O Último Relato De Dominique Weasley escrita por MahDants


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Então... O texto está em itálico, pois se trata da carta da Nikki (apelido para Dominique). Espero que gostem ^^



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/392217/chapter/1

Queridos primos, olá.

Primeiramente, quero todos os meus primos Weasley e Potter reunidos para ler esta carta. Juntos, ok? A carta vai ser iniciada por Molly e repassada entre vocês. Cada um lerá na sua vez, por favor.

Eu estou cansada. Estou muito cansada dessa rotina. Fingir por algumas horas que tudo está bem, manter a droga de um sorriso no rosto pela droga de aparência, para depois tudo voltar ao mesmo vazio de antes. Não se passa disso: uma farsa. Quem queremos enganar?

Há dias venho me perguntando na última vez. O último de tudo. Se aquele almoço fosse o último almoço com meu pai, será que ele continuaria fingindo que tudo estava ok, ou colocaria as cartas na mesa e resolveríamos aquilo de uma vez?

Eu sabia e não sabia. A incerteza me preenchia em cheio e eu não conseguia fluir meus pensamentos com clareza. Eu sabia que Rose Weasley era minha melhor amiga, além de prima. Mas nos últimos dias, ela estava andando muito com Alice Longbottom, tirando-me a certeza de uma amiga verdadeira. Sabia que meu pai me amava, mas nos últimos dias, ele não tem escrito nada pra mim, apenas pra Louis, tirando-me a certeza de ser importante pra ele. Sabia também que eu era uma excelente aluna, mas minha última nota em Transfiguração foi baixa, tirando-me a certeza de ser alguém brilhante.

A impressão que eu tinha é que o amor do meu pai, a amizade da minha prima, e meu esforço na escola era apenas uma farsa. Tudo fingimento. Tudo em vão. Um simples e fútil preenchimento nesse vazio, que no final não funcionará de nada, já que o vazio sempre retorna.

Era disso que eu tinha me cansado.

Fingimento, hipocrisia, incertezas.

A única certeza que eu tinha é que eu queria morrer. Por isso, desde que voltei do Natal, quando vovó Weasley me deu mais uma blusa de frio rosa com um D gravado e a neve deixava o ambiente frio de um modo agoniante, eu decidi que minha vida teria um fim.

Talvez isso fosse apenas mais um drama adolescente digno de uma filha de Fleur Delacour, mas eu realmente não via, ou melhor, não vejo mais felicidade nas pequenas coisas. Não sorrio mais ao sentir o calor do Sol batendo em meu rosto ao amanhecer, não sorrio mais com o vento gelado do outono bagunçando meus cabelos.

O pior de tudo foi perceber que eu não sorria mais ao saber da fofoca do ano, ou saber que a semana de moda de Paris estava chegando. Não sorria quando me pediam ajuda com o cabelo ou maquiagem. Não sorria quando um menino gato olhava pra mim. E mesmo se meus lábios se curvassem para cima, o sorriso não chegava aos olhos.

Na minha vida só havia o medo. Medo do amanhã, medo da vida e medo das pessoas. Medo dos acontecimentos que poderiam acontecer, das reações que poderiam suceder as ações.

Medo do limite do fingimento das pessoas.

A partir do momento que tomei a decisão, comecei a procurar meios de atingir a morte. Eu não conseguiria lançar um Avada Kedavra em mim mesma. Pensei em remédios, mas estava presa em Hogwarts, não teria como comprar nada. Uma faca seria legal. Talvez doloroso, mas imaginem todos comentando a morte da loira Weasley mais popular da grifinória! E como ela morreu? Com uma faca. Encontraram-na com sangue jorrando da barriga... Imaginem! Primeira página no profeta diário: eu com os cabelos lisos perfeitos e loiros jogados na cara, deitada no chão, e o Louis me sacudindo, pedindo desesperadamente para eu voltar. Meus olhos quase brilharam ao saber que serei o centro das atenções em poucos minutos. Quase.

Onde estou agora? Torre de astronomia. Isso mesmo... Foi aqui que Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore morreu. Na boa, isso não é um nome, é uma carta. Ok, Nikki, foco. Estou aqui, com os cabelos soltos e uma tiara rosa no topo da cabeça. Olhos azuis marcados por lápis preto e uma sombra rosa fraquinha. Meus lábios? Vermelhos como sangue. É... Eu me arrumei para morrer. Vou aparecer nos jornais, certo?

O único som que ouço é o da pena riscando o pergaminho e do vento gelado passando por aqui. O céu está lindo: estrelas brilham e daqui posso ver várias constelações. Pena que esta será uma noite trágica.

Daqui a exatamente uma hora, a faca estará enfiada em meu estômago e este pergaminho jogado ao lado esquerdo da minha cabeça. Ele estará enrolado com um laço rosa e meu perfume impregnado nele. Quero morrer às 03h05 – a mesma hora que nasci - no dia 12 de fevereiro – o mesmo dia que nasci. Estarei completando dezessete anos, maior idade bruxa. Lindo, não?

Estou aqui há duas horas e cinco minutos. E meu dia foi perfeito, quase me deu vontade de voltar atrás. Quase acreditei que tudo o que aconteceu fosse verdade, mas eu sei que não se passava de mais um fingimento cotidiano.

Não me entendam mal. Não estou chamando ninguém de falso. Estou apenas dizendo que ignorar uma briga, ou uma chateação estava me incomodando demais esses dias. Todas as pessoas fingindo, e acreditando no próprio fingimento, que coisas ruins não aconteciam.

Elas aconteciam. Aconteciam sim.

Mas por hoje, eu decidi ignorar isso. Decidi fingir que tudo estava bem, e só hoje eu fui feliz. Se eu morresse naquele instante, morreria feliz. Ops! Eu acho que vou morrer hoje. Então...

Essa não é uma carta suicida, queridos primos. Eu não vou contar os motivos que me levaram a morte. Não, claro que não. Isso seria muito trágico, certo? Podem ter certeza que não foi por ciúmes de Rose com Alice ou papai com Louis... Não quero que se culpem! Também não foi por causa de uma nota baixa. Tem muito mais atrás disso, muito mais. Porém desculpem-me, mas isso eu não vou contar. Os espertos talvez já tenham entendido a que ponto eu queria chegar.

De qualquer modo, contarei minhas últimas horas de vida; tendo um último dia feliz e fingindo que a vida era um conto de fadas.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Fui aprovada? É a primeira fic no universo HP que escrevo... Sabe, com bruxos e tal... Mandem reviews dizendo o que acharam! Beijos ;)
PS: Toda a fic já foi escrita, pois como já disse, era pra ser uma one, então, se querem o segundo capítulo, eu quero comentários.