The New Legends Of Hogwarts escrita por Annabel Lee
Jack Frost
- Jack, meu filho, você é mais poderoso do que pensa. Sabia disso?
A mãe dele estava sentada no sofá da mansão Frost, tricotando algum tecido preto e assustador. Ela encarava Jack com aqueles olhos cinzas completamente desfocados e estranhos. Em seus lábios, havia um sorriso obsessivo que fazia qualquer garoto de 10 anos chorar de medo.
Mas Jack não chorava.
- Sei, mamãe - ele respondeu, desviando o olhar da figura assustadora da mulher a sua frente.
- Oh, filho. Você não sabe. Pode fazer coisas extraordinárias... Pode dar um orgulho para a família... O que acha disto?
- Bom, mamãe.
Com o canto do olho, ele viu a mãe sorrir.
- Você pode voar, meu queridinho! Quer tentar voar?
Jack balançou a cabeça rapidamente.
- Não, mamãe - choramingou, assustando-se.
A figura alta se levantou do sofá.
- Ora, Jack... Não quer provar a todos que pode fazer o que quiser? Não quer ver seu poder?
- Mamãe...
Mas a grande mulher já o pegava no colo com suas mãos firmes e fortes. Espernear, gritar e se debater era inútil. Jack só podia manter os olhos fechados enquanto a mãe o levava para a janela da última torre da mansão Frost.
- Pronto, Jack? Vamos lá...
Ele abriu os olhos.
Não estava em casa. Não estava na janela, onde quase despencou se não fosse o pai. Estava visualizando o caos. Seus amigos corriam de chamas vivas, enquanto ele flutuava a centímetros do chão.
Rapunzel e Merida lançavam feitiços de ataque contra o dragão. Soluço gritava alguma coisa como "Banguela" ou talvez "Mandela", mas Jack se sentia grogue e tonto.
Com dificuldade, ele pôs os pés no chão. Olhou para o dragão negro à sua frente e tirou a varinha do bolso das vestes.
Não sabe de onde reuniu voz para gritar, mas fez isso.
- Merida!
A bruxa virou o rosto, e os cabelos ruivos ondularam como ondas do mar vermelhas. Ela estava cansada, suja e suas vestes estavam chamuscadas... Mas ainda parecia determinada a matar, se fosse preciso.
- Frost!
Ela correu em sua direção, mas o dragão virou-se. Havia escutado o gritos dos dois e sua atenção saiu de Soluço. Ele lançou mais chamas, que não atingiam Merida. Jack franziu o cenho. Como ela fez isso?
Merida porém parou de correr, assim como Jack parou de encará-la, quando alguém gritou.
- BANGUELA!
Todos se viraram. Soluço pulou em cima da carcaça do dragão (um pulo sensacional, Jack tem de admitir) e começou a... fazer carinho nele?!
Soluço esfregou o coro do dragão como se ele fosse um cachorro e, como tal, o bicho preto começou a abanar o longo rabo de réptil e pôs até a língua para fora.
- O que foi isso? - Jack perguntou para si mesmo.
. . .
Soluço
Soluço agiu por impulso, como já estava acostumado.
O incrível dragão não ouvia o que ele dizia e já estava prestes a lançar Merida e Jack pelos ares, se ele não tivesse feito aquela ação totalmente louca e perigosa.
Agora estava tudo bem, por enquanto. Banguela parecia mais calmo e todos os amigos de Soluço estavam inteiros e seguros. O único problema, talvez, era os destroços que deixaram sobre a misteriosa sala que nenhum deles vira em Hogwarts.
Depois de mais uma coçada bem dada na orelha do dragão, Banguela caiu no sono. E acabou derrubando Soluço nas pedras.
- Soluço! - era a voz de Rapunzel.
Os amigos vieram correndo para checar se ele não havia sofrido algum traumatismo craniano por ter batido nas pedras, e seus suspiros aliviados fez Soluço deduzir que não estava ruim de aparência.
Ele se levantou.
- E aí, pessoal?! - disse, sorrindo.
- "E aí, pessoal?!" - Merida repetiu, irritada - quase nos matou de susto, Strondus! Jamais faça isso.
- Cara, aquilo foi demais - Jack disse, mas seus olhos cinzentos estavam arregalados e alertas - foi uma boa descarga de adrenalina...
- Aposto que não foi adrenalina que te fez voar - Soluço disse, lembrando-se da visão maluca que tivera. Jack havia parado de cair a centímetros do chão, e ainda havia ficado um tempo de bobeira no ar.
O sonserino abaixou o olhar.
- Eu não sei como fiz aquilo - admitiu.
- Merida também não sabe como criou aquele escudo - Rapunzel disse - e eu não sei porque...
Todos olharam para ela, quando parou de falar no meio da frase.
- Não sabe porque... - disse Merida.
Ela balançou a cabeça.
- Depois falamos disso. Agora temos que sair daqui antes que ele acorde.
- Concordo com você, Punz - disse Jack - ficar aqui não é a estratégia perfeita.
Os quatro procuraram por uma saída e conseguiram encontrar uma porta de madeira na outra extremidade da sala. Em silêncio, caminharam até ela e se aliviaram ao encontra-la destrancada. Soluço começava a ficar extremamente cansado, a adrenalina já escorria de seu corpo junto com o suor.
Ele abriu a porta com cuidado e saiu, sendo seguido por Jack, Punz e Merida. Estranhamente, os quatro haviam parado em um corredor de Hogwarts próximo aos jardins. E a julgar pela paisagem lá fora, deveriam ser umas seis ou sete horas da manhã;
- Ficamos um tempo fora - Soluço sussurrou.
- Foi demais para uma noite só - ele escutou Rapunzel dizer, lamentosamente.
Era verdade. Presenciaram um massacre em Hogsmeade, quase se espremeram num túnel de ar e por pouco que não foram mortos pelo dragão da aula de Trato das Criaturas Mágicas. E somando tudo isso com o assassinato da garota grifinória e a doença da Penny... aquele ano não parecia nada seguro.
- O que vamos fazer? - Merida perguntou.
- Voltar para nossos Salões Comunais - Soluço respondeu - não podemos arriscar ser pegos de novo.
- Está com razão hoje, Espirro - disse Jack.
- Meu nome é Soluço, Frost.
- Dá no mesmo! Bom, eu vou voltar para o Salão da Sonserina. Até mais!
Eles observaram Jack seguir, com passos incertos, a frente no corredor. Soluço viu que estava estranho desde o ataque. Ele parecia... com medo. Seus olhos ficavam inquietos, como se esperasse ser atacado a qualquer momento.
- Também vou embora - disse Rapunzel - tenho aula de Poções hoje e não estou interessada em levar Detenção.
- Estou com você - Merida falou, suspirando - tenho jogo hoje.
As duas saíram juntas. Soluço as observou. E, cansado, teve que se retirar.
E algo na sua cabeça afirmava que havia algo de muito errado em tudo aquilo.
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