Obrigado e Volte Sempre escrita por Loly Vieira


Capítulo 17
Atriz ruim.


Notas iniciais do capítulo

Sete é um número místico, a voz de minha mãe ecoa em meus ouvidos.
E quem fez a sétima recomendação da história foi nada mais, nada menos que a Viih.
Para começar meu ano com o pé direito, obrigada Viih :3
Esse capítulo é dedicado a você.



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Não, não vai dar. – Imaginei-a mascando o chiclete de menta, seu favorito, enquanto passava as mãos pelos cabelos de meio em meio minuto (seu impecável cabelo) e analisava as unhas recém-pintadas, mas que ao seu olhar, necessitavam de uma manicure urgente.

–Mas... Ela estava tão animada para ir, Agatha...

Eu realmente – Não estou aí, ela queria dizer. – sinto muito. O Brenon vai ter uma festa im-por-tan-tís-si-ma na próxima semana e a família dele não pode faltar.

Como dois troféus para exposição, resmunguei comigo mesma.

E mamãe me contou o que aconteceu com você e o Brian. – Bufei, meu cachorro inclinou a cabeça na minha direção quando interrompi seu carinho na barriga. – Eu falei para você, Alma, para você ser um pouco mais vaidosa, mas você me ouviu? Nãão, agora tem de brinde um chifre.

–Agatha, se eu quisesse saber onde foi que errei no meu relacionamento, estaria, nesse momento, mandando um e-mail a uma revista de fofoca feminina, dessas que você gasta seu im-por-tan-tís-si-mo tempo lendo. Mas dispenso seu talento. Obrigada.

Grossa. – Resmungou, exatamente igual como quando fazíamos quando adolescentes.

Você poderia parar um pouco de se importar com suas unhas e perguntar a sua filha o que ela gostaria de fazer. – E lá se foi meu objetivo de manter a voz calma. – Ela vai adorar passar um tempo no campo e...

–Eu sou a mãe dela, eu decido o que ela faz ou deixa de fazer até os seus 18 anos. Então, até lá, quem decide sou eu.

Raivosa. Agora eu simplesmente poderia espumar pela boca. Bento pulou do sofá, desistindo do seu carinho.

–Foi o Brenon, não foi? – Acusei.

Pare de culpá-lo por tudo, Alma! Foi isso que você sempre fez de melhor: culpar todo mundo por sua desgraça. Desde pequena. Melaine não vai a lugar nenhum. Aceite isso.

E desligou. Na minha cara.

***

–Alminha, eu sei que é sua irmã, mas quero que você saiba que a Agatha é uma vaca.

Puxei o saco gigante de ração do banco de trás e o equilibrei nas mãos.

–Não tenho dúvida nenhuma sobre isso. Ouvi até um mugido antes de desligar o telefone hoje de manhã.

–Oh Deus, é sério?

–Não, Ellie. Mas poderia ser. – Nós rimos e a entreguei o saco tamanho gigante para ela.

Cambaleou alguns passos para trás e estabilizou no lugar com um resmungo.

–É hora. – Falei para ninguém especial, então olhei para Bento, sentado de rabo abanando e me olhando com seus olhos chocolates como quem diz ‘nós vamos sair de férias com a loira pirada, eu gosto disso’.

Partiu meu coração quando eu tive que entregar a guia a uma Ellie desajeitada.

–Ele vai ficar bem. – Tentou me consolar.

–Confio em Collin para essa tarefa. – Lançou-me um olhar chateado, mas não me respondeu. Ajoelhei-me na calçada sem hesitar, espalmando sua cabeça com as duas mãos. – Eu venho te buscar daqui a 3 semanas, Bê. Você nem vai sentir minha falta.

Inclinou a cabeça, seu olhar mudando de ansiedade para um olhar cortante de tristeza.

–Não faça assim comigo, Bê. Eu vou ligar todos os dias para saber de você, eu prometo.

–Espera... Ainda tenho uma coisa para você. – Entregou-me de novo a guia e levou consigo, cambaleante, o saco de ração.

Voltou minutos depois com uma sacola embalada com uma fita vermelha. Ellie estava sorridente, eu conhecia aquele sorriso era semelhante ao de Mel, igualzinho ao de criança quando apronta.

–Faça um bom uso. – E me estendeu.

–Não precisava, Ells. – Franzi o cenho. – Você não deveria, na verdade. Economize seu dinheiro.

–Querida, ter uma cunhada em loja de roupas tem seus prestígios. – Deu de ombros. – Não foi uma fortuna, depois de alguns descontos. E ao contrário de você, não acho ruim ou errado que um homem me sustente. Ao menos um pouco.

–Você comprou com o dinheiro do Collin? – Esbravejei, mas acabei pegando a embalagem com sua insistência.

–É só um presente, ok? Deixe de ser tão chata. – Um tom vermelho vivo percorreu minhas bochechas quando eu vi o que tinha dentro da sacola. – Faça bom proveito.

–Obrigada. Eu acho.

Despedi-me de um abraço sufocante nos dois, a loira e o canino, e deixei o presente no banco de trás do carro. Dirigi de volta para meu solitário apartamento, com um buraco no peito que só foi preenchido com uma lata de leite condensado.

***

Eram 6 da manhã quando a campainha começou a tocar.

Nenhum latido de aviso fez com que tornasse o momento mais estranho ainda. Tropeçando nos meus próprios pés e equilibrando a toalha que havia enroscado nos cabelos molhados, atendi a porta, ofegante.

–Acertei. – Uma voz fina comemorou do outro lado.

Abaixei meu olhar e sorri confusa para a figura do garotinho do lado de fora. Meu sangue correu para todo o meu rosto quando notei que estava apenas de roupão e uma toalha na cabeça na frente de um Jeff usando óculos escuros e com um sorriso sem humor nos lábios.

–Minha Nossa Senhora! – Pulei meio metro de susto.

–Bom dia também, Vida.

Dei passagem para eles entrarem e protetoramente, abracei meu corpo.

–O que você acertou, Pequeno Newton? – Tentei mostrar uma voz tranquila.

–Que você não estaria pronta. – Piscou algumas vezes, buscando alguém pelo apartamento pequeno. – Cadê o Bento?

–Eu tive que deixá-lo com minha amiga antes de viajar. – Um pesar passou rapidamente por mim. Uma sensação ruim que foi dispersa rapidamente com uma sacudidela. Sam não me respondeu, deu um aceno com a cabeça como dizendo ‘captei o código’ e se acomodou no sofá, ligando a TV atrás de seus programas esquisitos. Girei na direção de Sam, sem muita animação e falei entre dentes: - Pensei que tivéssemos marcado mais tarde.

–Cheguei mais cedo só para garantir que você não fugiria, Vida.

–Gostaria de nota fiscal da próxima vez? – Resmunguei, encarando-o com um olhar não muito amigável. – Poderia tentar parar de me controlar, por favor? Eu ainda estava me arrumando.

–Qual é o problema dessa roupa? – Sorriu novamente. Parecia forçado demais, até para ele.

–Talvez porque não seja uma roupa.

–Gosto da falta dela. – Rebateu.

Sem muito humor para suas piadinhas às 6 da manhã, aproximei-me um passo, perto suficiente para sentir sua temperatura corporal, era de um calor agradável e inebriante, ele cheirava a perfume masculino e cigarros, a essa hora da manhã, ergui a cabeça até que meus olhos encontrassem os deles, sua boca muito perto da minha.

–Seu nível de confiança é surpreendentemente alto, Jeff. – Sussurrei. – Já ouviu que produto bom não precisa de tanta propaganda?

Então me afastei. Contente e quase serelepe por conseguir deixá-lo com uma careta no lugar do sorriso besta. Alguns passos de distância e me virei, ia dizer para ficarem a vontade quando notei que já estavam exatamente assim. Sam estava entretido com um canal científico e Jeff vasculhava minha geladeira quase vazia.

Praguejei para o ar e segui para meu quarto.

Demorei meia hora para arrumar o resto da minha mala e me vestir com um short jeans, uma bata que minha mãe tinha me dado em meu último aniversário e uma sandália rasteirinha.

Jeff não tinha me dado muitos detalhes de como era a cidade onde sua família morava, apenas me informou para usar roupas confortáveis e leves. Disse-me que a tal cidade poderia, muito possivelmente, ser a entrada do inferno de quente.

Quando cheguei à sala, puxando com toda minha força uma mala de alças, encontrei Sam (surpresa surpresa) ainda empoleirado no sofá e Jeff... Bem, Jeff estava segurando com uma das mãos o sutiã de rendas preto e na outra mão estava a parte de baixo do conjunto que Ellie havia me dado. Seus olhos estavam um misto de surpresa, malícia e algo mais que eu não consegui identificar rápido o suficiente antes de explodir.

–Espero que você leve esses dois, Vida.

Um vermelho diferente preencheu cada parte do meu rosto. Eu estava mudando rapidamente de vermelho, para roxo e então um vermelho meio esverdeado.

O que você está fazendo?

–Isso estava no balcão da cozinha. Um lugar muito impróprio, eu gostaria de frisar.

–Jeff! – Meu berro saiu esganiçado, tomei o conjunto dele com uma fúria que percorria cada neurônio do meu corpo. – Você não pode mexer nas minhas coisas!

Sam tinha virado na nossa direção, nos observando, assustado.

–Hey... Desculpe.

–Não, Jeremy! Não! – Enfiei as coisas novamente na sacola da loja. - Eu não gosto que mexam nas minhas coisas, ok? Não mexa nas minhas.

Meio desconcertado, ele ergueu as mãos para cima.

–Já pedi desculpas, não sabia que ficaria tão irritada assim.

Levantei os óculos de grau que escorregavam do nariz, massageei as têmporas e pisquei na direção de Sam e depois novamente para Jeff.

–Desculpe-me também. – Grunhi. – Eu estou chateada e acabei descontando em você. Acho até que seja TPM.

Consentiu com a cabeça, preferindo não comentar sobre. Pegou minha mala que eu tinha largado no meio da sala e chamou o filho.

Sam se postou do meu lado, com uma olhadela rápida na minha direção, me disse as palavras mais reconfortantes que uma mulher poderia ouvir no momento:

–Tia Al, nós podemos passar num mercado antes. Compraremos chocolate, minha avó diz que essas coisas ajudam as mulheres porque causam uma sensação de bem-estar causada pela ação da endorfina e da dopamina, relacionadas ao relaxamento.

Sufoquei num abraço o Sam enquanto o arrastava para fora do meu apartamento.

–Feliz da mulher que tem um Pequeno Newton ao seu lado.

Suas bochechas coraram e eu sorri. Já me sentindo bem melhor. Quase como se não estivesse indo fazer parte de um teatro. Quase me esquecendo de que eu era uma péssima atriz e que só tinha atuado em uma peça desastrosa dos três porquinhos, onde eu fui a casa de tijolos e recebia um jato de cuspe do garoto que fazia Lobo Mau.


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Notas finais do capítulo

Devo mil desculpas a vocês.
Eu realmente tinha o objetivo de postar ANTES do ano novo, mas tudo conspirou para isso NÃO acontecer.
Então aqui estou eu, desejando a vocês tudo de bom nesse ano que já começou.
Sonhar sempre com os dedinhos mindinhos dos pés no chão, todo o amor positivo, paz (PAZ SEM VOZ PAZ SEM VOZ... NÃO É PAZ É MEDO. Ok.) e aquele dinheiro no bolso que garante uma boa passagem nesse nosso mundo capitalista e internet para ler OVS.
Estou meio obcecada numa série agora, estou meio pirada nisso, não sei se ninguém já leu. Vocês já leram Cidade de Ossos? *.*
Estou mais que apaixonada, estou revoltada com esses livros.
Como livro tá uma coisa cara, Senhor. Injusta essa vida.
Falei falei e agora irei.