The Big Four Guardians-The Flower Of The Blizzard escrita por BellatrixOrion


Capítulo 5
Capítulo IV - O que fazer no escuro?


Notas iniciais do capítulo

Oii! Kah estou eu postando de novo... E quero agradecer em especial pela Nait Frost, complicated girl e Halley Frost por terem favoritado, isso me deixou ainda mais feliz! Espero que gostem!

~BellatrixPrincess



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Capitulo Quatro

O que fazer no escuro?

“A única coisa que devemos temer é o próprio medo. Pois é ele que destrói a nossa alma com coisas que apenas estão no subconsciente... E que podem acabar por se tornar reais.”

As significações encontradas nos pergaminhos e livros antigos indicam que a palavra medo vem de metus proveniente de uma língua ancestral e há tempos esquecida. O medo é uma emoção que se caracteriza por um intenso sentimento usualmente brusco, provocado pela percepção de um perigo, seja ele presente ou futuro, real ou hipotético. O medo é uma das emoções primárias, ele resulta na aversão natural à ameaça, presente tanto nos animais como nos seres humanos.

O medo é algo real, aqueles que não possuem medo algum, nada vivem, apenas existem. O medo é forte, desesperador, angustiante e terrível. O medo pode destruir mentes, matar sonhos e arruinar almas.

Isto é medo.

E o mundo que conhecíamos estava submerso nesse medo.

...|..*..|...

Jack se desesperava.

Voava por entre as árvores, planando no ar enquanto sua mão esquerda permanecia em um lado do seu tronco, suas costelas doíam de uma forma infernal e não havia nada a se fazer naquele momento, ele precisava seguir os rastros do sequestrador da Rapunzel, apenas isso.

Deixou Pedro e Lucia na Pensão, prometendo que ia encontrar a filha deles. Eles tentaram lhe dizer algo, mas ele não ouviu, ele não conseguia. Apenas depois de alguns minutos voando que ele notou que suas orelhas estavam pulsando sangue, por um segundo ele entrou em desespero, mas sua mente o bloqueou.

Sua missão era Rapunzel, apenas ela.

O estranho sequestrador deixou uma espécie de rastro sombrio pela floresta do Norte e era por meio dele que o pequeno Frost se guiava. Quanto mais ele avançava para o interior da floresta, mais ela se tornava sombria e estranha. Aflorando ainda mais os sentidos daquela pequena criança.

Aos poucos a neve foi desaparecendo, dando lugar a vegetação verde, indicando que, oficialmente, ele já havia abandonado o território do Reino do Norte. Jack continuou sua perseguição até que o rastro o levou para um amontoado de rochas cobertas por cipós. Ao se aproximar e afastar as cordas verdes lhe foi aberta uma passagem, que logicamente ele não hesitou em entrar.

Mas a paisagem que lhe foi aberta o surpreendeu. Uma torre gigantesca emergia no meio da clareira, ela era octogonal com uma base de cerca de trinta metros de diâmetro elevando-se a uma altura de quase vinte, Era feita de pedras quadradas e havia uma única janela, quase no topo, logo abaixo do telhado pontudo de forragem. A edificação era parcialmente coberta pelos grossos galhos de uma trepadeira que se estendiam até onde não se pudesse mais ver.

Mesmo sem a claridade do sol, o qual já havia se posto há tempos, ainda era possível enxergar com certa clareza alguns detalhes, ao redor da torre crescia um enorme paredão de pedra, sendo que as rochas iam ainda mais alto que o edifício, ao longe uma queda d’água despontava formando um pequeno riacho e se desfazendo ao lado da edificação. Por onde se olhava era possível ver muitas árvores, flores extravagantes e gramíneas espalhadas pela maior parte do solo rochoso.

Entretanto, Frost não perdeu muito tempo se aprimorando nos detalhes do lugar, ele planou na direção da torre com esperança de encontrar a sua pequena Rapunzel. Ele se aproximou da janela e começou a vasculhar o lugar com os olhos até que os pousou sobre o mesmo ser de algumas horas atrás.

 Continuou observando os passos da pessoa encapuzada , ela se encontrava de costas e seu capuz negro era largo, não o permitindo ter uma dimensão de que precisamente aquela figura se tratava. Mas, finalmente, conseguiu ver o seu rosto. Era uma mulher.

 Apesar de não passar de uma criança, Jack sabia muito bem dizer se uma pessoa era bonita ou feia, e naquele caso, a estranha sequestradora era linda. Seus cabelos eram cacheados com alguns fios brancos misturados aos pretos, a pele era clara e um pouco envelhecida e tinha grandes olhos verdes, características incomuns para alguém com a idade que ela aparentava ter.

O garoto viu a mulher entrar dentro de um quarto e logicamente a seguiu, como ninguém podia vê-lo bastava não fazer barulho e ela nem notaria a sua presença. Ao entrar seus olhos brilharam com a cena que encontrou. Sua pequena Rapunzel estava ali, deitada confortavelmente sobre um belo e requintado berço de madeira, dormindo. O coração de Frost transbordava de alegria e as lágrimas, sem muito esforço, começaram a correr por sua face.

 O alivio inundou alegremente o seu coração.

—Venha minha flor – Falou a mulher pegando-a no colo – A mamãe está cansada e preciso de sua ajuda.

“Mamãe?”

Ela se sentou em uma poltrona no canto do aposento e, enquanto acariciava os cabelos da pequena, de sua boca saia uma melodia suave a qual Jack não conseguia ouvir.

“Brilha bela flor

Tua luz venceu

Trás de volta já

O que uma vez foi meu”

No entanto, como mágica, ele sentiu algo de diferente, e os sons voltaram aos poucos para ele, suas costelas não doíam mais e tudo isso acontecia enquanto as raízes do cabelo de Rapunzel emitiam uma luz dourada que se estendia até o fim dos seus fios e que iluminou todo o quarto.

  “Flor de Luz reluz ...

Brilhe o que é teu.

Retroceda já

E resplandeça o que é meu...

Mas uma vez o impossível estava acontecendo, a mulher rejuvenesceu e aos poucos todos os fios brancos de seu cabelo desapareceram, acompanhado também algumas de suas rugas.

 “Cura o que se feriu

 Salva o que se perdeu.

E traz de volta já

O que uma vez foi meu,

O que uma vez foi meu...”

O brilho do cabelo da pequena desapareceu. Rapunzel abriu os olhos e um sorriso fraco se formou em seus lábios.

O albino estava extasiado, ele podia ouvir de novo e já não sentia mais dor. Além do mais, era um alivio saber que a estranha não estava querendo machucar Rapunzel, pelo menos era o que ele acreditava.

— Minha linda flor, a mamãe Gothel te ama tanto... Eu nuca mais irei perdê-la, você é somente minha e de mais ninguém. – Disse a mulher quando colocou a pequena de volta no berço já acordada que passou a brincar com uma boneca de pano.

Gothel.

Um nome que fez Jack estremecer, ele poderia afirmar com toda a certeza do mundo que já o ouvira, no entanto, não se recordava de onde. Era um nome que fazia subir em sua espinha um calafrio nada agradável, mas isso não lhe era de interesse no momento, foi o que ele disse a si mesmo, seu foco seria proteger Rapunzel e somente isso.

Era a única coisa que importava.

...|..*..|...

A floresta estava estranhamente mais sombria naquela noite, poderia ser coisa da cabeça da menina ou talvez o cheiro de sangue impregnado em suas narinas a estivesse oprimindo mais do que ela realmente gostaria, mas o clima do lugar era, de uma forma bem simples e clara, deprimente. A ruiva praticamente se obrigava a caminhar, sua aljava pendia no lado de seu corpo juntamente com o arco, seu vestido já não passava de um mero pedaço de pano preso aos seus membros e as botas que ela tanto estava acostumada a usar foram deixadas para trás, obrigando-a a caminhar com os pés descalços sobre o relento da mata sem fim.

 Passos silenciosos e furtivos eram sua estratégia de fuga, nunca seguir em linha reta era outra, ela não tinha certeza se algum soldado a tinha visto sair daquele inferno e decidira a seguir para pega-la desprevenida. Ou talvez tudo não passasse de paranoia da sua cabeça, quem sabe? Nem mesmo a fada voltou a aparecer, outra coisa que seu cérebro ainda estava processando para ter certeza de que não era mais uma alucinação, ou se tudo aquilo não era um sonho...

—Isso esta mais para um pesadelo.

 Ela realmente não sabia o que pensar. A única certeza de Merida naquele momento era que ela precisaria ser forte para, primeiramente, não ficar louca e segundo, voltar para salvar sua família, caso o pesadelo acabasse se provando real.

Ela diminui o ritmo até parar próximo a uma caverna, seu corpo gritava por um descanso e seria muito mais seguro ela apagar dentro de uma gruta do que no meio da floresta exposta a diferentes maneiras de ser morta enquanto dorme. Merida tirou a aljava e colocou-a no chão rochoso junto do arco. Se encostou na parede mais próxima e tentou averiguar os ferimentos espalhados por todo o seu corpo, mesmo a iluminação sendo extremamente precária. Nenhum estava exageradamente profundo, mas eram tantos que ela conseguia compreender mais claramente o motivo de estar tão esgotada. Ali, sentada, a ex-princesa do Verão observava atentamente o lado de fora, o clima do seu Reino tinha se esvaído, dando lugar a uma brisa fria e seca. Aos poucos ela chegou a conclusão de que provavelmente ultrapassará os limites e chegará ao Phointe Tosaigh.

O ponto inicial, o começo de tudo, o lugar onde as lendas dizem ter sido o início do mundo.

Ela já ouviu muitas histórias a respeito. Alguns dizem que no meio da Floresta Arborial existe uma árvore invisível e foi a partir dela, de suas raízes mais especificamente, que tudo nasceu, mas ela foi ocultada dos homens porque eles queriam usar as propriedades de cura e criação da árvore para atingirem o corpo celeste e imortal, querendo ser igual ao Ser que tinha plantado a árvore. O nome dela é muito variado, popularmente falando todos a chamam de Árvore da Vida. Já algumas exceções a chamam de Tosaigh. Outros de Vinyar. E outros ainda de Yggdrasil. Mas, independente de seu nome, ninguém nunca soube onde ela estava. Boatos dizem que se a árvore se sentir ameaçada ela muda de lugar e vai para o extremo oposto de onde ela estava antes. Apenas os puros de alma podem se aproximar e se deliciar com os frutos, já os de coração sombrio serão condenados a uma maldição dolorosa e eterna por terem desejado aos frutos para o mal.

Merida estava tão absorta em pensamentos que acabou nem prestando atenção ao que estava acontecendo ao seu redor, reagindo tardiamente e sendo atingida no ombro por uma flecha. Por sorte ela passou de raspão, rendendo a ex-princesa apenas um novo corte para a sua coleção de machucados. Crendo veemente que os soldados negros tinham a encontrado, em uma questão de segundos Merida já estava armada com seu arco e pronta para atirar, entrando mais uma vez no modo batalha/ sobrevivência .

Ela, no entanto esperou, esperou e esperou, porem nada voltou a acontecer. Quando enfim decidiu sair para averiguar a situação Merida teve uma grande surpresa, que só fez com que seu corpo se contorcesse em repudio. Estava acontecendo um ataque, mas não um comum, ou de soldados que haviam a encontrado e sim um ataque de dragões. A Flecha que tinha atingido o seu ombro tinha como destino atingir um dragão, e não a ela.

A fama do Reino do Outono e a sua luta centenária contra os Dragões se tornou algo tão incrível e surreal que foi tomado como conhecimento no mundo todo, à muitos anos a cidade principal é atacada por essas temíveis feras sanguinárias, sempre se defendendo da melhor maneira possível, mas aquilo não deixava de ser estranho na cabeça da ruiva, por que os dragões estavam tão longe do reino? Por que estavam no Ponto Inicial? Quais as coincidências de ambos os Reinos remanescentes serem atacados no mesmo dia? Esse pensamento a intrigou, mas não havia tempo, ela precisava sair dali se não quisesse ser atingida por outra flecha perdida ou bolas de fogos desvairadas. Entretanto, ela não teve tempo de ao menos se distanciar da caverna, pois em sua frente um dragão azul com detalhes amarelos apareceu e se posicionou para atacar, a garota, sem escolha, preparou o arco e disparou uma flecha certeira no réptil, mirando precisamente em seu olho.

Em questão de segundos, o animal já se encontrava morto no chão.

A noite realmente seria muito longa.

...|..*..|...

Se ele sabia o que estava fazendo? Se sabia o que estava acontecendo? Se entendia o que Bocão tanto tentava lhe falar, mas pareciam mais sussurros longínquos do que qualquer outra coisa?

A resposta para todas as perguntas era não. Mas o caos não tinha acabado ainda. Uma bola de fogo o teria atingido se o seu bom amigo não tivesse se jogado sobre o garoto e o salvado do mesmo destino do seu pai. Ark não conseguia processar, eram tantas coisas dentro da sua cabeça que ela parecia tomada por um verdadeiro cataclismo, com tempestades, relâmpagos e tornados, todos constituídos de informações e imagens que estavam o deixando louco. Ele, nem em um milhão de anos, estaria preparado para viver o que ele tinha vivido nas últimas vinte e quatro horas.

Um dragão subitamente mudou o seu percurso e vinha na direção deles, um Zipper Arrepiante para ser mais exato. O demônio verde voava a toda velocidade e não haveria tempo para que conseguissem desviar. Bocão já se preparava para o pior, mas num rompente, animal foi partido no meio.

Bocão encarava a cena horrizado. A sua frente estava ninguém mais, ninguém menos que Ark, segurando uma longa espada de ferro e coberto de tripas de dragão. Seus olhos verdes estavam opacos, ele segurava firmemente a arma, que provavelmente foi pega do chão, enquanto caminhava lentamente na direção da saída do reino, para Bocão o rapaz mais parecia um Doklin do que qualquer outra coisa, um verdadeiro morto vivo. Isso porque provavelmente, dentro de Ark, depois do que aconteceu, tudo realmente estivesse morto dentro de si. 

E eis o maior medo de Bocão naquele momento: que não houvesse formas de salva-lo.

...|..*..|...

Haviam se passado quatro horas e finalmente o ataque chegou ao fim. A noite estava avançada e a calmaria invadia os ouvidos das pessoas depois de tantos gritos e barulhos. Merida estava toda encharcada de sangue misturado com suor. Suas pernas estavam bambas e seus braços sem força. Arrastava seus pés no caminho pedregoso da trilha a qual ela não fazia ideia para onde a levaria, apenas andava, sempre em frente, continuando a caminhar.

Uma hora depois, que mais pareceu um século, a garota viu as primeiras casas da capital começarem a despontar por entre as arvores alaranjadas, algumas parcialmente destruídas e outras por completo.

“O ataque foi muito pior aqui” – refleti consigo mesma.

Não sabia ao certo quantos mais passos deu antes de sentir sua visão ficar turva e nublada. Seus joelhos falharam e foi de encontro ao chão. A ruiva lutava para manter sua consciência consigo, mas mesmo com tantos esforços, ela parecia escorrer pelos espaços de seus dedos. O cansaço estava cobrando-lhe seu preço.

Porém, antes de apagar por completo, Merida pode vislumbrar uma miragem, dois olhos a encaravam, o que lhe parecia ser um garoto fazia perguntas, perguntas estas que ela não conseguia compreender, tudo estava confuso demais.

 A última coisa que a mente da garota conseguiu registra antes de adormecer foi a cor dos olhos do garoto.

Verdes...

Seus olhos eram profundamente verdes.

...|..*..|...

O som de folhas sendo esmagadas e de galhos sendo quebrados eram os únicos presentes ao redor, as arvores continuavam a se fechar diante da figura franzina de um garoto que esgueirava-se pela floresta. Em seu intimo, o único desejo que possuía era se congelar naquele ínfimo momento e encontrar um pouco de paz. Ele admitia que estava apenas arrastando os pés pela mata sem realmente ter algum proposito, com passos lentos e vacilantes, caminhava sem rumo, perdido dentro de si mesmo.

A verdade é que o garoto simplesmente não queria voltar para casa... Casa. Sentiu um sorriso irônico se formar nos seus lábios. Ele estava agindo como um covarde, fato. Mas, agora, naquele momento, ele não estava pronto para voltar e encontrar seu lar em caos, banhado em fogo e sangue... E principalmente... Ter que providenciar os preparativos para o funeral de seu pai.

Não ele definitivamente não estava, e talvez nunca conseguirá estar.

Assim o tempo passou, e passou e passou.

E claro, ele não chegou a lugar algum.

Aproximadamente quatro horas já haviam passado, e o ataque enfim cessado. Mas, claro, Ark não fazia ideia disso, nem de muitas coisas que estavam acontecendo ao seu redor. A áurea de luto envolta de si o estava cegando, seus olhos verdes haviam perdido todo o brilho de vida, deixando para trás apenas uma casca vazia... Aguardando a morte lhe ser misericordiosa.

Entretanto, foi arrancado bruscamente de seu inferno pessoal por um som alto que bradava sobre sua cabeça. Ao dirigir seus olhos para o céu pode deslumbrar uma sombra negra rasga-lo de forma imponente e amedrontadora. O animal mesclava-se quase perfeitamente à paisagem do mar estrelado, deixando um rastro de nuvens onde quer que passasse.

O garoto podia sentir seu coração solavancar no peito com inquietação. Suas pernas bambarem e o ar que entrava dentro dos seus pulmões não parecia sair.

O vazio deu lugar a raiva, enchendo o coração do ex-principe com tanto ódio, mas tanto ódio, que não era possível diferenciar essa figura com a de poucos momentos atrás. Ark sabia, tinha quase certeza, que foi uma fera muito semelhante a aquela que havia arrancando-lhe seu pai.

O coração do garoto estava em busca de vingança. E era o que ele iria conseguir.

Em algum momento durante sua fuga covarde do pandemônio da cidade, ele havia se apoderado de um arco e uma simplória aljava de flechas, com destreza, apanhou a arma posicionando-a em suas mãos em busca do dragão negro no céu. Estas, suas mãos, tremiam em desespero, quase não conseguindo mirar na direção da besta, ele não sabia dizer se era por conta de sua ira ou do pavor que estava o assolando até as entranhas, porém quando o dragão estava prestes a atirar uma bola de fogo, aconteceu.

Quando o animal atirou, Ark também atirou.

Tudo foi muito rápido, em um minuto ele estava bem ali, voando imponente pelo céu, já no outro, estava caindo mais ao longe na floresta.

Não perdendo o seu tempo, o ex-principe se pôs a correr entre as árvores, tentando sempre manter o foco na direção da queda do animal. Em determinado momento pode notar grandes fincos em arvores que começaram a surgir caídas diante do seu caminho, o que logo o fez deduzir se tratar das garras do dragão. Mais a frente, a grama demarcava-se por uma longa extensão, criando um rastro, e este o levou até uma clareira, muito bonita e iluminada, no entanto, seus joelhos bambearam com o que encontrou ali.

O dragão estava caído... Como morto.

Ele não saberia dizer se sentia-se mais aliviado por ele já estar morto ou pelo asco de encarar os olhos daquele réptil assassino.

Pegou um pequeno punhal que carregava em seu cinto e aproximou-se mais do grande monstro, caminhando lenta e silenciosamente com medo de que ele repentinamente abrisse os olhos.

E adivinhem só!

Ele abriu.

Ark pode sentir seu coração falhar uma batida. Sua respiração tornou-se ofegante e seu corpo tremia por inteiro.

Olhos verdes e intensos o observavam.

Aquelas duas pedras de esmeralda o encaravam tão profundamente... Uma sensação de desconforto começou a crescer dentro do peito de Ark, mas aquele não era o momento para isso.

— Eu vou te matar! – Bradou – Cortar sua cabeça e leva-la como vingança pelo meu pai! – Levantou decido o punhal, já se preparando para o grande momento – Seu demônio maldito!

De alguma forma, o dragão pareceu reconhecer que não havia chances de escapar e, como um cordeiro que é entregue ao matador, fechou os olhos, aguardando o ato final.

Ato este que nunca veio.

Ark estava pronto, tinha sua arma empunhada e seu inimigo aos seus pés. Aquele era o momento perfeito! A flecha estava fincada na longa calda negra do animal, ele não poderia fazer nada além de aguardar sua morte. Morte está que viria pelas mãos de um filho buscando a devida vingança em nome do seu falecido pai. Ele havia partido um Zipper Arrepiante a poucas horas, ele poderia fazer isso.

Porém, faltou algo a Ark naquele momento.

Ele não conseguiu ser imparcial.

Ele sentiu pena da besta.

Com um grito de frustração, que chegou a doer suas cordas vocais, lançou o punhal longe e aproximou-se do grande animal, ajoelhou-se diante da calda perguntando novamente a si mesmo o que tinha lhe ocorrido para estar fazendo algo tão estupido. Vagarosamente, começou a puxar a flecha que estava fincada na escamosa pele dele, este gesto deixou o dragão mais confuso e agitado. No entanto, com um ultimo puxão certeiro, o garoto arrancou a arma de dentro do animal.

Ao ver-se livre, o dragão pulou encima de si, olhou-o fixamente, se pôs pronto para atirar uma de suas bolas de fogo azul, Ark já preparava-se para encontrar-se com seu pai no reino de Klerium, mas, minimamente, ele pode ver nos olhos do dragão alguma coisa diferente... E ele sabia o que era aquilo, afinal tinha acabado de fazer o mesmo.

Hesitação.

Ele hesitou.

E por fim... Simplesmente rugiu, saiu voando tortamente, batendo nas arvores e nas rochas, deixando o ex-principe ali, abismado, assustado e caído no chão.

Levantou-se vagorosamente e, por um momento, sentiu mais uma vez as pernas falharem, o que quase ocasionou uma nova queda, mas manteve-se de pé, mesmo à custa, ele precisava ficar firme.

Mas... a sua mente não lhe dava descanso e continuava a martelar em tudo o que acabou de acontecer. Desde pequeno ele havia aprendido que os dragões são seres irracionais, destituídos de qualquer senso ou logica além da destruição e do caos. Eles não têm sentimentos! São seres selvagens e cruéis! Eles atacam a quem quiserem, da maneira como quiserem e na hora que quiserem.

Então... por que?

Mais uma vez obrigou-se a andar, mas desta vez ia na direção do Reino, o dia estava para amanhecer e faltava muito pouco para alcançar o território de Høst, mas foi então que ouviu passos, o som de galhos sendo esmagados.

Uma menina ruiva andava devagar e oscilante pelo caminho de terra. Ela estava encharcada de sangue e vários ferimentos estavam espalhados por seu corpo. Segurava em uma de suas mãos um arco, nas costas a aljava já vazia.

Ela vacilou e rapidamente o moreno correu ao seu encontro.

Tomou-a em seus braços e tentava mantê-la acordada.

—Ei! Não durma! Por favor! – Dizia ele enquanto a sacudia – Eu vou te ajudar, mas você não pode fechar os olhos! – tentava de todas as formas mantê-la desperta – Por favor não feche os olhos! – Mas não adiantou.

As piscinas cor safira da menina se fecharam, um suspiro saiu dos seus lábios...

E ela apagou.

...|..*..|...

Jack ainda observa a estranha mulher quando pode ouvir palavras serem pronunciadas da boca vermelho sangue dela.

— Severný vietor, južný vietor, východný vietor ind západný vietor! — “Vento do norte, vento do sul, vento do leste e vendo do oeste” – Pre teba volám čas! – "A vós clamo pelo tempo” – Zastav čas – “ Pare o tempo” – Ind a nech mi plynie čas! – “ E a mim flua o tempo!” – Dajte mi čas. – “Me dê o tempo.”

E antes que ele pudesse compreender o que estava acontecendo, um clarão azul banhou por completo a torre, transbordando-a e espalhando-se para todos os lados, o céu, as nuvens, tudo brilhava conforme a cor daquela magia, e quando Frost tentou correr para se proteger notou um tardar muito grande de seus próprios movimentos, sentia como se algo estivesse atando cada membro do seu corpo.

Quando enfim conseguir saltar para o lado de fora da torre, parou no ar, imóvel. Sua consciência permanecia firme junto a ele, mas seu corpo havia perdido todo o controle. Mesmo que estivesse insistindo em lutar era vão, tudo estava parando ao seu redor. A vida estava congelando, e quanto mais a luz afastava-se da clareira da torre, mais maciço se tornava o encantamento.

O tempo estava parando.

E tanto ele quanto todos os Reinos das estações, estavam sendo arrastados pela magia, a ponto de tronarem-se verdadeiras estátuas humanas.

...|..*..|...

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar viu? Beijos e até!
(Revisado e atualizado 25/10/2019)

~BellatrixPrincess