O Último Relato De Dominique Weasley escrita por MahDants


Capítulo 3
Rose, Roxy e Louis




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Rose, minha linda, pegue a carta.

Subi as escadas correndo, entrando como um furacão no dormitório. Quando entrei no meu quarto, Rose já estava com as vestes da Grifinória, arrumando-se para sair dali. Seus cabelos estavam como sempre: completamente ousados e bagunçados. Eu apostaria uma bolsa que era exatamente assim que Scorpius Malfoy mais gostava do cabelo da minha prima, como se ela fosse uma fera indomável e que ele tivesse a obrigação da amansiá-la.

Percebi naquele segundo o que faria pra me despedir do próximo item da lista: Rose Weasley.

"Você está parecendo uma mendiga!" comentei. "Como pretende dar uns pegas no Scorpius dessa maneira?"

"Não pretendo" ela revirou os olhos. Ela esticou as meias 3/4 na perna esquerda enquanto me respondia.

"Não sei o porquê"

"Quer meus motivos em ordem alfabética?" ela ofereceu. "Ele é metido, idiota, hipócrita, acéfalo, entre outras coisas"

"Não está em ordem alfabética"

"Eu sei" ela revirou os olhos.

Ela se levantou para sair pela porta, mas a impedi antes que o fizesse de fato.

"Deixe-me te arrumar"

“Nikki, outro dia” ela pediu tentando passar pela porta.

“Não, você vai sentar aí nessa cama” ordenei. “E esperar caladinha o fim do meu trabalho”.

“Por Merlin! Eu não comi ainda, vou chegar atrasada!”

“Um dia só não mata” falei.

“Mas eu não jantei!”

“Você não vai estragar os meus planos, ruiva” rosnei e ela se encolheu, sentando na cama lentamente. “Boa menina”

Ela revirou os olhos azuis e esperou. Deixei-a de calcinha e sutiã enquanto trabalhava no seu uniforme. Cortei a saia alguns poucos centímetro e troquei suas meias 3/4 por uma meia calça fina e transparente, presente de despedida de Dominique Weasley. Também repassei para ela minhas sapatilhas pretas, que eu quase nunca usava.

"Não sei pra que isso tudo" ela comentou. "Se no final eu colocarei a capa por cima de tudo isso"

"Esse é o ponto, priminha" eu disse procurando algo nas minhas coisas. "A capa só é obrigatória em horário de aula, então você só vai colocá-la quando entrar em sala"

"E vou ficar carregando a capa pra cima e pra baixo pela escola?" ela debochou.

"Não" respondi sorrindo para minha caixinha de acessórios.

Eu tinha cinco em especial ali, que eram mágicos. Mamãe os enfeitiçara. Peguei um colar em formato de coração pequenininho e o abri. Com a outra mão, coloquei a capa lá dentro.

"Feitiço de extensão" comentei e sorri. "Pode pegar a capa quando quiser"

"Não quero ser a diferente aqui, Dominique"

"Mas por hoje você vai, ruiva"

Os seguintes minutos foram extremamente divertidos. Todo tipo de maquiagem que tentava colocar nela, ela reagia de um modo diferente. Quase furei seu olho com o rímel porque ela não parava de piscar, mas no fim ela estava linda. Natural, mas com a beleza amplificada.

Pintei suas unhas de vermelho, e lhe dei uma pulseira de presente. É presente, Rose, ouviu? Se você não usar, puxo seu pé de noite.

Seu cabelo eu decidi deixar do jeito que Scorpius gosta. Penteei apenas os fios de cima, deixando as pontas cacheadas e cheias. Coloquei uma presilha do lado esquerdo do seu cabelo e o direito continha a franja que teimava em cair em seus olhos.

Ao olhar para o espelho, ela choramingou:

“Eu... Eu... Eu estou... Parecida com você!”

“E por que está se lamentando? Eu sou diva, meu bem”

“Só que não em, prima?” ela brincou e continuou a se analisar, sorrindo por fim. “Obrigada”

“Por nada” disse e lhe ofereci a mão. “Vamos pra aula?”

“Yep!” ela respondeu sorrindo e pegando minha mão.

Aquilo não me parecia falso, mas eu não podia deixar me enganar. Era só Alice aparecer que ela sumiria e, minutos depois, voltaria como se não tivesse acontecido nada.

Mas de Rose eu não conseguia ter raiva.

“Eu te amo, Rose” eu disse com lágrimas nos olhos após descer as escadas.

“Também te amo”

Não, não amava. Eu estava cansada daquilo. Tão cansada! Ela precisava parar de fingir que tudo estava bem. Que ela não havia me trocado por Alice. Parar de fingir que tudo estava exatamente como antes, porque não estava.

“Eu sei” respondi com a voz fraca e, por azar, ela percebeu.

“O que foi?” ela me parou assim que passamos pelo retrato da mulher gorda.

“Nada” respondi enxugando as malditas lágrimas. Merda.

“Eu não vou te forçar a falar” ela falou.

“Obrigada”

Continuamos andando em silêncio por alguns segundos, e descemos as escadas, até que ela comentou:

“Eu tô me sentindo muito gata, Nikki. Olha os olhares que estou recebendo!”

“Você sempre foi, Weasley, só escondia isso pela capa” uma voz fria e arrastada disse, cheia de arrogância no tom. "E olha... Nunca pensei"

Viramo-nos de costas e encontramos Scorpius Malfoy olhando fixamente para as pernas da minha prima, que abaixou a saia, um pouco desconfortável. Descarado. Digo, o Malfoy.

"Pare com isso"

"Não gosta do efeito que minhas palavras te causam?" ele disse lentamente, quase num sussurro.

“O que um sonserino faz aqui no sexto andar?” ela perguntou.

“Não te devo satisfações” ele disse.

“Ótimo, então dê o fora, Malfoy” ela retrucou. “Tô sem paciência hoje”

“Só hoje, cabeça de cenoura?” ele perguntou num sussurro e se aproximando do rosto dela. “Todos os dias você está de mau humor... O que é isso? Falta de namorado? Se quiser, eu posso cuidar disso” ele ofereceu e ela corou.

“Cale essa boca” rosnou.

“Bom, acho que não suportaria te namorar. Mas uma noite... Imagino que não tenha problema. Se quiser, sabe onde me achar” falou e piscou pra ela, saindo em seguida.

“Ele não se toca?” ela reclamou quando recomeçamos a andar.

“Rose, minha querida, posso te falar uma coisa?”

“O que?”

Vocês ainda vão namorar

Ela ia retrucar, mas ergui uma mão e tampei sua boca. Fiz que não com a cabeça e saí correndo. Aquela tinha que ser a última frase dita por mim para ela. Por isso, deixei-a sozinha e corri para as masmorras, pronta para minha aula de poções com a Lufa-Lufa. Rose... Passa a carta para Roxy.

Vi Roxanne sentada sozinha, encarando seu livro e esperando o professor chegar. Corri até ela e sentei-me ao seu lado. Próximo item: uma aula divertida de poções com minha querida prima maluca.

“Hey Roxy” a cumprimentei.

“Não vai sentar com a Rose hoje?” ela indagou estranhando.

“Nope!” respondi. “Vou tentar fazer uma poção com você!”

“Vamos colocar fogo nesse lugar” ela riu.

“Tô sabendo”

Ela começou a rabiscar o pergaminho e fiquei encarando Rose se sentar com Alice, do outro lado da sala. Típico. Mudei a direção do olhar e encontrei Jonah Stone do outro lado da sala, com sua gravata amarela e preta ajustada no pescoço. Ficamos no ano passado. E, nossa, como de um ano para o outro ele conseguiu ficar tão gostoso?

O professor Slughorn chegou, acabando assim com os pensamentos impuros que já se formavam em minha cabeça. Ele está tão velho! Digo, o professor... Soube que ele ensinou aqui na época do tio Rony e imaginei se já nesse tempo ele tinha pelancas em baixo do braço. Eca!

“Bom dia grifinos e lufanos” ele disse entusiasmado. “Hoje vamos revisar sobre a poção Amortentia e vamos prepará-la!”

“De novo, professor?” perguntou Susan, uma grifina. “Tivemos exatamente essa mesma aula no começo do ano letivo”

“Mas não preparamos a poção” retrucou um lufano.

“Senhorita Summer, sim, tivemos essa aula. Mas imagino que a maioria dos seus colegas tenha esquecido como se faz, e vocês precisam ir para o sétimo ano sabendo sobre essa poção. A senhorita pode me dizer o que é Amortentia?” ele pediu e ela balançou a cabeça negando. “Pois bem. Alguém aqui pode me dizer que poção é essa? Senhorita Weasley?”

“Qual delas?” brinquei e Roxy riu baixinho ao meu lado.

“Pode ser a senhorita” ele disse. É claro que ele se referia a Rose, mas...

“Amortentia é a poção do amor, certo?” falei incerta.

“Pode incrementar a explicação?” ele pediu.

“O cheiro dela muda para cada pessoa?”

“Pode falar algo mais?” ele pediu.

“Hum... Calma, eu sei” disse rindo. “Não, não sei”

"Rose?"

“Amortentia significa tentação e é a poção do amor mais poderosa que existe. Pode ser facilmente identificada pelo brilho perolado, pela fumaça que solta e pelo seu cheiro que varia de pessoa pra pessoa de acordo com o que mais a atrai. É também a poção mais perigosa que existe, porque pode levar a pessoa que a bebeu a fazer loucuras pela paixão obsessiva”

“Você falou da fumaça que ela solta... Pode descrever?”

“Hum... Não, senhor” ela disse em tom de desculpa. “A única coisa que me lembro é que sobe em espirais características”

“Correto! Muito bem, senhorita Weasley” o professor elogiou. “Dez pontos para a Grifinória pela excelente explicação. E mais cinco pontos pela introdução de Dominique Weasley”

“Que fofo!” exclamei brincando. “Obrigada, fessor”

“Você” começou Roxy sussurrando em meu ouvido. “Tem problemas mentais”

“Eu sei” sussurrei de volta e pisquei pra ela.

“Quero cinco voluntários para comprovar a teoria” pediu o professor e eu automaticamente levantei a mão.

Rose também foi, junto a dois lufanos e uma lufana. Eles descreveram o cheiro que sentiam e eu tive que reprimir a risada, assim como metade da sala, quando Rose descreveu o cheiro do Malfoy. E ela ainda diz que não ama ele... Quando eu fui descrever, senti minhas bochechas esquentarem, mas mesmo assim disse:

“Eu sinto cheiro de perfume masculino extremamente caro, diretamente de Paris. E sinto cheiro de biscoitos da minha avó... Não estou apaixonada pela vovó Molly, estou?”

“Não, senhorita Weasley, os biscoitos são algo que te agradam. Ou eles podem estar relacionados a alguma lembrança” o professor explicou algo que eu já sabia. “Pode se sentar”

Eu obedeci e, assim que me sentei, senti o olhar de Roxy no meu rosto, mas eu não ia olhar de volta. Ela sabia de quem era esse perfume extremamente caro de Paris. Eu mesma trouxe de lá quando fui visitar meus avós. E eu dei pra ele, na frente de todo mundo. No Natal. Quando todo ano vovó Molly assa biscoitos. Merda, Roxanne sabia.

Parando pra pensar agora, foi bobagem ter me preocupado com isso hoje de manhã, em minha conversa com Molly. Afinal, em algumas horas estarei morta e amanhã esse pergaminho estará vagando pelo mundo e todos saberão de quem se trata.

De qualquer modo... Onde eu estava? Ah, sim, na aula de poções com Roxanne: o quinto item da lista. Então tá.

O professor advertiu que nunca devemos usar essa poção, por ser extremamente perigosa, e colocou as instruções no quadro, mandando nós prepararmos apenas um caldeirão por dupla. Olhei pra Roxy e sorri. A diversão iria começar.

“Podem começar” anunciou o professor.

“Roxy... Você tem alguma noção do que seja Ararambóia?” perguntei.

“Não” ela respondeu e eu ri. Erámos uma negação “Deve ser uma cobra”

“Cobra verde!” lembrei. “Então tá... Temos que pegar a pele dela, picar, colocar no caldeirão e esperar vinte minutos”

“Você pica”

“Não! Vai estragar minhas unhas...”

“Dominique, você tem a vida todinha pra deixar suas unhas impecáveis” ela disse e senti mais uma pontada no coração. Eu não tinha a vida todinha.

“Talvez” disse sorrindo fraco. “Mas você quem vai fazer isso!”

“Eu te odeio”

“Que linda!” eu disse e observei ela picotar aquela pele nojenta e verde de cobra.

“Você joga no caldeirão!”

Com uma cara de nojo, peguei a pele picotada e joguei no caldeirão. Enquanto esperava os vinte minutos passar, eu e Roxy engatamos uma conversa sobre bichos nojentos. Definitivamente eu entendo o tio Rony por ter medo de aranhas. Aquelas coisinhas são nojentas demais.

Bom, tiramos o caldeirão do fogo e demoramos um tempo pra decifrar que Acônito era uma flor roxa. Sinceramente? Ela parece uma boca com a língua pra fora. Enfim, eu joguei a flor lá dentro e mexi no sentido horário. Meus braços já doíam quando a poção atingiu um tom lilás. Que fofo! Colocamos o caldeirão no fogo novamente e adicionamos bezoar. Tá, eu não vou colocar todas as instruções da poção do amor mais poderosa do mundo aqui. Já deu pra entender que somos uma negação e que foi extremamente divertida essa aula com a Roxy. Só pra constar, nossa poção ficou com cheiro de peixe podre. É triste. A última poção que fiz não ficou legal. É a vida, certo?

“Qual a próxima aula?” perguntei pra Roxy.

“Transfiguração com a Sonserina” ela respondeu. “Você vai fazer comigo também?”

“Vou sentar sozinha” respondi.

“Por quê?”

“Porque sim”

“Até depois”

E não esqueça de lavar as mãos! Você tocou em cobra morta, prima” alertei e sorri, acenando.

Observei Roxy sumir entre os alunos no corredor e aquela foi a última frase que minha prima ouviu de mim. Quando vi Rose rindo com Alice, não me aguentei. Fiz cócegas na pêra do quadro de frutas e entrei na cozinha, vomitando na primeira panela que encontrei.

Quero o Louis narrando agora.

Milhares de olhinhos brilhantes se viraram pra mim e em pouco tempo aquelas criaturinhas, conhecidas como Elfos Domésticos, estavam ao meu redor, me oferecendo qualquer coisa que eu quisesse.

"A senhorita está bem?"

“Dominique Weasley” falou um elfo com certo respeito. “A senhorita está bonita hoje”

“Obrigada” agradeci.

“Podemos ajudar em alguma coisa?” perguntou outro elfo.

“Eu só quero ficar sozinha por um tempo”

Então eles saíram de perto de mim cabisbaixos. Sentei no chão e deixei as lágrimas rolarem. Vou sentir falta de Roxy e talvez ela vá sentir a minha; assim como Rose. Eu queria tanto, mas tanto, acreditar aquilo tudo era real e voltar atrás.

Mas não tinha volta. Não tem volta. Hoje eu tive um dia feliz, é verdade. Mas nem todos os dias são assim e é muito cansativo ficar mendigando a atenção de todos. Suspirei e me recompus. Aproveitei que já estava ali pra pedir um favor.

“Hum... Com licença?” falei alto.

“Senhorita?” pelo menos cinco cabeças se viraram para mim.

“Posso pedir um favor?”

“Mas é claro, senhorita” respondeu um elfo. Ele tinha a voz engraçada.

“Eu preciso que vocês façam uma torta de morango e sanduíches de queijo e ovo. E suco de abóbora. Coloquem tudo isso numa cesta e deixem no pé de uma macieira próxima ao lago. Acham que conseguem fazer isso até meio dia?” perguntei e eles assentiram. “Obrigada! Ah, e... Um de vocês pode colocar uma faca... A mais afiada e maior que tiver... Na torre de astronomia?”

“Eu coloco” respondeu uma elfa sorridente.

“Obrigada” agradeci. “Coloque-a escondida embaixo de uma taboa solta, ok?”

Ela fez que sim com a cabeça e sorriu, então eu saí de lá. Subi as escadas esbarrando nas pessoas e fui direto para a minha aula de transfiguração com a Sonserina. Sentei sozinha, como tinha falado para Roxy. A professora Bloom deu sua aula, mas não prestei atenção. Não tinha importância.

Passei a aula escrevendo uma carta dizendo o quanto amava o papai, o quanto a minha mãe era uma inspiração pra mim e o quanto eu me orgulhava de ser irmã da Vic. Mandei um beijo pro Teddy, também. Aquela era uma carta suicida, onde eu desabafei tudo que eu queria e falei de cada um de vocês.

A aula acabou e matei a aula de História da Magia para ir ao corujal enviar as cartas. Passei um tempo pensando e depois fui até as masmorras de novo, esperar Louis sair da aula de poções dele.

E ele saiu. Só naquele momento percebi o quanto meu irmão tinha crescido. Ele está com quinze anos ainda, ok, mas mesmo assim... Ele está forte e bonito. E a bunda dele cresceu. Acho que se não fosse meu irmão, eu ficava. Ele sorriu pra mim quando me viu e eu desencostei da parede que esperava para ir falar com ele.

“Maninho!” o cumprimentei animada.

“Tua irmã tá gostosa, Weasley” sussurrou o amigo dele em seu ouvido.

“Eu ouvi isso” falei sorrindo pra ele. “Louis, diga adeus para os seus amiguinhos idiotas e venha comigo”

“Pra onde?” ele perguntou desconfiado, mas mesmo assim se despediu dos amigos e me seguiu.

“Você vai almoçar com sua irmã hoje” eu disse e antes de ele protestar, continuei: “Tem suco de abóbora”

“Droga, Nikki” ele resmungou sorrindo.

Fomos em silêncio até os jardins e depois até o lago. A cesta estava lá com uma flor vermelha em cima e um bilhete. Peguei o bilhete “Para Dominique Weasley. A faca já está lá em cima”. Amassei o papel e o escondi antes que Louis visse e perguntasse pra que eu queria uma faca.

Nos sentamos e Louis ficou com frescura, dizendo que as mãos iam ficar cheias de gordura. Sinceramente, às vezes eu acho que ele é gay. Mas aí me lembro de que ele foi criado por Fleur Delacour, né?

“O que você fez?” ele perguntou.

“Como assim?” perguntei enquanto terminava de comer meu sanduíche e indo pro segundo. Aquilo ia me deixar gorda no dia seguinte.

Não, pera... No dia seguinte eu estaria morta.

“Você não é tão legal assim”

“Nossa, Louis, me ame menos” brinquei. “Eu só queria passar um tempo com você! Sabe, como nos velhos tempos”

“Bem que a Lucy falou... Você pirou de vez!” ele disse.

“Assim você me ofende” falei e ele riu.

“Nikki, eu estava até querendo falar contigo...” ele hesitou.

“Fale”

“Me apresenta... Aquela... Aquela tua amiga Alice?”

“Ela não é minha amiga” murmurei.

“Mas vocês estão no mesmo ano”

“Você é pirralho demais pra ela” falei, já ficando zangada.

“Por favor...”

“O que faz ela tão especial?” explodi. “Já não basta perder a Rose pra ela, vou te perder também?”

“Não é isso, Nikki”

“É isso sim! Mas... Esquece. Eu não vou brigar contigo hoje”

“Você tá com ciúmes bobo!”

“Não é ciúmes, caramba!” falei irritada. “Só que você passa dias sem falar comigo e agora, age como se fôssemos lindos irmãos íntimos e unidos, como se tivesse o direito de me pedir algum favor"

"Era só um favor" ele revirou os olhos.

"Não vamos brigar hoje, por favor"

"Tarde demais"

"Louis, por favor"

"Escuta aqui, Dominique, se não somos 'íntimos' a culpa é sua. Quem é que é irritante e mimada aqui, uh? A verdade não parece tão boa quando se escuta, não é?"

Comecei a chorar. Abaixei a cabeça e comprimi os lábios, sentindo as lágrimas caírem.

"Na verdade, era isso que eu queria ouvir" confessei. "Por todo o último ano inteiro. Mas agora... Ela foi dita tarde demais"

"Tarde demais pra que?" ele questionou e chorei mais.

“Louis” eu suspirei e coloquei o prato de torta de morango no chão.

“Tarde demais?”

“Por favor” falei começando a soluçar.

“Tarde demais? Tarde...?” ele repetiu tentando entender os reais significados das minhas palavras. “Dominique, você não vai... Eu não consigo nem terminar a frase!”

“Louis...”

“Você não vai, vai?” ele perguntou com olhos cheios de lágrimas virados pra mim. “Por Merlin... Você vai”

“Não conta pra ninguém” pedi. “Não tenta me impedir”

“Nikki, você é minha irmã e tá pensando em... Em... Isso é absurdo demais pra se falar em voz alta!”

“Por favor, Louis”

“Eu não posso deixar”

“Por favor” pedi chorando mais ainda. “Por favor, não conta pra ninguém”

“Por favor digo eu” ele disse. “Você não pode fazer isso”

“Talvez eu não tenha coragem” disse tentando sorrir. “Mas me deixa tentar”

“Não!”

“Louis, você está estragando meu último dia feliz!”

“Dane-se” ele disse. “Esse não pode ser seu último dia!”

“Vem aqui” disse abrindo meus braços.

“Não pode ser...” ele repetia.

Sinto muito

Ficamos abraçados chorando por alguns minutos. Depois terminamos de comer em silêncio e eu levantei antes que ele começasse a chorar de novo. Essas foram as últimas palavras ditas a Louis Weasley, sexto item da lista, meu irmão.

*pausa de cinco minutos pra chorar*

Louis, você está lendo isso. Eu te amo. Por Deus, como eu te amo irmãozinho. Você deveria ter sido verdadeiro antes. Eu não vou morrer achando que você não me ama, achando que você me odeia por ser irritante e mimada. Eu sei que não é nada disso.

Não sei mais o que falar. Só passe a carta para o James.


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