Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 36
Porcos voando.


Notas iniciais do capítulo

O dia que o nyah permitir que eu escreva aqui, será um dia feliz e inesquecível.



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Muito obrigada a Dama de Copas pela linda receita... Ops, recomendação fantástica ♥
Nhac :3
Ficou lindo e eu amei. Mesmo mesmo.
Estou super feliz que estejam gostando da fic. E mesmo com as minhas demoras, vocês não desistem de mim ou dela.
Desculpa aos outros autores fantásticos, mas eu tenho os melhores leitores ♥
Esse capítulo é dedicado a você, Dama de copas (amei o user, aliás).

–Hm, olá, senhor, pode soar estranho mas acho que estamos com um problema. E, hã, desculpe pelo horário, senhor.

–Você deve está brincando comigo, querida.

–Eu gostaria de dizer que faço parte do programa da Ellen Degeneres e estamos fazendo mais um quadro de Dinheiro a Sua Porta, mas estou falando sério, senhor.

–Que porra você está fazendo?

–Eu? Hã... Ligando para o senhor nesse momento, hm senhor.

Silêncio.

–Alma? Você continua comigo do outro lado? Aconteceu alguma coisa?

Choque gelou meus ossos.

–Como você sabe quem eu sou?

–Você está bêbada, querida? Afogando as mágoas por causa do meu primo?

Lentamente o telefone escorregou da minha mão suada e caiu com um baque feio no chão.

Voltem daqui a 7 dias e talvez eu já tenha ressuscitado.

Como quem caca os pedacinhos quebrados de si mesma, eu me abaixei para resgatar o aparelho de volta. Com as mãos trêmulas, coloquei-o contra a orelha novamente.

–Marco? - Experimentei a verdade.

–Porra Alma, onde você está e quanto bebeu? Por favor não me diga que Jerry seja a causa disso tudo. E como você descobriu esse número?

Como aparentava, a verdade não tinha um gosto bom. O gole em seco foi rasgando em minha garganta, como se soasse alto até o outro lado da rua.

–A-acho que... - Enchi meus pulmões com todo o oxigênio que consegui juntar. - Estamos com um probleminha.

–Onde você está?

–Em casa. Com o Samuel.

–Jesus. — Silêncio. Ouvi barulhos abafados na outra linha. — Há quanto tempo ele saiu?

–Quem?

–Jeremy, Alma! — Encolhi-me no meu canto.

–Hey, não precisa gritar não, Marco!

–Só me responda.

–Ele deixou o Sam as 14 horas de… Hoje? Ontem? As últimas 14 horas que teve.

–Algo está errado.

–Descobriu a América, Colombo.

–Você ainda não me respondeu como você descobriu esse número?

–O Jeff me deixou um bilhete super estranho e esse número estava no verso.

–O que mais tinha nele?

–O seu número. — Omiti.

–Tem certeza que só isso? Qualquer resposta a mais é essencial.

–É lógico que eu tenho. Porque não teria certeza de algo que eu tenho total certeza?

–Alma...

–Ele disse para eu manter o Sam a salvo.

–Só isso?

–Só. Isso.

O outro da linha ficou repentinamente em silêncio. Senti gotículas de suor escorrendo pelas minhas têmporas.

–Eu marquei com o Sam e minha sobrinha para uma saída na sorveteria. O Jeff estava meio estranho quando deixou-o aqui. Estava achando que ele estava suspeitando de meus dotes com sua insegurança ao se despedir do filho, mas pensando bem…. Talvez ele só estivesse receoso de se despedir do filho no geral. Isso faz sentido para você?

–Não completamente.

–Ele estava hesitante. Eu nunca vi o Jeremy ser hesitante antes. É como se ele soubesse que haveria a possibilidade de isso acontecer. Deixou uma “mochila de emergências” com o Sam e foi assim que encontrei o bilhete.

–Ele queria que você me ligasse.

–Isso. Sendo que vocês nem se dão bem. Não estou entendendo.

Eu não deixaria o telefone de um cara que eu não me dava bem para contato de emergência. Era somente estúpido fazer isso. Como pedir para ligar para o Papai Noel se as coisas apertassem para seu lado.

–Porra! — Marco soltou um grito tão alto que por um curto momento tive certeza que meu ouvido chiou em descontentamento.

–O que foi? — Gritei de volta.

–A coisa é pior do que eu imaginava, querida.

Perdi uma batida.

–Eu vou ligar para algumas pessoas, fazer uma varredura e qualquer coisa te conto, ok?

–Ok. — Falei baixo, quase perdendo minha voz.

–Mantenha-o seguro, certo?

–Ok. — Mais baixo.

–Faça o que for preciso, mantenha-o seguro.

–Ok. — Provavelmente ele não ouviu.

Então desligou.

*~*~*~*

Torci os dedos das mãos.

Era a primeira pista que mostrava o quão nervosa eu estava.

A segunda era, definitivamente, o quase buraco que eu estava formando no chão da minha sala e cozinha.

Caminhei até a janela e observei o trânsito calmo do começo do dia.

Bento estava parado no começo do corredor, olhos sonolentos abertos em minha direção, me perguntando o que eu diabos estava fazendo acordada naquela hora.

Tinha dormido miserável 4 horas e estava desperta, até o momento, como se estivesse tomado cinco litros de café.

–Eu estou esperando Marco, Bê. Ele disse que ia me dar notícias.

O movimento das suas sobrancelhas quase me fez rir.

Parei no parapeito da janela, segurando nas mãos o celular e conferindo a cada dois minutos se tinha alguma mensagem ou ligação não vista. Nada. Malditamente nada.

Fui até a cozinha e decidi começar o café da manhã, só para ocupar a cabeça com algo mais. Não foi preciso mais que um bater de portas dos armários para Bento decidir me seguir com o focinho apontado para cima.

O único problema é que em cada brecha minha mente decidia me transportar para um universo paralelo onde Jeff era o protagonista. Chegou um momento que preparar um suco de laranja tornou-se mais cansativo e impossível do que nunca.

Suspirei em total descontentamento.

Eu só preciso que ele fique bem, ouviu Camarada Lá de Cima?

Só isso. Não é um pedido muito grande, já que abaixo desse primeiro tinham algumas exigências como: mais dois filhos, três cachorros, cercas brancas, uma cama king size, uma cozinha de filme americano e cada noite uma posição diferente. Está vendo? Um pedido simples.

–Bom dia. — Aquela voz grogue e infantil quase me fez pular dois metros.

Girei nos calcanhares para encontrar um Sam descalço e descabelado.

–Bom dia, Pequeno Newton! —Soou mais falso que o pretendido, mas ele não pareceu notar.

Bento remexeu-se em seu lugar, indo saudar a criança com uma alegria que só os cães têm pela manhã.

–Estou fazendo nosso café. — Respondi para preencher o espaço. — Por que você não vai assistindo algo na TV?

Balançou a cabeça e foi para a sala.

Soltei uma respiração afobada. Nada de se desesperar, Alma. Está tudo sob seu controle. Tudo. Você é totalmente capaz de...

Que cheiro de queimado é esse mesmo?

–Minhas panquecas!

Tentando a todo custo soltar a parte negra da panqueca queimada da frigideira eu pensei, cá comigo, se ainda dá tempo de apagar o que eu havia dito antes sob manter tudo no controle.

Quem eu estou querendo enganar? Até mesmo o Bento sabe que eu sou incapaz disso.

Olhei de soslaio para o cachorro cinzento que me olhava também do seu lado do sofá, recebendo alguns tapinhas carinhosos do Pequeno Newton e me espiando.

“Você não sabe o que está fazendo, né?” Ele pareceu me perguntar.

Neguei com a cabeça. Engolindo qualquer choro que queria subir por minha garganta.

Eu só quero que ele fique bem.

E foi com esse pensamento que cometi um erro. Eu deveria ter desejado que não somente ele, mas como todos.

*~*~*~*

Passei o domingo roendo minhas unhas ao lado de uma tomada, carregando meu celular.

Isso e assistindo documentários. TV acabo, você faz cada minuto do meu trabalho valer a pena, mesmo que isso me deixe pendurada a cada final de mês. Até o momento eu já sabia um pouco mais sobre a vida na colmeia, sobre as abelhas rainhas, os operários e também sobre a vida dos golfinhos.

A cada hora passada sentia como se um tijolo da minha muralha estivesse sendo derrubado.

Era doloroso se sentir tão imponente assim. Principalmente quando Sam piscava para a televisão e então me fitava pelo canto do olho, como se eu não estivesse sentindo, esperando, provavelmente alguma notícia, qualquer coisa.

Foi pouco antes do almoço, quando eu estava tentando criar o efeito neve nas claras de ovo que meu telefone tocou. Saí correndo desesperada.

–DEIXA QUE EU ATENDO! EU ATENDO!

Escorreguei na bolinha do Bento, bati o dedinho mindinho no canto da parede, dei um duplo mortal carpado de costas, mas peguei o maldito celular em mãos.

Sam estava com os olhos esbugalhados na minha direção e o cachorro latia descontroladamente, pensando que eu tinha um novo tipo de brincadeira em mente. Eu forcei um sorrisinho meia boca, com as bochechas vermelhas.

–Consegui. - Quase ergui o celular como o Simba filhote no filme Rei Leão.

Piscaram para mim.

E fugi para a cozinha.

–Alô?!

–Alma.

–Marco!

–Olá, querida.

–Certo... Oi. Notícias?

–Estou bem também, obrigado.

–Fico feliz em saber disso. Ao menos um de nós está.

–Outch, essa doeu, querida.

–Pelo amor de Deus, qual é o seu problema? Diga-me algo de útil.

–Eu diria, se tivesse algo útil para se falar.

Um balde de água fria, gelada, importada do Polo Norte, caiu em mim.

–O que você quer dizer, Marco? Apenas me diga!

–Ele não está em lugar algum. —Falou em uma voz calma e seca, deixando imediatamente o tom falso descontraído para trás. — Liguei para algumas pessoas, fui até a sede do clube, os lugares que Jeremy poderia estar e não há sinal dele, Alma. Eu sinto muito, mas ele é esperto o suficiente para deixar rastros se quer ser achado.

–Ele não quer ser achado? É isso que você está me dizendo?

–Exatamente.

–Nunca ouvi uma coisa mais absurda que isso.

Ele suspirou alto do outro lado. Sim, como se estivesse lidando com uma criança birrenta.

–Você não está pensando em estagnar, está? —Por um momento me senti temerosa.

–Não, claro que não.

Soltei o ar preso em meus pulmões.

–O que eu faço com o Sam até lá?

–Não vejo ainda motivo para tirá-lo da rotina dele. Continue levando-o para o colégio e tente mantê-lo nos trilhos mais normais que você conseguir.

–Certo e o que eu digo para ele?

–Você é uma boa mentirosa?

–Estamos falando em que nível de mentira?

–Algo como porcos voando.

–Não. Definitivamente não.

–Você terá que fazer isso, Alma. — Mais um suspiro. Mais um “estou tentando ser paciente”.

–Não posso fazer isso. — Soei miserável ao declarar isso.

–Não estamos discutindo isso.

Fechei os olhos e apoiei a cabeça na minha geladeira meio descascada.

–Você acha que Jeff está em sérios problemas?

Silêncio.

Deus, isso dói. Não deveria doer tanto assim, certo?

–Não sabia que você já tinha o perdoado. — Declarou Marco.

–Nem eu.

–Quando tudo isso acabar e estiver calmo...Vocês dois terão que ou se resolverem ou simplesmente se separarem logo.

Droga, Marco tinha razão. Odiei isso.

–Por enquanto estou apenas desejando que tudo isso termine bem. O depois nós decidimos mais tarde.

–Querida, eu não sou o maior fã do meu primo, mas não quero nenhum dos dois quebrados depois.

–Isso não vai acontecer.

Ele não respondeu. Precisava? Estava na cara que eu estava perdendo feio no placar.

*~*~*

–Ele teve que viajar?

–Isso. — Estendi um sorriso bobo na cara. Pausando na minha garfada de um suflê que deu errado.

–E porque ele não me avisou?

–Porque foi de última hora, Pequeno.

–Mas papai não faz viagens de última hora.

Soltei um riso frouxo, sem graça. Eu tinha adiado uma resposta até o almoço, acreditava que se adiasse o suficiente, teria uma desculpa brilhante e bem bolada. Não aconteceu. E meu almoço ficou queimado.

–Existe uma primeira vez para tudo. Falei com ele no telefone e ele me disse que vai ter que se prolongar um pouquinho.

–Quanto tempo?

–Pouquinho?

Ficou calado por um momento ou dois. Rezei para que ele não notasse meu tom vacilante em cada nota.

–Defina pouquinho.

–Alguns dias?

–Porque você está me perguntando?

–Eu estou?

–Sim.

–Não é a minha intenção. É que estou animada para passar algum tempo com você.

Balançou a cabeça, mas não pareceu animado.

–Para onde ele foi?

–Ele não me disse. Sinto muito.

Ele parou de comer e observou o prato quase vazio com um olhar absorto que deixaria Nietzsche com inveja. Engoli em seco e enfiei mais uma garfada na boca, só para manter-me ocupada. Já podia sentir as gotículas de suor escorrendo em minhas têmporas. Espero que ele não conteste, espero que ele não conteste. Jesus, ele não pode contestar.

–Papai nunca viaja assim. Nunca.

Se minha mãe estivesse ouvindo isso, ela diria que, logo em seguida, Sam se repetiu como uma vitrola velha. Ele fez questão de mostrar que pegou algo errado no meu discurso e eu quase, bem quase mesmo, deixei escapar tudo em um fôlego só.

No domingo de noite eu e ele fomos na casa da Mel pedir (o correto seria mendigar?) fardas do colégio. Minha sobrinha ficou extremamente feliz com a visita surpresa e estava dispostas a entregar todas as fardas de sua gaveta, minha irmã e o marido me olharam como se eu estivesse sequestrando o menino que me seguia, acanhado. Tive que ignorar o cochichar deles e erguer o máximo a cabeça, quase olhando o teto.

–O papai vive viajando também, Sam. Fica assim não, ele sempre volta com presentes para mim e para mamãe. - Mel o consolou e então olhou para mim, mais sorridente que o devido. - O que vocês acham que ele vai trazer para a gente?

Eu sei que o momento não pedia uma gargalhada, mas na borda do meu juízo eu ri tão alto que as paredes devem ter estremecido.

Na manhã de segunda, Sam estava muito calado no banco de trás, com sua blusa e short apertados. Estava bem visível que não eram dele, o short tinha o modelito feminino, ao menos não era short saia, mas com sorte ninguém notaria. Acho que nem ele mesmo tinha notado.

Mais uma vez passei o dia a espera de alguma notícia. Limpava o balcão com o celular na mão. Atendia ao casal de idosos vidrada no celular no bolso do avental. Ouvia os resmungos do Sr. Lewis torcendo para que meu telefone tocasse no meio deles.

–Alminha… Você já está fazendo tudo o que você pode. —Ellie me lançou aquele olhar cheio de compaixão no qual ela era muito boa.

–Não estou, Ells. Se eu tivesse ele já estaria aqui.

Bateu o prato no balcão com força o suficiente para quebrá-lo ao meio, na melhor das opções e na pior, assustar o pobre cliente.

–Escuta aqui, sua pirada: você não vai se meter nisso. Ele mesmo pediu isso, não é? Aquieta a sua bunda. Cuidar do filho dele já está mais que o suficiente.

Não era. Eu e ela sabíamos disso.

Lancei um olhar esperançoso para a porta do café, esperando que, a qualquer momento, ela rangesse e gritasse, trazendo Jeff para mim (nós, claro) novamente. Suspirei baixinho. O nada me deixava ao ponto de explodir com o sentimento de impotência.

–Assim que o Collin voltar dessa viagem maldita para o meio de um deserto, eu irei falar com ele, Alminha. As coisas vão se resolver. - Ellie agora tinha uma voz tão suave como seda.

–Obrigada, Ells.

Piscou algumas vezes e repuxou um sorriso meia boca que não combinava com ela.

Terminar o expediente naquele dia foi uma leve forma de tortura. Já tinha limpado o balcão 7 vezes até que minha amiga loira me enxotasse porta a fora. Algo na minha barriga estava embrulhado desde aquela manhã. Minha conversa com o Sam tinha me deixado nervosa, mas havia ocorrido relativamente bem. Eu poderia estar mais tranquila agora, mas não estava. Minha barriga estava embrulhada e minha cabeça latejava cada vez mais.

Sam foi o último da escola a ir embora. Ele estava sentado ao lado da sua mochila de A Hora de Aventura, balançando as pernas de uma maneira contínua. A coordenadora tinha me parado na porta para uma conversa e eu me senti de volta ao colegial quando entortei meus pés e expliquei, gaguejando, o que tinha explicado para o Sam. Era a mesma desculpa, mas apenas uma pessoa tinha caído na mentira.

Eu tinha a autorização do Jeremy, acabei descobrindo, para minha total surpresa. Ele tinha dito a própria mulher que, eventualmente, eu poderia buscar o garoto nos próximos dias.

Tentei engolir a bola de pelo que estava na minha garganta e segui até o pátio da escola para ir buscá-lo. Sam não me recebeu com sorrisos e abraços, seguimos o caminho de casa em completo silêncio tirando o CD de Adele que até a Mary já estava cansando de ouvi-lo.

Estacionei a Mary na minha vaga espremida e ajudei o Sam a sair. Nós subimos as escadas em um silêncio meio confortável e meio grande demais.

Foi assim. Bem assim.

Leitor, eu acho que a gente devia saber quando nosso coração está próximo a ser destroçado. E acho que talvez você pense nisso também. Nós merecíamos um leve aviso para dar tempo de preparar nosso subconsciente, dar-lhe um tapinha de conforto no ombro e dizer algo como “vai lá, catar os caquinhos!”.

Eu sinto muito, Leitor, se eu não notei.

Eu deveria ter notado. Porque eu não tinha?

Poderia ter feito algo melhor essa manhã, quando sai de casa, ou semana passada antes de desmaiar no sofá. Cada momento negligenciado ardeu em mim.

Notei na porta entreaberta do meu apartamento, notei nos vestígios de sangue nos cantos das portas, mas foi só depois. E depois já foi tarde demais.

Não me importei com minhas costas ou se eu tinha força suficiente quando coloquei Sam nos meus braços e o prendi bem ali. Ele ficou tão assustado com meu ato súbito que não ousou se mover. Empurrei levemente a parte de trás da sua cabeça contra o meu colo.

–Shhhh...

Empurrei a porta um pouco mais com o pé, tremendo cada parte do meu corpo. Silêncio. Nada de latidos ou passadas rápidas e barulhentas. Engoli a crise de choro que me atacou tão rápido quanto o mais rápido dos aviões já criados pelos japoneses (já que são eles que inventam tudo).

Por favor. Fechei os olhos por um momento.

Por favor. Rezei.

E se não for muita ousadia, eu gostaria de pedir a você, Leitor, também rezasse.

Eu não podia simplesmente ficar ali ou fugir. Nenhuma das alternativas me pareceu a certa. Mas com uma criança paralisada em meus braços eu tive que escolher uma.

Já disse que sou boa em correr?

–Porque estamos descendo, tia Al?

–Eu... Preciso que você conheça alguém super legal.

–Mas eu não estou...

Esmurrei a porta da Dona Madalena. E continuei assim até que ela atendesse com os cabelos enrolados nos bobs e os óculos escorregando pelo nariz.

–Sam, queria apresentar a você a Dona Madalena.

Os olhos da senhora se arregalaram até virarem pires.

–Depois explico – sibilei com um movimentar de lábios para ela.

–Estarei de volta logo.

Empurrei ele para dentro pelas costas e quando seus olhos castanhos cruzaram com os meus antes da senhora bater a porta, eles estavam uma mescla entre assustado e desapontado.

Tomei todo o ar que tinha no corredor e enchi meus pulmões. Corri para o meu apartamento como se atrás de mim estivesse o bicho papão. Só parei de correr quando encontrei o corpo do cachorro na minha sala. Ignorei os furos no sofá, minha sala revirada ou as fotos ragadas do corredor. E então finalmente eu me permiti chorar como uma criança quando sua mãe te deixa na escola no primeiro dia.

Eu demorei, mas voltei!
Será que vocês ainda vão gostar de mim depois de algumas coisas? Vocês são rancorosos ou perdoam mais fácil?
Estou apostando muito na segunda, já que vocês me perdoam pelas minhas mancadas!
Estava tão decidida a responder todos os comentários, mas daí algumas pessoas me perguntaram sobre o capítulo esses dias e inclusive uma me perguntou se eu estava viva hahaha ♥

Adoro quando vocês comentam e por isso me esforço pra responder, quando vocês me cobram então... Amo! ~com o carinho que vocês sempre têm, claro~

É só isso. Mais um aviso: no próximo capítulo arranjem uma caixinha de lenços.

Beijos e muitos queijos!


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Notas finais do capítulo

Quando eu tiver coragem faço uma crítica pro tio do Nyah.