Coração Gelado escrita por Jane Viesseli


Capítulo 31
Andrômeda




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— Ela sempre o controla quando quer que você faça alguma coisa? – questiona Jane, sentada sobre a mesa da cozinha com as pernas cruzadas, enquanto Maximilian se mantinha em pé, apoiado contra a parede a sua frente. O desenho jazia esquecido e incompleto na sala.

— Apenas quando eu me recuso a fazer… Porém, não é um controle, é uma influência. É como uma forte sugestão em meu cérebro que me leva a fazer exatamente o que ela quer. Em minha mente eu vejo um cenário e reajo a ele, mas, quando desperto, percebo que aquilo não era verdadeiro, que a realidade era outra e que eu a obedeci sem saber…

Jane bate os dedos contra a mesa, tamborilando-os nervosamente enquanto pensava. Ela havia revistado os arredores da casa logo depois de Maximilian ouvir os sussurros de seu nome, mas não encontrara nenhum rastro de vampiro por perto, sugerindo que Andrômeda poderia exercer sua influência sobre ele mesmo com certa distância.

A ideia de procurá-la pela floresta que circundava as terras do camaleão lhe passou pela cabeça, contudo, a vampira não a colocou em prática. Ela estava sendo vigiada e qualquer atitude errada poderia deixar a influenciadora em vantagem, o que, consequentemente, poderia estragar a sua missão.

Além disso, Jane sabia muito pouco sobre ela e acabava de se dar conta que Maximilian não seria de grande ajuda naquela caçada. Pela primeira vez ela se arrependeu por nunca ter aderido a prática do xadrez – mesmo que Demetri fosse um estúpido e idiota –, afinal, uma mente estrategista era tudo o que precisava naquele momento.

Ela fecha os olhos, listando as coisas que sabia sobre sua nova inimiga: (1) Andrômeda era uma influenciadora e tinha total domínio sobre a mente de Maximilian; (2) era uma nômade; (3) tinha experiência em fugir e se esconder dos Volturis; (4) tinha um fetiche por crianças; (5) precisava das habilidades do camaleão para facilitar suas caçadas…

Sim, ela precisava dele, e precisava muito. Como ele próprio havia dito, Andrômeda estava atrás do seu cãozinho valioso e Jane estava disposta a mudar o rumo das coisas, usando a presença de Maximilian como vantagem.

— Ela já está aqui, sua parte da missão foi cumprida – declara ela, levantando-se da mesa e caminhando até a sala, onde havia deixado a adaga que ele lhe dera. – Agora é a minha vez! Preciso apenas me preparar para atrair a ratinha para a morte.

A vampira amarra as tiras de couro da bainha no passador de seu jeans e veste um casaco por cima da blusa de mangas compridas, a fim de esconder o objeto que poderia atrair atenção desnecessária para si. O gorro de lã foi enfiado no bolso do casaco, mas ela preferiu deixar o cachecol irritante para trás. Seus olhos vermelhos correm para a janela e seu corpo troca a perna de apoio inconscientemente, pensando no quão veloz ela conseguiria ser na caçada daquela noite. Já era de madrugada e estava frio, será que conseguiria encontrar alguma presa fácil com aquelas condições?

— Eu vou com você – afirma ele, assim que percebe as intenções de Jane.

— Não vai não. Eu quero caçar e você me distrai – confessa, se referindo mais a sensualidade que ele exalava durante a atividade do que a qualquer outra coisa. Aquilo atraia os seus olhos como um ímã e ela não podia perder o foco agora.

— Não me deixe sozinho! – pede com voz trêmula, evidenciando o seu pavor de ser encontrado por Andrômeda enquanto estivesse só.

Jane queria sentir vontade de socá-lo, queria ter vontade de repreendê-lo, queria ficar com raiva por sua covardia, mas não conseguia. Maximilian não tinha defesa nenhuma contra o poder de Andrômeda e sua vulnerabilidade era quase palpável. Ele não queria ser controlado, desejava resistir, entretanto, não sabia como fazer isso. O camaleão não tinha a menor chance contra a influência de sua criadora.

— Maximilian – chama com voz firme, mantendo o contato visual e o semblante sério –, você fica! Eu voltarei logo… – garante, saindo pela porta da frente em seguida, deixando o vampiro para trás, inquieto.

O camaleão se senta sobre a poltrona, apertando os braços do assento, temendo ficar sozinho e simplesmente perder os sentidos e o controle de sua mente. A ideia de Jane odiá-lo por se mostrar tão fraco e covarde sequer lhe passou pela cabeça, pois voltar para a posse de Andrômeda o atormentava mais do que qualquer outra coisa.

Enquanto se afastava em direção a cidade, a gêmea Volturi refletia em que tipo de emboscada deveria trabalhar para destruir Andrômeda. Ela sabia que não poderia mais contar com a ajuda de Maximilian, porque, como ele mesmo tentou avisar para Aro semanas antes, ele não iria conseguir matá-la.

Por um momento, a vampira se arrependeu de ter entrado naquela missão sozinha, pois a responsabilidade sobre os seus ombros estava maior do que ela imaginava. Se ao menos Alec estivesse ali para ajudá-la… Ah! Como ela sentia falta dele. Apesar de não ter sentido o chamado comprimindo suas entranhas nenhuma vez – o que, de certa forma, queria dizer que o gêmeo estava bem –, Jane sentia novamente aquela sensação de ter perdido algo importante, que a distância entre eles sempre gerava.

Eram quase quatro horas da manhã quando ela chegou ao centro da vila de Box Hill, esperando encontrar o silêncio e o negror da noite apenas, e um ou outro bêbado que voltava para casa tarde da noite. Todavia, o que encontrou foram luzes de emergência piscando, muitas pessoas uniformizadas e muito sangue.

Haviam policiais por toda parte, tentando proteger o perímetro e afastar os jornalistas locais e os curiosos. Viaturas policiais e ambulâncias iluminavam todo o centro com suas luzes coloridas, enquanto enfermeiros averiguavam o estrago e tentavam encontrar alguém vivo no meio de todo aquele líquido vermelho.

Jane afundou a mão no bolso do casaco e apanhou o seu gorro vinho, enfiando-o na cabeça e arriscando chegar um pouco mais perto da multidão como uma “humana curiosa”. Ninguém a olhou conforme se aproximava ou reparou em seus olhos avermelhados e aura ameaçadora, tamanho era o choque com o assassinato que ocorrera ali.

A vampira contou quatro corpos lançados sobre a neve, uma família inteira, ao que parecia. As duas crianças, que deveriam ter aproximadamente 6 e 8 anos, estavam completamente drenadas, e os adultos tiveram suas gargantas rasgadas apenas por diversão. O sangue adulto foi lançado sobre a neve e sobre os corpos infantis, numa tentativa de ludibriar os humanos e fazê-los acreditar que todos morreram da mesma forma, mas ela duvidava que tal teoria se sustentasse depois de uma boa autópsia.

A bagunça era grande e Jane sabia exatamente quem tinha sido o autor dela.

— Andrômeda! – rosna para si mesma, saindo de perto da multidão da mesma forma com que se aproximou, desapercebida.

Sua noite de caça tornou-se mais difícil com tantos oficiais e civis humanos transitando pelo centro da cidade, obrigando a vampira a seguir para a cidade vizinha, Pebble Coombe, que ficava a quase uma hora de viagem, e se contentar com uma presa não tão atrativa assim, apenas para não se demorar mais do que já estava demorando para retornar.

— Ela está comprometendo nossa posição! – esbraveja Jane para o vento, enquanto retornava a toda velocidade para a residência de Maximilian, torcendo para que sua nova inimiga não tivesse percebido a sua saída.

Jane sente suas botas chafurdarem contra a neve macia enquanto contornava a cidade de Box Hill, temendo passar por dentro dela e levantar suspeitas demais diante dos oficiais humanos. O clã zelava pela discrição diante dos humano e a vampira honrava tal coisa.

A fronteira do terreno de Maximilian surge a sua frente, delimitada por uma cerca velha de arame farpado, a qual ela salta sem dificuldades, percorrendo mais alguns metros adentro e parando subitamente ao ver uma intrusa naquele território, uma linda mulher que brincava na neve, trajando um vestido de festa cor-de-rosa e brilhante.

Ao vê-la, a invasora lhe faz um aceno com a mão, chamando-a para perto enquanto modelava o que parecia ser um grande boneco de neve. Seus olhos se estreitam diante do estranho chamado, contudo, Jane se aproxima mesmo assim, acariciando lentamente o cabo de sua adaga de caça e já criando teorias de quem seria aquela pessoa.

O cheiro adocicado alcança as suas narinas assim que chegou perto o bastante, denunciando que ela era uma vampira, e a Volturi rapidamente vestiu sua máscara de controle e superioridade, para mostrar que já a conhecia, mas que jamais a temeria.

— Vejam só, se não é a pequena Jane... – diz a intrusa com voz descontraída, como se aquele encontro fosse um mero acaso, chamando a atenção de Jane para o fato dela saber o seu nome. – Não acredito que ele realmente a encontrou…

— Andrômeda! – exclama Jane em resposta, somente para mostrar que ela também a tinha identificado. A nômade retira o enfeite de penas dos próprios cabelos e finca no horroroso boneco de neve em que trabalhava.

— E ela ainda sabe o meu nome, que gracinha, estou lisonjeada!

Andrômeda faz uma mesura, deixando seus longos cabelos castanhos caírem para a frente de seus ombros e permitindo que a Volturi a avaliasse um pouco mais. A vampira tinha a altura exata de Maximilian, pele branca e um corpo curvilíneo, e trajava aquele estranho vestido de festa que fora rasgado displicentemente nas laterais, para aumentar a mobilidade de suas pernas. Ela não usava sapatos e nem joias, e seus cabelos eram encaracolados e selvagens, como se refletissem a liberdade de sua dona.

— Finalmente resolveu aparecer – continua Jane.

— Ora, eu cheguei aqui há uma semana, mas me ocultei na neve ao ver que o meu Max estava acompanhado… – explica calmamente, caminhando ao redor de Jane e a observando de cima a baixo, enquanto ela tentava não bufar com o que ouvia. A gêmea havia detestado a ênfase que ela dera no pronome possessivo. – Não se engane. Eu fiquei extasiada em saber que ele havia retornado, mas a sua presença naquela casa… Sendo uma Volturi... – Pausa, crispando a língua para evidenciar seu descontentamento. – Isso me cheira a armadilha!

Os olhos da nômade percorrem a corrente no pescoço de Jane. Apesar de a joia estar escondida sob sua blusa, Andrômeda reconhecia aquela corrente como sendo do relicário que Maximilian guardava em um compartimento secreto de sua casa. A vampira conhecia todos os itens de dentro da residência do camaleão e sabia o propósito de cada um deles, pois já estivera lá dezenas de vezes desde que o transformara. O relicário era um presente a Jane, que fora devolvido no dia em que se separaram, mas que agora retornara ao pescoço de sua dona.

Aquela era uma observação importante aos olhos dela.

— Você é esperta!

— E você é mais baixa do que eu esperava que fosse…

— Por que está se mostrando agora? E justamente para mim?

— Porque eu queria ver de perto as feições da pequena Jane, o amor perdido de Maximilian. – Ri, parando em frente a vampira e sustentando o seu olhar por alguns segundos, mas caminhando logo em seguida para um boneco de neve que era mais baixo do que os outros. – Confesso que duvidei dele quando me disse que você estava viva e era uma de nós… Afinal, qual a probabilidade disso acontecer? De uma pessoa tida como morta, subitamente reaparecer?

Jane arregala os olhos levemente, surpreendendo-se com a revelação e não conseguindo conter uma reação. Andrômeda percebe o deslize em seu semblante, notando também que a vampira não fazia menção alguma de atacá-la, mesmo que estivesse ali para isso.

— Nunca imaginei que a “pequena Jane” e a “Jane Volturi” fossem a mesma pessoa. – recomeça a nômade, com uma pontada de desgosto na voz, pensando que, se soubesse daquele fato, poderia ter tomado mais cuidado para que Maximilian nunca mais a visse. – O que ele fez, todo esse trabalho para me deixar uma trilha e me atrair até a casa, era uma armadilha, não era?

— Sim. Os Volturis a querem morta!

— E ele? O meu Max me quer morta também? – questiona, acidentalmente deixando a voz sair dura, porque ela já sabia da resposta.

As vampiras se encaram por um momento, olhos vermelhos nos olhos vermelhos, uma tentando adivinhar o que a outra estava pensando e sentindo naquele instante. Nenhuma delas era idiota a ponto de acreditar somente no que seus olhos viam, Jane sabia que a intrusa está simulando simpatia e despreocupação, assim como Andrômeda sabia que a Volturi estava escondendo coisas.

— Não – menti Jane, sorrindo, fazendo a vampira sorrir levemente como se acreditasse em sua mentira.

Jane percorre os olhos pelos bonecos de neve, que eram três no total, percebendo que eles os representavam. O boneco mais alto era certamente Maximilian, o enfeite cor-de-rosa fora colocado no segundo para representar Andrômeda, e o boneco mais baixinho, em quem a nômade se apoiava, com certeza era ela própria.

Ela não tinha gostado de sua representação em boneco de neve, achando a pequena criatura torta e esquisita como um alienígena. E gostou menos ainda da forma fixa com que a sua inimiga a observava...

— Se os Volturis me querem morta, por que você não me ataca? Estamos a sós aqui e você já teve oportunidades suficientes para me liquidar.

— Tudo a seu tempo, Andrômeda… – desconversa a gêmea, caminhando por trás dos bonecos sem quebrar o contato visual com a vampira, parando somente ao chegar no boneco com enfeite na cabeça. – O seu precioso bichinho está em minha posse agora, e eu sei que você o quer de volta! Se tiver coragem pode tentar retirá-lo de mim, mas já alerto que, se o fizer, a consequência será letal – ameaça veladamente, chamando-a para um confronto direto já que ainda não tinha plano algum para pegá-la.

— Está me desafiando?

— Você me conhece! Pense em tudo o que ouviu sobre Jane Volturi e tire suas próprias conclusões. Será que conseguirá Maximilian de volta? Não ou é claro que não? Se tentar tomá-lo de mim, isso irá doer muito ou bastante? Se tocar em um fio de cabelo dele, será que acabará morta? Sim ou obviamente? – ditava ela, sacudindo o indicador no ar conforme ia proferindo as opções.

— Eu conheço a sua fama e o seu poder – rosna Andrômeda num lapso de irritação, já não conseguindo ficar indiferente diante do obstáculo que Jane estava mostrando ser –, mas você conhece a minha? Por acaso sabe do que sou capaz? Sabe que eu posso influenciá-la para fazer o que eu quiser?

— Não pode não! Você já tentou, há quase dois minutos, e não deu certo! – rebate Jane com um sorriso torto, fazendo a vampira ranger os dentes.

— Você é esperta, pequena Jane, e tem uma mente tortuosa demais para ser manipulada tão facilmente… – admite com desgosto, finalmente caindo em si que ludibriar a preferida de Maximilian não seria tão fácil quanto imaginava. – Contudo, eu sobrevivi aos Volturis até hoje, e você não me conhece tão bem como imagina. Veremos quem será a primeira a nadar no mar da morte! – ameaça de volta, empurrando a cabeça do pequeno boneco de neve e o fazendo cair ao chão, como se tivesse sido decapitado.

Andrômeda a encara por mais um minuto inteiro, tentando, mais uma vez, penetrar a mente de Jane, mas não encontrando meios de entrar. Era como se a vampira tivesse uma blindagem ao redor de sua psique, e, para alterá-la, a nômade precisasse atravessar um longo e difícil labirinto mental, somente para atravessar aquela barreira inicial.

Ela também podia sentir a hostilidade e a aura perigosa que Jane exalava, fazendo-a perceber que por baixo daquele rosto controlado e sorriso angelical, borbulhava um intenso desejo de matá-la. Se ela quisesse colocar suas mãos em Maximilian novamente, precisaria ser rápida e aproveitar a primeira brecha que encontrasse…

A vampira gira em seus calcanhares e parti, finalmente permitindo que Jane desfizesse seu controle e esboçasse a raiva que sentira quando Andrômeda a ameaçou de volta. O pequeno e feio boneco sem cabeça retratava bem as intenções da nômade, e, como uma pequena vingança, Jane retirou a afiada adaga da bainha de couro e fincou no boneco que representava sua inimiga, na altura que julgou ser o coração, subindo a lâmina com força e abrindo uma profunda fenda em sua cabeça de neve.

— Mar de morte – repete Jane com desdém, pensando se conseguia gerar nela a agonia lenta de se afogar, em vez da sensação de ser queimada viva, somente para tornar a sua morte final mais divertida.

Ela guarda a adaga de volta à bainha, sentindo a visão anuviar novamente, enquanto seus outros sentidos eram tragados para mais uma lembrança que resolvera despertar de seu sono apenas para atormentá-la.

O barulho do mar chega aos seus ouvidos antes da imagem embaçada surgir em sua mente. O pequeno Max e a pequena Jane corriam pela praia, totalmente vestidos e calçados porque estava frio demais para usarem roupas de banho. Eles estavam ali apenas a passeio.

Por que estamos fugindo de Alec? – pergunta a pequena Jane, parando de correr e obrigando Maximilian a parar também.

Porque eu queria ficar sozinho com você.

E por quê? – questiona rapidamente, exigindo uma resposta que a convencesse, visto que odiava enganar o irmão daquela forma.

Porque eu gosto de você. Queria te beijar, mas não queria que ele soubesse… – revela Max, e ali, a vampira soube que a pequena Jane tinha gostado do que tinha ouvido.

Então me beije! – manda ela com autoridade, colocando as mãos na cintura.

Você é mandona, Jane.

Se não me beijar agora, não vai beijar nunca mais!

Ele obedece prontamente, se aproximando e tocando seus lábios infantis nos dela, em um beijo rápido e singelo, mas que fez a vampira sentir como se o estivesse recebendo naquele exato momento.

Eu te amo, Jane.

Eu também te amo, Max – responde a sua versão infantil, pouco antes do flash de seu passado terminar e a Jane imortal voltar a si.

A Volturi pisca algumas vezes para clarear sua vista, apertando a bainha de sua adaga e olhando rapidamente ao redor para ter certeza de que estava sozinha, sentindo todo o seu interior dar cambalhotas com o novo fragmento de passado. Os lábios do pequeno Max eram quentes e macios. Jane toca os próprios lábios com a ponta dos dedos, franzindo a testa na sequência. Como aquilo era possível? Como ela pôde sentir a sensação daquele beijo, sendo que ele aconteceu há tantos anos?

— Aquilo foi importante para mim, porque eu realmente gostava dele – conclui em pensamento, assustando-se consigo mesma por se referir a pequena Jane como “eu” e não como “ela”, um claro sinal de que sua mente não mais as considerava como pessoas diferentes.

Ela caminha de volta para a casa de Maximilian, sentindo o rebuliço em seu interior ser tragado por uma sensação reconfortante de calor, como se aquela última lembrança estivesse trazendo a tona algo que nunca deveria ter sido esquecido.

— Por que vocês ficam voltando, e voltando, e voltando? Parem de tentar mudar o que eu sou! – retruca para as suas próprias lembranças, apertando levemente as têmporas, sabendo que era tarde demais para conter o que quer que estivesse acontecendo com ela.

A única coisa de que Jane tinha certeza, era que estava mudando e que suas forças imortais não eram capazes de conter aquilo. Pela primeira vez, ela via-se perdendo para uma humana, pois a pequena Jane e tudo o que ela sentira eram muito mais fortes do que a vampira em que ela se tornara.

E quando a casa de Maximilian surgiu em sua visão, com as luzes internas iluminando suas singelas janelas, a vampira percebeu o que havia mudado dessa vez: ela jamais permitiria que alguém tocasse nele. Agora não era apenas impedir que o matassem, mas não deixar que o levassem também. Se Andrômeda realmente o quisesse de volta, teria de gerar um milagre para retirá-lo dela.

 


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Notas finais do capítulo

Hoje trago uma notícia não tão boa para todos vocês: a cada dia que passa, "Coração Gelado" chega perto de seu fim.
Sim, isso mesmo, a história está chegando ao final. A previsão de término é para o dia 30, contudo, ainda teremos especial de fim de semana (capítulo duplo) e também um especial de Natal, que contará com postagens sequenciais nos dias 24, 25 e 26 de Dezembro.
Sei que muitos leitores não querem que a história acabe, e fico muito feliz em saber que vocês amam "Coração Gelado" a este ponto. Porém, até mesmo os bons enredos possuem um fim, não é? E este momento está chegando para essa fanfic.
Acima de tudo, espero que gostem do que eu preparei para o final da jornada de Jane Volturi na redescoberta do amor ❤️.



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