The Big Four Guardians-The Flower Of The Blizzard escrita por BellatrixOrion


Capítulo 4
Capítulo III - O dia em que o mundo morreu


Notas iniciais do capítulo

E mais uma vez estou postando mais cedo... Vocês devem estar se perguntando, "Qual seria o motivo dessa vez?" Bem, muito simples... RECEBI MAIS UMA RECOMENDAÇÃO!!!!! E ALCANCEI 24 COMENTÁRIOS!!!!! Nem nas nuvens mais estou, só posso estar sonhando! Muito Obrigada MESMO Amaya Hyuuga.
Esse capítulo é para você e todos os meus leitores lindo que estão comentando.
Beijos e espero que gostem!
Ass. Princess



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Capitulo Três

O dia em que o mundo morreu

 

Uma nova aurora despontava no horizonte.

O céu se tingia de uma mistura profunda e poética de cores, trazendo consigo o velho e conhecido Sol, este, cumprindo como sempre a missão de anunciar o começo de um frigido e novo dia no Reino do Norte. As aves já abandonavam seus ninhos para irem a procura de alimento, os animais terrestre também não tardavam em começar o quanto antes suas tão conhecidas e costumeiras tarefas diárias.

No entanto, em uma certa pensão, certas pessoas foram acordadas pelos gritos de uma certa mulher.

Lucia despertará junto com o sol, sua cama estava encharcada e pontadas e mais pontadas afligiam seu ventre, causando-lhe dores alucinantes e de lhe tirar o fôlego. Nem ela sabia dizer como ainda tinha forças para gritar estando naquele estado deplorável. Pedro quase caiu da cama com os berros tão histéricos e estridentes da mulher que repousava, até então, ao seu lado.

Era o inicio do dia 11 do mês de abril. Ano X773.   

O bebê estava prestes a nascer.

— Rápido, Jack! Corra e pegue as toalhas! – A Senhora Spokes bradava ordens para todos os lados, buscando a colaboração do maior numero de pessoas possíveis - Eu pegarei uma bacia com água quente! Pedro! Fique segurando a mão da sua mulher! E Lucia! Respire fundo! Continue Respirando fundo!

Desde o dia em que aquela pensão havia sido fundada, ela nunca esteve tão caótica como hoje. Os poucos hospedes do edifício corriam de um lado para outro, todos seguindo as instruções da velha anciã que mais parecia ser a mulher que iria dar a luz. Todos, apesar de felizes, escondiam dentro de si uma pequena angustia. E não é pra menos, Lucia ainda não tinha nem completado o tempo apropriado da gravidez, e a exposição ao frio alguns dias atrás pareceu contribuir ainda mais para que todos fossem pegos de surpresa logo no começo da manhã.

No quarto, estirada sobre a cama antiga e feita de madeira, a ex-rainha ofegava. O cansaço ameaçava-lhe dominar, mas suas forças não tinham se extinguido ainda. Ela precisava ser forte.

Seu bebê precisava nascer.

Não muito tempo depois, Spokes rompeu porta adentro carregando a bacia de água quente e logo sendo seguida por Jack, o qual enfim havia encontrado as toalhas. A já velha senhora findou todos os preparativos, levantou a camisola cinza que Lucia trajava até a altura do umbigo da mesma, cobriu-lhe as pernas com uma toalha e deu inicio ao procedimento.

Estava na hora daquele bebê nascer.

 ...|..*..|...

Jack caminhava de um lado para o outro. Senhora Spokes pediu/mandou todos os homens saírem do cômodo quando viu a quantidade de olhos curiosos observando o procedimento. Até mesmo Pedro tinha sido chutado. Apenas duas mulheres permaneceram no quarto para auxiliaram Spokes com Lucia. Já o resto, aguardava ansiosamente no pequeno hall da pensão, loucos por noticias, nem que fosse um simples “ Esta tudo bem” ou “ Falta pouco”.

No entanto, o tempo foi passando, passando e passando.

E nada.

Nenhuma noticia, nenhuma confirmação. Apenas os gritos da ex-rainha sendo ouvidos de forma abafada.

O pobre albino estava entrando num estado de desespero silencioso, desistira a tempos de caminhar e já se encontrava escorado nos degraus da escada, com os braços cruzados e a cabeça apoiada nos joelhos. A cada novo grito, ele se encolhia, sentindo de alguma forma na própria pele a dor que a senhorita Lucía estava tendo de enfrentar. Ouvira que ela ia ganhar um bebê, mas não entendia muito bem como um bebê podia estar saindo de dentro dela naquele exato momento. Ele acreditava que ter um bebê era algo muito bom! Jamais tinha lhe vindo a cabeça que precisava de tanta dor.

Mais algum tempo se passou, e já era quase a hora do almoço quando Spokes finalmente deu um parecer. Ela estava com as feições enrugadas numa cara de preocupação, seus olhos pareciam aflitos enquanto que algumas gotas de suor escorriam por sua têmpora. Ela também segurava algo atrás das costas, com em uma tentativa de esconder seja lá o que fosse e que não devia ser apresentado a ninguém.

—Pedro, siga-me.

Preocupado, o homem obedeceu a ordem da anciã. Seus cabelos castanhos estavam desgrenhados e a barba por fazer apenas auxiliava na deterioração de sua boa aparência. Olheiras e mais olheiras contornavam seus olhos cor de mel. Elas eram profundas e escuras, formando verdadeiras bolsas e acarretando-lhe uma aparência nada agradável.

Os dois adentraram em uma ante sala que ficava logo atrás do balcão da recepcionista. Jack, curioso como estava, esgueirou-se pelos cantos ate, enfim, alcançar a porta, não tardando em encostar a sua orelha direita no pedaço de madeira a fim de escutar melhor o que estava sendo falado.

—O que está acontecendo, Spokes? Como Lucia esta? Ainda falta muito? Posso entrar para vê-la ou...

—Não, meu querido – Interrompeu-o a senhora – As coisas estão bem ruins. 

Estendeu sua mão na direção de Pedro e lhe entregou o objeto misterioso que guardava. Tratava-se de uma das toalhas que Jack havia levado para o quarto mais cedo, a única diferença e que aquela estava encharcada de sangue.

—O-o que significa isso?! – Gaguejou o homem encarando assustado o tecido tingido de carmesim que estava agora em suas mãos.

—Ela esta perdendo muito sangue e, se não fizermos nada logo, bem... Ela... Ela pode... Ela e a criança podem...

—O que?! O que pode acontecer?!

—Elas podem morrer.

Os olhos de Pedro se arregalaram, seus pés foram conduzidos para trás até que suas costas encontraram a parede. Suas mãos logo encontraram novamente o caminho que levava a sua cabeça e ali elas repousaram, desgrenhando ainda mais os fios castanhos e piorando ainda mais a sua aparência.

Oficialmente, as portas do desespero tinham acabado de serem abertas.

...|..*..|...

Jamie caminhava tranquilamente ao lado de seu avô, ambos realizando o mesmo percurso de sempre para irem a escola. O dia estava estranho, foi o que Orbon Suliwan pensou assim que colocou seus pés para fora de casa. Havia algo curioso no ar. Algo que ele não sabia explicar, mas que parecia perigoso. Muito perigoso.

Tudo aparentava estar dentro dos conformes, os mesmos rostos caminhavam pelas ruas, os mineiros iam na direção das minas, pais e mães acompanhavam seus filhos ate a escola... Nada de anormal ou relevante. Mas um sentimento de apreensão nasceu dentro do coração de Orbon, um sentimento que lhe dizia que alguma coisa muito errada estava prestes a acontecer.

O velho senhor, porém, preferiu se abster desses pensamentos e voltar a se concentrar no caminho que ele e seu neto teriam que trilhar até os portões da escola.

...|..*..|...

 Numa estrada longínqua, nos arredores do Reino do Norte, um menino de cabelos brancos e olhos azuis se desesperava. Ele tentava inutilmente pensar em uma saída, uma ideia, qualquer coisa que pudesse ajudar a Senhorita Lucia. Ele não entendia muito bem o que significava “morrer” realmente, mas a expressão que Pedro havia feito assim que recebeu a noticia e saiu da sala que estava antes com Spokes não era, nem de longe, algo agradável ou feliz.  

Caminhando em baixo do céu azul-pálido, enquanto segurava o seu cajado, e enfrentava uma verdadeira nevasca, Jack Frost continuava seu percurso em busca de uma possibilidade de cura. Ele não fazia a mínima ideia do porque estava buscando algo do tipo ali, não, ele não sabia. Porém estava ali, dentro dele, a resposta. Essa era a sua única certeza, e seja lá o que estava dentro dele, estava dizendo para ele continuar por ali.

E ele, em momento algum, questionou.

 A trilha que Jack caminhava cortava uma densa floresta cercada por árvores altas e escuras, as quais eram cobertas por finas camadas de gelo misturado a neve. Raios tímidos do sol iluminavam por entre a névoa suave enquanto flocos tombavam do ar. Ali pairava uma calmaria enorme, como se ele fosse o único ser vivo naquela terra desconhecida. O bosque estendia-se a perder de vista em todas as direções. ‘Sem fim’ seria a colocação correta para tudo aquilo.

Notou, entretanto, que enquanto caminhava um pássaro com penas verdes, azuis e rosas pousou em um galho próximo a ele.O animal parecia o encarar, e por alguma razão distinta, ele decidiu falar com o pequeno ser alado que definitivamente não vivia por aquelas bandas.

—Olá amiguinho! O que está fazendo fora de seu ninho com esse frio horrível?

—“Me siga.” – Respondeu.

Os olhos de Jack arregalaram-se de uma forma surpreendente. Ele pensou que estava ouvindo coisas ou que todo aquele frio o estava afetando da maneira errada, mas logo a ave se pronunciou de novo.

— “Siga-me! Apenas a flor vai poder ajudar” – E saiu voando logo em seguida.

Sim, aquilo era estranho. Mas da forma como se encontravam os recentes acontecimentos com Frost, aquela era a menor das esquisitices. Decidiu por fim seguir o pássaro. E por mais incrível que isso possa parecer, o pequeno animal o levou para ‘a árvore’, a mesma árvore que levava até o lago onde ele surgiu alguns dias atrás. Ao longe, um pequeno ponto se destacava na neve pálida e límpida, que ele de imediato deduziu se tratar da ‘flor’. Correu até ela e a arrancou junto às raízes, com extremo cuidado enrolou sua extremidade com um pedaço de pano que ele havia acabado de cortar da sua própria roupa e carregou-a o mais rápido que pode de volta para a Pensão.

Não muito longe dali, um ser encapuzado saiu das trevas e encarou o menino se distanciar do local onde antes se encontrava a tão aclamada esperança que salvaria a ex-rainha. Um sorriso sádico se formou nos finos lábios pintados de vermelho do ser misterioso.

— Isso vai ser bem interessante... – E assim desapareceu novamente.

...|..*..|...

Merida ainda estava petrificada exatamente no mesmo lugar.

A Fada continuava a voar levemente.

E o inferno prosseguia passando diante de ambas.

Um exercito negro se alastrava por todos os cantos do Reino do Verão e mesmo do lado de fora dos portões era possível ver as ruas. Elas estavam abarrotadas de corpos, gritos de desespero, fogo, destruição e urros de dor. A princesa estava estática, sem saber o que fazer ou ao menos entender se aquilo realmente era real ou se não passa de um pesadelo... Um terrível e atormentador, pesadelo. Mas, ela enfim foi tirada do seu transe quando viu uma criança, de cabelos negros, pele escura e olhos incrivelmente castanhos, ser cruelmente transpassada por uma longa e fina lança e logo em seguida ser jogada sem cerimônias em um canto qualquer da rua. A cena pareceu ocorrer em câmera lenta, e apenas depois de alguns segundos a fixa do que tinha acontecido finalmente caiu sobre os ombros da princesa, levando-a a, imediatamente, ser inundada com uma ânsia terrível que comprimia todo o seu corpo.

Ali mesmo, ela vomitou.

De joelhos, com as lagrimas correndo por seus olhos, ela também gritou. Um urro de dor, medo e tristeza.

Tudo havia se tornado um inferno, e ver aquela cena fez um sentimento sombrio nascer no coração da princesa. Algo que nenhuma jovem de quinze anos deveria ser obrigada a sentir.

Levantando-se, pegou seu arco que ainda se encontrava em suas costas, tirou uma flecha da aljava e mirou. O soldado negro ainda estava ali, parado, como se contemplasse mais uma bela morte que ele colocaria em sua lista. A distancia que o separava de Merida era de, aproximadamente, um quilômetro, seria praticamente impossível humanamente falando, para qualquer um acertar estando tão longe.

Três segundos.

Esse foi o tempo do percurso da flecha.

Esse foi o tempo de vida que restava para o soldado.

A flecha entrou exatamente no espaço que separava suas sobrancelhas.

Ele morreu instantaneamente.

Os olhos de Merida faiscavam. A Fada, que estava ali até pouco tempo, tinha desaparecido. Mas, pouco isso importava no momento, os pensamentos da Princesa do Verão se resumiam em apenas uma coisa e nada além daquilo: Vingança.

Ela rasgou a barra do seu vestido até acima dos joelhos, jogou os retalhos do tecido em um canto qualquer e correu. Correu o mais rápido que pode na direção dos portões. Uma nova flecha já estava posicionada e não demorou muito para a jovem despachá-la na cabeça de um outro soldado negro. Seu destino era apenas um, o castelo, e ela estava disposta a atirar no que quer que se metesse no seu caminho.

...|..*..|...

  Ark corria por entre as pessoas. Por onde quer que ele passe mais e mais corpos apareciam no seu caminho. Muitas mulheres choravam sobre as carcaças sem vida de suas crianças. Homens gritavam de dor por um membro ou outro ter sido arrancado. E os animais estavam ali. Cuspindo grandes bolas de fogo, destruindo, abocanhando tudo que eles viam pela frente.

Dragões. Eles enfim tinham voltado.

O Príncipe continuava sua corrida, procurava sem cansar o paradeiro de seu pai ou de Bocão. Qualquer um que fosse. Mesmo estando acostumado aos ataques diários, ele nunca tinha visto tantos dragões juntos. Tantos demônios sobrevoando o céu e cuspindo mais e mais caos.

Por pouco ele não virou churrasco. No ultimo instante o jovem conseguiu se desviar da bola de fogo que tinha sido lançada em sua direção. No entanto, diversas outras pessoas não tiveram a mesma sorte. Ele já tinha perdido a conta de quantos corpos tinha já caindo bem diante dos seus olhos. Mas, por alguma razão é como se a realidade ainda não tivesse batido a sua porta, como se estivesse indiferente a tudo aquilo sem que nem ele pudesse controlar. Ele precisava achar o seu pai. Apenas isso. Seu pai.

Depois de correr por diversas vielas, ruas e afins, ele foi lançado subitamente por uma onda de choque por quase quatro metros. Seus ouvidos zuniram e sua cabeça não parava de girar. Apenas depois de alguns minutos ele enfim conseguiu recobrar completamente a sua consciência, para logo em seguida se arrepender amargamente por não ter permitido apagar por completo.

As torres do castelo estava desmoronando, um dragão negro, com uma cauda comprida, torso alongado e olhos verdes, expelia um tipo diferente de fogo, sua cor era azul, mas era possível sentir o calor dele mesmo estando onde Ark estava. E então, ele viu, ali, incapacitado e preso nas garras do demônio negro, seu pai, brandindo a lamina de sua espada e diferindo diversos golpes nas patas do animal.

Ark não pensou duas vezes, se levantou e correu na direção do castelo. Pulou obstáculos, se abaixou, pulou e correu novamente, nada o impediria, ele precisava ajudar Stoico. Ele nem mais lembrava que estava bravo com o pai por causa da ideia do casamento. Muito menos que ainda tinha diversos dragões prontos para matá-lo desde que ele desse o misero deslize. Ele apenas pensava no castelo. Ele precisava chegar ao castelo.

Assim que ele colocou os pés no jardim de entrada, Bocão surgiu, arrastando-se com a ajuda da sua espada. Sua perna de madeira estava quebrada e a outra gravemente ferida.

—Príncipe! Rápido, nós precisamos sair daqui!

Ark rapidamente despertou do seu estado de transe e correu até o amigo de longa data. O ajudou a se levantar e logo o questionou.

—Bocão! Você está bem?

—Rápido Soluço! Não temos mais tempo!

—Mas, mas e o meu pai..!? Ele estava lutando contra aquela fera! Nós precisamos salvá-lo! Não podemos...

—Ele está morto!

Os olhos do Príncipe se arregalaram, logo eles foram inundados com água salgada e a mesma começou a descer pelo seu rosto sem que ele nem ao menos desse conta.

—Não...Mas ... Como?

Bocão apenas balançou a cabeça, enrugando o rosto como se quisesse comprimir as lágrimas que pareciam querer despontar.

—ME DIGA, BOCÃO!

— O dragão... Ele o enfrentou quando eu cai... e então o animal pegou o Rei e... O engoliu vivo.

...|..*..|...

—Senhorita, Tolke?

—Sim senhor Suliwan?

—Por que tem para-quedas descendo do céu?

...|..*..|...

—Eu encontrei! – Gritou Jack assim que alcançou novamente a Pensão da Sra. Spokes.

Todos ainda estavam sentados na recepção aguardando. Pedro, imediatamente, se levantou no susto quando o pequeno garotinho surgiu na porta do estabelecimento.

—O que houve, Jack?

—Dê essa flor para Lucia! Ela vai curá-la!

—Jack... – O Homem encarava a criança admirado. Os olhos azuis de Jack estavam cheios de lágrimas, mas mostrando esperança. Por algum motivo ele tinha a certeza de que aquela flor dourada ajudaria Lucia.

Mais uma vez, Pedro decidiu acreditar nele.

—Obrigado.

Pegando a flor das pequenas mãos do garoto ele saiu correndo, subindo os degraus pulando alguns espaços, apenas para chegar ao andar superior o mais rápido possível. O menino por outro lado suspirou aliviado. No entanto, assim que ele olhou para as pessoas na sala elas o encaravam com uma expressão de completo espanto. Somente então ele caiu em si e lembrou-se de que eles não podiam o ver.

—Então gente, é...

E num piscar de olhos a pensão tinha ficado vazia. Apenas Jack permanecia lá, enquanto dizia mentalmente o quanto era idiota por ter se esquecido de que as pessoas não podiam o ver.

...|..*..|...

—É uma menina!

Spokes gritou, com lágrimas nos olhos, assim que finalmente a criança nasceu. O choro inundou o ambiente e de todos os lugares da pequena pensão era possível ouvir a menina.

Lucia a segurava firmemente, a ex-rainha também não parava de chorar, mas era um choro de alegria. Pedro estava abraçado a esposa e Jack observava tudo com um largo sorriso estampando o seu rosto.

—Qual será o nome dela, querida?

—Rapunzel.

Por um momento a menina parou de chorar, pela primeira vez ela havia ouvido o seu próprio nome, e pareceu gostar muito dele.

Houve uma grande comemoração. As pessoas que haviam se assustado com Jack, retornaram algumas horas depois, sendo acalmadas por Spokes que inventava uma história qualquer para eles não se assustarem novamente. Não demorou muito para todos voltarem para seus quarto, ainda estava claro quando finalmente Jack pode pegar a menininha em seus braços. Ela parecia uma verdadeira boneca. Tinha os olhos da mãe, a pele branquinha do pai e os cabelos dourados, como a flor.

— Meu querido – Chamou-lhe Lucía – Peço que não importa o que aconteça você deve proteger Rapunzel de qualquer coisa que tente machucá-la. Essa será a sua missão! Prometa-me que não a deixará por nada. E que cuidara dela como se fosse seu tesouro mais precioso.

—Ela já é... – Ele respondeu sorrindo .

—Nós sabemos que sim Jack. – Respondeu Pedro – Agora pode descansar um pouco, tenho certeza que não foi fácil achar a flor.

—Não foi nada! Haha! – Disse orgulhoso do seu feito enquanto entregava Rapunzel que dormia profundamente em seus braços para a mãe.

— Até meu querido – Disse a ex-rainha dando-lhe um beijo na testa e saindo logo em seguida.

Naquele momento tudo parecia perfeito... Só que acabou.

Estava prestes a escurecer, já era a hora em que as aulas terminavam, os mineiros voltavam para casa e os trabalhadores finalizavam um longo e cansativo dia de trabalho. Jack estava estirado na sua cama, feliz com o que pode fazer hoje. No entanto algo o estava incomodando, algo parecia errado... Como se a alegria de outrora estivesse prestes a acabar.

De repente o quarto escureceu e o clima ficou tenso, notou que uma nuvem espessa e negra escondia o brilho do sol e consequente mente deixando tudo com um ar diabólico e sombrio.

“-Isso não está me cheirando coisa boa.”

O Garoto levantou-se, pegou seu cajado, abriu a janela do quarto e saiu planando. Essa era uma habilidade que havia descoberto mais cedo naquele dia, enquanto voltava as pressas para a pensão afim de entregar a flor para Lucía. Foi de forma súbita, quando uma forte brisa passou por ele, e Jack não sentiu mais os seus pés tocando o chão. Mas, não levou cinco minutos para ele se acostumar e ir planando de volta para o centro do Distrito.

De qualquer forma, já do lado de fora ele notou coisas estranhas descendo do céu. Ele não sabia o que eram, apenas que pareciam bonitas. Esticou-se para alcançar uma e então, houve um som estranho, logo seguido de uma explosão. O Garoto foi lançado brutamente em direção ao chão. Sua cabeça girava e seu minúsculo corpo estava completamente dolorido. Não seria surpresa alguma se ele tivesse quebrado algumas costelas. Segundos depois da primeira explosão uma outra foi acionada, e outra e mais outra. Foi como um verdadeiro efeito dominó. Com dificuldade, ele se pôs de pé, apoiando-se em seu cajado, olhou para o alto e viu uma sombra encapuzada entrar pela janela de um dos quartos da Pensão, mas não um quarto qualquer, e sim o quarto de Pedro, Lucía e da...

“- Rapunzel!”

O garoto deu um impulso e foi aonde, segundos antes a sombra surgiu. Suas costelas doíam, lágrimas rolavam pelo rosto pálido, mas ele continuou se mantendo firme e vendo escondido o que acontecia. O casal havia sido jogado contra a parede por conta da explosão, mas Rapunzel permanecia intacta dentro do berço de madeira improvisado que a senhora Spokes havia feito. O ser misterioso cantava uma melodia, ele porem, não conseguia escutar do que a música se tratava, seus ouvidos, aparentemente haviam sido comprometidos por causa da explosão.

Entretanto, seu coração foi a mil quando notou a pessoa retirar uma tesoura de dentro da capa e se aproximar de Rapunzel ao mesmo tempo em que cantava. Ele estava pronto para impedir que aquela infeliz fizesse algo com a menina, mas parou quando viu um pequeno punhado dos cabelos dourados serem cortados e se tronarem castanhos. Ela pegou a criança no colo e desapareceu.

—Ela a levou... – Lucía tinha acabado de despertar - Eu deveria saber que ela viria... Que ela não se contentaria apenas com o reino... Eu sabia... E então ela a levou...

Pedro acordou logo em seguida, mas não entendeu o que tinha acontecido. Sua esposa estava estática, balbuciando coisas que ele não conseguia entender ao seu lado, e ele começava a entrar em desespero também.

—Lucía? O que está acontecendo?! Lucía! Responda-me!- Sacudiu sua mulher pelos ombros, sem entender o motivo da mesma estar chorando tanto.

—Ela a levou... – Balbuciou novamente em meio às lágrimas – Levou nossa Rapunzel! Ela a levou!

...|..*..|...

—Merida – Fergus segurava a sua filha pelos ombros enquanto gritava em meio ao caos – corra, apenas corra, corra o mais rápido que você puder, minha filha, e, de forma alguma, olhe para trás!

—Não! Eu não vou deixar o senhor aqui! Esses homens, todos tem que pagar! Eles destruíram o nosso Reino! – A menina ruiva gritava em desaprovação, seus cachos estavam mais desalinhados que o normal, seu rosto estava manchado com sangue seco e de sua testa o suor não parava de escorrer. – Se nos unirmos, podemos derrotá-los! Temos inúmeros soldados!

—Basta, Merida! Você não entende?! Não tem mais como continuarmos! Fuja! Eu tenho que encontrar seus irmãos, logo iremos alcançá-la – Prometeu.

Ela ficou em silencio durante alguns segundos, mas então um novo ponto surgiu em sua mente.

— E a minha Mãe?

—Querida... ela...Ela...

Ambos foram interrompidos quando uma fera marrom irrompeu pelo fogo atacando o Rei do Verão.

—PAI!

—FUJA!

Merida não deu ouvidos, preparou uma flecha e estava preparada para dispará-la no animal quando o seu pai gritou novamente.

—NÃO ATIRE! É A SUA MÃE!

...|..*..|...

—JAIME! SAIA DA JANELA!

O garoto não entendeu, ele apenas sentiu quando seu minúsculo corpo foi lançado contra o chão. Ele ficou desorientado durante alguns segundos, mas logo sua consciência voltou novamente, muitas crianças estavam caídas no chão, pelo menos aquelas que ele conseguia ver, mas ele sentiu então algo pesado sobre si, apenas quando viu os cabelos loiros obstruindo sua visão que ele percebeu que se tratava da Senhorita Tolke.

—Eles virão... – Ela sussurrou para ele – Não deixe que eles te peguem, Jaime.

Um filete de sangue escorreu da sua boca.

E então ele gritou.

...|..*..|...

Oficialmente, o dia 11 de abril do ano X773, foi o dia em que o mundo morreu.

...|..*..|...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado e não deixem de comentar viu?
Beijos e até breve!

(Revisado e atualizado 04/10/2019)

~BellatrixPrincess