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- Como vai, Inoue? – Tentei puxar assunto, mas sou péssimo nisso.

Talvez eu devesse ter poucos amigos por esse meu defeito, mas é estranhamente o contrário. Eu poderia criar dois times de futebol inteiros só com os meus colegas, com direito a time reserva e um estádio cheio. Certo, talvez eu esteja exagerando um pouco.

- Eu estou bem como sempre, Kurosaki-kun – Nossa eu quase esqueci a garota em minha frente.

Bem... Inoue é uma menina muito delicada e amável; Cabelos longos e alaranjados; Olhos roxos que transmitem uma sinceridade impressionante; Corpo escultural e muito bem desenvolvido. Resumindo: Linda. O sonho de todo homem, menos eu.

Mas não vão entender errado, eu sou homem sim! Apenas não sinto atração por ela, sabe? Acho que prefiro as morenas.

- Posso ir com você até a escola, Kurosaki-kun? – Isso seria uma cantada, Orihime? Se Rukia estivesse aqui, com certeza teria me mandado recusar.

- Claro! – Mas como ela não está, aceitei mesmo! Nem ligo.

Ela deu um grande sorriso – Que faria metade dos homens da terra terem sangramento nasal – e fomos caminhando devagar.

O caminho até o colégio foi calmo. Inoue tentava puxar assunto comigo, mas eu inconscientemente respondia sem interesse. Juro que eu queria responder da maneira correta, mas como você responderia “Acho que hoje vai chover”? Sinceramente, dou um milhão para quem conseguir responder isso de forma animada.

Chegando ao colégio, minha primeira reação foi procurar Rukia com os olhos. Infelizmente fracassei e ainda deixei Orihime chateada – Ela percebeu –. Inoue tem um dom irritante de perceber as coisas, aposto que vai virar uma brilhante detetive. Será que ela acharia a morena para mim?

- Preocupado com a Kuchiki-san? – Perguntou a garota para mim. Ela já sabe a resposta, então por que pergunta?

- Não... – Menti descaradamente.

- Aposto que ela está bem – Viu? Ela continuou, e sabem por quê? Porque ela já sabia da resposta. Inoue bruxa, bruxa! – Por que não pergunta ao Abarai-kun? Ele é vizinho da Kuchiki-san.

Senti-me como se descobrisse que “Dois mais dois são quatro”. Como pude esquecer este detalhe? Ichigo burro, burro! Duas semanas de sofrimento em vão.

- Eu sei... Perguntarei hoje – Fingi que já sabia. Poxa, preciso manter minha imagem de garoto esperto e legal – Obrigado Inoue.

- De nada – Lá vem mais um sorriso, cuidado rapazes – Agora vou falar com o Ulquiorra-kun. Até logo, Kurosaki-kun.

Ulquiorra? Aquele bobão filho de um grande maquiador? Não, obrigado. Sinceramente, esse cara me da nos nervos. Além de ser inteligente, bom nos esportes, popular e bonito – Na visão das garotas, claro – ele ainda se acha! Existe cara pior que ele? Tenho vontade de surrá-lo.

- Até... – Usei meu tom mais irritado. Não, eu não estou com ciúmes, mas vê-lo babando em cima da Orihime não é legal.

Eu deveria explicar a aparência do bobão? Preciso mesmo fazer isso? Mas que droga. Deixe-me ver; Cabelos curtos e escuros; Olhos verdes esmeralda; Corpo magro e nem um pouco atlético; Pele um pouco clara demais. Chega! Isso foi a coisa mais nojenta que já fiz.

Ótimo, agora ele notou que eu o observava, e o pior, está vindo até aqui! Provavelmente acha que eu troquei de time, se duvidar ele veio me dar uma cantada. Hoje só pode ser o meu dia.

- Perdeu algo em meus lindos olhos, Kurosaki? – Impressão minha ou ele está me provocando? Ótimo, eu queria mesmo bater nesse idiota.

- Apenas estava reparando em como eles são ridículos – Certo, eu podia ter devolvido com uma melhor. Droga de criatividade! Eu te odeio.

- Então você estava reparando em meus olhos? Mudou de time? – É ele estava mais criativo que eu. Socorro! Perderei se continuar assim.

- Por quê? Vai investir se a resposta for positiva? – Falei sem medir as conseqüências. Essa conversa ficou estranha, é melhor eu encerrar na próxima fala.

- Talvez... – Sorriso malicioso, lábios umedecidos. Ele estava falando sério?! – Brincadeira! Eu gosto apenas de garotas – Sei não rapaz, agora tenho minhas dúvidas.

- Tanto faz... Agora preciso encontrar o Renji... – Sai do local, deixando-o sozinho. Fale com o ar, bobão.

Encontrar Renji era minha prioridade no momento. Humilhar o chorão maquiado era legal, mas podia esperar. Passei os dedos pelos meus macios e brilhantes – Certo, talvez nem tanto – cabelos alaranjados, e comecei a procurar o tatuado com os olhos. Onde ele se meteu?!

Bem, Renji é líder do clube de basquete, talvez esteja na quadra, certo? Sorri com a minha brilhante dedução, sou mesmo muito esperto.

- Kurosaki! – Viro para ver quem me chamou; Ishida Uryuu. O que esse chato quer comigo? Estou muito ocupado.

Ishida é o típico magricela fofoqueiro. Quer saber se o fulano terminou com o sicrano? Ele sabe. Quer descobrir se o pai do beltrano comeu arroz hoje? Ele sabe! Quer saber se a Maria bateu no José? Ele sabe...

Bem, vamos – Para minha infelicidade – descrever o Uryuu; Cabelos negros meio azulados; Olhos parecidos com o da Orihime, apenas um pouco mais escuros; Corpo fraco e magro; Altura mediana; Óculos quadriculados, sempre escorregando de seu rosto. Resumindo: Uma criatura esquisita.

- O que foi? – Tento transmitir toda minha raiva e aflição nessa frase, e acho que consegui.

- Ocupado? – Pergunta-me o quatro olhos. Claro que estou seu chato, larga do meu pé.

- Não... – Minto descaradamente outra vez. Se eu falasse tudo que penso, não teria amigos.

- Que bom! Sabe... Renji está no hospital – Lá vem ele e suas fofoc... ESPERAI! Renji? Hospital? Ele fica doente bem quando preciso dele, maldição!

- Droga... O que ele tem? Eu precisava falar com ele – Aquele abacaxi vermelho ainda me paga. Onde já se viu? Ficar doente justo hoje!

- Ele? Nada... – Como? Estou com os ouvidos danificados? Ele não acabou de dizer que o Abarai estava no hospital? Uryuu mentiroso! – Foi apenas visitar a Kuchiki... Ela está hospitalizada, não sabia?

- Ah bo... O QUÊ? – Como? Onde? Quando? Então era por isso? POR QUE NINGUÉM ME AVISOU?!

Continua.