Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 41
Inacreditável




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Encontrei Patrick no corredor de emergência. Ao nos ver, ele levantou e esperou que eu chegasse e jogasse todas as perguntas em cima dele.
– O que aconteceu Patrick? Ela está bem? – a vontade de chorar veio com toda força, mas eu me segurei.
– Ela desmaiou no meio do escritório e não acordava de maneira alguma. – então ele explicou tudo até o momento em que nós chegamos – Ainda estão fazendo alguns exames e não me deixaram entrar. Ela ainda está desacordada. Teremos que esperar aqui. – ele se sentou e enterrou a cabeça nas mãos. Dessa vez eu não consegui me controlar e comecei a chorar. Ao me virar para tentar me acalmar, fui envolvida em um abraço. Sebastian me encaixou em seus braços e me apertou contra ele, passando uma onda de segurança que fez efeito imediato.
Minha crise de choro foi passando aos poucos, mas eu sentia que se eu saísse do abraço dele, ela voltaria novamente. Então eu não arrisquei sair dali. A todo momento ele passava as mãos pelos meu cabelos e beijava o topo de minha cabeça, sussurrando que estava tudo bem.
Mais ou menos quarenta minutos depois, o médico apareceu no corredor.
Só então que eu saí do abraço de Sebastian.
– Desculpem a demora, – o doutor começou – é que realmente foi difícil acordar a sra. Elizabeth.
– O que ela tem, doutor? – Patrick perguntou, aflito.
E então o médico sorriu.
– Sua mulher está grávida, Sr. Dixon.
Foi como se o mundo tivesse parado de girar, e a voz do médico ecoasse em todas as paredes do hospital.
Minha mãe estava grávida. Eu logo teria um irmãozinho ou uma irmãzinha.
Meu sorriso foi se abrindo aos poucos, e logo pulei nos braços de Patrick, que sorria feito um bobo.
– Grávida, Patrick! – eu disse enquanto o abraçava – Isso é maravilhoso!
Me virei para olhar para Sebastian, e para minha surpresa, ele também sorria. Então o abracei de novo.
– Se eu tiver que aguentar mais uma Alicezinha naquela casa, eu não sei o que eu faço. – ele sussurrou em meu ouvido e eu sorri, dando um tapa em seu braço. Por cima de seu ombro, vi Bryan e Ashley chegando no corredor.
Me desvencilhei de Sebastian e corri até eles, abraçando Bryan pelo pescoço. Ele demorou um pouco, mas logo me abraçou de volta.
– Alice, o que aconteceu? Eu achei que sua mãe estivesse mal. – ele me olhou, confuso.
– Ela está grávida, Bryan. Minha mãe está grávida! – eu disse. Bryan e Ashley sorriram mutuamente e eu logo fui abraçada por Ash.
– Que notícia maravilhosa! – ela disse enquanto me abraçava.

Chegamos em casa e minha ficha ainda estava caindo.
Me lembro de um dia, quando eu era pequena, perguntar para minha mãe porque eu não tinha um irmão ou uma irmã. Me lembro dela ter olhado um pouco nervosa para meu pai, e então ela pegou em minha mão e me explicou que quando eu estava nascendo, aconteceram alguns problemas. E esses problemas nunca foram resolvidos, e então seria difícil para ela carregar outra criança.
Alguns anos depois fui entender que minha mãe nunca mais poderia engravidar.
Basicamente esse bebê era um milagre.
Mas como na vida de Alice nada pode ser perfeito, vamos ao porém.
Esse bebê era sim um milagre, porém era uma gravidez de alto risco. O médico recomendou repouso absoluto.
Minha mãe estava totalmente restrita de ter filhos, e então isso aconteceu, agora ela teria que ter todo o cuidado do mundo.
De repente a única coisa que me veio na cabeça foi: eu preciso contar isso à meu pai. E Théo.
E então eu subi as escadas e liguei o computador. Chamei Théo no Skype e ele atendeu.
– Alice! Que saudade. – o sorriso dele automaticamente me fez me sentir muito bem.
– Théo...tenho tanta coisa pra te contar... – e então eu comecei a contar tudo desde a última vez em que tínhamos conversado.
Contei a ele sobre mim e Bryan, e então sua expressão ficou séria.
– Sua mãe sabe disso, Alice? Quer dizer, Patrick sabe disso? – ele perguntou.
– Ninguém sabe. Além de Ashley e Sebastian. – eu respondi.
– Alice, isso é loucura! Você sabe que não vão conseguir esconder pra sempre.
– Eu sei que não, mas...poxa, Théo, eu finalmente estou conseguindo me estabilizar aqui, sabe? Encontrei pessoas que gostam de mim, e que por incrível que pareça eu também gosto delas. Encontrei alguém que me faz bem, verdadeiramente bem. São nessas condições que eu estou vivendo aqui, entende? Eu estou dando meu jeito.
– O jeito errado! – ele exclamou.
– Não. Théo, por favor, não. – eu levantei uma mão. – Eu estou cansada de lutar contra isso. Mesmo contra minha vontade, minha casa agora é aqui. Eu percebi que não adianta mais ser tão dura com as pessoas que só querem meu bem. Não adianta mais, eu não vou voltar para o Brasil, Théo. Eu já aceitei isso, aceite você também.
– Você parece feliz, Alice. Feliz, não conformada. – ele cruzou os braços. Aquelas palavras me atingiram mais do que deveriam.
– Não seja tão duro comigo. Se coloque no meu lugar. Você não faz ideia do quanto eu te quero por perto, mas iria ser bem pior para mim se eu não tentasse! Por favor, não me faça me sentir culpada, Théo, eu não posso aguentar isso vindo de você. – ele me encarou e respirou fundo.
– Tudo bem, me desculpe. Eu só não...só não suporto a ideia de ver você compartilhando sua felicidade com outras pessoas. – ele suspirou. Eu balancei a cabeça.
– Minha mãe está grávida. – eu disse.
– O quê? – ele arregalou os olhos.
– Isso mesmo, minha mãe está grávida. Descobrimos hoje.
– Uau, Alice...isso é...isso é ótimo! – ele sorriu.
– E sabe, Théo, nós estávamos no sítio de Ashley quando eu recebi a notícia. Patrick me ligou desesperado, dizendo que ela estava no hospital e que devíamos voltar para Seattle na hora. Milhares de coisas passaram pela minha cabeça. Eu nunca disse “eu te amo” para a minha mãe, Théo. Nunca. E já disse que a odiava milhares de vezes. Meu desespero foi descomunal. Agora mais do que nunca eu preciso estar aqui.
– Eu entendo, meu amor, realmente entendo. Me desculpe por parecer tão egoísta. Agora eu acho que você tem que ir e passar o tempo máximo que conseguir com ela. E não esqueça de dizer que a ama. – e então ele desligou.
E não esqueça de dizer que a ama
Isso me lembrou a conversa que tive com Bryan um dia. Quando ele me disse que eu tinha sorte de ter minha mãe por perto. E que eu deveria aproveitar isso.
Era exatamente isso que eu iria fazer daqui para frente.


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