Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 45
Voltar ou não voltar?




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/391954/chapter/45

Tudo o que eu mais queria naquele momento era que alguém fechasse as cortinas e me deixasse no breu do meu quarto para o resto da minha vida.
Dois dias haviam se passado desde que a terrível noticia havia assolado o não tão bom clima em que essa família estava vivendo. Minha mãe estava melhor, se recuperando mais rápido do que eu imaginava. Eu estava prestes a virar para enterrar meu rosto no travesseiro quando ouço alguém bater na porta.
– Entra! – eu gritei abafado por estar coberta até o rosto. O frio de Seattle já estava chegando a seu ápice.
– Alice? – minha mãe me chamou, já entrando no quarto. Eu tirei a coberta do meu rosto e a observei. Ela havia emagrecido tanto. Olheiras fundas circundavam seus olhos e seus cabelos um pouco desgrenhados haviam perdido todo o brilho que sempre tiveram. – Filha...eu...eu preciso te falar uma coisa. – me sentei na cama, assentindo. Eu já sabia o que estava por vir, mas mesmo assim estava com medo de ouvir diretamente da boca dela. – Eu estive pensando...todas essas coisas que vem acontecendo, tudo está muito bagunçado para nós. Eu te trouxe para cá na esperança de que nosso relacionamento pudesse melhorar, mas eu vejo que eu errei quando eu disse que estava pensando no melhor para você. Não que você não esteja tentando, eu vejo que está. Mas eu também sei que a mágoa sempre dá um jeito de tomar conta de você, e te fazer agir de outra maneira. E eu não a culpo por isso.
Eu queria que você vivesse em um ambiente familiar melhor, mas isso que você está passando aqui, Alice, não é o que eu esperava, não era nada do que eu queria. E eu não posso deixar que isso te afete, não mais do que já afetou. – ela fez uma pausa e respirou fundo – então eu pensei e repensei. E Alice, você voltará para o Brasil no fim desta semana. Por tempo indeterminado.
As palavras finalmente foram ditas, e me atingiram com uma força maior do que eu imaginei. Eu a encarei por alguns minutos e apenas assenti, absorvendo a ideia. Eu já sabia que aquilo aconteceria. Mais cedo ou mais tarde, aconteceria. O que eu não sabia é que eu fosse sentir a cruel dúvida que eu estava sentindo no momento. Pela primeira vez em todo esse tempo, eu fiquei em dúvida se eu queria ou não voltar para o Brasil.

– Alice! – ela exclamou enquanto corria para me abraçar. Recebi seu abraço forte e a observei me analisar. – Como você está? – Ashley perguntou enquanto andávamos pela praia. O vento gelado passava pelos nossos cabelos que só não se desgrenhavam por estarmos usando toucas.
– Conformada, eu acho. – eu disse, analisando a areia.
– Isso não está certo! Você precisa dizer a ela que quer ficar! – eu olhei de relance para Ashley. Eu nunca imaginei que poderia me apegar tanto a ela como eu me apeguei.
– Esse é o problema, Ash. Eu não sei se eu quero ficar. – ele suspirou ao meu lado – Mas eu nem sei se eu quero ir também! É impossível entender! – eu parei de repente, afundando a cabeça nas mãos. – Isso não é justo! – minha voz saiu abafada.
– Alice, eu...eu não sei o que te dizer. É uma coisa que só você pode resolver.Bryan e Sebastian já sabem?
– Ainda não. Não por mim, pelo menos.
– Pensa em tudo que já te aconteceu aqui, em todos os momentos em que você foi feliz...vale a pena jogar tudo para o alto? O que está te esperando no Brasil, Alice? – ela disse, tirando minhas mãos do meu rosto e me encarando.
– Tudo que eu sempre quis era voltar para lá, Ash, mas agora eu não sei de mais nada. Apenas a possibilidade de rever meu pai e Théo já me enche de alegria. Mas aí que lembro que eu terei que deixar tudo aqui e eu simplesmente não sei o que fazer.
– Sabe o que eu acho? – ela disse e eu olhei para ela – Acho que na hora certa você saberá o que fazer.

Voltando para casa, parecia que o ar entrava mais fácil em meus pulmões. Fui direto para a cozinha e tomei um copo d’água. Me encostei no balcão e observei toda a cozinha, meu olhar pousou no balcão onde eu tive meu primeiro beijo com Bryan. Não pude conter um sorriso.
Se me perguntarem se eu me arrependo, eu não pensaria duas vezes antes de responder que não. Eu não me arrependo nem um pouco. Era aquilo que eu queria fazer no momento, e eu não sei teria ido para frente caso minha mãe e Patrick não intervissem. Mas isso não importa agora, pois eu não ficaria muito tempo por aqui para ficar martirizando isso.
– Alice. – eu ouvi alguém me chamar e olhei para a entrada da cozinha, e lá estava Bryan me encarando. – É mentira, não é?
– O quê é mentira? – eu perguntei, colocando o copo de lado.
– Você vai voltar para o Brasil no fim de semana? – eu o encarei, sem dizer uma palavra – Alice, isso é verdade? – eu continuei em silêncio. Ele se aproximou e parou na minha frente, colocando a mão no meu rosto e ficando a pouquíssimos centímetros de mim. Seu rosto foi se aproximando do meu até nossos narizes se tocarem. O que ele estava fazendo? Nos últimos segundos, ele desistiu. Eu podia sentir que ele percebera que era inútil. Nenhum de nós queríamos aquilo mais. O que havia acontecido entre nós foram momentos muito bons que ficaram no passado. E eu respirei aliviada. Ele tirou a mão do meu rosto e me olhou, decepcionado. – Você quer ir embora, não quer? – ele balançou a cabeça negativamente –Você finalmente conseguiu o que você queria desde que chegou aqui. E eu aqui me preocupando feito um idiota. – ele se virou para sair da cozinha, e eu agarrei seu braço.
– Não! Não é nada disso Bryan! É que...eu não sei o que fazer! Eu estou completamente perdida. Está acontecendo tudo muito rápido, eu estou desesperada. – eu passei as mãos pelo rosto. O ouvi respirar fundo e então ele me envolveu em um abraço.
– Me desculpe. Eu imagino como deve estar sendo difícil para você. – ele disse deixando um beijo no topo da minha cabeça – Mas pode ter certeza que eu vou te apoiar na decisão que você tomar. Você pode contar comigo.
– Obrigada, Bryan. Obrigada por tudo. Eu...eu amo você. – eu disse com a voz abafada contra seu peito. O ouvi soltando um riso.
– Eu também amo você, Ally.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Family Portrait" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.