Tate havia me carregado para meu quarto e me sentado a cama . Eu havia cruzado os braços e fizera questão de permanecer em silêncio até que começasse a obter respostas . O que eu havia vivido a pouco me causaria uma duzia de pesadelos por um bom tempo e eu apenas considero real , porque sei muito bem que há no mundo coisas sem explicações ... como minha existência por exemplo e de minha clarividência . Eu havia caído em uma banheira de sangue e então eu havia visto uma garota ... que provavelmente me deixaria no mesmo estado em que ela se encontrava . Eu de fato possuía mais do que sorte por não estar traumatizada .

– O que viu ? - Perguntou Tate enquanto me observava cautelosamente . Eu me mantivera calma . Já havia passado por muito , por isso não era a visão do além que iria me abalar ou fazer com que eu deixasse transparecer um sinal de meu medo .

– Um fantasma ! - eu disse enquanto passara a observar as unhas . E por incrível que parecesse não havia sequer um rastro de sangue .

– Maria - murmurou ele para si mesmo . Que lindo ! Eu estava mas do que feliz em saber que a garota morta viva tem nome .

– Me conte o que eu vi - disse enfurecida . Eu precisava de explicações , afinal a cada segundo que se passava eu confiava cada vez menos na casa e cada vez menos em Tate .

– Lucy ... eu tenho muito o que dizer e pode parecer impossível e surreal mas ...

– Fala logo . - por mais inacreditável que pudesse parecer sei que poderei engolir qualquer coisa depois do que vira .

– Maria morou aqui a muito tempo atrás . Ela foi assassinada juntamente a uma mulher que a acompanhava . O Assassino a fizera vestir um uniforme de enfermeira e a esfaqueou . A outra morreu na banheira ... Digamos que o fantasma dela ficou preso . - disse ele de maneira cautelosa . Eu o observei por um breve instante ... pensei em tudo o que ele havia despejado e suspirei .

– Poderia ter me dito antes . Não é tão inacreditável assim . - eu disse me levantando e caminhando em direção ao meu criado mudo . - Quando compramos a casa , um dos motivos que me levara a escolhe-la fora o histórico sangrento que ela possuía . - eu disse enquanto retornava para a cama após pegar o computador . Eu havia colocado uma porção de arquivos sobre a casa . - Tenho todos os registros de quem já se foi nessa casa . - Eu disse procurando a pasta ... mas eu não a encontrara . - Estranho ... eu podia jurar estar aqui ... - eu disse isso e então Tate fechara meu computador . Eu o olhara e então suspirei . - Pode ir agora .

– Lucy ... entenda que eu quero protege-la . - disse ele olhando-me profundamente nos olhos .

– JÁ MANDEI PARAR DE ME PROTEGER PORRA - gritei sentindo meu sangue ferver as veias , fazendo meu coração pulsar com mais força . - EU NÃO LIGO SE POSSO ME MACHUCAR ! NÃO LIGO SE MORREREI TATE ! EU GOSTO DE VOCÊ E ISSO É A PRIMEIRA VEZ QUE ACONTECE ALGO DO TIPO COMIGO ... eu gosto de você . - disse admitindo a mim mesma . Eu de fato gostava dele por mais que detestasse a ideia . Gostar dele me tornava fraca ... e isso não era o que eu planeja para mim mesma . Levei minha mão ao peito suprimindo minha própria surpresa e então fui beijada . Senti meu coração arder sobre minhas mãos e meu corpo aos poucos queimar ... eu não compreendia como ele conseguia me deixar de tal maneira .

– Se não teme a morte ... não irei me afastar . - disse ele beijando-me novamente .

Eu havia entrado em êxtase com o que havia acontecido . Tate e eu agora de fato poderíamos dizer que estávamos juntos e talvez desta vez decole . Ele havia saído quando eu dissera que teria de sair , eu havia prometido que me encontraria com Ben e não podia deixa-lo me esperar . Como eu havia pensado ele estava sentado a varanda . Parecia sereno e tranquilo ... mas algo nele ... simplesmente arrepia-me a espinha . Mas conheço tantas coisas estranhas que ... não consigo me afastar .

– Demorei ? - perguntei enquanto o surpreendida sentando-me do seu lado . Ele olhou para mim em um sorriso ... ele me lembrava a Tate , algo bem vago ... mas me lembrava .

– Eu nem sabia se viria ... então não . - disse ele em serenidade . Sua voz era grossa e ele provavelmente deveria possuir a mesma idade que eu tenho .

– Mora aqui perto ? - perguntei olhando para os lados . Eu não conhecia muito da cidade , mas minha intuição me dizia que ele deveria estar próximo .

– Próxima casa ... lembra ? Vizinhos . - disse ele recordando-me do que sua mãe havia dito a minha ... mãe ou avó ... sei lá .

– Ah Sim ... - eu disse suspirando . Então eu vira na entrada da propriedade uma senhora ruiva , um de seus olhos aparentava ter sido cegado e ela usava um sobretudo preto . Caminhou em minha direção com um sorriso . - Ahm ... Posso ajudar ?

– Sou Moura ... sua governanta . - disse ela estendo-me a mão . Eu coloquei minha mão sobre a sua estendida e então ela me puxara para um abraço que me pegara mais do que de surpresa .

– Não sabia que minha mãe havia contratado uma governanta . - Meus pais nunca de fato se importaram para isso ... minha mãe costuma passar muito tempo em casa com seus livros , por isso ela mesma se encarregava de tais tarefas .

– Há muito tempo querida ... digamos que a muito tempo eu sirvo esta casa ... não posso deixa-la agora . Chame-me para o que precisar . - disse ela sorrindo e então adentro a casa .

– Linda não ? - sussurrou o anticristo . Eu o olhei , procurando por algum ponto de sarcasmo ou ironia em suas palavras , mas eu não encontrara .

– Não sabia que gostava de senhoras de idade . - eu disse suspirando e lhe dando uma cotovelada . Ele olhou-me em espanto e então deu de ombros .

– Ela deve ter uns vinte e poucos anos . - disse ele ignorando-me por completo .

– O que ? Eu diria que ela deve ter uns cinquenta e tantos . - eu disse o olhando pasma . Talvez necessitasse de óculos .

– Lucy ... precisa de óculos . - disse ele suspirando e me levantando junto a ele . Caminhamos em direção a casa . Fomos para a cozinha , onde encontrei minha mãe conversando com Vivian e Moura . Estranhamente ele me parecia mais viva .

– Mãe ... não vá ao porão . - eu disse a fitando , tentando não transparecer o que eu realmente sentia em relação aquele lugar . Recebi um olhar curioso de Vivian e Moura , mas eu apenas as ignorei . - Tem muita poeira e pode atacar a sua alergia . - completei tirando qualquer suspeita ... minha mãe jamais acreditaria no que eu havia visto ... nem se ela mesmo houvesse visto com seus próprios olhos .

– Está bem . Vivien já havia me dito para não ir ... - disse ela olhando-me de relance e então algo me viera a cabeça ... Vivien ...Eu já havia visto este nome em algo ...

Ben se retirara após um breve chamado de sua mãe e eu então aproveitara para retornar ao meu quarto . Abri novamente o computador a procura dos registros que eu havia precisamente baixado , a respeitos dos antigos moradores da casa ... mas meu disco rígido havia simplesmente sido limpo ... não havia nada além dos documentos oficiais e da cópia da escritura que meus pais havia enviado a mim e ao meu irmão por precaução . Suspirei lembrando-me do trabalho que eu levara para consegui-los ... buscar em jornais onlines e antigos ... isso me causaria uma nova busca de dias .

O primeiro arquivo que eu encontrara disponível deveria ser o mais antigo . A casa havia sido construída por um médico que a fizera em homenagem a sua esposa . Um médico que pouco tempo depois fora perdendo a cabeça e cometendo atrocidades como auxiliar e provocar abortos em várias adolescentes . Um dos namorados de uma das vítimas descobrira sobre o aborto e então como vingança capturara o filho do casal o matando ... Depois disso apenas diz que a esposa o assassinara e logo em seguida se suicidou ... tudo na casa .

Havia sido algo de fato tenebroso e seria mais do que desagradável encontrar um destes espíritos no porão . Mas o arquivo que eu havia encontrado não estava completo ... estava fragmentado ... talvez Tate possa me ajudar a completa-lo ... o que me deixa curiosa é em saber como Tate sabe tanto a respeito da casa .