Meu despertador tocou e fui obrigada a levantar, o dia prometia muitas coisas! Desde a última vez que falei com a Sophia, tantas coisas mudaram, mas é bom saber que posso sempre contar com ela. Troquei de roupa, e desci para o tomar o café. Várias frases passavam pela minha cabeça, logo logo eu teria que explicar para a Maria Eduarda e a Sophia que o Pedro e eu estávamos juntos, o que é meio estranho, se levar o fato que nos conhecemos há quatro dias... Mas não é nada de mais, apenas estamos ficando. Ele me atrai. Eu atraio ele. Nos beijamos e ficamos excitados juntos. É isso. Parece meio errado, mas é o que acontece, não vou dizer que estamos namorando, mal conheço ele, quem sabe algum dia. Além disso, terei que contar para a Sô todo o problema do Mário e como ele resolveu aparecer na minha vida novamente! Que droga! Aquele imbecil tinha mesmo que voltar das cinzas agora que estou apaixonada por outro?

—Bom dia, mãe.

—Oi, filha. Ta tudo bem com você?

—Tudo certo... Mãe, acho que eu devia te contar uma coisa.

—Que foi? Aconteceu alguma coisa?

—Na verdade sim, aconteceu. O Pedro e eu... como eu posso dizer?

—AIMINHANOSSASENHORAAPARECIDA! ME FALA LOGO, MENINA!

—A gente se beijou, mãe.

—Como assim "a gente se beijou, mãe"? Estão namorando? Mas é o Mário, minha filha? Ele veio aqui ontem com as melhores das intenções...

—Mãe, esquece o Mário, ta bom? Ele não presta! Não vale nada! Mas isso é uma longa história, e vai ficar pra depois, tenho que ir agora.

Peguei a mochila e sai pela porta, fui até a casa ao lado, o portão estava encostado, dei um leve empurrão e o Pedro apareceu, abriu um sorriso lindo e me abraçou:

—Já estava com saudades...

E me beijou. Seria tão bom receber um carinho desses todas as manhãs, não me incomodaria com isso nenhum pouco!

—Você não saiu da minha cabeça. Cadê a sua irmã? Queria contar para ela, separado da Sô e com você junto, se não se importa.

—Ela já está vindo. Puxa, estou nervoso, já sabe o que vai dizer?

—Mais ou menos, pensei que você pudesse me ajudar com isso...

—Ajuda com isso o que? -A Duda foi dizendo enquanto passava e fechava o portão.-Tudo bem com vocês dois?

—Duda, seu irmão e eu temos que contar uma coisa...-Disse e virei para o Pedro em busca de ajuda.

—Bom, a questão é que... A Lola e eu nos beijamos, Du.

Ela levou a mão a boca e soltou um gritinho histérico:

—AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAH QUE DEMAIS!! Eu bem desconfiava de vocês dois, essa troca de olhares, como ficam com as bochechas todas vermelhas quando estão perto, o tempo que o Pedro demorou para voltar pra casa quando foi levar seus brincos... Que lindo! Estou tão feliz! Venham cá me dar um abraço!

E foi simples assim, a Duda adorou a notícia. No caminho da escola, ela ficava em silêncio, apenas olhando para nós dois, uma cena cômica, a mais tagarela agora quieta. Mas essa tinha sido a parte fácil, o que me preocupava estava por vir. Pela janela do ônibus pude ver que a Sô estava me esperando do lado de fora da escola, devia estar muito curiosa, fiz ela esperar a noite toda pois queria dizer pessoalmente, não só a história com o Pedro, mas principalmente, a vinda do Mário em casa.

—Oi, todo mundo! Duda, Pedro, podem me dar um minutinho com a Lola? Ela está me devendo informações...-E foi me arrastando para uma mesa no pátio.-Pronto! Agora me conta tudo! Fez o maior suspense naquela mensagem: Notícia boa e notícia ruim.

—Qual você quer saber primeiro?

—Começa pela boa!

—OK... Bom, lembra que eu tinha te dito que o Pedro e eu tínhamos nos beijado? Pois bem, as coisas evoluíram e ele acabou se declarando pra mim.-Ela levou as mãos a boca, como fez a Duda.- Disse que está muito apaixonado... Amiga, estou tão feliz! Ele é incrível, até de Beatles ele gosta, acredita? Beija que é uma beleza e... me deixa excitada! É uma loucura!

—Poxa amiga...-Ela pegou minhas mãos -Eu to tão feliz por vocês, combinam tanto. Aquele dia, na aula, era disso que eu estava falando contigo, sobre o Pedro. Como ele ficava olhando pra você, sabia que ele estava afim, mas por conta do que aconteceu da última vez que se apaixonou, fiquei com medo que alguém te machucasse de novo. Eu não permitiria que isso acontecesse.

—Aaah Sô... Vai me fazer chorar.

—Se sabe que eu te amo, amiga. Só quero que você seja feliz. Mas agora me conta, qual a notícia pra estragar tudo?

—Eu também te amo. É minha irmã. A notícia ruim, você não vai nem acreditar, o Mário foi em casa ont...

—O QUE? COMO ASSIM? O MÁRIO? AQUELE MÁRIO? AQUELE BABACA?

—Esse idiota mesmo! Ele foi em casa, minha mãe babando ovo pra ele, um amorzinho de pessoa, pegando na minha mão, me abraçando! Que ódio! Ele disse que quer sair comigo, que eu estou uma gata!

—Nossa, amiga! Que raiva! Não acredito que depois de todo esse tempo ele voltou. Ele não tem vergonha na cara, não? É um otário mesmo.

—Nem me diga! Ele quase estragou as coisas com o Pedro, por sorte eu consegui explicar tudo pra ele. Me mandou até mensagem no celular! Pode acreditar, esse babaca voltou.

—Amiga, não se preocupa. Se depender de mim, esse cara não vai chegar perto de você de novo.

—Obrigada, amiga. Que bom que eu tenho você.

Nos levantamos e nos abraçamos. Taí uma pessoa que eu posso dizer que tem minha confiança completa. Tão bom ter alguém em quem confiar!