Beijos, Beatles E Dúvidas escrita por Alasca


Capítulo 2
Um adeus


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Mais um capítulo para vocês, obrigada por todos os comentários, fiquei muito feliz!

Boa leitura!



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Passadas horas de muita monotonia, o sinal finalmente tocou, e estavam todos dispensados. Juntei os materiais e fui até minha bicicleta, não via a hora de chegar em casa!

O sol esquentava minha pele e o vento aliviava o calor, logo cheguei na ladeira de casa, estava tão cansada que achei melhor descer e empurrar a bicicleta. Ao meio-dia eu já estava em frente ao portão, Luke chegou e começou a latir, só parou quando encostei a bicicleta na parede e comecei a brincar com ele, ainda era filhote, portanto, muito brincalhão.

Na cozinha, meu pai lia o jornal, os óculos ocupando a ponta do nariz, estava com olheiras escuras, devia ter ficado a noite toda acordado, há algumas semanas eu havia perdido minha avó, meu pai Joaquim sua mãe e Vó Mafalda havia perdido para o câncer. Fora um dia muito difícil aquele, o céu estava cheio de nuvens e muito escuro, um vento gélido abraçava as pessoas, minha mãe chorava muito, parentes de vários lugares tinham vindo, até da Itália, onde eu tinha uma parte da família.

Os dias seguintes foram estranhos, meu pai estava muito quieto, não dizia quase nada durante o almoço ou o jantar, ficava horas no quintal olhando para o céu e nem cantava Beatles junto comigo e minha mãe. Um dia eu estava decidida que iria ajudá-lo, não aguentava ver ele daquele jeito, e quando disse isso a minha mãe, ela me deu uma responta que eu nunca mais esqueci:

Filha, quando pessoas que amamos partem, nós temos diferentes formas de lidar com isso, não sei dizer qual a correta, mas acredito que o problema do seu pai foi que ele não chorou, nem sequer uma lágrima ele deixou cair, permaneceu lá, forte. Sabe querida, as lágrimas são reconfortantes, e por diversos momentos são nossa única saída para deixar o coração aliviado.

Quando minha mãe terminou de dizer isso, fui para o quintal e abracei meu pai como nunca havia o abraçado. É engraçado como certas pessoas tem um abraço que encaixam perfeitamente no nosso. E antes de irmos dormir, nós choramos.

(...)

Boa Tarde filha. Como foi a escola? -Perguntou meu pai

Chata como sempre, odeio aquele lugar... Mas tudo bem, vou me acostumar alguma hora!

Ah filha! Eu sei que deve ser difícil, mas já faz cinco meses que você mudou de escola. Ainda não se acostumou? -Eu havia tido alguns problemas com meu antigo professor de história, digamos apenas que ele não aceitava opiniões...

Mais ou menos pai, ainda bem que tenho a Sophia do meu lado, senão...

Chega desse assunto! Vamos almoçar agora e mais tarde você tem que ir comigo à casa da Elizabete, querida. -Disse minha mãe enquanto trazia uma jarra de suco na mesa.

Por que? Você quer comprar alguma trufa ou bombom?

Elizabete era minha vizinha, ela e o marido faziam doces para vender, apesar de já serem bem velhos eles não me deixavam os chamar de "Senhor" "Senhora"... Eram bons vizinhos.

Não vou comprar nada, é que eles vão se mudar! Lembra que eu te disse?- Não lembrava nem de ela ter comentado, mas...-Ela pediu ajuda para encaixotar algumas coisas, pois o novo dono chega ainda hoje para trazer a mudança para a casa, eles estão vindo de longe e precisam da casa urgente.

Por que vão se mudar? Lembro do Seu Luis contar que adorava aquela casa.

Ah filha, eles estão bem velhos já, a Dona Bete disse que a casa é grande demais somente para os dois, que desde que os filhos se mudaram para as próprias casas, eles já estavam pensando em vender...

Tudo bem, depois do almoço vamos para lá!

Depois que terminei de almoçar, subi para o meu quarto e deitei. Fiquei um pouco ali, olhando para o teto, tentando assimilar tudo que tinha acontecido durante aquele dia: escola chata, volta para casa e a perda dos meus vizinhos... Acabei dormindo e só acordei quando ouvi Hey Jude tocando, olhei para meu celular e vi que era minha mãe que estava me ligando:

Oi filha, te acordei? Desculpa! Mas você ficou de vir aqui na casa da Bete para ajudar, mas quando fui no seu quarto te chamar você estava dormindo como um anjinho, então deixei você dormir mais uma hora... pode vir agora? Tem bastante coisa e estamos precisando de uma ajudinha!

Criei coragem e abri as cortinas, deixei os finos raios de luz entrarem e me atingirem, meus olhos se acostumaram novamente com a claridade. Coloquei minhas pantufas e caminhei até o espelho onde pude ver minha aparência (deplorável): grandes cachos castanhos pendiam e formavam uma moldura para o meu rosto, olheiras (claro, sempre as tive), ao lado da porta eu podia perceber o quanto era baixinha, mas nunca me importei com isso, até gostava de ter essa altura.Troquei de roupa, fechei as portas e fui para casa da minha vizinha, o portão estava aberto, então entrei e observei o grande jardim que eles tinham, era cheio de flores e com umas três ou quatro árvores enormes, e claro, uma gigantesca piscina! Eu amava aquela casa, sempre a achei perfeita! Quando cheguei na porta de entrada Dona Elizabete veio me cumprimentar e agradecer por estar ali, ela pediu para que eu entrasse e não reparasse na bagunça, mas isso foi meio inevitável, nunca havia visto aquela casa tão desorganizada, diversas caixas pelo chão, móveis cobertos com lençóis brancos... Puxa vida, tínhamos muito trabalho pela frente!

(...)

Obrigada pela ajuda Lola, demoraríamos muito se você e sua mãe não tivessem nos ajudado!

Imagina Luis! Vamos sentir falta de vocês, são ótimos vizinhos!

Você é um amor querida, mas tenho certeza que vai gostar dos novos vizinhos, eles me pareceram ótimas pessoas e além do mais tem um filho e uma filha que devem ter sua idade, poderão ser amigos!

Ótimo! Com certeza minha mãe fará com que eu seja gentil com eles, e se forem chatos ou mimados? Que droga!

Depois de comermos alguns bombons e trufas como recompensa pelo trabalho, minha mãe e eu nos despedimos, eles nos deram o novo endereço e disseram que podíamos visitá-los sempre, e assim, nos dirigimos ao portão. Do lado de fora fomos surpreendidas por um grande caminhão de mudanças, logo à frente um belo carro preto estacionava, dele saíram duas figuras muito bem arrumadas, uma mulher com longos cabelos loiros, alta, usando um vestido justo preto e salto alto, ao seu lado, um homem também alto, olhos e cabelo pretos usava um terno, eles deram grandes sorrisos e vieram em nossa direção:

—Olá!

—Boa tarde! 

Olhei para minha mãe buscando uma ajuda, então ela estendeu a mão e os cumprimentou, fiz o mesmo logo em seguida.

—Acabamos de chegar de viagem. Vocês moram aqui? -A mulher apontou para a antiga casa da Elizabete.

—Não, nós moramos aqui ao lado, minha filha e eu viemos ajudar a Dona Bete com a mudança.

—Então devem ser nossas novas vizinhas! Que maravilha!

Droga, eles chegaram! 


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Notas finais do capítulo

Esse capítulo foi bem chatinho, mas ainda estou apresentando os personagens, mas se preparem pois nos próximos, algumas coisas começarão a mudar...