Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 46
Não posso te perder


Notas iniciais do capítulo

Por favor, coloquem https://www.youtube.com/watch?v=CdjRmM0Q0qs



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391954/chapter/46

Eu já estava colocando todos os objetos que havia em cima da minha escrivaninha. Até mesmo o quadro que Théo havia me dado com as três fotos nossas. Uau. Como eu sentia falta dele.
No dia anterior, logo depois da conversa com Bryan, eu havia falado com ele. Contei a ele tudo o que havia acontecido e a notícia de que em poucos dias eu estaria de volta ao Brasil. Ele não conteve a alegria, apesar da minha indecisão. O que ele disse foi que apesar de tudo, ele entende que eu tenho pessoas com quem eu me importo por aqui, e que ele vai estar ao meu lado em qualquer lugar que eu decida ficar. Eu tinha falado com meu pai também, e ele disse a mesma coisa. Eu já havia feito minha decisão. Eu tinha que ir.

PLAY NA MÚSICA

Eu já havia colocado tudo dentro da caixa, e então entrei no meu closet, pegando minha caixa com meus cadernos de desenho. Estava indo colocá-la ao lado da outra quando a porta do meu quarto abriu com um estrondo. Eu soltei a caixa que estava segurando e todos os meus desenhos se espalharam pelo chão do quarto. Sebastian apareceu e estava como se tivesse visto um fantasma.
–Sebastian! O que houve? – eu perguntei. Ele fechou a porta atrás de si e veio andando em minha direção, ignorando os desenhos que ele passava por cima.
– Me fala que é mentira. – ele disse, me encarando fundo nos olhos. Eu arqueei as duas sobrancelhas.
– Sebastian...porque você está nesse estado? – eu estava começando a ficar assustada.
– Eu disse para você me falar que é mentira! – ele disse um pouco mais alto. – Você está indo embora, Alice?
– Estou. – eu respirei fundo ainda sem entender porque ele estava tão...afetado.
– Isso foi decisão de quem? – ele perguntou.
– De minha mãe.
– E você simplesmente aceitou? – sua expressão era de incredulidade.
– O que mais eu poderia fazer, Sebastian? – eu joguei os braços para o alto – Eu cansei de lutar contra ela. E eu também vou rever meu pai, Théo...
– Só me responda uma coisa – ele me encarou – É isso que você quer? Você quer ir embora?
– Eu...eu não sei. Eu estou tão perdida. – eu disse e me sentei na beira da cama.
– E você pretendia me contar isso quando? – eu conseguia ouvir a mágoa em sua voz, e isso me assustava cada vez mais.
– Também não sei. Na verdade eu não sei nem como você e Bryan ficaram sabendo.
– Ele ouviu uma conversa de meu pai com Lizzy, e então ele me contou.
– O que você vai fazer? – ele perguntou, se aproximando de mim e se sentando do meu lado.
– Eu vou embora. – eu respondi – É a única coisa que eu posso fazer.
– Não – ele balançou a cabeça negativamente e se virou para mim, e eu me virei para ele. Ele colocou uma mão em meu rosto. E eu pude ver em seus olhos como estava sendo difícil para ele fazer essa demonstração de carinho. – Você pode ficar, Alice. Você pode esperar os dois chegarem e falar a eles que você vai ficar. Elizabeth não pode te obrigar. – eu coloquei minha mão por cima da dele.
– Ela já obrigou uma vez. – eu disse baixo.
– Eu... – ele olhou para os lados, e depois para o chão, umedecendo os lábios – Eu não posso aceitar isso. – sua voz saiu em um sussurro, ele levantou o olhar para mim e eu o encarei, completamente paralisada.
– Você o quê?
– Eu não vou aceitar isso. – ele falou mais firme dessa vez – Você ainda não percebeu, Alice? Eu nunca fui de demonstrar meus sentimentos para ninguém, às vezes até eu duvidava se eu tinha algum sentimento. Minhas demonstrações de carinho se limitavam em um beijo no rosto, e apenas para cumprimentar alguém. – ele respirou fundo – E com você Alice, é tudo muito confuso. Eu sinto necessidade de te confortar. Necessidade de ver você precisando de mim. – as palavras me atingiram com a força de um tiro, mas a melhor parte foi que elas não doeram.
– Sebastian...
– Alice, preste atenção em mim. – ele me interrompeu, colocando agora a outra mão em meu rosto. Ele se ajeitou e se aproximou – Eu não vou deixar você ir embora, entendeu? Eu não vou deixar eles te levarem daqui. – ele respirou fundo mais uma vez – Alice, I can’t lose you. - ouvindo aquelas palavras e automaticamente as traduzindo eu perdi completamente a noção de tudo. “Alice, eu não posso te perder”. Em português elas soaram bem mais fortes. Eu simplesmente não sabia o que fazer, não sabia o que responder.
Senti uma lágrima escorrendo pela minha bochecha, e ele esticou e a limpou com o dedão.
You won’t. – foi tudo o que eu consegui responder. “Você não vai”. E não iria mesmo.
Dito isso, eu me inclinei e encostei nossos lábios. Ele suspirou e desceu uma das mãos de meu rosto até minha cintura me puxando para mais perto dele, aprofundando o beijo com urgência. Passei meus braços pelo seu pescoço e ele me pegou pelo quadril, me colocando em seu colo. Ele me apertava cada vez mais contra ele, como se aquela fosse a última vez que faríamos aquilo. Ou como se ele colocasse para fora meses de desejo reprimido. Eu sabia que para mim a última opção se encaixava bem melhor.
Era um beijo quente e desesperado, eu sentia que precisava daquilo, e que naquele momento eu não queria mais ninguém que não fosse ele ali. Era o encaixe perfeito. Nossos corpos e nossas bocas. Nossas respirações se confundiam em uma sintonia perfeita.
Seus beijos foram descendo para meu pescoço enquanto eu acariciava sua nuca. Ele ia afastando um pouco a gola de minha blusa para poder ter mais espaço para beijar, depois foi voltando para o pescoço e finalmente chegou em minha boca novamente. Nos beijamos por mais uma eternidade até que finalmente nos separamos.
Com a respiração ofegante, ele disse:
– Eu não vou deixar que te tirem de mim. Eu já vi você indo embora uma vez, quando estava com meu irmão. Mas agora as coisas são diferentes. Eu vou agir Alice, e ninguém vai impedir nós dois de dar certo. – eu apenas assenti e o beijei mais uma vez, só que dessa vez bem rápido, pois ouvimos o carro de Patrick entrar na garagem. Eu o encarei e ele me passou um olhar de confiança que simplesmente me fez esquecer tudo por um momento. Olhando para os olhos dele, parecia que eu havia mergulhado em uma galáxia toda estrelada. E eu amava olhar para aquele céu cheio de estrelas.
Nós nos levantamos e quando ele estava prestes a sair, ele olhou para a bagunça de desenhos no chão.
– Desculpe por isso. – ele disse, e então focou em um desenho, que eu não consegui decifrar qual era até ele o pegar em suas mãos. – Alice, o que é isso? – ele perguntou para mim, com um sorriso brincando nos lábios.
O desenho que eu havia escondido de todos e de mim mesma bem no fundo da caixa. O desenho que tantas vezes eu tinha pensado em rasgar, mas simplesmente não conseguia. Aquele que eu havia feito no mesmo dia em que eu desabafei com ele.
O desenho que representava uma galáxia estrelada com os olhos de Sebastian.

(Caso não lembrem dela desenhando, confiram o capitulo 12)


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Family Portrait" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.