Seu último amor - Klaroline escrita por Jeniffer


Capítulo 8
Dores violentas


Notas iniciais do capítulo

Feliz aniversário para mim!!!! o/
É isso aí, estou um ano mais velha. E parte das comemorações vai ser realizada aqui. Afinal, o aniversário é meu, mas o presente é para vocês!!

Antes de qualquer coisa, eu queria dizer que este capítulo é dedicado à MyslaPaiva! Faz tempo que ela recomendou minha fic, mas eu estava esperando este capítulo especial para agradece-la. Muito obrigada pela recomendação, querida!!

Eu prometi no capítulo anterior que este capítulo seria muito, muito, muito especial, não é?! Preparados para a surpresa?

Então sentem-se em uma posição confortável, coloquem o aviso de "não perturbe" na porta e avisem a família que caso alguém procure por vocês eles devem inventar uma desculpa qualquer, pois nos próximos minutos vocês vão estar muito ocupados lendo um capítulo narrado pelo Klaus!!

Está na hora de ver o outro lado da história!!
Aproveitem!!



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"A dor não desaparecia, apenas recuava para avançar depois com maior violência".

A desumanização, por Valter Hugo Mãe. Citação da página 123, na edição de 2014, da editora Cosac Naify.

 

Klaus POV

Branca. Vazia. Sem graça. Acho que nunca percebemos o quão chata é uma tela nua até pararmos para encará-la durante uma hora inteira.

Por que é isso que eu tenho feito há sessenta minutos: estive projetando o caos de minha mente naquela tela, mas minhas mãos pareciam incapazes de personificá-los. Eu tinha tudo o que precisava: a tela, os pinceis, as tintas e os sentimentos. Mas, por alguma razão, eu não conseguia externar nada, tudo continuava dando voltas em minha cabeça. Peguei um dos pinceis e, com raiva, joguei tinta sobre a tela. Canalizei tudo o que eu estava sentindo e preenchi aquele espaço vazio com traços, borrões, respingos e lágrimas.

Depois de alguns minutos de fúria eu me sentia cansado. Sentei-me no chão, deixei o pincel e as tintas ao meu lado e olhei para o quadro. Os olhos de Caroline devolveram-me o olhar. Mesmo que inconscientemente, mesmo que de forma rápida e raivosa, eu pintei o que mais me assombrava: os olhos dela.

Eu a perdi. Depois de tanto tempo, eu finalmente a tive comigo, apenas para descobrir a dor de perdê-la. Eu deveria saber que não duraria para sempre. A felicidade que eu sentia era tamanha que obviamente findaria rapidamente. Lembrei-me de meu pai. Se eu não tivesse a certeza de que ele está morto, afinal eu mesmo o matei, acreditaria que tudo não passava de mais um de seus truques, me perseguindo, me caçando, fazendo da minha vida um inferno. Eu me lembrava dele dizendo, minutos antes de morrer, que ninguém mais se importava comigo, que eu estava sozinho. Eu achava que Caroline havia me provado o contrário, que eu poderia ter alguém em minha vida. Mas talvez eu estivesse errado.

—Klaus. – a voz de Elijah me fez voltar ao presente. ― Está tudo bem?

— O que você quer, Elijah? – eu não olhei para ele quando falei, mas eu sabia que ele estava olhando para o quadro que eu não tivera tempo de esconder. Eu respondi com raiva, esperando que isso o fizesse ir embora. Minha raiva é o muro de contenção mais eficiente que eu já tivera.

— É um belo quadro. – Elijah disse, mantendo-se de pé.

— De fato. Mas não é nada além de uma ilusão. – a ilusão de que ela continua aqui.

— Nosso cérebro cria ilusões que nos confortam. É uma autodefesa. – eu sabia que ele não demoraria a perguntar. – Do que você está se defendendo, Niklaus?

— Da minha destruição, Elijah. – este não é o tema que eu gostaria de discutir agora. Levantei-me e fui servir-me uma dose de uísque.

— O que aconteceu com a dona desse olhar que você pintou? – Elijah não desistiria tão facilmente. – Achei que você tivesse ido buscá-la. Porque ela não voltou com você?

— Ela não vai voltar. – eu disse, colocando a garrafa na mesa com muito mais força do que necessário. – Caroline fez sua escolha. Ela poderia ficar ou fugir, e ela decidiu fugir. Como todos fazem, eventualmente. Fogem de mim.

Um silêncio tranquilo se instalou entre nós, enquanto Elijah absorvia o que eu dissera.

— Você gostaria de saber sobre quem efetivamente está aqui? – ele perguntou.

— Não. – respondi. – Mas tenho certeza de que você não vai hesitar em me contar.

— É um menino. Está bem, é saudável. Parece-me um perfeito híbrido, assim como o pai. – ele me informou.

Meu filho.

Meu herdeiro nascera. Era de se esperar que esta notícia tivesse um efeito positivo e revigorante sobre mim, mas eu não senti absolutamente nada. Como ele cresceria e se desenvolveria era um mistério completo, e eu não queria pensar nisso agora. Na verdade, eu não queria pensar em nada.

—Klaus?

— Sim, Elijah?

— Não gostaria de saber como está a mãe? ― Elijah estava começando a me irritar.

— O que o faz pensar que eu me importo com ela?

Elijah ficou em silêncio. É claro que para alguém com tamanha compaixão como ele, minha indiferença era ultrajante. Mas eu realmente não me importava. Hayley provavelmente era uma das maiores responsáveis por Caroline não estar comigo agora. Se ela tivesse permanecido onde a deixei, se tivesse feito tudo o que eu dissera, nada disso teria acontecido. Por mim, ela poderia morrer.

— Bem, só para que você saiba... – continuou Elijah. –... O parto foi muito difícil, e Hayley está bastante debilitada. Ela deverá permanecer sob cuidados médicos até que esteja bem o suficiente para tomar conta da criança. Não se preocupe, eu já providenciei a equipe para cuidar dela aqui mesmo.

— Esta decisão não é sua, Elijah. – eu o ameacei.

— Nem sua, Niklaus. – ele aproximou-se de mim, com raiva. – Ela é a mãe de seu filho. Você não vai mandá-la embora nas condições em que ela se encontra.

— Meu filho não precisa dela. Assim que ela puder ficar sobre seus próprios pés, ela irá embora daqui. – eu disse, e sai dali, deixando Elijah e seus olhares raivosos para trás. Refugiei-me na biblioteca, onde ninguém me perturbaria.

Eu podia ouvir o choro do bebê em um dos quartos no segundo andar. Eu não me importava com o fato de Elijah estar protegendo a Hayley, mas eu não a manteria aqui por muito mais tempo. Eu me preocupava com meu filho, é claro. Jurei para mim mesmo que minha frieza era apenas momentânea, que eu não iria me transformar nada sequer parecido com meu pai. Mas Caroline estava preenchendo todos os meus pensamentos, e isso fazia com que minha concentração ficasse prejudicada.

Sentei-me à escrivaninha e procurei por papel e lápis. Minhas melhores criações nasceram da dor, então este era um momento mais do apropriado para desenhar. Eu sentia como se, de alguma maneira, desenhar faria com o papel absorvesse parte da minha dor e eu a sentisse diminuir. Trabalhei com afinco até estar satisfeito com o desenho. Eu desenhara uma representação do céu estrelado que eu via do banco em meu jardim. O céu estrelado que eu vira na noite em que Caroline partira.

Amassei a folha e a joguei no lixo. Era apenas mais uma ilusão. Eu sabia que aquele papel nunca poderia absorver minha dor, pois aquele desenho era exatamente como eu me sentia.

Era como se eu estivesse perdido no vácuo do universo. Eu via aquela imensidão ao meu redor, e erroneamente acreditei que houvesse algo maravilhoso perdido por ali, escondido nos pontos mais distantes da galáxia. Pensei que aqueles pontos brilhantes guardassem algum segredo. Mas quanto mais longe eu ia, mais eu tinha a certeza de que não há nada lá além de tristeza e solidão.

Acho que eu descobri que eu não poderia mais perseguir as estrelas quando persegui a mais brilhante delas, e ela se desfez ao meu toque, desaparecendo para sempre. Talvez aquela estrela carregasse toda a felicidade do universo, mas ela só pudesse ser tocada por quem é merecedor de tal felicidade. Essa é minha dor: aquela massa negra que une as estrelas. E o que me destrói é saber que todo esse universo está em meu coração.

***

Elijah entrou na biblioteca sem bater na porta. Quando não havia mais ninguém nesta casa além de mim, a senhora Kate e os empregados, a biblioteca era um lugar sagrado, onde eu poderia me refugiar e todos sabiam que eu não deveria ser perturbado. Mas é claro que Elijah ignora as regras da casa e age como bem entende.

Ele ficou parado na porta por um momento, observando o ambiente. Eu permanecia sentado à escrivaninha, e por mais que meus olhos estivessem olhando para o nada, eu estava olhando para dentro de mim, ainda perdido no vácuo. As janelas estavam fechadas e as luzes estavam desligadas. Eu estava sentado na mais completa escuridão.

— O sol ainda nem se pôs e você já está confinado ao escuro. – Elijah disse.

— Eu precisava refletir, Elijah. – eu disse, com uma voz totalmente desprovida de emoção.

— Não é irônico? Se eu bem me lembro, quando éramos crianças, você costumava ter medo do escuro. – ele disse.

— Eu acho que deixei de temer o escuro quando eu também passei a me esconder nele.

— Niklaus, você precisa conversar. Se não comigo, com outra pessoa. Mas você precisa conversar. – Elijah moveu-se até a estante, entrando em meu campo de visão. Ele fingiu ler os títulos nas lombadas, enquanto esperava minha resposta.

— Por que está tão interessado neste assunto, Elijah? – perguntei, genuinamente curioso.

— Porque você é meu irmão e eu me importo com você. – Elijah falou despreocupadamente.

— Não há o que ser dito, irmão. – eu falei, um tanto relutante. – Ela voltou para a vida de cidade pequena, com o garoto de cidade pequena. Talvez eu estivesse enganado, no final das contas. Talvez aquela seja a vida que ela deva levar. Longe de mim, longe de New Orleans, longe de todo o mundo.

— Esse é o verdadeiro Niklaus que eu conheço e admiro. – Elijah exibia o clássico sorriso que ele demonstrava quando alguém concordava com ele, mesmo sem perceber. – Você sempre sentiu tudo com uma intensidade além do normal, seja amor, dor ou alegria. E mesmo eu não o tendo visto com ela, se a dor que está sentindo agora é tão grande assim, eu posso concluir que o amor era tão grande quanto.

— Está enganado, Elijah. – eu disse, evitando o olhar dele. – O meu amor era muito maior do que a dor que estou sentindo.

Eu não podia negar a verdade nas palavras de meu irmão. Eu amava com intensidade. Meu erro era esperar, com igual intensidade, que Caroline me amasse tanto quanto eu a amava. Mas havia um vazio dentro de mim, algo tão grande que eu não conseguia definir suas dimensões e nem como preenchê-lo. Era como se todos os momentos que tive ao lado dela, alegrias que faziam com que eu me sentisse vivo, agora apenas ecoassem em mim, até definharem e morrerem.

Eu sentia a falta dela. Eu queria entrar em um avião e voltar a Mystic Falls para buscá-la, ou até mesmo carregá-la de volta caso fosse necessário. Mas eu não faria isso. Eu sou Niklaus Mikaelson. Eu não iria rastejar. Se depois de tudo, Caroline decidira ficar em Mystic Falls com Tyler, era exatamente isso que ela teria. Eu não poderia ser para sempre aquele que espera e aceita migalhas de atenção. Eu sobrevivi de migalhas por muito tempo.

— Niklaus, seu celular. – eu nem mesmo percebera que meu celular estava tocando.

Olhei para o visor, onde o nome “Marcel” estava escrito. Eu não fazia a menor ideia do que ele teria para falar comigo, e fiquei tentado a não atender, mas lembrei-me de que estávamos fingindo cordialidade.

— Marcel. – eu atendi, soando o mais animado e receptivo que meu humor permitiu.

— Niklaus Mikaelson. – Marcel ria do outro lado da linha. – Parabéns! Eu soube que agora você é papai.

Fiquei imóvel. Eu deveria saber que aquela não era uma ligação qualquer, mas sim uma mera demonstração de força. Eu não sei por que aquilo me surpreendera, afinal, nunca desperdiçar uma oportunidade de demonstrar força fora uma lição que ele aprendera comigo. Marcel não ligara para felicitar-me, mas sim para mostrar que ele sabia de tudo o que acontecia na cidade, que ele via tudo.

— O que você quer, Marcel? – eu disse, agora nem um pouco preocupado em fingir ser cordial.

— Dar-lhe os parabéns, é claro. – eu quase podia ver o sorriso debochado dele. Eu quase podia me ver arrancando-o dele com minhas próprias mãos.

— Eu sei muito bem que a sua felicidade deve ter outra motivação, que não seja o nascimento de meu filho. Do contrário, seria mais cortês ter dito tais palavras pessoalmente.

—Perspicaz como sempre, Klaus. Como eu esperava que fosse. – o riso cessou e deu lugar a um tom muito mais sério. – Minha alegria tem outro nome.

— Posso perguntar como ela se chama? – eu estava ficando sem paciência para os joguinhos ridículos dele.

— Caroline Forbes. – ele disse, lentamente.

Eu lembro de como me senti quando Stefan, com a ajuda da bruxa Bennet, ressecou meu corpo. A sensação de sentir meu coração parar e o sangue deixar de correr por minhas veias. Lembro-me da dor de sentir meus músculos se atrofiarem e minhas veias latejarem por estarem secas. Aquela dor não era nada comparada a dor que eu senti quando ele pronunciou o nome dela.

—O que você fez, Marcel? – minha voz era apenas um sussurro.

— Ela está aqui comigo agora. – ele continuava falando calmamente. – E eu entendo você, Klaus. Agora eu entendo por que você gosta tanto dela. Caroline é muito bonita. E estes olhos... Eu deveria arrancá-los e guardá-los em um pote de vidro.

—Não ouse tocar nela! – eu gritei, assustado.

­— Ouça-me, Niklaus. Você não está em posição de dizer o que eu posso ou não fazer. A integridade da sua amada Caroline depende só de você. – a calma dele enviava arrepios à minha espinha.

E então eu percebi: ele estava blefando. Caroline estava em Mystic Falls. Eu a deixara lá. Era impossível que ele tivesse conseguido trazê-la até aqui em tão pouco tempo. Eu já levantara boa parte do domínio de Marcel, e ele nunca pensara em possuir aviões ou qualquer coisa do tipo, o que era muito compreensível, já que ele nunca pensara em deixar a cidade. Ele estava jogando, e eu decidi jogar também, para ver o quão longe ele iria.

— O que você está planejando, Marcel? – eu falei, direto ao ponto.

— Eu quero você fora da cidade, longe do Quarter, longe de todos aqui. Esta cidade é minha. – ele quase rosnara.

— E por que eu iria embora, Marcel? – perguntei. Porque eu iria embora da cidade que eu mesmo criei, que eu fiz ser o que é? Esta cidade é minha e de minha família.

— Porque eu não quero você na minha cidade. Eu sou o rei, por isso se eu disser para você ir embora, você vai. – ele riu. – Ou a Caroline aqui vai me ajudar a convencê-lo.

— Eu não vou partir sem ela. – eu falei, ainda jogando.

— É por isso que você vai vir até aqui em buscá-la, e vai me trazer algo muito especial. – eu podia ver o sorriso triunfante dele. Havíamos chegado ao principal ponto de todo este jogo idiota.

— O quê? – perguntei, curioso.

— A última estaca de carvalho branco que existe na face da terra. Eu sei que você a tem, e eu a quero.

Não respondi.

Então aquele era o ponto? Ele queria a única arma que poderia me matar, e estava usando um artifício extremamente fraco para consegui-la. Marcel não fazia ideia de que eu sabia que ele não estava com a Caroline, mas ainda assim fiquei surpreso por ele me subestimar a ponto de acreditar que eu cairia neste truque barato.

— Acho que você precisa de um pouco de motivação, não é, Klaus? – Marcel falou.

Eu o ouvi abandonar o celular em algum lugar e pegar alguma coisa. Ouvi um suspiro, depois ouvi algo líquido sendo derramado e então ouvi grito que cortou minha alma.

— Caroline! – gritei. Elijah veio até mim, prestando ainda mais atenção naquela ligação.

Isso era impossível. Caroline estava em Mystic Falls, eu sabia. E Marcel estava em New Orleans quando eu parti. Como aquilo era possível? Aquela era a voz de Caroline. Eu a reconheceria em qualquer lugar, em qualquer circunstância.

— Verbena é como ácido. Faz um estrago e tanto. – Marcel fingiu lamentar. Com desespero, percebi que ele a estava torturando.

— Pare! Marcel, deixe-a fora disso. – eu o avisei – Você vai se arrepender!

— Eu não posso deixá-la fora disso. – Marcel disse. ― Ela é parte disso. E então, você entendeu tudo? Eu sei ser persuasivo, Klaus. Não me teste...

— Quando vamos fazer a troca? – eu disse, aflito.

— O que você pensa que eu sou, Klaus? Algum tipo de mafioso italiano? - Marcel riu, deliciado. – A pressa é sua. Enquanto você não aparecer, eu vou estar bem aqui, me divertindo um pouco. Caroline é uma ótima companhia... – ele desligou.

Se meu coração ainda batesse, ele teria parado naquele instante.

***

— Como isso é possível? – eu gritei, jogando o celular contra a parede.

— Niklaus, acalme-se. – Elijah disse, tentando me acalmar, mas só conseguindo me deixar ainda mais furioso.

— Eu não vou me acalmar, Elijah! – eu vociferei. – Aquele maldito sequestrou a Caroline e você me pede calma?

Minha mente estava fervilhando. Eu não sabia como Marcel havia conseguido sequestrar Caroline e trazê-la para cá em tão pouco tempo. Eu estava muito agitado, andando de um lado para o outro da sala, com vontade de matar alguma coisa.

De repente, parei.

— Há uma explicação. – eu disse, mais para mim mesmo do que para meu irmão. – Eles não estão aqui. Ele pode não ter tido tempo de ir e voltar, mas se eles não voltaram, tudo faria sentido!

— A ligação veio de New Orleans, Klaus. – Elijah disse, estendendo-me seu celular. – Quando ouvi o nome da Caroline eu liguei para nossos “amigos”.

Eu pude ouvir as aspas na fala de Elijah. Nós não tínhamos amigos. Tínhamos pessoas hipnotizadas para serem nossos aliados.

— Eles rastrearam a ligação. – eu nem mesmo notara que ele havia ligado para alguém. – A localização não é exata, mas é possível confirmar que veio desta cidade.

Olhei o mapa no celular de Elijah, onde um círculo vermelho piscava na tela, indicando a área em que a ligação se originara. Mas eu quando eu observei o mapa, percebi que eu não precisava de uma localização mais precisa. Eu sabia exatamente onde ele estava.

— Aquele bastardo... – sussurrei.

— O que você está pensando em fazer, Klaus? – perguntou Elijah.

— Salvá-la, é claro. E matá-lo, logicamente. – respondi, mesmo achando que aquela era uma pergunta retórica.

— Achei que já não existisse mais nada entre vocês. – Elijah sentou-se, entrelaçando os dedos de suas mãos. – Não depois de ela ter fugido de você.

E como uma onda, todas as memórias voltaram. A dor de vê-la novamente com Tyler, vê-la se afastando de mim, ainda era muito forte. Mas o grito dela ficará gravado em meu cérebro, repetindo-se incessantemente.

— Eu fiz uma promessa a ela, Elijah. – eu disse. – Eu vou matar aquele desgraçado se ele encostar um dedo em mais um fio de cabelo dela.

— E tudo isso por quê?

— Por que eu a amo. – as perguntas de Elijah estavam enfurecendo-me além do que eu imaginei ser possível. – Eu vou salvá-la e isso não está aberto para debate.

— Eu devo lembrá-lo que Hayley está no segundo andar extremamente fraca após dar a luz ao seu filho? – isso foi o suficiente.

— Eu não me importo com ela! – gritei. – Caroline está nas mãos de um maluco e você quer eu fique aqui, de braços cruzados, cuidando da Hayley? Onde foi parar a sua sanidade, Elijah?!

— Niklaus, pense bem...

— Não há nada para pensar, Elijah! – eu gritei. – Marcel está torturando a única pessoa com quem realmente me importo neste mundo! Eu vou matá-lo. Ele vai pagar por isso!

— Ele tem um exército para defendê-lo! Não seja estúpido! Marcel o mataria em poucos minutos. – Elijah gritou também. – Você estará arriscando sua própria vida!

Eu parei. Até certo ponto, Elijah estava certo.

Eu não me preocupava com minha vida. Eu não podia ser morto, e mesmo que Marcel tivesse um exército com ele, nunca conseguiriam fazer alguma coisa comigo. Eu poderia simplesmente entrar lá e fazer o que tinha de ser feito. Mas isso colocaria em risco a vida de Caroline.

Eu não acreditava que Marcel colocaria todos os seus vampiros e bruxas para protegê-lo e para proteger o local. Com certeza ele esperava que eu fosse sozinho. Mas mesmo que ele esteja com apenas poucos vampiros consigo, eu levaria alguns minutos para lidar com todos eles. Marcel só precisava de um segundo para matar Caroline.

Eu não poderia enfrentá-lo sozinho. Eu precisava de ajuda. Em questão de segundos a resposta surgiu em minha mente. Aquele plano desenhou-se em meu cérebro como se estivesse lá o tempo todo, apenas esperando uma oportunidade de ser utilizado.

Peguei meu celular e disquei um número que eu raramente discava.

— Damon. – ele atendera no terceiro toque.

— Klaus. Eu espero que você tenha uma ótima razão para me interromper logo agora. – sempre o mesmo irônico e inconveniente Damon.

— Onde está a cura? ― eu não tinha tempo para rodeios.

— O quê? O que está acontecendo? – bem, isso chamou a atenção dele.

— Eu não tenho tempo para explicar, Damon. Apenas responda. – eu estava ficando impaciente.

— Ok, bad boy original. Primeiro me diga o que está acontecendo e por que exatamente você está ligando para mim. – ele disse, agora mais sério.

— Caroline foi sequestrada. – passaram-se alguns segundo em silêncio.

— Espere, Elena está aqui. Vou colocá-lo no viva voz. – até mesmo o relapso Damon sabe perceber quando uma situação é importante.

— Caroline foi sequestrada. – a agonia em minha voz era nítida. – Eu preciso da cura.

— Bem, eu não sei como a cura pode ajudar a salvar a Barbie, mas se eu fosse você, encontraria outra maneira. – Damon disse.

— Como assim, a Caroline foi sequestrada? – Elena perguntou. – Klaus, o que está acontecendo?

— Elena, eu não tenho tempo para explicar, apenas responda-me. – eu falei, rapidamente. – Onde está a maldita cura?

— A cura não existe mais, Klaus. – Elena disse. – Eu a dei para Katherine.

— O quê? – eu e Elijah exclamamos ao mesmo tempo. Eu senti o desespero esmagar-me.

— É isso mesmo. Katherine é humana novamente. – não pude deixar de notar o curto riso de Elena.

Mas antes que tivesse a chance de me desesperar ainda mais, a alternativa surgiu.

— Klaus, nós não estamos em Mystic Falls, mas estamos indo para aí. Nós temos que salvar a Car.

Elena falava como se eu tivesse tempo para sentar e esperar por eles, e ainda preparar um chá para recebê-lo.

— E onde Katerina está?

— Ela deve estar em Mystic Falls. Provavelmente Stefan iria ajudá-la. Sabe como ele benevolente com os animais feridos. – Damon respondera. – Nós saímos da cidade há um tempo, então não tenho certeza se ela continua lá.

Damon e Elena? Eu ri, mas não tinha tempo para fazer maiores perguntar sobre este final tórrido. Eu desliguei.

Apesar das turbulências, tudo poderia se acertar, afinal.

— Elijah, eu preciso que encontre Katerina e a traga aqui o mais rápido possível. – eu falei para um Elijah estupefato.

— Katerina é humana novamente. Ela deve estar muito confusa, assustada. – Elijah falava baixo. – Eu preciso ajudá-la.

— Isso, irmão. Traga Katerina aqui para que possamos ajudá-la. – eu falei, tentando persuadi-lo a agir mais rapidamente.

— O que você está planejando, Niklaus?

— Eu não tenho tempo para explicar. Apenas faça! Agora! – falei, nervoso. – Faça, e eu prometo que quando tudo isso acabar você terá o que mais quis em toda a sua vida.

Elijah saiu contrariado, olhando para mim com certa desconfiança, mas eu tinha certeza que ele faria o que pedi, não por mim, mas sim por que ele não perderia a chance de encontrar com Katerina e ajudá-la mais uma vez.

Eu sabia o que fazer para tirar Caroline das mãos de Marcel em segurança e ainda fazê-lo pagar por isso.

Afinal de contas, só há uma maneira de vencer um exército.

Combatendo-o com um exército maior ainda.

***

Ainda faltava uma peça para completar este quebra-cabeça.

A próxima ligação com certeza seria a mais difícil. Feria meu ego ter que pedir ajuda, principalmente para certas pessoas, mas era necessário. Eu não me importava com meu ego neste momento, apenas com Caroline.

— Liz. Eu preciso entrar em contato com o Tyler. – eu falei, seriamente.

— Klaus? Por que você quer falar com o Tyler? – eu percebia a surpresa dela ao atender uma ligação minha. – O que está acontecendo?

— Não há tempo para explicações, apenas entre em contato com ele. – eu estava ficando transtornado com essa necessidade de longas e desnecessárias explicações.

— Caroline está bem? Klaus, o que você está escondendo?― Liz era policial. Ela sabia quando alguém estava escondendo alguma coisa.

— Vai ficar tudo bem, Liz. Você não precisa se preocupar. – irritava-me ter de acalmá-la antes que ela se prestasse a fazer o que eu pedira. – Mas você precisa se apressar e me ajudar, assim eu posso garantir que tudo ficará bem.

Ao menos eu podia contar com o bom senso dela. Assim, após alguns longos e torturantes minutos, o telefone tocou e eu atendi para falar com Tyler.

— Tyler. Eu preciso de sua ajuda. – era impossível ignorar o esforço que tive de fazer para dizer aquelas palavras.

— Será que você pode repetir? Eu quero gravar isso. – ele parecia surpreso, mas com certeza estava se divertindo. Aquele desgraçado...

— Caroline foi sequestrada. – eu pude ver o sorriso morrer em seu rosto.

— O quê? – ele sussurrou. – O que você fez?

— Marcel a sequestrou. Ele tem um exército. Eu preciso de um também. – expliquei de forma rápida.

— O que você quer dizer com “um exército”? – ele estava prestando atenção. Isso indicava que ele entendera a gravidade da situação.

— Um exército de híbridos. Eu preciso que você me diga onde o bando de lobisomens mais próximo está se escondendo. – não havia necessidade de rodeios.

Ele ficou em silêncio, finalmente entendendo, finalmente absorvendo o que eu estava pedindo.

— Você não pode criar novos híbridos. Elena é uma vampira agora.

— Não se preocupe com os detalhes sórdidos, meu caro. Esta função é minha. Mas você pode ter certeza de que se eu não os criar, Marcel irá matar Caroline. É isso que você deseja? Você me implorou para salvá-la uma vez e eu vou fazer isso novamente. Ela não vai morrer por sua recusa. – eu falei com agressividade.

— Você sabe que eu nunca a deixaria morrer. – ele falou.

— Então prove. A vida de Caroline está em risco enquanto falamos. – eu disse. Não pude deixar de pensar que eu conseguiria arrancar a informação dele muito mais rápido se estivéssemos frente a frente.

— Tudo bem, mas com duas condições. – ele disse.

—Quais? ― eu fechei meus olhos. Quem ele pensa que é para impor-me condições?

— Eu vou estar aí. Consiga-me um avião e eu vou para New Orleans agora mesmo. Eu preciso garantir que a Caroline ficará bem. E quando tudo isso acabar eu vou levar todos os híbridos comigo e ajudá-los a quebrar aquele maldito vínculo. Você não terá mais escravos.

Ele realmente achava que poderia me comandar?

Mas eu ponderei sobre aquilo. Eu precisava agir rápido. Se este era o preço para salvar Caroline, que seja.

— Combinado. Esteja no aeroporto em uma hora. – desliguei.

Sentei-me em minha poltrona e suspirei. Por um golpe de sorte, Katerina era humana novamente, caso contrário eu não teria o sangue Petrova necessário para criar novos híbridos. Marcel com certeza não espera que um exército de híbridos o atacasse, então ele não estaria pronto para isso. Seria rápido, o que iria garantir a segurança de Caroline.

Eu ainda podia ouvir o grito dela. Eu não sabia como Marcel conseguira trazê-la de Mystic Falls em tão pouco tempo, mas eu me culpava por aquilo. Não consigo aceitar que eu deixara a dor e a raiva me cegarem a ponto de eu partir sem me certificar que ela estava segura. Eu nunca me perdoaria por isso. Mas Tyler e Liz estavam bem, o que significa que ele a encontrou sozinha.

Eu nem mesmo conseguia imaginar o que ela passara. Eu criei aquele monstro. Eu, mais do que qualquer um, sei do que Marcel é capaz.

Mas ele não será capaz de mais nada depois que isso tudo acabar.

Eu vou criar um novo exército e vou matar Marcel, fazê-lo pagar por machucar Caroline.

Eu sabia que ela escolhera me deixar. Eu sabia que quando a deixei em Mystic Falls eu corria o risco de nunca mais vê-la. Mas eu nunca vou permitir que a machuquem. E mesmo que ela não perceba, eu sempre estarei por perto, protegendo-a de tudo e de todos.

Eu vou fazer o que for preciso para mantê-la a salvo.


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram?

Eu devo dizer que este é o meu capítulo favorito da minha fic. Foi o mais difícil de escrever, mas eu espero que vocês tenham gostado.
Se você gostarem deste, vou preparar outra surpresinha para o próximo!
Até o próximo capítulo!



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