Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 9
Amostra do dia-a-dia




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Acordei com o despertador gritando no meu ouvido. Bati minha mão nele e ele escorregou, fui para frente pra poder pegá-lo e acabei indo com tudo para o chão. O nível é outro quando o dia começa bem.
Me levantei e bati a mão no interruptor ao lado da cama, ascendendo a luz. Troquei rapidamente de roupa, e fui para o banheiro fazer minha higiene matinal. Passei uma maquiagem leve apenas para esconder as marcas de cansaço, e desci as escadas.
Encontrei Patrick sentado à mesa junto com Bryan.
- Bom dia Alice. Venha tomar café conosco. – Patrick disse.
- Bom dia Patrick, bom dia Bryan. – Bryan sorriu pra mim – Ah, desculpe, eu não costumo comer de manhã.
- Ah, tudo bem. – ele disse – Você vai comigo ou com Sebastian? Daqui cinco minutinhos já estou saindo. Sebastian ainda não desceu.
- Ah...não sei, eu...
- Ela vai com a gente. – Bryan disse, vendo meu desconforto em responder. Sorri, agradecida.
Exatamente cinco minutos depois, eu estava entrando no carro de Patrick, com Bryan e minha mãe.
Ao chegarmos em frente a escola, Patrick disse:
- Hoje vocês voltam com o Sebastian. Seu carro volta da oficina hoje, Bryan.
- Finalmente! – Bryan exclamou.
- Boa sorte com o primeiro dia, filha. – minha mãe disse enquanto eu abria a porta do carro.
- Obrigada! – respondi e saí, e logo vi Bryan ao meu lado. A escola era gigante. Um prédio de dois andares com um campus maior do que tudo que eu já tinha visto na vida. Era como uma faculdade brasileira.
- Vocês tem mania de grandeza aqui, não é? Tudo muito exagerado. Pra quê uma escola desse tamanho? As faculdades no Brasil são assim. – Bryan riu e deu de ombros.
- Não sei, pra mim sempre foi normal.
Começamos a andar e por onde passávamos as pessoas sorriam pra nós. Sim, pra nós. Algumas pessoas sorriam diretamente para mim, e tudo o que eu conseguia fazer era olhar com uma cara estranha.
- Porque tá todo mundo sorrindo pra gente? – eu perguntei, achando tudo muito estranho.
- Estão todos querendo ser sociáveis. – ele respondeu.
- Mas ninguém me conhece. – eu olhei pra ele.
- É aí que você se engana. – ele disse. O quê?
- Tem alguma coisa que eu preciso ficar sabendo? – eu perguntei, e Bryan apenas riu, acenando para um grupo de pessoas que estavam um pouco perto da escadaria. Reconheci algumas da noite do luau. Senti uma estranha onda de alivio repentino quando avistei Ashley. Fomos em direção o grupo e Bryan foi cumprimentando todos, e quando chegou a Taylor, ela lhe de um beijo rápido. Na boca.
- Pronta pra entrar no ritmo da Lakeside School? – Ashley parou do meu lado.
- Eu acho que não. – eu disse.
- Ótimo, já é um ótimo começo. – ela disse e logo depois o sinal soou.  – Vamos, temos que ir à secretaria pegar sua grade de aulas. Entramos no prédio e fomos em direção à secretaria. Dei meu nome e meu ano, e a mulher me entregou um papel.
- Sua primeira aula é biologia. Sua sala é no segundo andar. Não é muito difícil de encontrar as salas por aqui, tem placas espalhadas por todo canto. Boa sorte! – ela acenou pra mim e saiu andando. Ótimo! Subi as escadas e me deparei com o grande e comprido corredor à minha frente. Fui seguindo até encontrar minha sala, e então entrei. Observei as pessoas e logo de cara reconheci Taylor e a outra menina da noite do luau sentada em uma das mesas do fundo. Nota mental: sentar do outro lado da sala. Procurei uma carteira vazia em uma fileira do canto, e parecia que tinha uma lá, guardadinha pra mim, só me esperando. Andei até lá e coloquei minha bolsa, ignorando os olhares e os sorrisos. O professor entrou e a sala se acalmou, cada um indo se sentar eu seus lugares. Educados, pelo menos. O professor olhou sua lista de nomes.
- Senhorita Campbell? – ele chamou.
- Sim? – respondi, e a atenção de todos se voltaram para mim. O homem me olhou e sorriu.
- Sou o professor Collins Young, dou aula de todos os ramos da biologia aqui dentro, e pela sua grade, teremos muitos encontros. Seja muito bem vinda!
- Obrigada. – respondi com um meio sorriso.
A aula passou rápido, e eu achei o professor mais simpático do que todos os alunos ali. Quando o sinal tocou, recolhi minhas coisas e saí dali, procurando avidamente por um rosto conhecido. Pela mão divina logo encontrei Ashley.
- Ashley! – levantei a mão e ela me olhou, assim como noventa por cento das pessoas no corredor, e correu em minha direção.
- Ótimo, estava te procurando mesmo. Seu armário fica no primeiro andar. Vem, eu te mostro.
- Espera um pouco. – eu falei e ela me olhou – Antes eu posso saber por que todo mundo sorri pra mim nesse lugar? – eu perguntei.
- Ora, será que é porque você é a mais nova integrante da família Dixon? – ela disse, como se fosse óbvio.
- Ok, mas e daí? – eu perguntei.
- Alice, minha querida, vem comigo. – ela pegou em meu braço e puxou escadaria a baixo, chegando ao corredor dos armários e apontando para o meu. – Pelo visto seus irmãos não serviram nem pra te dizer onde você estava se metendo, não é? – ela perguntou, colocando as mãos na cintura.
- Primeiro: eles não são meus irmãos. Segundo: não, não serviram. – eu disse.
- Que seja! Eu sirvo. – ela disse – O negócio é o seguinte, Alice: a família de Patrick é a família mais famosa e rica de Seattle. Todo mundo conhece Patrick Dixon por aqui. Consequentemente, todos conhecem seus filhos também. Sebastian e Bryan são as pessoas mais bajuladas desse colégio, e quando eles contaram que a filha da madrasta deles estava prestes a se mudar, a notícia correu como vento.  Todos viram você saindo do carro junto com Bryan e atravessando o campus com ele.  Se você não sabe, aqui vai a bomba: você é a mais nova queridinha desse colégio. – ela parou de falar e me encarou, com um sorriso divertido no rosto. Era só o que me faltava.
- Você só pode estar brincando comigo, Ashley. – eu me virei, jogando minhas coisas no armário. – Eu não sirvo pra isso, não mesmo.
- Você se acostuma. – ela disse.
- E como você virou amiga do Bryan? – eu perguntei.
- Nós somos amigos desde bem antes da escola. Nós crescemos juntos, nossas mães eram muito amigas.
- Eram? – eu parei e a olhei.
- A mãe de Bryan e Sebastian faleceu na sala de parto. Depois dela Patrick nunca mais teve ninguém, até sua mãe aparecer.
- Voltar, você quer dizer.
- Isso, até sua mãe voltar. – ela parou – Em falar em voltar, se não é perguntar muito, por que ela voltou?  - Ashley perguntou, começando a caminhar comigo até minha próxima sala.
- Longa história. – eu disse – O casamento dela com meu pai nunca foi lá essas coisas. Ela se casou muito nova, acabou fazendo bobagem. E acho que ela sentia falta da vida que ela tinha aqui, é tudo muito diferente. Eu acho que ela se arrepende de ter ido pro Brasil com meu pai.
- Entendo – foi tudo que ela disse.
- Alice! – olhamos para trás e vimos Sebastian correr em nossa direção.
- Boa sorte, novamente. – Ashley sorriu pra mim e saiu andando.
- Isso tudo é amor enrustido, Ashley? – Sebastian gritou para ela.
- Vai à merda, Sebastian! – Ashley respondeu sem olhar pra trás, e de quebra ainda mostrou o dedo para ele. Ele riu e se virou pra mim.
- E então, como está sendo o primeiro dia?
- Normal. – respondi e voltei a andar com ele me acompanhando. – Olha Sebastian, sobre ontem...
- Não! Não preciso de explicações, eu entendo. – ele me interrompeu.
- Não, você não entende. – eu olhei pra ele – Na verdade não tem nada o que entender. Eu só fui me desculpar pelo que tinha acontecido no sábado.
- E o que aconteceu sábado? – quando abri a boca pra responder, ele continuou – Ai não, vocês se beijaram? – ele colocou a mão na boca, como se fosse a novidade do ano – Estão vivendo uma paixão proibida? Posso escrever sobre isso? Tenho certeza que virar best-seller. – ele parou e me olhou, segurando o riso.
- O quê?! Não! Cala a boca! – eu disse, não conseguindo segurar a risada. – Você é doente. – eu balancei a cabeça e continuei a andar.
- Meu Deus! Você riu! Alguém tira uma foto disso, por favor! – ele aumentou o tom de voz, e mais algumas pessoas começaram a nos encarar. Comecei a encher seu braço de socos e tapas – Ai! – ele reclamou.
- Para! – eu disse e continuei rindo. – Você é ridículo. - respirei e tentei ficar séria.
- Já ouvi coisa pior. – ele deu de ombros.
- Tá bom, Sebastian. Eu vou pra aula. Até mais. – eu acenei e entrei em minha sala.


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Notas finais do capítulo

Comentem por favor!!!! Obrigada! Qualquer coisa: @sweetdefan