Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 47
Atitude




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Acompanhei Sebastian até o topo da escada, e por algum motivo não consegui encarar Patrick e muito menos minha mãe. Fiquei observando a cena toda de lá.
Ele desceu os degraus rápida e decididamente, parando Patrick e minha mãe antes que eles fossem para o quarto.
– Pai, Elizabeth, nós precisamos conversar. – os dois se viraram para ele, e Patrick o olhou, confuso.
– Fale, Sebastian. – ele disse. Bryan emergiu da cozinha, e ficou olhando para Sebastian, assustado, como se soubesse o que estava prestes a acontecer.
– Vocês não vão levar Alice daqui. – ele disse com firmeza.
– Desculpe? – Patrick deu um passo à frente.
– Foi isso mesmo que o senhor ouviu. – ele respirou fundo – Será que vocês nunca pararam para pensar como deve ser horrível ser obrigado a fazer as coisas que não queremos? Como deve ser horrível ter que jogar tudo para o alto por causa de uma decisão de outra pessoa? Lizzy, você ao menos parou e perguntou a Alice o que ela quer?
– Sebastian, pare. Você não tem nada que questionar...
– Não, Patrick. Está tudo bem, o deixe continuar. – minha mãe interrompeu Patrick.
– Será que já não basta ter a feito largar o pai e o melhor amigo e a fazer se mudar para um lugar que ela não queria? Onde ela não conhecia ninguém? A obrigar a se acostumar com uma rotina que ela não aceitava? Será que já não foi o suficiente fazê-la se afastar das pessoas que ela mais amava?
– Chega, Sebastian! Eu não aceito que você fale desse jeito com Elizabeth. – Patrick levantou o tom de voz.
– Patrick, eu disse que está tudo bem. – minha mãe também levantou o tom de voz, o que me assustou um pouco – Eu quero ouvir o que ele tem a dizer.
– Eu sei que eu não tenho direito de julgar as coisas que você fez, Lizzy, e eu não estou de maneira alguma fazendo isso. Eu estou tentando te mostrar que você não precisa cometer o mesmo erro novamente. Depois de tudo que ela passou, ela finalmente se encaixou aqui, e agora vocês querem fazê-la largar tudo outra vez. Já pararam para se colocar no lugar dela? Tentar entender o que se passa na cabeça dela? Você é uma mãe excepcional Lizzy, apesar de tudo. Eu sei disso, pois você foi minha mãe durante todo esse tempo que esteve aqui. Mas será que vocês já pensaram na pressão que ela vem sofrendo? E que ela vem aguentando tudo sozinha? Desde todas as brigas que vocês tiveram até o que aconteceu com o bebê? Pelo menos uma vez parem um pouco e pensem no lado dela, no que ela quer e no que ela sente.
– Parece que você a entende perfeitamente bem, Sebastian. – Patrick disse antes que qualquer um pudesse se pronunciar. Sebastian olhou para ele.
– Lembra quando você disse que se fosse para eu e Bryan brigarmos por uma mulher, que fosse por uma que valesse a pena? Então, pai. Bryan pode não ter brigado por ela quando teve a oportunidade, mas como vocês já devem ter percebido, eu não sou Bryan. – ele riu sem humor – Eu não vou cometer o mesmo erro que ele. E eu tenho todo o respeito do mundo a você, pai, o senhor sabe disso. E a você também, Lizzy. Meu pai não poderia ter encontrado mulher melhor. Mas eu não vou fazer como Bryan, não vou simplesmente aceitar quando vocês disserem que é errado, ou quando a própria Alice disser que é melhor assim. Não existe nada de errado nisso. Nós não somos irmãos, nem meios-irmãos. Nós não temos nem uma gota do mesmo sangue correndo em nossas veias. Eu não entendo como isso possa ser errado. Eu sei que o senhor, pai, é muito conservado, mas os tempos são outros. E eu estou disposto a lutar por ela. – ele se virou e nossos olhos se encontraram por alguns segundos, antes de minha mãe o chamar.
– Sebastian. – ele se virou para ela – E se a decisão dela for ir embora?
– Não será, Lizzy. Não será.

Depois daquela conversa, aquela casa virou de pernas para o ar. Estava tudo um caos. Eu fui chamada na sala e pela primeira vez eu vi Patrick perder a compostura. Ele gritava para Sebastian que nunca havia sido tão desrespeitado em toda a vida dele, e que ele nunca aceitaria aquilo debaixo de seu teto. “Ótimo, então eu vou para o Brasil com ela”, Sebastian rebateu.
A discussão durou alguns dias. Sim, dias. Todos os dias alguém falava alguma coisa que trazia todo o assunto à tona. Eu estava cansada de repetir que eu realmente queria ficar com Sebastian e que nada daquilo era capricho. Sebastian não trocava uma palavra com o pai, minha mãe tentava me convencer a parar com tudo, mas eu não iria colocar todos os esforços de Sebastian a prova. Patrick conversava comigo, mas apenas por respeito a minha mãe.
Foi apenas um dia, quando minha mãe tornou a falar comigo, que eu joguei a cartada final.

– Você não largou tudo aqui para viver um grande amor? Não fez uma grande loucura porque estava apaixonada? Então, mãe. Me deixe cometer as minhas loucuras também!
– Mas eu percebi que estava errada também! Percebi tarde demais.
– Mas isso não significa que vai dar tudo errado para mim também! Eu não estou destinada a viver a mesma história que você! Sebastian não é Patrick. Eu não sou você.

Ela pareceu perceber que eu estava certa do que estava fazendo. E que eu não iria desistir tão facilmente assim. E contra sua vontade, ela começou a rodear Patrick para ele também tentar pelo menos aceitar. O problema era que Patrick era mil vezes mais difícil de convencer do que minha mãe.


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Notas finais do capítulo

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