Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 42
Turquesa


Notas iniciais do capítulo

Eu nem acredito que estamos aqui novamente, mas estamos.
Recebi vários recados para continuar essa história e um deles foi do táxi lotação com o adesivo colado com o nome "Jeff" no fundo. Acredito no destino kkk
Essa história é pra Alma, Jeff, Pequeno Newton e (principalmente) vocês.
Isso aqui é pra e por vocês. Por serem tão gentis, incríveis e meus leitores (sim, vcs leem outras histórias, mas são MEUS leitores-amigos).
E sabem do que mais?
EU VOLTEEI!



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—Alma?

Certo, nada de muito ruim aconteceria se eu...

—Alma, me responda. 

Rejeitei a ligação com os dedos trêmulos e enfiei o celular novamente na bolsa.

—Você precisa focar em mim agora se estiver ouvindo! - A ordem no meu ouvido me fez encolher no cantinho da minha mente. 

—Eu estou ouvindo. Desculpe, só me distraí.

Mas na verdade não era só isso.

—Se você não me ajudar, Alma, eu terei que fazer você sair. Lembre disso. Não quero ficar em uma greve de sexo por tempo indeterminado por sua causa.

Revirei os olhos. Meu celular começou a vibrar novamente quando o barman me entregou minha coca zero com um canudo suspeitamente amassado na ponta. 

Agradeci com um sorriso torto. Esperei ele ir atender outro cliente para soltar com um muxoxo:

—Não vou beber isso. 

—Tome uns goles e dê uma olhada panorâmica no lugar. 

—Ok. 

—Só fique calada e espere meus comandos. 

Era fácil falar, difícil fazer quando tinha um vibrador no nível cinco do créu em sua bolsa (a gente perde a seriedade, mas não perde a ousadia). 

Arrisquei-me uns goles com o canudo anteriormente mastigado.

—Tente parecer relaxada.

Um guincho de insatisfação saiu da minha garganta. Meu corpo estava rígido, minhas costas eretas como se eu fizesse balé desde os três anos de idade, cada polegada de movimento era sentido, controlado, rígido. 

—Vire um pouco a cabeça pra direção nordeste. 

Jesus, onde era o nordeste? O que o professor tinha dito? Eu sabia que devia ter prestado atenção a...

—Olhe um pouco mais pra direita. 

Suspirei em agradecimento. Poderia fazer isso. Eu era uma mulher crescida, empoderada, independente...

Um inferno que eu poderia fazer isso! Onde diabos eu estava com a minha cabeça quando pensei que poderia fazer isso? 

Entrar numa boate que tinha como administração um clube de vilões perigosos? E não somente isso, me expor (física e mentalmente) e tentar dar uma de Sandra Bullock e me infiltrar como uma agente no seleto grupo?

Sim, isso tudo para saber quais e onde seriam os passos do arqui-inimigo antes deles serem devidamente pisados. 

Vergonhoso dizer que quem pensou na maior parte do plano foi a Ellie?

Onde Alma tinha amarrado seu burrinho?

Essas e outras perguntas, sexta-feira, no Globo Repórter. 

Bebi minha coca zero até fazer uns barulhos estranhos com o canudo mastigado e atrair a atenção de uma garota de 16 anos que estava a dois banquinhos de distância. Diante de uma música eletrônica enjoada e repetitiva, quase rompendo meus tímpanos, o que a iria incomodar eram meus barulhinhos?

A olhei com uma sobrancelha erguida e meu olhar de "meu bem, ao menos minha identidade me cobre estar aqui...", ela empinou os ombros e girou para o outro lado. 

Vitória, leitores.

Collin, alheio ao gosto de vitória em meus lábios, ainda ditava coordenadas quando eu notei que minha bolsa tinha parado de vibrar. Curiosidade me venceu e eu busquei meu aparelho. 4 ligações, duas mensagens. 

A primeira um doce:

PUTA QUE PARIU, ALMA!

A segunda um assustador:

Onde diabos você se meteu?

Há 3 minutos atrás. 

—O que você está fazendo? - Collin soou como o pit bull zangado de sempre. 

—Hmm... Temos um problema. 

Ouvi um praguejo, mas não claro o suficiente. 

—Foco. - Resmungou. - Preciso que você tente encontrar alguém com um boné do símbolo da BMW, como já tinha lhe dito. Tente se misturar um pouco mais, parecer como se você só estivesse esperando alguém. Olhe pra porta em um intervalo próximo de minutos. 

Muitas informações. Comecei a suar bicas. A roupa grudada começou a ficar desconfortavelmente mais grudada ainda. Meus olhos foram para a porta de entrada para o espaço interior da boate. Era espaçoso, mas tinham áreas reservadas. Alguns sofás e cortinas que iam do teto até o chão. Me dediquei a observar mais entre elas. Procurando...

—Volte para sua coca. - Collin latiu. - Não é para focar tanto em um lugar só, morena! Já falamos sobre isso. Soa suspeito.

Minhas bochechas coraram ainda mais com sua bronca. Mas por sorte (ou não) meu celular vibrou. Garantindo outro tipo de nervosismo no estômago. Pensei seriamente em não ler, mas quem eu estava querendo enganar? 

A abri o mais rápido que meus dedos trêmulos conseguiam e a li:

Garanta já seu pacote de promoções exclusivas para cliente...

Péssimo momento, operadora. Terrível. 

 Mas então começou a vibrar novamente, a foto de Jeff e Sam me estapeou na cara como só meu pai tinha feito. 

Era errado? Sim.

Deveria ter feito? Não.

Mas isso se resumia a mais de uma coisa na minha vida e então eu decidi sair do meu banquinho como uma espoleta, jogar os dez reais no balcão que eu tinha no fundo da bolsa e me afastar para onde as luzinhas do banheiro piscavam que eram a direção.

—Onde porra você está?! – Foi o alô da vez.

Não foi difícil escutá-lo no barulho da boate, já que ele gritou, alto e claro.

—Alma! – Jesus, o homem estava uma fera. - Puta que pariu, Alma!

Entrei no banheiro feminino ofegante. Alguém lá de cima teve piedade da minha alma (sim, eu também faço esses trocadilhos) e ele estava vazio. 

—Oi, Jeff, estou te ouvindo. 

—Ao menos que você tenha sido sequestrada, eu espero que tenha um bom motivo para não estar aqui no seu apartamento, como combinamos que estaria.

Suspirei. Meus joelhos tremiam, mas os mantive mais firme que consegui.

—Alma, qual é o problema? – Outra voz me perguntou, mais calma, entretanto.

—Tenho que resolver uma coisa.

Respondi para ambos.

—Não, Alma, você tem que voltar para cá imediatamente. — Rugiu Jeff.

—Não posso.

—Com quem você está falando, Alma? – Collin soou preocupado que eu estivesse ficando louca.

—Tenho que ter essa conversa privadamente, Collin, com licença. – Retirei o pequeno acessório no meu ouvido e o deixei pendurado no ombro.

—Quem é Collin e porque você está em um lugar com ele? – Tenho certeza que Jeff estava prestes a quebrar o aparelho celular nas mãos.

—É o namorado da Ellie.

—Porra, Alma. Vocês estão traindo duas pessoas numa jogada só?

Eu soltei um riso preso, mesmo que a ocasião não pedia.

—Eu não posso acreditar nisso. – Continuou ele, aos berros. – O que você estava esperando de mim, afinal? Algum tipo de vingança sado? O gosto de saber que eu estou de quatro por você e fácil de chutar na bunda?

—Jeff... – Meu riso cessou ao notar o tamanho da mágoa em sua voz. – Não é nada disso, querido.

—Claro que é.

—Não, não é.

—Onde você está?

—Resolvendo algumas coisas.

—Que coisas?

—Só umas coisinhas.

—Alma...

—Comprando... Comida chinesa.

Um suspiro nervoso, raivoso.

—Volta para seu apartamento, Vida.

—Não posso. – Era verdade. – Já pedi a comida. Tô só esperando e...

—Porque o restaurante está tão barulhento? É dia de promoção? 1,99 por um biscoitinho da sorte?

—Como você adivinhou?

—Eu espero que você venha por bem. - Sua voz soou calma. Tenebrosa. Do jeito que me fazia ter os pelos todos arrepiados. 

—Eu adoro quando você fica chateado, sabia? É tão sexy...

Ele xingou. E não foi pouco. 

Eu achei engraçado. E não foi pouco. 

Caminhei até o fim do banheiro e então voltei. Passos largos, curtos, indecisos. Entre palavras e palavrões resmungados do outro lado da linha eu escapei:

—Confie em mim, Jeff, eu te amo. Você sabe disso. 

Ele se calou. Um, dois e dez segundos. Suspirou. 

—Eu te amo, Vida. E por te amar tanto eu...

Um barulho soou de um dos boxes entreabertos. Meu coração girou e cravou após três mortais. A descarga foi dada e a porta se abriu completamente. 

—Tenho que ir, querido. Chegarei em breve com a comida. 

Desliguei. 

A mulher com um vestido turquesa bonito, caro,  de costas nuas e mangas longas até o pulso saiu. Seu olhar cruzou com o meu no espelho. Parecia divertido e um tanto quanto... Cúmplice.

Olhou para o aparelho de ouvido tombado no meu ombro. 

Sorri torto. 

—Problemas de audição. Sofri um acidente quando criança. - Encaixei o aparelho novamente no ouvido só para ouvir o silêncio do outro lado. Puro. Pensei por um momento que tinha quebrado o treco e quase me desesperei.

Mas isso foi antes. 

Antes da mulher de vestido turquesa puxar as mangas de seu vestido, emborcar o corpo um pouco para frente, ligar a torneira e lavar as mãos. Antes dela soltar um suspiro e soltar um "homens são complicados, não é?", antes de eu concordar com um muxoxo, emendar com "mas a gente continua gostando", antes de me deparar com a tatuagem em seu pulso. 

Carpe Diem. 

—Alma. - Collin sussurrou no meu ouvido. - Você acabou de conhecer a mulher do chefe. 


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Notas finais do capítulo

Eu devo uma série de pedidos de desculpas. Mas sei que se começar os perdões agora eles não irão parar até que seja 2020.
Menin@s, senti saudades. É o mais cru e verdadeiro que pude escrever.
Meu coração fez festa quando notei que algumas leitoras ainda estão por aqui. Algumas calouras que amei conhecer e ter por perto.
Obrigada por não desistirem.
Os capítulos infelizmente não serão plus size (♥), mas continuemos do jeito que posso.
Vamos fazer dar certo :)



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