Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 39
Dia de álcool




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Quando finalmente paramos de rolar, acabamos (não sei como) um do lado do outro. Respirei fundo, tentando inalar algo que não fosse grama. Meu braço doía, e meus joelhos também.
Lá do topo, o caseiro apareceu gritando:
– Vocês estão bem? – Bryan tentou se levantar, mas sua cabeça tombou para trás de novo. Durante a queda, parecia que o mundo estava girando na velocidade da luz. Nós precisaríamos de mais algum tempo para nos recuperar.
– Acho que sim. – Bryan disse um pouco baixo, e riu. Mas foi o suficiente para o caseiro ouvir e gritar de volta:
– Hã...tudo bem. Se precisarem de alguma coisa estarei no estábulo. – e então ele sumiu. Bryan virou a cabeça para me olhar, e eu o encarava, sem expressão.
– Você se machucou? – ele perguntou ainda com um sorriso brincando nos lábios.
– Não. – eu balancei a cabeça e tentei me levantar. O máximo que eu consegui foi me sentar.
– Eu já falei o quanto eu te odeio, Bryan? – eu perguntei, sem olhar para ele.
– Vai me odiar ainda mais quando olhar seu cabelo no espelho. – ele disse. Levei as mãos ao meu cabelo, e ele estava molhado, todo desgrenhado, sujo e cheio de grama.
Ao tentar me levantar, meus joelhos arderam, e então reparei que eles estavam arranhados. Olhei para meu braço, e um pouco acima do cotovelo, outros arranhões ardiam.
– Nós poderíamos ter nos machucado de verdade – observei, tentando manter a calma. Ele soltou uma gargalhada e se sentou, ficando lado a lado comigo. – Qual é a graça? – eu o fuzilei com o olhar.
– Nada. – ele deu de ombros e se levantou, esticando a mão pra mim, para me ajudar. – Vem, acho que você vai precisar de outro banho.
Vem? – arqueei uma sobrancelha para ele. Ele demorou um pouco para perceber como a frase tinha soado um pouco estranha, como: Vem, eu vou te dar um banho.
– Você entendeu o que eu quis dizer. – ele disse e eu peguei sua mão, me levantando e já andando, tentando parecer mais irritada do que eu estava. – Bem que essa ideia seria muito bem recebida. – ele falou um pouco mais baixo atrás de mim. Parei e respirei fundo.
– Vou fingir que não ouvi. – e continuei andando.
Ao entrarmos na casa, Ashley estava saindo da cozinha e Sebastian de seu quarto. Os dois pararam no corredor atônitos quando nos viram.
O que foi que aconteceu com vocês dois? – Ash perguntou, com as sobrancelhas levantadas.
– Acho que a melhor pergunta é: O que vocês dois estavam fazendo? – Sebastian perguntou e eu lancei um olhar duro para ele.
– Um acidente. – eu respondi.
– Parece que vocês foram atropelados pelos cavalos do celeiro. – Ashley comentou.
– Foi quase isso. – Bryan respondeu.
– Eu preciso de outro banho. – eu dei fim à conversa, passando pelos dois e entrando no quarto, ouvi Bryan entrar no seu e fui direto para o chuveiro novamente.

Eu estava sentada no sofá, assoprando os arranhões, que agora eram vergões, que estavam no meu braço.
Bryan estava com alguns na bochecha, que se destacavam na pele clara.
– Eu deveria nunca mais olhar para você, Bryan Dixon. Você é ridículo. – eu disse.
– Não foi proposital e você sabe disso. – ele respondeu.
– Nunca mais diga a palavra cavalo na minha frente, entendeu? Agora eu os odeio mais ainda. – eu bufei. Ele sorriu e passou o braço pelo meu ombro, beijando minha bochecha.
– Eu nunca vou esquecer a sua expressão de horror enquanto caía. Se eu tivesse uma foto eu mandaria enquadrar. – ele disse. Não pude deixar de rir imaginando a cena de um quadro com meu rosto contorcido de medo e susto enquanto eu caía pendurado no quarto de Bryan.
– Ainda bem que você não tem nenhuma foto. E a primeira oportunidade que eu tiver de te jogar de algum lugar eu não vou desperdiçar, então fique esperto comigo. – eu disse. Ele arqueou uma sobrancelha.
– Isso foi uma ameaça? – sua boca colou em meu ouvido.
– Entenda como quiser. – eu dei de ombros. Ele riu e sua respiração arrepiou todos os pelos do meu pescoço. Percebendo isso, ele começou a beijar levemente a região, descendo os beijos e praticamente arrancando o ar de meus pulmões.
– Bryan... – eu comecei – Nós não estamos no quarto. Qualquer um pode aparecer.
– E qual o problema? Os dois já sabem. – ele sussurrou. Arregalei os olhos.
– Como assim os dois já sabem? Sebastian...
– Sebastian não é idiota. – ele me interrompeu – Ele já deve ter percebido. – soltei a respiração, aliviada. Não poderia nem imaginar Sebastian contando a Bryan que tentou me beijar na piscina. Apenas o pensamento já fez uma sensação estranha tomar conta de mim.
Avancei nos lábios de Bryan, tentando afastar aquilo para bem longe. Ele envolveu minha cintura e me puxou para frente, para seu colo. Ele se deitou e eu permaneci por cima dele, cobrindo nossos rostos com o cabelo molhado enquanto nos beijávamos.
E então perdemos a noção do tempo.
– Tudo bem, agora chega. – ouvimos a voz de Sebastian e nos separamos, olhamos por trás do sofá, ainda em uma posição constrangedora, contando que eu estava em cima dele. Rapidamente me arrumei e sentei no braço do sofá. – Já é a terceira vez que eu venho aqui para tentar falar com vocês, mas todas as vezes eu encontro essa cena. – Minhas bochechas queimavam.
– Era só chamar, Sebastian. – Bryan falou.
– Sim, foi exatamente o que eu fiz agora. – ele disse – Preciso saber de uma coisa, nós vamos abrir as garrafas na geladeira essa noite? – Bryan olhou para mim, depois voltou o olhar para Sebastian.
– Acho que sim...não tem porquê não. – ele disse.
– Ótimo. – Sebastian ia dizer mais alguma coisa, mas foi interrompido por Ashley, que entrou na sala.
– O que vocês estão falando? – automaticamente nós três sorrimos um para o outro.

Já estava escuro e a garrafa de vodka já tinha ido para o lixo. Estávamos apenas com as cervejas. O efeito já estava passando e eu estava ficando com sono. Estávamos sentados à mesa, eu e Bryan lado a lado, e a nossa frente, Ashley e Sebastian um do lado do outro. E eles estavam muito a vontade para o meu gosto.
Como se lesse minha mente, Bryan se levantou:
– Nós vamos recolher isso hoje ou amanhã?
– Amanhã, por favor. – eu resmunguei. Todos pareceram concordar. Nos levantamos e eu fui a primeira a andar até o corredor, quando estava chegando em frente a porta do meu quarto, senti alguém segurando meus dois braços e envolvendo minha cintura por trás.
– Aonde você pensa que vai? – ele sussurrou com a boca colada em meu ouvido. Não pude deixar de sorrir.


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