Convite De Casamento escrita por Sarahsensei


Capítulo 2
Parte II


Notas iniciais do capítulo

♥ Oi, gente! Após séculos desaparecida, resolvi ressuscitar e postar a segunda, e última, parte da história. ♥ PERDÃO, primeiramente, a parte da Namie que foi feita na escola após uma louca aula de biologia e ficou sem noção.



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Ikebukuro.
Kanto. Japão.
Kitnet de Ryuugamine Mikado

09:30 da manhã

“WUUUUUUUUUAH?” O garoto de cabelos negros arregalou os olhos, caindo sentado no fuuton tamanho susto que levou com a notícia bombástica. “Ca-Casamento?” Gaguejou, olhando hesitante do envelope para o amigo e ex-rival. Este lhe respondeu balançando a cabeça freneticamente, afirmando. “Hahahahahaha! É brincadeira, neh?” Coçou a nuca, nervoso.

“Não, não é.” Anri tinha o seu próprio convite em mãos e o analisava, tendo um olhar enigmático na face. {Isso é provocação!} Saika sibilou em sua mente. {“A mais pura forma de provocação que aquele descarado pode fazer!”} A garota de óculos suspirou, concordando silenciosamente. “Pelo jeito, isso é sério.” Virou o pedacinho de papel-cartão entre os dedos. “Eles vão se casar.” {“Hum? Tem algo anotado aí.”} “Hã?”

“ É oficial.” Saki comentou, segurando mais dois envelope fechados. Um destinado à Erika e Kadota, e o outro destinado à Shimon. “Recebemos esses convites das mãos do Izaya-san.” Diferente do namorado que andava de um lado e outro, formando circuferências no chão, a menina parecia calma e levando numa boa os acontecimentos.

“É o apocalipse! A terra vai explodir amanhã! NÃO! O mundo vai acabar hoje! Ai, pelos deuses!” Kida agitava os braços para cima, andando em zigue-zag e em circulos, gritando profecias sobre o fim dos tempos. “O Anti-Cristo vai ser parido pelo Izaya! AQUELE SATANÁS ENCARNADO EM GENTE QUE SE VESTE DE INFORMANTE! Aposto que ele vai parir o Anti-Cristo! Deuses! Ele já deve tá grávido! NÃO! ELE NÃO PODE TÁ GRÁVIDO! A GENTE TEM QUE FAZER ELE ABORTAR! Hey.. e se o pai for o Shizuo-san? VAI SER A CRIA DE SATANÁS COM O  DIABO!” Os gestos, os gritos e as expressões cômicas do ex-gangster amenizava o terror dos outros adolescentes. Bom, ao menos um pouco.

“Kida-kun, Orihara-san não pode está grávido, afinal, ele é um homem!” Colocou a mão na frente da boca, reprimindo uma risadinha. “Nem o pai pode ser o Shizuo-san, por que, até, bem, semana passada, eles viviam tentando se matar! Jogando coisas um no outro, se xingando, ameaçando... e agora vão casar? Tipo, Oi? Eles não se odiavam?” Mikado puxou o outro para baixo, fazendo-o se sentar no fuuton também. “Como diabos isso foi acontecer agora?”

“A pergunta certa é: Como diabos isso SÓ foi acontecer agora...” A garota de olhos castanho-claro suspirou. “Você chegou em Ikebukuro tá com o quê? Dez meses?Um ano? Se tivesse morado aqui sua vida toda, não estaria tão surpreso com essa bobagem. Fala sério, desde os meu tempos de colegial, as pessoas já apostavam o dia em que o poderoso Heiwajima Shizuo casaria com o irritante Orihara Izaya, os dois lendários da cidade.”

“Verdade, verdade, verdade, verdade e a mais pura e filha da puta verdade verdadeira.” Masaomi balançava a cabeça pra cima e pra baixo, energético. “Eu participei e muito dessas apostas.” Sorriu maliciosamente. “Pena que eram um pouco mais... digamos que tentávamos adivinhar em qual beco eles iam... brincar.” Ryuugamine e Anri coraram, já a menina de cabelos castanho curto revirou os olhos.

“Apostava esse tipinho de coisa e tá todo mexido por causa de uma celebraçãozinha de casamento?”

“Só que essa coisa é chocante, amor! ELES VÃO CASAR HOJE! HOJE DE NOITE!” Caiu deitado nos lençóis macios. “Aaan, eu não tô acreditando...” Gemeu em desgosto, passando as mãos pelo cabelo tingido. “Sabe o quê é pior? Nós vamos ter que ir.”

“Temos?” O líder dos DOLLARS o encarou, pálido. “WUAH! Po-por quê? Por qual motivo?”

“ […] Então, já que foi convidado(a), compareça. Há não ser que queria ter sua vida destruída em questão de horas. Hey, não estou ameaçando. Bem, pode ser que eu esteja, ninguém nunca sabe.  Carinhosamente, Ohiraha Izaya.” Citou o quê vinha escrito no cartão. “É um bom motivo.” Enterrou a cara no travesseiro, inspirando o cheiro do garoto de cabelos negros. “Ótimo motivo.”

“E-espero que nada aconteça de ruim nesse casório.” A garota de peitos enormes guardou o envelope com o convite na bolsa. “Imagina se alguém tentar matar o Izaya-san antes dele responder sim.” {“Cortar. Cortar. Cortar. Cortar. Cortar. Cortar.”} A voz da adaga demoníaca repetia sem parar a mesma palavra. {“ Fatiaremos Orihara! Cortaremos cada pedacinho! Shizuo é nosso! Shizuo é meu!”}  “Vou polir o presente deles, até logo.” Calçou os sapatos e saiu.

“Falando em presente, vamos comprar um, certo?” A moça levantou-se da cadeira e puxou o namorado pela orelha, fazendo-o se levantar também. “Até logo, Mikado-kun.” O jovem de olhos azuis nunca entendeu muito por que Saki era um tanto... fria quando tratava de se dirigir a ele. Era quase como se não gostasse dele perto de  Kida.

“A-até logo.”
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Ikebukuro.
Kanto. Japão.
Submundo.
Escritório da Akatsu-Kai.

09:25 da manhã

“Aah...” O moreno mexeu os quadris no colo do outro, gemendo baixo para provocá-lo. Em resposta, foi segurado pela cintura, sendo obrigado a cavalgar sobre a ereção coberta pela calça de grife italiana. “Huumm...” Ronronou, sorrindo maquiavélico, roçando os dentes brancos na orelha sensível do mafioso. “Isso é tão booom...”

“Eu vou fazer tão forte que, quando terminarmos, nem andar direito conseguirás.” Os dedos frios brincavam com os mamilos eretos do menor. Dedos gelados contra a pele quente faziam o jovem se derreter em prazer. Ou, fingia está derretendo de prazer.

 “Aah...n-não podemos...” Cantarolando, se afastou e arrancou um resmungo de frustração. “Vou me casar hoje e não tô afim de uma despedida de solteiro agora.” Piscou marotamente. “Talvez mais tarde.” Sugeriu, infernizando.

“Porra, Orihara-kun!” O líder de um dos ramos da Yakuza acendeu um charuto para se acalmar, rindo sarcasticamente. “Fica excitando os outros e depois diz que vai casar! Mais que filha da putagem!” O informante de Shinjuku transbordava escánio, encarando-o. “Odeio essa sua mania.”

“Ora, você não gostaria de transar comigo se não fosse assim. Se não fosse meus joguinhos.” Ele não saíra de cima das coxas de Shiki, mesmo dizendo que não iria rolar sexo. Uma das mãos pálidas deslizou pelo peito do homem de cabelos castanhos, indo direto até o bojo formado na calça e desfazendo o zíper. “Não me leve a mal, só que eu vim aqui para te entregar um convite, não para dar pra você.” Tirou o pênis ereto de dentro da cueca azul-escuro e começou a tocá-lo, nunca quebrando o contato visual.

“Ngh, não veio dar pra mim...” Soltou uma bafora de fumaça. “Mas, me chupar ou me dar uma mãozinha pode, não pode?!” Segurou-lhe pelos cabelos, puxando-o para um breve beijo. [“Odeio esse gosto de nicotina...”]Pensou, enquanto retribuía.  Odiava fumantes. [“A ironia está no fato de quê vou casar com um.”]

“Nananinanão, Shiki-san.” Rompeu o beijo, limpando a saliva do cara com as costas da mão, fazendo uma careta pelo gosto da fumaça que ainda restava.“A partir de hoje, o único homem que terá o privilégio desses serviços, err, bônus, é o Shizu-chan.” Lambeu o pescoço do mais velho. “Tudo bem?”

“Nunca foi fiel a ele, nem quando estavam “namorando”, vai decidir ser fiel agora?” Zombou, levando o charuto de novo à boca. “Conta outra.”

“Conto sim.” Escorregou de onde estava sentado para o chão, se ajoelhando lá. “Vou me unir aquele protozoário estúpido, ter uma criança e ficar velhinho ao lado do Shizu-chan, fiel a ele até a morte. Traduzindo, nada de sexo com outros que não seja meu marido.” Os dois caíram na gargalhada.

“Pretende adotar filhos? HAHAHAHHAHAHAHAHAHAHAHA! Vai virar dona de casa, Orihara-kun?” Segurou o queixo do menor, aproximando seus rostos novamente.

“Adotar?” Deu um sorriso austero. “Quem sabe?”

“Te imaginando com um avental, na cozinha, cercado por uma criança irritante e chorona é, com certeza, muito excitante...” Grunhiu, beijando-o. “Te foder contra a pia... aah..”

“Credo, Shiki-san! Você compartilha das mesma fantasias doentes do Shizu-chan!” O adulto de olhos vermelho-sangue virou a face pro lado, acabando com o beijo. Lambeu os lábios inchados, roçando-os na glande do membro ereto a sua frente. “Hummm...”

“Aah!” O chefe da Akatsu-Kai gemeu. “Então, o boquete que está prestes a fazer é tipo... um presente de consolação por perder um bom brinquedo sexual?” Orihara deu um sorriso zombeteiro, revirando os olhos.

“Não.” Inclinou-se pra trás, apoiando o peso do corpo nas mãos. “Por quê eu não vou te chupar. Vim aqui entregar o convite, te dar um oi e ver se vai mesmo comparecer,  afinal, sua presença é muiiito importante. Dê sua palavra que vai.”

“A forma como está de pernas abertas na minha frente, não me deixa outra escolha que não seja dizer sim. ” Suspirou, envolvendo a mão em torno da sua ereção. “Eu vou, eu vou. Escute, estou dando minha palavra, suma daqui, Orihara-kun, antes que eu estupre você!”

“~Já estou indo. ~ Afinal, sua palavra é honrosa demais.~” Juntou a jaqueta e a blusa que estavam jogadas, vestiu-as e saiu rapidamente do recinto, rindo. “Mas, não dispenso a ideia.~” Provocou.

“Aaah... esse moleque...” Sorriu. “Três semanas e aquele loiro leva chifre.” Fez cara de pensativo, alguns flashbacks de conversas passavam por sua mente. “Duas, no máximo.”

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Ikebukuro.
Kanto. Japão
Avenida principal.

09:20 da manhã

“Yo, Tom-sempai.” O ex-barman acenou, se aproximando do chefe que estava sentado, comendo donuts. “Posso falar com você?” Pareceu nervoso, além de descabelado como se tivesse acabado de acordar, estava apressado visto a forma como andava apressadamente e a expressão facial de quem acabara de ver um fantasma. “É urgente.” Tom se surpreendeu com o aparecimento do kouhai justo no dia em que este havia lhe pedido folga, geralmente o loiro aproveitava pra passar o tempo todo em casa, na cama... com um certo habitante de Shinjuku de cabelos negros e olhos vermelhos. Exato, excluindo Namie, Shinra e Shiki, ele era um dos poucos que sabiam desse relacionamento instável. (Não que fosse um cara feliz com esse fato.)

“Algo envolvendo seu.. eeer... namorado? Digo, de novo?” Já fazia três anos e perguntar aquilo ainda era esquisito, mesmo que participasse da sua rotina, pois, sempre que o fortíssimo de Ikebukuro o procurava só podia significar duas coisas: Ele queria dicas/ falar dos problemas ou Orihara aparecera, novamente, com “pequenos sinais de infidelidade” advindos de seus clientes, rolou confusão, ambos saíram machucados e agora estavam arrependidos, porém, nenhum queria dar o braço a torcer, preferindo procurar maneiras de fazerem as pazes sem pedirem desculpas. Sendo a segunda opção a mais frequente. “Brigaram? Ele te irritou? É um problema na relação?” Heiwajima colocou as mãos no bolso.

“Mais ou menos....” Falou entre dentes, jogando o cigarro em uma lixeira. Tanaka suspirou, terminando o doce que comia, pelo jeito, devia ser uma dessas coisas. “Não sei o quê fazer, por isso vim aqui perguntar se podia conversar com o senhor.” O mais velho deu espaço para o ex-garçom se sentar no banco onde estava.
 

“Claro que pode falar comigo, nem precisa dessa formalidade. Vem, senta aqui e vamos bater um papo.” Descobrira o surpreendente “namoro” de forma engraçada. Era verão, num dia de folga para ambos, Shizuo estava com roupas casuais, momento raro, e por causa do forte vento e alguns botões abertos no colarinho, o agiota vislumbrou chupões e mordidas no pescoço do maior. Ao indagar a origem de tais marcas, o mais novo foi bem direto em sua resposta, “Izaya.” Dizer que ficara assustado com a revelação, era eufemismo. Após sete minutos engasgando com a cerveja que tomava, o menor conseguiu formular uma pergunta que definiu três anos da sua vida, “Quer me contar sobre?”  Sem que soubesse, aquelas simples palavras se tornaram um convite eterno para um dos lendários da cidade procurá-lo toda vez que estivesse com problemas. “Então...?”

“Eu vou casar.” A voz do subordinado saiu em um sussurro, retirando seu empregador dos devaneios. Tom tossiu, arregalando os olhos e cuspindo os resquícios do donut no chão. “Hoje de noite.”

“COMO É QUÊ É? CASAR? ASSIM? DO NADA? ISSO SÓ PODE SER MENTIRRA! ” Gritou, exasperado. “VAI CASAR COM QUEM? ONDE? QUANDO?”

“Eu vou casar, de verdade.” Repetiu pausadamente, quase como se estivesse medo. “Com a pulga.” Passou a língua nos lábios ressecados. “Hoje de noite, na baía de Tóquio, ás oito.”

“Espera! Espera aí! Não, não! I-isso é sério?!” Recebeu um aceno positivo, em resposta. “Woah! Conta essa história direito! Me explica tudo! Acho que estou tendo alucinações! Será que esses donuts estavam estragados?Shizuo suspirou, passando a mão direita nos cabelos.

“É complicado, tipo, foi repentino pra quase todo mundo.” O negro murmurou um “Jura?” sarcástico, revirando os olhos. O mais alto ignorou, olhando para o céu nublado, relembrando o dia fatídico. “Tudo começou no meio de uma discussão entre eu e aquele miserável, há duas semanas. Estávamos brigando por causa da irritante mania dele de entrar na minha casa sem permissão, mudar minhas coisas de lugar e reclamar que não mantenho o lugar limpo, que não sabe como uma pessoa moraria ali, aí começa a me chamar de monstro, protozoário, que pareço um porco, que deveria me organizar melhor, enfim, um monte de besteiras. No fim, acabei perdendo a calma e gritei “Foda-se! Não é como se você fosse minha esposa! Eu ainda não te pedi em casamento, ok?! Pare de agir como uma maldita dona-de-casa, sua sanguessuga!”, óbvio que Izaya deu aquele sorriso malicioso e indagou, “Ainda não me pediu em casamento, é?Quer dizer que pretende?”. Cara, depois dessa eu fiquei encurralado, por que ia propor no fim de semana, aí escorreguei e deixei escapar esse “ainda”.  Só pra constar, até pedir conselhos sobre como fazer propostas, eu fui pedir! Não vendo mais lugar pra onde correr, peguei-o pelo braço, olhei-o nos olhos e falei um monte de coisas que estavam presas na garganta durante anos. “Pulga, desde do dia em que nos vimos pela primeira vez, eu senti que você não valia o chão que pisava, que era um filho da mãe arrogante e metido a sabidinho, que era a encarnação do diabo na terra. Juro que te detestei assim que pus meus olhos sobre você. Nos nossos três anos juntos na escola, sua vida era me infernizar, já a minha, era tentar te matar. Minha raiva só triplicou no nosso último ano, depois que me seduziu no vestiário e me fez transar com você entre os armários, depois me deixou como se nunca tivesse ocorrido nada. Podia não ter sido sua primeira vez, mas, foi a minha. Foi naquele momento que comecei a repensar melhor na nossa “relação”. Não pense que eu não notei seu olhar quando te abracei após terminamos aquilo. Não pense que eu não notei que desaparecera por todas aquelas semanas por causa do seu “estágio” como informante. Nós sempre nos odiamos. Pra você, não passo de um monstro idiota, e pra mim, você não passa se um merda megalomaníaco. Odeio tudo referente a você, seus olhos, sua voz, seu sorriso falso, sua personalidade, seu poder, suas brincadeiras, suas provocações, seus jogos, seus clientes, seu rosto corado e seus gemidos escandalosos quando fazemos aquilo... Te odeio do fundo do meu ser, então, quer se casar comigo?”, fiquei surpreso quando ele me beijou e disse que estava esperando a hora em que eu criaria um cérebro e fosse propor.”

“Então, marcaram o casamento pra hoje e você esqueceu?” Tanaka ainda estava sorvendo as informações que recebera. A noticia era esperada, porém, o choque não tinha sido menor.

“Eu não sabia de nada até hoje de manhã.” Deu de ombros, fixando os olhos em um poste de transito qualquer. “O desgraçado me acordou com “Levanta, Shizu-chan! Hoje é o grande dia! Vamos, eu tenho que entregar convites e você também.” No começo, não entendi uma vírgula do que falava, só que depois, quando li um dos convites, soube do que se tratava.” Seu olhar estava vago, como se estivesse revivendo a cena. “Literalmente caí da cama, gritando palavrões enquanto Izaya ria, divertido com a situação toda. Me explicou que já vinha planejando o evento há dias, mesmo antes da proposta.” Fez uma longa pausa. “Ele queria se vestir de noiva.”

“Isso não ia e nem vai prestar.” Tomou ar, tentando reprimir um grito de horror quando imaginou o informante em um vestido de noiva, entrando no local, seja qual for, da celebração, sendo guiado por sua secretária furiosa, enquanto o moreno sorria maldosamente. Shizuo estaria no altar, de terno, talvez chateado pela demora, ah, por que Orihara ia demorar muito apenas para infernizar o noivo e os convidados. Então ficariam um ao lado do outro, enquanto Erika celebrava o casório. Ou Shinra. [“Isso não é legal de se imaginar.”] “Por mais louco que ele seja, duvido que se vista como noiva.”

'Hum, nunca duvide daquele parasita. Oh, Tom-senpai, obrigado por me escutar.” Colocou  a mão no bolso e de lá tirou um envelope negro, estendendo-o ao homem baixinho. Pelo jeito, era tal convite da cerimonia.

“Estou aqui pra isso.” Pegou o papel com a ponta dos dedos, como se aquilo fosse queimá-lo. O loiro sorriu de lado.

“Nos vemos lá, então.” Despediu-se e partiu.

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Ikebukuro.
Kanto. Japão
Local indefinido por questões de segurança.

09:15 da manhã

“Izaya-san, que surpresa.” O homem de jaleco branco estava sentado de pernas cruzadas na frente do mais novo. "O quê o trás aqui a essa hora?"

"Shingen-san..." O cientista percebeu a estranha timidez de Orihara, parecia está tentando lembrar de alguma discurso ensaiado enquanto falavam. "O quê me diria caso eu propusesse uma chance de estudar a minha mente e o corpo do Shizu-chan?" Podia não ver a face do pai de Shinra, mas, sua reação de segundos entregou a surpresa. 

"Hum, eu estranharia, não nego, porém, não recusaria. Dependendo do quê iria ter quê fazer e o quê ganharia em troca." Ajeitou a máscara. "Pare de rodeios, não faz seu estilo. Conte-me o quê deseja."

"Quero que se junte a uma pessoa e me faça engravidar." Foi simples e direto no objetivo. Shingen gargalhou alto. "Não ria, estou falando sério." E de fato, estava. O sorriso de deboche fora substituído por uma face séria e concentrada. 

"Oh. E o quê eu ganharia em troca de realizar isso? Aliás, com que meios?" Desafiou, cruzando os braços e analisando o menor. 

"Eu já tenho os meios. Possuo relatórios de experiências parecidas, experiências que deram certo. Posso oferecer-lhe tudo, incluindo Celty." Parecia ansioso, como se no fundo, mesmo não demonstrando, quisesse acabar logo com aquilo, recebendo um sim, é claro. 

"Oferta tentadora." Pareceu ponderar por alguns minutos. "Você disse, "Shizu-chan, refere-se a Heiwajima Shizuo, seu jurado "inimigo"? Pretende ter uma criança com ele?" O moreno sorriu, uma sombra passando por seu rosto.

"Ele não sabe." Os dois deram de ombros, a opinião do loiro não importava. "Ah, não vim aqui só por isso. Vim convidá-lo para meu casamento." 

"Com ele?"

"Sim."

"Pretende formar uma família?" Comentou sarcasticamente.

"Não, pretendo criar um clone meu em tamanho pequeno pra infernizar meu futuro marido." Retribuiu na mesma moeda, arrancando um riso sinistro.

"Se é assim." Estendeu a mão. "Aceito a oferta. E a quê horas e quando será o casamento?" 

"Fecharemos negocio depois. Será hoje, ás oito. Aqui o convite." Entregou o envelope e partiu, tendo um pequeno sorriso natural nos lábios.

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Ikebukuro.
Kanto. Japão
Apartamento de Orihara Izaya.

09:10 da manhã
 

“Vocês vão casar?” Namie ergueu uma sobrancelha, cética. Estava sentada no sofá, folheando um livro qualquer sobre medicina, quando foi abordada por um sorridente informante. “Tá de sacanagem?” Seu empregador gargalhou, rodando na cadeira giratória do escritório.

“Claro! Digo, não é sacanagem, eu vou mesmo me unir por laços matrimoniais.” Agitou os braços, parando de girar, como se fosse a notícia do século. “Nós vamos casar hoje!” A garota continuou apática, embora, no interior do seu ser, estivesse em completo estado de horror. Ficava imaginando se teria que aguentar aqueles  desgraçados debaixo do mesmo teto, mesmo que por pouco tempo,  já que havia uma alta probabilidade de alguém sair morto dessa convivência curta. [“Que fosse Izaya.”] Pedia mentalmente. “Isso não é ótimo?”

“Maravilhoso!” Ironizou, bufando. Duvidava profundamente da noticia, mesmo sabendo da existência do estranho relacionamento que já durava três longos anos. Até por que seria difícil não perceber que os lendários de Ikebukuro estavam fodendo, principalmente pra quem trabalhava no mesmo ambiente em que eles faziam suas “atividades” noturnas . (Que não eram só noturnas) Ainda lembrava do susto que levou quando encontrou os dois dormindo no chão, isso mesmo, no chão da sala. Tirando que, semanas antes, no lixo, vários preservativos usados eram fáceis de ser encontrados entre os objetos jogados fora. “Estou escalada para tal cerimônia?”

“Hum, nunca pensei que se auto-convidaria...” Parou de girar, a encarando. A mulher corou, jogando o livro na direção dele. O homem se abaixou, desviando do projetil. “Tsc , tsc, você é tãoooo violenta. Olha, se eu não fosse casar com o Shizu-chan, casaria com você, Namie-san!” Dessa vez algo mais macio veio na sua direção, uma almofada.

“Não estou me auto-convidando, bastardo! E não quero casar com um ser como vós! Nunca quis e nunca irei!” Ralhou, disfarçando a vergonha com falsa chateação. “Aliás, você é bem masoquista.” Orihara sorriu.

“Acha mesmo?” Respondeu com tom sarcástico, rodando o canivete entre os dedos. “Eu me acho bem sádico, creio que se lembra o porquê.” Lambeu os lábios, fazendo-a corar devido a uma lembrança ruim. Um flagra, pra ser específico. Depois daquela manhã, a garota passou a chegar muito tarde no trabalho nos dias em que sabia quê Shizuo estava de folga.

“Você é retardado.” Se levantou, indo a cozinha atrás de um chá de camomila para acalmar-se, por que se não fizesse isso, acabaria cometendo um assassinatos. De novo. Por pura provocação, o informante a seguiu, se encostando no balcão enquanto ela preparava o quê ia tomar. Por poucos segundos, um silêncio se instalou entre os dois, sendo quebrado pelo irritante dono da casa.

“Convidei seu irmão por e-mail.” A ex-cientista estava de costas, porém, Izaya percebeu o leve desconforto.

“Ele não vai.” Colocou a chaleira no fogão, procurando entre os armários os pacotinhos de chá. “Não irei deixar, além disso, duvido que ele se desse o trabalho de presenciar essas... essas impurezas.”

“Hahahahahaha! Olha, se não fosse apaixonada por seu maninho, pensaria que era uma mãe super-protetora. Super-protetora e incestuosa.” Deu de ombros. “Hum, pensando bem... será que seria tão nojenta a ponto de desejar seu próprio filho? Não, acho que não. Creio eu, em minha “inocência”, que não chegaria a esse ponto, no minimo, mimaria demais Seijin. Mais do que já faz.”

“Pelo menos, eu daria uma mãe regular, caso fosse uma, muito diferente da sua, que não soube te criar como gente. O pior erro da vida dela foi te ter. ” Atacou. “E te manter vivo.”

“Minha “progenitora” é uma criatura humana como tantas outras, comete erros... Se a ex-farmacêutica não estivesse tão concentrada em buscar o resto dos ingredientes, teria percebido a forma amarga como Izaya a respondeu. “O castigo dela é que, acho, não irá ter netos.” Pareceu brevemente distante. “Ela costumava comentar que desejava isso.”

“E suas irmãs?” Adicionou alguns cravos a água.

“Lésbicas.. ou quase.”

“Parece que é você que terá que dá a luz ao netos que sua mãe quer.” Provocou, e tudo o recebeu foi um silêncio prolongado. [“Hm?”] Virou-se, observando a figura concentrada a sua frente. [“Ele parece pensativo, será quê...?”}

“Namie-san...” Chamou-a, sério. “Você fazia muitas pesquisas bizarras na época que estava no comando daqueles laboratórios, então, diga-me, existia alguma pesquisa para fazerem...”

“Para fazerem homens engravidarem?” Ele balançou a cabeça, positivamente. Derramou a água na xícara que pegara no armário, pondo o sache de camomila dentro. “Pesquisas, não.” Sorriu cruelmente, tendo prazer em relembrar sua época mais feliz. “Fazíamos experimentos.”

“Experimentos?! Wow! Algum êxito?” Os olhos vermelho-sangue brilharam com algo indefinido. “Alguma gestação duradoura?”

“No máximo, conseguimos que a gestação durasse sete meses, mas, a cobaia morreu e levou a criança consigo. Ocorreram várias complicações na saúde do adolescente, já que ele não costumava nos ajudar. Acabou não aguentando os fortes remédios e as dores ocasionais das cirurgias. Vivia ignorando nossas instruções, tentando fugir, além de ser muito jovem, talvez quinze ou dezesseis anos. Era um rebelde...” O moreno soltou um “ah'.  “Rebelde” era um eufemismo. Um código para prisioneiros revoltados.  Seu antigo laboratório realizava estudos ilegais, usando cobaias humanas trazidas contra a vontade. “É impressão minha, ou parece interessado no assunto?! Meu Deus! Quer mesmo ter filhos com seu futuro marido?”

“E aumentar a descendência daquele monstro? Nunca!” Zombou, colocando as mãos na frente do corpo, como se estivesse se defendendo. “Não sirvo pra formar uma família e pouco me importa se conseguiu fazer meninos engravidarem.” A menor riu, debochando.

“Sério? Que eu lembre, foi você quem perguntou sobre esses estudos e não está com muitos minutos.” Cruzou os braços, sorrindo de canto. “ Sabe, se me der verbas, posso usar meu conhecimento para te fazer engravidar. Claro que existe uma chance pequena de morrer durante o processo.” Informou com prazer. “Bem, uma chance não tão pequena assim, porém, vendo que você é mais velho que a maioria das pessoas que usávamos, seu corpo deve ser mais resistente.” Persuadiu.

“E por que iria fazer isso? Engordar, aguentar a doença matinal, ter que passar por dezenas de cirurgias, remédios e ter meu corpo rasgado numa cesariana para deixar mais um ser humano vir ao mundo cruel? Parece lindo. Lindo e filosófico, entretanto, não me é atraente.” Serviu-se de uma xícara também, desconfiado da bondade repentina da outra. “Aliás, por que diabos eu iria querer engravidar daquele protozoário?”

“Considere meu presente de casamento.” Bebeu um gole do chá. “Não sei, afinal, por que engravidaria do homem com quem vai casar, sei lá, tipo, não tem nada haver, não é? Vocês nem irão formar uma família. Olha,  não precisa ser do Heiwajima, basta achar um doador de esperma. Esse processo não envolve, necessariamente, sexo. ” O outro pareceu ponderar. [“Ele está, de verdade, pensando em fazer essa loucura? Que... interessante.”]

“Isso é muito bizarro! Dispenso seu presente.” Mentiu. “Não me vejo um pai muito... responsável. Nem o Shizu-chan.”

“Hum.. ok. No entanto, seria interessante, não acha? Um descende seu e do “fortíssimo” de Ikebukuro. Que espécime! ” Analisou as unhas, fingindo não está super-ansiosa para que Orihara aceitasse a ideia e ela voltasse a exercer o quê gostava. “E lembre-se, um dia você vai morrer. Por que não arranjar alguém com seu DNA para continuar o serviço de “observar” humanos?!” Bingo! O maior saiu da cozinha, pegando o casaco em cima do sofá e saindo. Antes que ele fechasse a porta, a secretária perguntou, em um misto de surpresa pela ação repentina e curiosidade, onde ele iria.

“Pensar.” Foi a resposta curta e grossa. A secretária terminou o chá, rindo para si mesma. Em breve, talvez, veria um mini-Izaya ou um mini-Shizuo correndo pelo apartamento. Ou, quem sabe, não. O processo era complicado e exigia muitas coisas, existiam chances enormes do informante morrer, não que ela se importasse.

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End. 


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Notas finais do capítulo

Obrigado.