Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 48
Conversas




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Eu acordei em um domingo de manhã. As coisas que eu havia colocado na caixa ainda estavam lá. Eu não tinha mexido em nada com medo de que eu tivesse que partir de uma hora para outra. Entrei no banho e demorei um pouco mais do que o usual. Eu sentia que alguma coisa estava faltando, como se houvesse uma coisa que eu precisava fazer, mas não sabia o que era.
Saí e vesti calças compridas e uma blusa preta de manga comprida também, deixei o cabelo molhado, pois estava com preguiça de secar.
Ao sair do quarto, vi Bryan saindo do seu também.
– Alice, posso falar com você um pouco? – ele disse, já abrindo a porta de seu quarto novamente.
– Claro. – eu andei até ele e entramos. Ele estava de costas para mim passando as mãos pelos cabelos.
– Você realmente pretende levar isso para frente? – ele perguntou, finalmente me olhando.
– Depende do quê exatamente você está falando. – eu respondi.
– Você e Sebastian...eu digo...isso é sério? – ele balançou a cabeça.
– Sim. – eu respondi, confusa – Bryan, aonde você quer chegar?
– Você enfrentou sua mãe e meu pai por ele. – ele disse, me olhando de relance nos olhos.
– Bryan, eu não... – então eu entendi. Eu entendi o que ele estava querendo dizer. – Não, Bryan, não. Por favor, não me olhe assim. – seu olhar era frio e ao mesmo tempo magoado.
– Você sempre gostou dele? Até quando nós estávamos “juntos”? – ele fez sinal de aspas com as mãos.
– Não Bryan, as coisas não foram desse jeito. – eu me aproximei dele – Você foi tão atencioso comigo desde que eu cheguei aqui, sempre tentando me fazer sentir o mais confortável possível...isso me encantou tanto. Eu me encantei por você Bryan, de todas as maneiras possíveis. Mas com Sebastian as coisas foram diferentes. Eu não sabia que eu gostava dele até então. E você, o menino que eu sempre sonhei pra mim, eu quis tentar, eu...quis que a gente desse certo, mas não aconteceu. Eu não quero que você pense que eu preferi estar com Sebastian, preferi lutar por ele. As coisas só aconteceram. – ele apenas suspirou – Eu vou entender se você me disser que isso não faz sentido ou que você não aceita. É difícil para mim, tentar explicar isso, espero que você pelo menos tente entender. – ele me encarou por alguns segundos e então se aproximou me envolvendo em um abraço que eu gostaria de ficar por muito tempo. – Você sabe que eu amo você Bryan, muito mesmo. Você é a melhor pessoa que eu tenho aqui, se não fosse por você, eu nem sei se conseguiria. – eu me afastei dele – E é por isso que eu acho que você merece alguém muito melhor que eu. Uma pessoa que sempre esteve aqui por você, uma pessoa que te ame acima de tudo, Bryan. – ele me olhou, primeiramente confuso, depois seus olhar foi clareando.
– Alice...não. Isso é loucura. Nunca daria certo.
– Bryan, pense. Pare e pense. Você não precisa agir hoje nem amanhã. Mas pense. E não demore muito, pode ser tarde demais.

Um pouco mais à tarde, eu resolvi tomar minha penúltima decisão. Tirei todas as coisas da caixa e voltei a seus devidos lugares. Eu não iria embora. Eu não iria largar tudo obrigada mais uma vez. Agora eu faria as coisas do jeito certo, do meu jeito.
Nesse exato momento, minha mãe entrou no meu quarto. Ela olhou para as coisas dispostas na escrivaninha.
– Vejo que você resolveu mudar de ideia. – ela me encarou.
– É. – eu respondi.
– Foi ele que te fez mudar de ideia? – ela perguntou. Eu olhei para a caixa aos meus pés, depois olhei para ela.
– Foi ele, Bryan, Ashley, Patrick...você. – eu respirei fundo. – Vocês me deram razão para eu poder ficar, mãe. Não é proibido ter duas famílias. Eu tinha tudo no Brasil, e eu percebi que tenho tudo aqui. Eu não estou ficando só por causa de Sebastian. Eu estou ficando pelos momentos que vocês, como família, me proporcionaram. – ela sorriu.
– Nunca imaginei ouvir nada do tipo de você, Alice.
– E eu nunca imaginei que se eu tivesse a oportunidade, escolheria ficar. Eu posso conviver com a saudade, eu já fiz isso uma vez. E ninguém aqui está me proibindo de ir visitar meu pai e Théo de vez em quando, ou que eles possam vir até mim. – quando reparei em seu rosto, ela tinha os olhos cheios de lágrimas.
– Ah, Alice. – ela andou até mim, me envolvendo em um abraço protetor, que embora eu não admitisse para mim mesma, eu sentia muita falta. – Você não sabe como eu sonhei em ouvir você dizer isso. Eu estou tão orgulhosa, tão feliz. Eu prometo, minha filha, prometo que daqui para frente as coisas vão ser melhores. Eu vou me esforçar para ser a mãe que você sempre sonhou. A melhor mãe do mundo, se possível. – ela riu em meio as lágrimas – Eu sei que eu tenho muitos defeitos, Alice. Sei também que eu errei muito com você, mas não é o fim. E você acabou de me mostrar isso. – até então eu havia me segurado ao máximo para não chorar, mas quando ela disse essas palavras, eu não aguentei e me encolhi em seus braços, colocando para fora todos os arrependimentos.
– Eu te amo, mãe. E você não precisa se esforçar para ser a melhor mãe do mundo, apenas sendo você, para mim já está perfeito. – eu disse.
– Eu te amo, Alice. Eu te amo muito. – ela respondeu.

Quando Patrick me chamou no escritório dele, eu percebi que aquele era um dia que eu teria que falar muitas coisas que eu ultimamente guardava para mim. Um dia de muitas conversas.
Mas quando entrei lá, não imaginei encontrar Sebastian sentado em uma das cadeiras.
– Eu preciso ter uma conversa muito séria com vocês dois. – eu olhei para Sebastian, que tinha aquela cara cínica de quem estava preocupado com o que aconteceria, mas na verdade sabia que não daria em nada. Eu já não tinha tanta certeza assim. Me sentei ao lado dele, onde claramente tinham reservado uma cadeira para mim. Eu me sentia em uma entrevista de emprego, ou quando o inspetor acha você e seu namorado se beijando dentro do banheiro da escola e te mandam para a sala do diretor. – Eu espero que vocês saibam muito bem o que estão fazendo.
– Nós sabemos. – Sebastian respondeu.
– Sabem mesmo? – Patrick olhou para mim. Limpei minha garganta.
– Sabemos. – respondi.
– Antes de qualquer coisa eu gostaria de deixar bem claro que, apesar de aceitar, isso não quer dizer que eu seja a favor. E vocês podem ter certeza que a atenção nessa casa em vocês será redobrada. Eu ainda vou precisar me acostumar a ver essa coisa adolescente de andar de mãos dadas pela casa, então, por favor, não forcem.
– Pai, nós não somos crianças. Nós entendemos como isso deve ser estranho para você. – Sebastian disse.
– Ainda bem que entendem. Espero não ser preciso chamar a atenção de vocês para certas coisas, que como você mesmo disse Sebastian, vocês não são mais crianças. – quando eu entendi o que ele quis dizer, corei na hora. – Peço que ao menos respeitem seus pais que estão dormindo no andar de baixo. – Sebastian riu pelo nariz. Meu Deus.
– Tudo bem, pai. – ele disse e eu apenas assenti.
– Ótimo. Algumas outras coisas nós podemos ir acertando com o tempo.


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