Capitulo Sete - Jack

Meu corpo estava rígido. As mãos tremulas. Gotas de suor pingando. E tudo por que? Pelo simples fato de que o dia que tanto esperava não chegar chegou.

–Rapunzel você... – Pânico. Essa era a única palavra que poderia me descrever no momento. Como contaria a ela tudo que aconteceu? – Você...

Parei subitamente.

O som do piar da águia de corona soou como uma doce melodia para meus ouvidos.

–Ela voltou – Já haviam se passado cinco horas, sendo que Corona deveria ter voltado a duas e por algum motivo não veio. Meu coração se comprimiu, alguma coisa estava acontecendo no reino.

–Ela? Ela quem Jack? Eu não estou entendendo absolutamente nada e exijo explicações! – Esbravejou a princesa. “Ela fica ainda mais linda com raiva.” Pensei.

–Acalme-se! Prometo que irei lhe contar tudo – Rapunzel me lançou aquele típico olhar de quem não se convenceu – E uma promessa minha não é nunca descumprida – Ainda não foi suficiente – Eu juro!

– Está bem – Respondeu- me vencida, porem com um pouco de irritação.

–Terei que ir agora, mas logo volto!

–Jack espere...

Não dei oportunidade para que ela concluísse e sai voando pela janela. A única coisa que pude ouvir foi:

–Será que você seria capaz de me salvar dessa prisão?

Aquelas foram palavras que fizeram meu coração palpitar. Essa era uma pergunta que insistia em me atormentar todas as noites: Como eu poderia salvá-la? O que eu deveria fazer?

Não conclui os meus pensamento, pois vi Corona e consequentemente fui até ela. A ave tinha penas vermelhas e amarelas espalhadas por todo seu dorso, sendo algumas vezes confundida com a grande fênix, pássaro mitológico que renasce das próprias cinzas.

–Seja bem-vinda de volta. Onde esteve? – Acariciei-a. Ela retirou a carta dos reis e entregou-a a mim. Logo em seguida levantou voo e desapareceu no céu.

“Jack perdoe-me pela demora.

Muitos problemas estão se alastrando por todos os reinos, uma misteriosa magia negra foi introduzida e por meio dela seres grotescos e medonhos estão tentando invadir os territórios.

Não lhe contarei tudo, pois o momento não é propício.

Tome muito cuidado, deverá desconfiar da sua própria sombra, algumas arvores podem estar os vigiando nesse exato momento.

Uma guerra esta prestes a explodir e Rapunzel terá que ser mantida a salva. Tente traze-la para o reino antes que algo pior aconteça.

Só mais uma coisa, o Príncipe Hiccup e a Princesa Merida estarão lhe auxiliando nisso. Desculpe por não ter lhe contado antes.

Nos veremos em breve.

Ass. Pedro”

Mal terminei de ler aquilo e sai voando, um plano já estava sendo traçado na minha mente para persuadi-la a sair. Mas não poderia demorar muito, pois como o próprio rei me alertou: Podemos estar sendo vigiados. O problema era como conseguiria algo assim.

–Rapunzel?– Falei assim que adentrei a janela da torre – Já voltei! – Ninguém respondeu – Rapunzel?– Admito que estava começando a ficar assustado – Onde você está?

Quando cheguei no centro do aposento e estava prestes a gritar novamente uma coisa, ou melhor, alguém caiu encima de mim.

–Há! Te peguei! – Gritou minha flor.

–Rapunzel! Que susto! Pensei que Gothel tivesse voltado e te levado embora – Falei enquanto olhava pro rosto dela, seu corpo estava sobre o meu e realmente aquilo era uma situação um tanto constrangedora.

–Quer dizer que ficou preocupado?

–C-claro – Senti minha faces ficarem rubras pela proximidade.

– De qualquer forma... Agora você sabe como EU me sinto quando você me assusta! – Falou enquanto apontava o dedo indicador pro meu rosto.

–Tá bem! Você venceu! – Me rendi – Agora poderia sair decima de mim?

Quando ela percebeu a posição que estávamos, ficou mais vermelha que um tomate e saiu rapidamente – Desculpe.

–Esta tudo bem – Respondi me levantando.

–Então...

–Então?

– Jack, posso te fazer uma pergunta?

– Acabou de fazer – Mesmo nas circunstancias do momento eu não poderia evitar isso.

–Há. Há. Há! Muito engraçado – Respondeu-me irônica – Por favor é serio!

–Desculpe – tentava segurar o riso em vão – Qual a sua pergunta Me Lady?

Senti que ela relutou um pouco antes de perguntar, mas logo em seguida despejou tudo de uma vez só.

–Eu quero ver as luzes flutuantes!

Me espantei com aquilo. Era esse o pretexto que tanto esperava para conseguir tira-la de sua “prisão”, como ela mesma intitulou.

–Você quer sair? – Perguntei só pra ter certeza que não havia escutado coisas.

–Eu sei que é errado, mas... É o que eu mais quero desde dos meus quatro anos! Por favor!

Abri um largo sorriso.

–Seria um grande prazer para mim Rapunzel.

Até mesmo um cego seria capaz de ver a alegria da princesa... E se não visse, com certeza escutaria.

–Obrigada! Obrigada! Obrigada! Você é o melhor amigo que eu poderia ter Jack Frost! – Me abraçou bem forte e depois foi pegar o quer que fosse para a viagem.

Minha princesa estava feliz.

Fiquei admirando-a enquanto arrumava tudo, cada movimento me fascinava, tudo que ela faz é com alegria e disposição, mesmo sendo um pouco desastrada, não perdia o bom humor. As vezes me pergunto... Se ela gosta tanto de mim assim, como sempre fala? Seria por que sou seu único amigo? Ou algo mais?

Mas antes disso, gostaria de entender a mim mesmo. Toda vez que a vejo, sinto meu coração bater mais forte, meu rosto fica vermelho, minha pernas balançam e apenas o som de sua voz se torna melodia para meus ouvidos. O que sinto pela princesa? Amizade? Não. É algo muito além disso. Amor de irmão? Não. Um outro tipo de amor? Talvez...

–Jack! – Sai de meus devaneios ao escutar Rapunzel chamar-me

–Estou pronta! – Ela estava com o camaleão no ombro esquerdo, um cinto de couro com bolsos, os pés descalços e segurava uma frigideira na mão direita.

–Pra que a frigideira?

–Ora! E se nos depararmos com algum inimigo? Estaremos muito bem protegidos, além do mais, minha amiga pode fazer um grande estrago.

–Se você diz – Dei de ombros e sai pra fora da torre – Como prefere descer? Comigo ou pelo cabelo?

–Acho que vou pelo cabelo mesmo. Nos vemos lá embaixo. – Vi que ela corou um pouco, mas não entendi o motivo.

–Esta bem. – Fui até o chão e a esperei ali.

Não sei era por que estava ansioso ou qualquer outra coisa, e estranhei que a princesa estava demorando de mais.

–Você vem loirinha? – Sem resposta.

Já estava me preparando para subir novamente quando vi os longos cabelos dourados serem lançados do topo da janela e por lá Rapunzel descer.

Parou subitamente quando faltava alguns centímetros para que alcançasse o chão. Desceu primeiro a perna esquerda e depois a direita e um grande sorriso se formou em seus lábios.

–Tocar a grama, a terra... Do jeito que pensei. – Falava ela se deitando sobre a relva - Sentir o sopro da brisa, tal como imaginei! Completamente LIVRE como sempre sonhei...

Ela se virou começou a correr em direção a saída, e eu percebendo isso peguei minhas coisas e a segui. Enquanto tentava alcança-la consegui ouvi-la dizer:

–Sair andando, correndo, dançando, em frente pulando e enfim declarando... – Quando cheguei onde Rapunzel estava completei junto a ela – Minha vida começa aqui!

Realmente, agora a maior de todas as minhas aventuras está prestes a começar. E creio que a dela também...