Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 7
Supresa




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Sábado de manhã. Na segunda feira eu começaria a escola. Minha mãe disse que iria me levar para eu comprar alguns materiais. Eu já estava falando normalmente com ela, quer dizer, normalmente na medida do possível.
Paramos em uma papelaria e eu comprei tudo por lá mesmo.
- Vocês chegaram tarde ontem. Estavam aonde? – ela perguntou enquanto entrava no carro.
- Na praia. Fizeram um luau lá. – respondi.
- Fico feliz que você tenha aceitado o convite do Bryan.  – ela disse dando a partida no carro.
- Olha mãe, eu...
- Não, Alice. – ela me interrompeu – Eu prometo não forçar você a mais nada. Eu vou dar o tempo que você precisar, forçar é pior. Eu não quero viver em um pé de guerra com você, não mesmo. Eu só quero ter uma convivência normal, como qualquer mãe e filha. Eu estou cedendo, Alice. Peço que você ceda um pouco também. – respirei fundo. Nossa. Eu não esperava isso da minha mãe, não assim, do nada. Eu senti que ela estava sendo verdadeira...mas eu simplesmente não conseguia fingir que estava tudo bem.
- Eu...eu vou tentar. – foi tudo que eu respondi.

Pela primeira vez desde que eu tinha me mudado pra cá, eu sentei no sofá e vi um pouco de TV. Ainda era um pouco estranho pra mim.
Estava escurecendo, e o Patrick começou a falar sobre a escola.
- Olhe, Alice, a escola é realmente muito boa, tenho certeza que você vai se sair muito bem. Suas notas são muito boas e eles ficaram felizes em receber sua matrícula.
- Isso, nós vamos dar um jeito de enturmá-la por lá. Deixa comigo, pai. Se depender de mim, ela vai esquecer a vida que ela tinha em São Paulo rapidinho. – Sebastian disse e riu. Minha mãe e Patrick ainda o incentivaram. Abri minha boca para replicar, mas me contive. Sem confusões, Alice.

Anoiteceu e eu fui liberada do momento em família, subi para meu quarto para tomar um banho, logo depois já desci para o jantar. Depois de aturar o Patrick falando e falando sobre a escola e aguentar as gracinhas do Sebastian, resolvi subir e ligar o computador, para ver se pelo menos o Théo estava online. Quando estava entrando em meu quarto, ouvi Bryan me chamar da escada, me virei e o vi me encarando.
- Você vai fazer alguma coisa muito importante agora? – ele perguntou.
- Hã...eu ia...nada. Por quê? – perguntei, sem entender.
- Eu queria te mostrar uma coisa. – ele disse.
- Agora? – perguntei, surpresa.
- Sim. Se não for incômodo, claro. – ele sorriu de lado.
- Tá. Pode ser. – eu disse e ele começou a descer as escadas, e eu fui atrás. Ele passou pela sala vazia e pelo hall, abrindo a porta de entrada da casa.
- Bryan...aonde você está indo? – parei perto da porta.
- Confie em mim, eu acho que você vai gostar. – ele saiu e eu o segui. Passamos pelo quintal e saímos pelo grande portão de entrada, ficando do lado de fora da casa.
- Bryan...
- Você não tem medo de altura, tem? – ele me interrompeu.
- Não. – respondi e o observei andando até uma das árvores que ficavam ao lado da casa, e pulando em um dos seus galhos. – Bryan, o que você está fazendo? – perguntei, achando graça em o ver subindo na árvore e pulando no muro que separava a casa de outro terreno. Ele se levantou e ficou de pé no muro, que não era tão largo assim.
- Sobe. – ele falou, apontando pra arvore abaixo dele.
- Quê? Você está louco? Eu vou cair! – eu disse olhando pra cima.
- Você falou que não tinha medo de altura. – ele cruzou os braços.
- Não ter medo de altura não me livra da lei da gravidade. – eu falei, revirando os olhos e cruzando os braços também.
- Você não vai cair, Alice. Sobe, você não vai se arrepender. – ele falou, rindo. Por um momento seu tom me lembrou do tom de Sebastian.
- Se acontecer alguma coisa a culpa é tua! – eu falei e comecei a subir pela árvore, chegando no último galho e pulando para o muro. Uou, era muito alto.
- Não olha pra baixo. – ele me alertou, mas já era tarde demais. Uma súbita tontura passou por mim, e ele segurou um dos meus braços. – Eu falei pra não olhar pra baixo.
- Muito obrigada pela dica. Da próxima tenta ser mais rápido. – eu disse, me recompondo e olhando pra ele. Ele riu e se virou, começando a andar pelo muro e se equilibrar, quando viu que eu não estava o seguindo, ele se virou.
- Porque você não tá andando?
- Eu vou descer, você é louco. – eu disse, me virando e já pronta pra pular na árvore novamente.
- O que custa você andar até aqui? – ele perguntou, querendo rir.
- Minha vida! – eu disse, sem coragem de sair do lugar.
- Cacete! – ele passou a mão no rosto – Você não vai cair! E eu não vou te matar também! Eu só quero te mostrar uma coisa, tem como você por favor andar até aqui? – ele disse e ficou me encarando.
- Eu te odeio. – eu disse e comecei a andar, sem olhar pra baixo.
- Obrigada. – ele sorriu cínico e continuou a andar. Ele chegou na parte mais alta do muro, na qual era grudado com o telhado. Colocou um pé no telhado e deu um impulso, subindo até o topo, e se virando pra mim.
- Sua vez. – ele sorriu.
- De jeito nenhum. – eu falei.
- Eu te ajudo a subir aqui, é grudado, não tem como você cair. – ele falou e eu dei alguns passos, até ficar lado a lado com o telhado. Fiz como Bryan e ele me puxou pelos braços, me ajudando a subir no telhado. O telhado da casa de Patrick era plano, então não era difícil de se  equilibrar.
- Pronto, o que você quer me mostrar? – eu perguntei.
- Isso. – ele abriu os braços e olhou em volta, e eu acompanhei. E paralisei. Uau. Do telhado da casa, era possível ver grande parte de Seattle. Uma Seattle que eu não tinha tido oportunidade de conhecer ainda. Iluminada apenas pelas luzes dos prédios, dos carros vagando pelas ruas, dos postes que pareciam pequenos pontos de luz.
- Você disse que gostava de olhar São Paulo à noite da sacada do seu prédio. Eu também tenho essa mania aqui, mas bom, não é tão seguro quando uma sacada. – ele riu – Pensei que assim você pudesse pelo menos se sentir um pouco em casa. – Eu não respondi, apenas olhei para ele, e depois para a vista maravilhosa que me circundava.


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Notas finais do capítulo

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