Coração Gelado escrita por Jane Viesseli


Capítulo 27
Enquanto Espero...




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Alec caminhava perdidamente pelos corredores do castelo em Volterra, perguntando-se se era daquela forma que Jane ficara quando ele saiu em missão com Maximilian e ela não. Era como se parte de si mesmo tivesse desaparecido e ele não conseguisse encontrar, resultando em horas e mais horas de andanças sem sentido pelos lugares mais remotos do castelo, como se isso pudesse ajudá-lo a reencontrar o pedaço que lhe faltava.

Sua gêmea já estava fora há quase uma semana e meia, e ele já tinha percorrido cada canto daquele castelo idiota três vezes, descobrindo até que os Volturis possuíam um calabouço. Como ele nunca tinha visto aquela parte do castelo antes? Tudo bem que o clã não fazia prisioneiros, mas ele teria gostado de conhecer aquelas celas antes para, quem sabe, trancafiar um idiota ou dois e deixá-los lá, gritando por um longo tempo, apenas por diversão.

Jane certamente apreciaria a ideia, eles possuíam um senso de humor muito parecidos.

— Quando você volta? – questiona em pensamento pela milésima vez, enquanto seus pés faziam o trajeto até o porão do castelo e seus dedos deslisavam pelas pedras frias da parede. O vampiro sabia exatamente onde a gêmea estava, através da sua bússola interior, por isso preocupava-se apenas com o seu retorno, o qual não conseguia prever.

Alec retira os olhos do chão e suspira pesadamente, entortando a boca diante de sua desagradável solidão. Contudo, tão rápido quanto uma luz que era acendida e apagada diante dos seus olhos, ele viu Renata surgir a sua frente, vinda de outro corredor, esgueirando-se pelos pontos menos iluminados com a intenção de passar despercebida.

A vampira para de repente, olhando ao redor para ter certeza de que não era seguida, obrigando Alec a recuar várias passos e se esconder de sua visão aguçada, torcendo para que ela não o notasse ali. Seja lá o que estivesse fazendo, ela não queria que ninguém descobrisse e ele sentiu-se extremamente tentado a saber o que era.

Renata continua a caminhar com passos macios pelo corredor, percorrendo o restante do trajeto até o porão, entrando e encostando a porta velha, que não tinha mais tranca e cujas dobradiças estavam tão enferrujadas que a faziam ranger. Alec a segue, tentando ser igualmente silencioso, mas não ousando entrar no cômodo, temendo que o guinchar da porta denunciasse sua posição e estragasse tudo.

Do lado de fora, o vampiro ouviu o som de algo pesado sendo arrastado sobre o chão, duas vezes seguidas, e depois houve o silêncio. Não havia mais sinal de vida dentro do porão, e, após quase cinco minutos de espera, Alec entrou no cômodo lentamente, ouvindo o chiar das dobradiças, porém, não encontrando Renata em lugar algum.

Sua boca se abre em um perfeito “O” ao constatar que ela simplesmente desaparecera, e seus olhos rapidamente percorrem o porão escuro e imundo atrás de uma pista de seu paradeiro. Tudo ali cheirava a mofo e haviam caixas velhas e barris vazios por toda parte, entretanto, o rastro fresco no chão empoeirado denunciou qual era o objeto pesado que o vampiro estava procurando: um barril encostado na parede dos fundos do cômodo.

Alec se aproxima do barril e o arrasta com ambas as mãos, tentando seguir o mesmo padrão de movimento riscado no chão sujo, e, quando terminou, seus olhos quase saltaram das órbitas ao encontrar um buraco na parede, uma pequena passagem secreta que poderia ser facilmente escondida por aquele barril velho. Ele se agacha diante do buraco, percebendo se tratar de um pequeno túnel que seguia em linha reta até a saída, e que Renata provavelmente engatinhara por ele.

Se ela conseguira engatinhar por aquele túnel, Alec sabia que também conseguiria, afinal, suas alturas não eram tão diferentes.

O vampiro entra na pequena passagem com a curiosidade cintilando no olhar, puxando o barril de volta como imaginou que a vampira tinha feito e batendo a cabeça duas vezes no processo. Ele percorre o túnel na sequência, desembocando num cômodo minúsculo que não tinha nada além daquele buraco e uma janela extremamente alta como possíveis saídas. Alec sabia que ela havia saído por aquela janela e não hesitou em fazer o mesmo, usando os sulcos na parede para escalar e caindo do outro lado.

Se ele fosse um humano comum, certamente teria quebrado um osso durante a queda, pois, olhando do lado de fora, a janela parecia estar no terceiro andar do castelo, e ele achou aquilo fascinante. Como ele nunca tinha reparado que nenhum cômodo do castelo dava para aquela janela? Que ela estava ali apenas como disfarce, porque, na verdade, se tratava de um cômodo secreto? E como Renata tinha descoberto tal coisa?

Alec olha ao redor, percebendo estar do lado de fora do castelo e bem distante da entrada principal. A noite estava bem fria com a chegada do inverno e vazia por causa da madrugada, mas o vampiro pensou no quanto era bom estar ali. Ele olha para o solo que começava a se tornar branco, dando-se conta de que nevava em Volterra. A neve nunca era abundante naquela região, mas, às vezes, tornava-se suficiente para mudar a aparência da cidade e fazer as crianças felizes.

Olhando para o céu noturno, o vampiro perguntou-se subitamente se já tinha tentado comer a neve em algum momento de sua vida humana. Ele não se lembrava, porém, sentiu-se realmente curioso para saber que gosto tinha e por isso abaixou-se para pegar um pouco dela.

— Alec, o que está fazendo aqui? – pergunta Renata assustada, retornando sabe-se lá de onde e o flagrando do lado de fora de sua passagem secreta, agachado e mexendo no chão.

— Tentando descobrir que gosto tem a neve… – responde simplista, colocando-se de pé para não parecer tão idiota quanto se sentia por ser flagrado cutucando o solo.

— Não é a isso que me refiro, perguntei o que está fazendo aqui fora!

— Ah, eu a segui – responde casualmente, como se o fato dela deixar o castelo escondida não significasse grandes coisas. – Você sabe que gosto tem a neve? – muda de assunto, olhando para o chão esbranquiçado e sentindo-se tentado a se abaixar novamente.

— Neve é gelo em formato de floquinhos, então deve ter gosto de gelo – responde ainda desconfiada, apertando o objeto que trazia nos braços e permitindo que o vampiro finalmente notasse o livro novo em suas mãos.

— Então é por isso que você sai? – questiona Alec, apontando para o livro e fazendo-a arregalar levemente os olhos, com medo de ser delatada. – Para conseguir livros novos?

— Às vezes… – responde vagamente, não querendo admitir que fazia aquilo sempre que podia para visitar um mercado 24 horas, que vendia lindos itens de decoração e alguns best-sellers de romance que muito a interessavam. – Esse não é o tipo de coisa que posso pedir a Heidi, ela não sabe escolher livros.

Alec solta uma leve risada e a observa por alguns segundos, notando que Renata escondia o brasão do clã por baixo do vestido e descartara o manto preto, colocando lentes coloridas nos olhos para obter um aspecto mais humano e não chamar tanta atenção. Ele gostou do visual que parecia pender para o gótico vitoriano e ficou tentado a elogiá-la, contudo, quando a lembrança do beijo voltou a sua mente, ele apertou os lábios e empurrou tais pensamentos para o fundo de sua mente.

— Melhor voltarmos, não é prudente ficar sumido por muito tempo – aconselha a vampira depois de um silêncio desconfortável, temendo que Demetri sentisse a falta de Alec e saísse para “rastreá-lo”. Renata sabia que sua ausência não seria notada tão cedo, mas não podia dizer o mesmo sobre um dos favoritos de Aro. Tê-lo do lado de fora era como acender uma placa de neon escrito: “ele está aqui, encontrem-no e aproveitem para me matar”.

Ela toma a iniciativa da subida, olhando para os dois lados da rua para se certificar de que estava vazia e colocando o seu livro novo abaixo do pescoço, prendendo-o sob o queixo como já estava acostumada a fazer. No entanto, a vampira parou o que estava fazendo quando sentiu a mão de Alec puxar o livro e o guardar dentro do casaco.

— Vai ser mais rápido se eu carregar isso – explica com um sussurro, começando a escalada até a janela antes dela, somente para não ter que olhá-la nos olhos e muito menos debaixo de seu vestido caso subisse primeiro.

Um ato gentil, vindo de qualquer um dos gêmeos Volturi, era uma atitude tão estranha para ela, quanto era para ele. E, mesmo que a intenção dele fosse apenas auxiliá-la, tudo o que Alec fazia parecia lembrá-la do beijo que trocaram na última vez em que conversaram.

Renata escala a parede logo depois dele, apoiando-se nos sulcos e na diferença de tamanho dos tijolos para alcançar sua passagem secreta. E quando ela saltou para o outro lado, dentro do pequeno cômodo com acesso ao túnel, a vampira percebeu que Alec já tinha ido na frente. Ela engatinha pelo túnel como já estava acostumada a fazer, encontrando o barril fora do lugar e a passagem livre, percebendo que o gêmeo Volturi estava ali, a esperando.

— Essa será a sua rota de fuga, quando decidir finalmente fugir? – pergunta ele, enquanto a vampira limpava a sujeira das próprias roupas e escondia a entrada do túnel novamente.

— Sim.

— Como descobriu essa passagem?

— Alguns vampiros do baixo escalão me falaram sobre ele, aquele quartinho era usado como refúgio no passado, caso o castelo fosse invadido, porém, como temos a capacidade de escalar o paredão com facilidade, acabou virando uma rota de escape. Mas são raros os que realmente conhecem essa passagem, talvez umas três ou quatro pessoas... Você não pode contar sobre isso para ninguém, Alec, nem mesmo para a Jane!

O vampiro abre a boca para contestar, mas a fecha em seguida. Renata estava certa em pedir sigilo, visto que estava infringindo regras ali, e sua gêmea talvez não tivesse tanta consideração quanto ele para não ferrá-la definitivamente. Renata era uma vampira de muitos segredos, que conseguia fazer coisas escondidas e estar ao lado de Aro sem ser pega, sempre carregando aquele semblante fofo no rosto de quem nunca andava fora da linha.

Tal comportamento o intrigava.

— Você é uma pessoa de muitos segredos, Renata. Pergunto-me o que mais você esconde do clã...

— Você é uma pessoa muito perigosa, Alec. Pergunto-me o motivo de me sondar tanto como vem fazendo... – rebate subitamente, deitando a cabeça levemente para o lado e se colocando na defensiva.

— Não estou investigando você, se é isso o que está pensando! – retruca, sentindo-se ofendido.

— Então conte-me algo que possa prejudicá-lo, algo que possa condená-lo a morte, e eu julgarei se merece ou não saber os meus segredos!

— Eu penso realmente em fugir de Volterra. Não estava blefando naquele dia. Estou apenas esperando por Jane, porque não posso sair daqui sem minha irmã. E acredite, isso já é motivo o bastante para os mestres me eliminarem...

Renata cruza os braços pouco convencida, não considerando aquela uma resposta tão boa, já que eles estavam empatados no quesito fuga e o vampiro não tinha apresentado nenhum fato novo, enquanto ele já sabia coisas demais sobre ela. Entretanto, Alec achava perigoso demais mencionar a sua cumplicidade na caçada da Notte Rossa ou a forma com que vinha enganando os mestres e fugindo das mãos poderosas de Aro. Aqueles eram segredos que envolviam outras pessoas e ele não tinha coragem de denunciá-los.

Um silêncio constrangedor se instalou entre eles, parte porque a vampira reconhecia que o gêmeo escondia coisas importantes e parte porque ele sabia que ela desconfiava, mas, ainda assim, preferia se manter calado.

— Nós não nos falamos muito depois daquele dia – recomeça ele, tentando desviar o assunto e o levando para um ainda mais constrangedor. – Quero dizer… Depois da conversa que tivemos.

— Pensei que era isso o que queria: que ninguém soubesse que andou me perguntando aquelas coisas – responde simplista.

— Sim… Não… Quero dizer…

— Alec – chama, o interrompendo –, se quiser que sejamos amigos, basta dizer. – Sorri timidamente, fazendo-o se perder no desenho de seus lábios e se perguntar se era realmente aquilo que ele queria dela. – Agora vamos sair daqui antes que esse cheiro de mofo fique impregnado em nossas roupas...

Alec sai do porão logo atrás dela, sentindo-se meio idiota por ter dito algo tão estúpido e por ter gaguejado como um garoto humano bobão. Porém, era estranho pensar que eles não estavam se falando depois de terem se beijado daquela forma tão… Incrível. Tudo bem que eles eram de núcleos diferentes da Guarda, mas só por causa disso não poderiam mais conversar? Apesar de ainda não saber como lidar com o assunto do beijo, ele sentia vontade de falar com ela sempre que a via.

— Eu pensei que não quisesse mais falar comigo depois do beijo – confessa Renata enquanto caminhavam lado a lado pelos corredores semi-iluminados, surpreendendo Alec por levantar justamente o assunto em que ele estava pensando.

Ela reprimi sua vontade de falar mais, tentando ser casual ao tocar naquele assunto.

— Não, eu... – começa, lambendo o lábio inferior por não saber como continuar e prendendo a atenção da vampira, que começava a achar a falta de palavras dele algo digno de um romance clichê.

— Você é fofo – comenta com uma leve risada.

— E você é bonita – responde em pensamento, sorrindo de canto e guardando o elogio para si mesmo.

— Então agora somos amigos? – questiona ela, parando subitamente e estendendo a mão como se pretendesse selar um acordo.

— Amigos! – declara ainda incerto, mas transparecendo confiança ao apertar a mão que lhe era oferecida.

— Vamos começar com calma, fazendo de conta que nunca nos falamos antes, para que os outros não estranhem e não nos encham de perguntas desnecessárias. Assim que eles acreditarem que nos aproximamos por acaso, seguimos a vida normalmente...

— Duvido que algum deles me pergunte algo – debocha, lembrando-a que ele era tão temido quanto Jane e que pouquíssimos vampiros ousavam interrogá-lo.

— A mim certamente perguntarão. Santiago sabe ser chato quando quer saber de algo e Corin é uma fofoqueira de marca maior… – explica, dando a ele uma pequena ideia de como era fazer parte do lado defensivo da Guarda Volturi.

Alec solta uma leve risada, ouvindo, no segundo seguinte, o som pesado de passos vindo em direção a eles de um corredor perpendicular. Ambos os vampiros se desesperam simultaneamente, pois, se a estratégia era fingir que nunca se falaram antes, serem pegos na companhia um do outro colocaria tudo a perder.

Os passos se aproximam e o gêmeo não pode deixar de pensar que aquele plano era uma grande porcaria, visto que seria estragado antes mesmo de começar. Seja lá quem fosse que estivesse chegando, levaria pouquíssimos passos para desembocar no corredor onde estavam e os pegar em flagrante, juntos, como velhos conhecidos.

Renata empurra Alec contra a parede de repente, colocando as mãos dele em sua cintura, agarrando seu rosto com ambas as mãos e selando os seus lábios abruptamente, aprofundando o beijo de uma forma tão rápida e intensa que Alec sentiu o mesmo tremor da última vez, atravessando o seu corpo, sacudindo suas estruturas e comprimindo o seu peito de uma forma estranha.

Seus lábios se moveram em uníssono e suas línguas se tocaram com deleite, de novo, de novo e de novo. As mãos femininas deslizam para os cabelos de Alec, bagunçando-os e acariciando sua nuca suavemente, enquanto as dele permaneciam estáticas na cintura da vampira, apenas a mantendo ali, por perto.

— Ah, Renata, eu a procurei por toda parte, o que está fazendo aí? – questiona Afton alguns segundos depois, percebendo logo em seguida que ela estava dando “uns amassos” em alguém, mas não demonstrando interesse algum em saber quem era.

A vampira interrompe o beijo assim que ouve o seu nome, virando o rosto na direção do recém-chegado como se não tivesse notado a sua aproximação. Alec afunda o rosto em seu pescoço instintivamente, não querendo que Afton o reconhecesse naquela estranha situação. Como Renata conseguia permanecer tão calma? Será que ela já tinha sido flagrada de forma parecida antes? Era a primeira vez que aquilo acontecia com ele...

Droga, agora ele se sentia como um garoto humano bobão e inexperiente com mulheres.

— Mestre Aro a espera na sala dos três tronos. Teremos uma audiência em breve…

— Certo! Estarei lá assim que terminar… – Sorri maliciosa, pegando a orelha de Alec com os dentes como se sugerisse alguma coisa, fazendo Afton revirar os olhos e finalmente ir embora.

Alec fecha os olhos com o contato inesperado, instintivamente apertando a cintura de Renata e trazendo-a para mais perto. Ele levanta o rosto depois de algum tempo, encarando a vampira e notando que ela estava perto demais, que eles estavam perto demais.

— Me desculpe, Alec – sussurra rapidamente, temendo que ele ficasse zangado pelo seu ato desesperado, quando tudo o que ela sentiu com aquele beijo foi prazer. – Não tive tempo de pensar numa solução melhor...

Renata encara a boca dele demoradamente, esquecendo-se momentaneamente sobre o que estava falando e refletindo sobre como aqueles lábios carnudos se encaixavam tão bem nos dela. Beijar Alec naquele momento lhe trouxera a mesma satisfação da primeira vez e uma imensa vontade de repetir a dose.

— Pelo menos alguém pensou em alguma coisa – responde no mesmo tom, olhando fixamente para o tom vermelho dos olhos dela para saber se ela queria o mesmo que ele, uma segunda rodada. – Eu não fazia ideia do que fazer…

— Que jeito estranho de se começar uma amizade, não é? – comenta aleatoriamente, fazendo-o rir e concordar com a cabeça. Ela gostava de seu sorriso, apesar de ele o esboçar tão pouco. – Acho melhor eu ir…

A vampira se afasta lentamente, sentindo mais dificuldade do que imaginava em deixar aquela posição, aquele contato e aquele cheiro. Alec era um vampiro e tinha um cheiro adocicado como tal. Renata sempre achou que todos os vampiros possuíam um aroma igual, no entanto com ele era diferente, com aquele cheiro e com aquele vampiro, ela percebeu que poderia reconhecê-lo em qualquer lugar.

Ela morde o lábio inferior com força, tentando clarear a mente e se libertar daquele magnetismo maluco, virando-se rapidamente para partir antes que a situação ficasse ainda mais confusa. No entanto, da mesma forma que a vampira foi, ela voltou, pois Alec a segurou pelo pulso direito e a puxou de volta para si.

— Você esqueceu o seu livro – lança de repente, sentindo-se novamente um idiota por não saber como reagir e falar coisas sem sentido. Ele apanha o livro de dentro do casaco e o devolve sem delongas, não fazendo ideia do porque a puxara de volta daquela forma.

Uma energia estranha pulsava em seu corpo. Era como se o tremor de outrora tivesse deixado algo dentro dele e esse algo irradiasse até os dedos dos pés e das mãos. Alec sabia e sentia que aquelas sensações eram novas, mas não fazia ideia do que elas significavam.

Tudo o que sabia é que haviam se beijado novamente, que ele tinha gostado de novo e que não ligaria se aquilo acontecesse uma terceira vez.

Renata pega o livro de suas mãos e agradece com um aceno de cabeça, partindo rapidamente e parecendo tão perdida quanto ele com tudo o que estava acontecendo, deixando-o finalmente para trás. A iniciativa de beijá-lo, a tentação de repetir o gesto, a sensação das mãos dele apertando sua cintura, o magnetismo que quase a impediu de se afastar… Que raios tudo aquilo significava, afinal? Ela já tinha se envolvido com outros vampiros antes, sem nunca sentir tais coisas, por que com Alec era diferente? Ela não se lembrava de nenhum livro de romance retratando aquele tipo de sensação e não entendia o que aquilo queria dizer.

A vampira leva o livro até o nariz, reconhecendo de imediato o cheiro de Alec misturado ao aroma de livro novo. O objeto ficara tanto tempo no interior de seu casaco, em contato com o seu corpo, que agora ela podia levar um pouquinho dele com ela. Renata sabia que o cheiro sumiria em breve, mas o aproveitaria enquanto estivesse ali, porque era o que as protagonistas dos livros clichês certamente fariam...


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Notas finais do capítulo

Especial de fim de semana!!
Capítulo duplo pra vocês me acharem uma autora boazinha.
(mas não se acostumem hahaha)
(✿◠‿◠)



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