Estava escuro e totalmente barulhento. Nem parecia um cinema. Detestei o filme, falava sobre a vida de um cantorzinho medíocre dessa geração, "o que estou fazendo aqui" pensei.

Vou começar de novo. Sou complicada e não quero ser assim logo no primeiro capítulo! Meu nome é Lola, tenho 17 anos, cabelo castanho longo, detesto todo tipo de pessoa que se recusa ler um livro por ele ser "grande demais", não gosto de nenhuma banda atual, sou mais caseira do que a maioria das pessoas e troco facilmente uma ida na boate por um cinema (depende do filme, certo?), gosto de Harry Potter e Beatles, ambos são minhas imensas paixões, e sou encantada por épocas passadas onde pequenas e românticas ações tinham seu imenso valor, bem, não sei o que dizer, em breve você me conhecerá melhor e será apresentado(a) às minhas constantes crises existenciais. Tudo bem, agora que já me conhece um pouquinho, posso voltar a história...

Eu estava no cinema com algumas amigas, exceto a Sophia minha fiel amiga e escudeira, estava chateada por ela não poder ter ido, tenho que admitir que aquela mãe dela não era uma pessoa fácil não! Nunca tinha visto o cinema tão lotado, e por falta de um fileira que coubesse todas nós, sentei sozinha na fileira da frente. Apagaram as luzes e algumas garotas estúpidas começaram a gritar, é com imenso pesar que afirmo que algumas delas eram minhas amigas.

Após um tempo que me pareceu infinito, o filme finalmente chegou ao fim, odiei, nem precisei fazer um esforço, filme sem enredo algum, sem falar que não ouvi nada, só gritos! As luzes acenderam e todos saíram comentando o "incrível documentário", saí quieta, parando apenas para observar um cartaz de um filme que me pareceu bem interessante. Resolvi voltar para casa antes que alguém resolvesse me arrastar para mais um programa insuportável.

Já deitada na cama pensei no tal filme em cartaz, a estréia seria daqui um mês, já estaria de férias e provavelmente Sophia poderia ir comigo. Era ótimo ter uma amiga tão parecida comigo, embora Sô seja mais normal e não tenha constantes crises.

Domingo foi chato e passou lento... Segunda-feira já teria aula.

Na escola o assunto não era outro senão o filme, por sorte eu havia levado meu livro e não precisava ficar dando atenção aos repetidos comentários sobre certas cenas. Sophia então bateu a mão em minha carteira fazendo eu acordar do transe em que os livros normalmente me colocam, e disse enquanto passava as mãos no meu cabelo:

—O que foi amiga? Esta tristinha...

—Por que não foi ao cinema? Fiquei excluída na fileira da frente de novo!

—Desculpa amiga, mas você conhece minha mãe! Chata que só ela!

—Tudo bem, conheço mesmo... olha Sô, você não é mais criança! Por que ela continua te tratando assim? Que saco!

—Eu sei amiga, mas desde que o Lu morreu ela tem me tratado assim, é complicado, tenho dó dela...

Lu, ou Lucas, era o meio irmão da Sophia, ele morava com o pai em uma cidade aqui perto, mas acabou sofrente um acidente de carro e não resistiu. A mãe da Sô, Dona Amanda ficou chocada e extremamente triste, culpou o ex-marido por tudo e nunca mais quis tocar no assunto, acredito que seja o motivo dela ser tão preocupada com a única filha e tão amargurada com a vida, mas poxa, a Sophia tem que aprender a ser responsável, a mãe tem que dar uma liberdade para a filha cometer erros e aprender com eles.

—Desculpa amiga, fui insensível com você, desculpa...

—Tudo bem, eu pelo menos já superei, eu não conhecia muito bem o Lucas e acho que tive que me forçar a ser forte para ajudar minha mãe, mas enfim! Deixa esse assunto para lá!

O sinal tocou e a professora entrou na sala. Ótimo, uma desprezível aula de química para começar o dia!