaixonaram pela Ashley, Bruma, Jamie, Alice e Lola tanto quanto eu, por favor leiam a parte dois.

Link: http://fanfiction.com.br/historia/419169/The_Surviver_Part_2/

Obrigada por terem sido pacientes e não terem desistido de mim.
Estou me esforçando, e considerem que essa é minha primeira fanfic, e cada vez que vou postar um capítulo, quase tenho um surto psicótico.
Obrigada por tudo.
Por favor, leiam a continuação.
Obrigada mais um vez.
All my love,
NDeggau.