Seu último amor - Klaroline escrita por Jeniffer


Capítulo 5
A vida que levamos


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



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"As pessoas pagam por aquilo que fazem, e ainda mais pelo que permitiram se tornar. E pagam por isso de uma maneira muito simples: com a vida que levam."

Perdão, Leonard Peacock, por Matthew Quick. Citação da página 165, na edição de 2013, da editora Intrínseca.

 

Acordei muito tranquilamente, me sentindo descansada como há tempos não me sentia. Fui ficando consciente aos poucos. Primeiro senti a maciez do travesseiro, depois a brisa tranquila que soprava pelo quarto, consequência de eu ter me esquecido de fechar a janela. Depois percebi que o braço de Klaus estava sobre minha cintura, e como uma avalanche, as memórias da noite passada voltaram. E foi... Ótimo.

Virei para o outro lado, para poder olhá-lo, e vi que ele ainda dormia. Tão calmo, tão sereno. Eu apenas fiquei ali, olhando para ele e sentindo como se o mundo tivesse girado o suficiente para que tudo, finalmente, estivesse em seu lugar. Um pouco hesitante, deslizei meus dedos por seus cabelos, o que fez com que ele acordasse repentinamente, como se ele estivesse totalmente consciente sobre minha presença mesmo dormindo. Klaus sorriu e não pude evitar de sorrir também. E ficamos assim, apenas nos olhando, até que ele acariciou meu rosto e perguntou:

— Por que? – sua voz era um sussurro, e eu pude notar que ele estava com medo da minha resposta.

— Você não pareceu muito contrário à ideia ontem à noite. Deveria ter se perguntado isso antes, Niklaus. – eu ri.

— Gosto de quando você me chama de Niklaus. – ele riu também. Eu testei o nome mais uma vez. “Niklaus”. Soava bem menos ameaçador, e muito mais... humano. – Mas o que fez você mudar de opinião, Caroline?

— O que você me disse ontem. Fez-me pensar que, talvez, você realmente... goste de mim. – eu não consegui olhá-lo nos olhos. Eu não queria forçá-lo a dizer coisa alguma.

—Eu não gosto de você, Caroline. – bem, isso definitivamente me fez olhá-lo nos olhos.

—O quê?

— Eu te amo. – ele me beijou, lentamente, garantindo uma nova intensidade em suas palavras. – E eu lamento que minha credibilidade seja tão baixa com você, do contrário, você teria acredito em mim desde o começo.

— Eu nunca disse que não acreditava. Você se lembra do que eu lhe disse pouco depois que cheguei a New Orleans, quando você me perguntou por que vim?

— Lembro. – ele suspirou. – E devo dizer que não me orgulho de despertar este tipo de sentimento em você. Não quero que sinta medo de mim, Caroline.

— Mas eu sentia. Sentia que você olhava para mim e tudo o que via era um brinquedo, uma diversão passageira...

—Não, não. Nunca mais pense assim, sweetheart. – ele ergueu-se e recostou-se na cabeceira da cama. Gentilmente, me fez deitar sobre seu peito, e ele passou a acariciar meu cabelo. – A verdade é que eu sinto medo de você, Caroline.

— O quê?! – sentei-me. Aquilo era novidade.

— Eu tenho uma reputação a zelar, love. Eu não demonstro bondade, perdão, compaixão... O respeito se conquista através do amor, ou através do medo. O amor... não funcionou muito bem comigo, o que me fez optar pelo medo. Todas as criaturas me respeitam porque tem medo de mim.

— E como isso faz com que você tenha medo de mim?

—Eu já te contei sobre a única vez em que pensei em ser humano novamente? – ele perguntou.

— Sim, você me contou... – aquela era uma memória que eu carregaria para sempre comigo.

— Lutar todos os dias para sobreviver, impulsionado pelo medo de não acordar no dia seguinte. Isso é estar vivo. E é assim que eu me sinto com você: vivo. Eu luto todos os dias, com medo de perder você. E você não tem ideia do quão gratificante é acordar no dia seguinte e ver que você ainda está aqui.

Se ainda existia alguma fagulha de medo em mim, eu pude senti-la se transformando em cinzas.

***

Mesmo no chuveiro, eu pude ouvi-los chegar.

Um carro parou na entrada da casa, muito calmamente, perto do meio dia. Eu ouvi Klaus andar rapidamente pelos corredores, com passos pesados, algo muito característico quando ele fica nervoso ou irritado. Saí do banho e me preparei para receber seja lá quem estivesse na porta. Afinal, eu não poderia ficar trancada no quarto até as visitas partirem. Desci as escadas bem a tempo de ver a porta sendo aberta.

— O que você faz aqui, Elijah? – Klaus quase rosnava.

—Niklaus. Suas recepções são sempre dignas de um bom anfitrião do século dezoito. – Elijah não parecia surpreso com a rispidez de Klaus.

— Eu não estou aqui para recebê-lo, irmão. Por isso apenas responda minha pergunta e vá embora. – eu nunca o vira tão furioso por receber seu próprio irmão.

— Eu decidi que seria melhor ficarmos aqui nestas últimas semanas. – Elijah disse, com um leve aceno, como se tudo fosse muito óbvio e ele estivesse desperdiçando seu tempo com explicação tolas.

— Eu tenho certeza que fui muito claro quando disse... – Klaus começou.

—Caroline Forbes. – Elijah notou minha presença na sala com uma surpresa notável. Até então eu permanecera calada. – Não esperava encontrá-la aqui.

Elijah e Klaus trocaram olhares. Klaus estava preocupado, avaliando as reações de seu irmão. Já Elijah, num primeiro momento ficou muito surpreso, depois passou a se divertir com a situação.

— Como vai, Elijah? – eu disse, polidamente.

— Muito bem. Espero que você também esteja. E como está Mystic Falls? – ele não chegou perto de mim, nada de abraços ou apertos de mãos.

— Mystic Falls está como sempre esteve. Cumprindo muito bem seu papel de epicentro de todas as coisas sobrenaturais do mundo. – brinquei, mas ele não achou graça alguma.

— Bem, como dizia, eu julguei mais acertado trazer a garota para passar as últimas semanas aqui. – ele passou a me ignorar logo depois do que eu disse, e voltou-se para Klaus.

—Que garota? – perguntei. Mas ninguém precisou me responder, pois no mesmo instante, como se sua entrada tivesse sido ensaiada, Hayley entrou na sala.

— Na verdade, a ideia foi minha. A essa altura, qualquer um é mais divertido do que o Elijah.

Eu senti como se eu tivesse congelado. Eu nunca pensei que fosse encontrar a Hayley em New Orleans, mas não foi isso que me paralisou.

Ela estava grávida.

A julgar pela aparência dela, o bebê não demoraria a nascer, ela estava até com certa dificuldade em andar. Eu sabia que ela tinha partido de Mystic Falls sem maiores explicações ou despedidas, algo que na época, me fez comemorar. Mas será que isso tinha a ver com a sua gravidez? O choque com certeza comprometera minha capacidade de raciocínio por alguns minutos.

— Caroline? O que você está fazendo aqui? – Hayley ficou tão surpresa quanto eu. A cabeça dela pendeu levemente para a esquerda, enquanto ela avaliava a situação. Então ela olhou para Klaus, e depois novamente para mim, e sua boca se abriu em um silencioso “O”. – Não me diga que... vocês dois...

— Hayley, será que eu não fui suficientemente claro quando disse que você deveria ficar no apartamento? – Klaus estava furioso, procurando desesperadamente uma maneira de fazê-la ficar quieta antes que ela perdesse a cabeça. Até mesmo Elijah já tinha percebido que isso se aproximava e observava curiosamente as reações de Hayley. Mas ela nem mesmo ouviu o que Klaus disse e começou a se aproximar de mim.

— O que aconteceu com o Tyler? Por que você não está em Mystic Falls? – ela apontava para mim de forma acusadora.

— Nós terminamos, Hayley. – tentei explicar.

— Terminaram? Terminaram? – ela não conseguia decidir se ficava brava ou alegre com a notícia. Ela tinha dificuldade em decidir se gritava ou se ria. – E agora você está aqui, com o Klaus. Você não perdeu tempo, não é? E ainda dizem que eu sou a vadia desta história.

—Hayley, já chega! Saia daqui! – Klaus gritou, mas ela continuava ignorando-o.

— Ty quase morreu quebrando aquele maldito vínculo, viveu meses se escondendo... E por que? Para que depois de tudo você o chutasse e corresse para os braços do Klaus? – ela jogava acusações sobre mim, sem nem mesmo saber o que acontecera. E por mais que eu não gostasse dela, eu não consegui reagir. A gravidez a fazia parecer tão frágil. – Eu sempre disse que você não valia a pena. Que você é apenas uma vadia, egoísta, egocêntrica e...

— Já chega! – agora foi impossível ignorar Klaus. Ele agarrou o braço de Hayley, ignorando completamente a fragilidade dela. – Saia daqui!

—Você não pode tirá-la daqui, Niklaus. – disse Elijah, bravo com a atitude de Klaus. – O bebê nascerá logo. Hayley precisa de repouso, e toda essa discussão não vai ajudá-la.

Hayley exibiu-me um sorriso malvado, como uma criança tola que ganha o que queria simplesmente porque seus pais não conseguem entrar em um acordo entre o sim e o não.

— Elijah tem razão Klaus. – ela olhava para Klaus, enquanto ele fervia de raiva. Mas aquele olhar não se prolongou, e ela logo o direcionou a mim. A voz dela estava carregada de crueldade. – Você não ousaria expulsar a mãe do seu próprio filho.

Eu desejei poder voltar no tempo, apenas alguns minutos. Voltar para o momento em que eu senti como se tudo no mundo estivesse em seu devido lugar. Voltar para aquele momento e nunca mais sair da cama.

Pois agora eu senti como se o mundo tivesse dado uma guinada brusca, tão rápida que me desestabilizou. Eu pude sentir tudo cair, ficar bagunçado. Naquele momento, nem eu mesma sabia qual era o meu lugar no mundo.

***

Fiquei na biblioteca, fingindo ler um livro, enquanto Hayley e Elijah se instalavam. Algumas horas depois, nós nos sentamos na sala de visitas. Hayley disse estar com sede, e depois de muita conversa Elijah a convenceu a dispensar as bebidas alcoólicas. Não que ela não se preocupasse com o bebê, mas ela repetiu incansavelmente o quanto aquilo a ajudaria a relaxar. Elijah a acompanhou, servindo suco para ambos. Eu, por outro lado, não estava em condições de dispensar uma dose de uísque.

— Isso aqui é muito melhor do aquele apartamento... – disse Hayley, colocando os pés em cima do sofá e recostando-se nas almofadas.

— Eu lhe dei um dos melhores apartamentos na cidade. Você deveria me agradecer por isso. – Klaus sentou-se em uma das poltronas, próximo ao lado esquerdo do sofá. Eu estava sentada na outra poltrona, no lado oposto do sofá. Elijah apenas ficou parado, atrás do sofá, observando Hayley. Pelo visto, ela agora tinha segurança particular.

— Sim, mas é aqui, nesta casa, que toda a ação está acontecendo. – Hayley estava virada em minha direção, observando-me o tempo todo. Eu percebi que Klaus ficou tenso com o comentário, mas ele não olhou para mim. Na verdade, ele não olhara para mim desde que eu descobri que Hayley estava esperando um filho dele. De certo modo eu fiquei feliz que ele estivesse me ignorando. Eu não sabia o que ele veria em meus olhos se olhasse para mim agora. Raiva? Tristeza? Medo, talvez? Eu não sabia.

— Não fique tão confortável, Hayley. Você não vai ficar aqui. – Klaus disse, fingindo ser amável, mas era visível o quanto ele estava incomodado.

—Eu não vou a lugar algum. Achei que isso já estivesse resolvido. – ela também estava bastante incomodada. A tensão naquela sala era tão densa que eu quase podia tocá-la. – Vamos falar sobre algo mais interessante. Caroline, por exemplo.

— Hayley. – Elijah a repreendeu, sem olhá-la, apenas encarando o copo.

— O que você disse ao Ty? Que estava indo para Las Vegas? Sim, pois eu duvido que ele a deixaria partir se soubesse o que você realmente ia fazer, não é? – ela riu. – Se ele soubesse que você e o Klaus estão f...

— Mais uma palavra sua e serviremos sua língua no jantar, Hayley. – Klaus a alertou.

— O que a faz pensar que você conhece o Tyler? Com que propriedade pode alegar este tipo de coisa? – eu respondi talvez com uma rispidez exagerada. Eu não queria discutir, mas estava cansada de ficar calada. Hayley ficou agradavelmente surpresa com a minha resposta. Não necessariamente com minhas palavras, apenas com o fato de eu estar dando uma brecha para que ela desencadeasse uma discussão.

— Eu estava ao lado dele enquanto ele quebrava aquele vínculo estúpido. Isso é que permite dizer que eu o conheço melhor do que você. – ela falou, sentando-se ereta. Se ela não estivesse grávida teria avançado sobre mim. – Você tem ideia de como ele fez aquilo? Você imagina a dor que ele sentia quando quebrava todos os ossos do corpo, de novo e de novo?

— Eu sei, Hayley. Eu estava ao lado dele quando ele se transformou pela primeira vez. – eu falei rudemente. E por mais que eu estivesse lutando bravamente, Hayley estava conseguindo me afetar. Eu lembrava da dor que eu presenciei. Eu não conseguia imaginar o sofrimento do Tyler ao passar por aquilo centenas de vezes.

— E mesmo assim você o abandonou na primeira oportunidade que teve. – ela balançava a cabeça, incrédula. – Pelo cara que matou a mãe do Tyler. Você não tem escrúpulos mesmo.

— Você ajudou Silas com o massacre dos meus doze híbridos para encontrar os seus pais. – Klaus disse. – Diga-me Hayley, como isso a faz melhor do que eu?

— Foi a sua mão que brandiu aquela espada, não a minha. – ela disse, simplesmente.

—Você não me conhece Hayley. Você não sabe o que aconteceu. – eu comecei a falar.

— Por isso eu não devo dizer nada a respeito. Era isso que ia dizer? – ela estava com raiva. – Eu conheço o seu tipinho, Caroline Forbes. O tipo popular, que tem tudo e acha que sempre pode ter mais, não importa o que aconteça. Eu poderia matá-la com as minhas próprias mãos...

Eu nem mesmo vi Klaus levantar-se, mas de repente Hayley estava contra a parede e ele estava com ambas as mãos ao redor do pescoço dela.

— Niklaus! – Elijah gritou e lançou-se sobre ele, libertando Hayley. – Como ousa?

— Você deveria fazer essa pergunta a ela! – Klaus também estava gritando. – Como ela ousa entrar em minha casa e falar o que bem entende? Eu deveria arrancar a língua dela!

— A garota carrega o seu filho! – Elijah esbravejou.

— Eu não me importo! – Klaus aproximou-se de Hayley e a olhou nos olhos. – Se você continuar com tal comportamento eu vou matá-la, entendeu? E isso serve de aviso para você também Elijah. Você não conseguirá me impedir.

Elijah estava furioso. Agarrou o braço de Hayley e a arrastou para fora da sala, enquanto ela lançava olhares raivosos sobre mim. Mas eu não me importei. Naquele momento eu entendi a raiva dela. Ela ama o Tyler, e se importa com ele. Ela tinha todo o direito de me odiar.

***

— Este final de gravidez tem um ponto positivo, afinal de contas. – comentou Elijah, enquanto retornava à sala, vinte minutos depois. – Hayley tem ficado muito cansada, o que a faz dormir mais do que o habitual.

Não comentei o fato de ter levado horas de diretas e indiretas e uma briga com Klaus para fazê-la dormir. Eu mesma estava tão cansada daquilo que poderia aproveitar os benefícios de uma soneca.

Elijah apenas recolheu o seu copo, esquecido na mesinha e saiu. Enquanto ele estava no quarto acalmando Hayley, eu apenas fiquei sentada, rodopiando em minhas mãos o copo vazio. Klaus não disse uma palavra. E agora estávamos sozinhos novamente e eu não sabia o que fazer. Pois Hayley conseguira plantar um pensamento em minha mente, e durante aqueles minutos de silêncio este pensamento crescera e se ramificara, tomando conta de minha mente.

— Vamos dar uma volta pelo jardim, Caroline? – Klaus disse, tomando o copo de minhas mãos. Eu concordei e o segui até a porta.

Saímos para o ar fresco do jardim, tão perto um do outro que nossas mãos roçavam uma na outra de vez em quando, mas não passou disso.

Eu olhei para o maravilhoso jardim da casa. Anoitecera, e eu nem mesmo havia notado, de tão absorta que estava em meus pensamentos. Caminhamos em silêncio até nos sentarmos em um banco no meio do jardim, que ficava perto da fonte central. Por um momento só ouvíamos o barulho da água e os sons da natureza. A lua iluminava o jardim, expondo às flores recolhidas, pois até mesmo elas já haviam se recolhido ao descanso depois desse dia tão cansativo. Talvez a energia da casa as tenha afetado.

— Diga alguma coisa. – Klaus falou baixinho, sentado ao meu lado, mas sem olhar para mim. – Grite comigo, qualquer coisa. Mas não fique em silêncio, por favor.

Suspirei. Sim, eu estava com raiva, mas eu não queria gritar com ele. Por que deveria? Eu não posso dizer com quem ele pode ou não se relacionar, afinal, eu não tenho este direito. Mas então por que eu estava fervendo de raiva ao saber daquilo? Tão rápido quanto um piscar de olhos eu entendi.

Eu estava com ciúmes. Não suportava imaginá-los juntos. A arrogância, petulância e atrevimento de Hayley simplesmente não tinham nada a ver com Klaus. Então o que ele vira nela? Como isso aconteceu?

— Caroline. – ele implorou.

— Eu não vou gritar com você, se é isso que está esperando. – falei.

— Caroline, foi apenas uma noite e...

— Você estava bêbado, e isso não significou nada. – eu o interrompi. – Klaus, por favor, não seja tão previsível.

— Mais uma vez, eu lamento que minha credibilidade esteja tão em baixa. Pois eu realmente estava um pouco bêbado e realmente não significou nada.

— Klaus, você não me deve explicações. Pare com isso. – levantei.

— Por favor, sweetheart. Eu nem mesmo achava que isso fosse possível. Se eu soubesse que havia a mínima chance de ela engravidar, você acha que eu teria feito isso? – ele falava às minhas costas, então me virei de frente para ele, afinal de contas, não estávamos em uma novela mexicana.

— Acho. Você estava bêbado, lembra?! – respirei fundo e juntei minha coragem para fazer uma pergunta que começara a me atormentar. – Você queria ter um filho?

— É claro que não, Caroline! Pergunte ao Elijah! Eu ordenei que a matassem junto com o bebê!

Olhei para ele, horrorizada.

— Como você pôde? Ele é seu filho!

— Olhe para mim, Caroline. Você vê um pai? – ele abria os braços, como se quisesse deixar claro que não escondia nada.

—Eu não sei...

— Como eu poderia ser pai de uma criança? Mas agora eu me arrependo disso. Afinal, todo rei precisa de um herdeiro.

E por um momento a imagem de um Klaus ditador, insensível me veio à cabeça, criando seu filho como um soldado. Klaus não o levaria ao parque para tomar sorvete. Ele o levaria ao parque para ensinar como matar o sorveteiro. E se assim fosse, eu sentiria pena daquela criança, pois eu não via um pai em lugar algum. Eu via apenas um reflexo do pai dele.

— Como eu disse antes, você não me deve explicações.

— Caroline, me desculpe, por favor. Eu não suporto vê-la magoada comigo. – ele pegou minha mão. – Você não pode pensar que eu iria querer viver esta situação. Eu só estou tentando fazer o melhor possível com tudo o que está acontecendo. Não deixe que isso afete o que existe entre nós.

“O que existe entre nós?“, pensei comigo mesma.

Mesmo longe da casa, ouvimos perfeitamente a voz de Hayley chamando por Klaus, com um tom impaciente. A tempestade acordara novamente.

— Vá ajudá-la, antes que ela se irrite. – eu disse.

—Não saia daqui. Eu voltarei logo. – ele me deu um singelo beijo na testa, ainda incerto de até onde podia ir comigo.

Eu o observei voltar para casa com pressa, deixando a porta aberta. Depois que ele entrou, comecei a trilhar meu caminho de volta também, em passos lentos. Quando cheguei à porta, percebi que mesmo inconscientemente meus próximos passos já estavam traçados. E apesar de não saber se esta era a direção correta, eu não consegui parar de caminhar.

***

Klaus entrou em meu quarto sem bater.

— Caroline, eu já falei com a Hayley e eu a proibi de... o que é isso?

Eu estava me movendo muito rápido, e parei no meio do quarto com um vestido na mão. Joguei-o sobre a cama, enquanto Klaus se aproximava dela, observando atentamente as minhas malas, abertas, sendo preparadas. Eu já havia trocado de roupa e estava selecionando algumas. Ele levou um segundo para entender.

— Caroline, não, por favor... – ele meneou a cabeça como se já soubesse que aquilo iria acontecer.

— Não, não implore. Já está decidido. – eu disse.

Ele atravessou o pequeno espaço entre nós e colocou as mãos em meu rosto, mantendo seus olhos fixos aos meus.

—Por que está fazendo isso? Por que? – coloquei minhas mãos sobre as dele, e gentilmente as soltei de meu rosto, mas as mantive comigo. Ouvi meu coração se partir quando levantei os olhos e vi uma lágrima solitária em seu rosto. Sorri tentando tranquilizá-lo e acariciei seu rosto, secando-a. Aquela lágrima queimou minha pele e me marcou de maneira permanente.

— Vem cá. – sentei-me na cama e indiquei que ele sentasse à minha frente. Suspirei e comecei a explicar tudo o que passou em minha mente nos últimos momentos. – Quando larguei tudo em Mystic Falls e vim para cá, me pareceu... certo. Era o que eu queria fazer. Eu queria estar aqui, mas agora tudo mudou.

— É por causa da Hayley? – ele perguntou, ansioso. – Diga-me, Caroline. Uma palavra sua e eu a mando embora. Você nunca mais precisará vê-la.

— Não! Como você pode pensar assim? Ela é a mãe do seu filho, por mais que você menospreze esse fato. Você não pode simplesmente mandá-la embora. – eu falei, um tanto chateada com o jeito que ele diminuía o próprio filho.

Ele baixou a cabeça. Eu o fiz olhar para mim.

— Niklaus, a presença da Hayley só me fez questionar a situação. – eu falei suavemente. – Eu acho que precisamos pensar um pouco sobre tudo isso. Sobre nós.

— O que pode haver para pensar, Caroline? Eu finalmente a tenho ao meu lado. Pela primeira vez em séculos, tudo está certo. Por favor, não vá... – ele suplicava.

— Eu preciso pensar, Klaus. Nós estamos nos deixando levar pelas emoções. Nós precisamos de tempo para pensar em tudo o que está acontecendo. – era difícil admitir, mas Hayley fez com que eu me questionasse sobre tudo o que eu fizera até agora. E eu fiquei com medo de minhas próprias conclusões.

— Não, Caroline... Eu não vou, não posso, perdê-la.

— Uma vez você disse que seria meu último amor, levando o tempo que fosse. Você esperou por mim por tanto tempo... por favor, por mim, espere mais um pouco. Só mais um pouco. – eu estava tentando desesperadamente fazer com que ele me deixasse ir. Ou talvez eu estivesse tentando convencer a mim mesma a levantar e partir, afinal eu sabia que não era justo pedir que ele fizesse algo por mim, pois eu já sabia qual seria a sua resposta.

— Você promete que vai voltar? – a voz dele transbordava agonia.

— Prometo. Quando eu tiver tomado uma decisão sobre esta situação, eu voltarei. Espere por mim. – e então o beijei.

Eu estava com medo. Tudo acontecera tão rápido que agora nem eu mesma sabia o que eu estava fazendo.

Eu sentia como se meu medo sobre esta situação fosse tão profundo quanto o oceano. Antes de partir para encontrá-lo eu estava à deriva em um mar de confusão, flutuando na superfície tranquila de um mar feito de questionamentos. Eu olhava o céu, e a sua silenciosa promessa de paz. Eu sabia que aquele podia ser um caminho.

Mas dar uma chance ao Klaus dizia muito mais sobre mim do que sobre ele. E eu sabia que precisava mergulhar fundo nesta escolha. E por mais que o começo tenha sido ótimo, tão colorido e divertido quanto à parte rasa daquele oceano, eu precisava ir ainda mais fundo.

Só que o caminho que eu escolhi ainda estava longe do fim. Eu ainda não havia chegado à parte mais funda do oceano. Aquele parte escura, onde a luz não chega, e ninguém conhece o que lá habita. Hayley me puxou para baixo, para mais perto desta parte profunda. Mas eu nem mesmo sei o que vou encontrar lá. Não sei nem mesmo se vai valer a pena.

Mas eu havia ido muito longe. Por causa do Klaus eu fui mais fundo do que um dia eu julgara possível. No entanto, eu estava ficando sem ar. Sem ar, e sem coragem. E neste lapso de desespero, eu decidi voltar. Retornar à superfície, para a calmaria dos questionamentos, sendo levada pela correnteza, como se eu não tivesse vontade própria. Pelo menos eu não precisaria pensar nisso. Eu só precisava me deixar levar de volta até aquele cômodo vácuo entre as profundezas e as alturas.

Peguei minhas malas e saí de lá o mais rápido que pude. Mas não rápido o suficiente para evitar ouvi-lo sussurrar:

— Eu vou esperar por você, Caroline... Always and forever.


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Notas finais do capítulo

Não esqueçam de dar uma olhada nos looks feitos pela Eduardaaa! Aqui tem o look deste capítulo: http://www.polyvore.com/cgi/set?id=91996098&.locale=pt-br

Até o próximo capítulo! :D



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