Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 36
Cesta




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A casa cheirava a produto de limpeza. Provavelmente fora toda limpa antes de nós chegarmos.
Logo de entrada já se via uma enorme sala de estar. Em uma extremidade havia um pequeno espaço gourmet, com dois sofás de três lugares e alguns puffs. Uma televisão de tela plana na parede e uma mesinha de centro. Na outra extremidade havia uma mesa comprida, e ao invés de cadeiras, era bancos ligados a essa mesa. Deviam ter mais ou menos dez lugares.
No meio, ficava um corredor largo. A primeira entrada desse corredor, à esquerda, era a cozinha. Não havia porta, apenas uma grande passagem. A cozinha era completa e bem espaçosa. Continuando no corredor, havia quatro portas. Duas à direita e duas à esquerda, posicionadas frente a frente. Eram os quartos.
Um dos quartos era uma grande suíte para casal. No segundo quarto havia duas camas, e um guarda roupa gigante. O quarto era todo enfeitado com cortinas rosas e flores pintadas nas paredes.
- Era o quarto que eu dormia com minha prima de Los Angeles. Ela vinha praticamente todas as férias para Seattle e nós vínhamos para a fazenda. Nós tínhamos mais ou menos sete anos de idade quando eu proibi que qualquer pessoa além de mim e dela dormissem aqui. Depois de alguns anos ela parou de vir. E aí eu comecei a trazer esses dois para cá. – ela apontou para Bryan e Sebastian – Tive que dormir sozinha.
- Ah, coitadinha! – eu disse, rindo – Agora você terá uma ótima companhia. – eu apontei para mim mesma e pisquei para ela.
Bryan e Sebastian pegaram um quarto cada um.
- Olha isso! – Sebastian gritou da cozinha. Fomos todos ver o que estava acontecendo, e quando entramos ele estava com a porta da geladeira aberta, olhando maravilhado para dentro. Me aproximei e olhei também. Uau.
A geladeira estava cheia. Mas o que mais chamava atenção era o engradado de cerveja e as três garrafas de vodka que se encontravam dentro de uma caixa. E na frente da caixa, havia um bilhete, que tinha a seguinte frase: “Não conte a Patrick”. Pelo o que imaginei, uma pequena surpresa de Alexander, pai de Ashley.
- Ashley, o seu pai é o meu herói! – Sebastian deixou a geladeira, pegando o rosto de Ash entre as mãos e deixando um beijo em sua testa, e saiu rindo. Ela imediatamente o xingou e eu e Bryan rimos.
- Vamos conhecer a parte de trás da fazenda. – Ashley disse revirando os olhos e nós a seguimos. Pelo o que ela contou, seus pais alugavam essa fazenda para outras famílias em temporadas. Por isso que tudo estava super bem cuidado. Ao dar a volta na casa, começamos a subir por um caminho de pedras, que levava até uma planície com um grande celeiro e um lago.
- Você monta? – eu perguntei, surpresa.
- Sim, - ela respondeu – eu amo cavalos. Até sou amiga de Bryan. – ela disse, reprimindo o riso.
- Há há há há. – ele riu, sarcástico. – Olha que eu te jogo dentro desse lago. Já não ia ser a primeira vez mesmo. – ele deu de ombros.
- Aquilo foi tentativa de assassinato. Você sabia que eu não sabia nadar. – ela disse enquanto abria as portas do celeiro e dava uma olhada em volta. Espiei lá dentro. Nunca fui muito chegada em cavalos, então preferia não chegar nem perto.
- Não gosta de cavalos? – Sebastian parou ao meu lado enquanto Ashley e Bryan viam os cavalos.
- Não. E acho que o sentimento é mútuo, por isso evito chegar perto. – eu respondi.
- Isso é ótimo. Pelo menos quando os dois cismarem de cavalgar eu terei companhia. – ele sorriu para mim.

Na terça-feira, quando eu acordei, não havia ninguém na casa. As portas do quarto de Sebastian e Bryan estavam abertas, e Ashley não estava no quarto ou em lugar nenhum quando eu acordei. Olhei no relógio assustada, achando que já era muito tarde, mas eram apenas 10h da manhã. Troquei de roupa rapidamente e saí. Pude observar Sebastian de longe em uma das quadras, a de basquete. Fui até lá.
- Então essa bola não é apenas enfeite. – eu comentei, enquanto entrava na quadra e andava até ele. Ele estava prestes a fazer um arremesso, mas parou e se virou. Seus cabelos pretos estavam bagunçados e molhados, usava bermuda e uma regata preta.
- Até mesmo eu preciso de um hobbie. – ele disse, se virando e terminando o arremesso que eu tinha interrompido. Cesta.
Antes que eu pudesse perceber, ele pegou a bola e jogou para mim. Fui salva pelos meus reflexos de levar uma bolada no nariz. Ele cruzou os braços.
- O que você espera que eu faça com isso? – perguntei, olhando a bola. Ele riu.
- Alice, cesta. Cesta, Alice. – ele apontou para mim e para cesta, nos apresentando.
- Não mesmo. – eu olhei para ele – Eu não faço a mínima ideia de como fazer isso cair dentro daquilo. – eu apontei pra cesta. Ele jogou a cabeça para trás em uma gargalhada. Não pude deixar de rir junto.
Ele se aproximou ainda rindo, e se posicionou atrás de mim, como ele era mais alto que eu, não teve dificuldades em passar os braços por cima dos meus ombros, arrumando a bola em minhas mãos.
- Você segura a bola fazendo um “T” com as mãos, para poder ter o impulso e ao mesmo tempo o apoio. – ele guiou minhas mãos até elas formarem o “T” que ele explicou. – Agora flexiona os joelhos. – eu fiz e ele fez junto. Tomara que ninguém esteja vendo essa cena.
Talvez vista por alguém de longe, pareceria um pouco estranho. - Vou contar até três, e então nós pulamos. – Ele contou um, dois, e no três nós pulamos. E a bola voou diretamente para dentro da cesta.
- Não vale, a força foi totalmente sua! – eu resmunguei.
- Mas eu só estava te mostrando como faz! – ele retrucou. Eu lancei um olhar bravo para ele e fui atrás da bola, voltando ao meu lugar e fazendo tudo de novo, dessa vez sem sua ajuda. Lancei a bola, e ela bateu no aro e voou para o outro lado.
- Ótimo, desisto. – eu me afastei e me sentei no canto da quadra. Ele riu e foi se sentar ao meu lado. – Porque você não faz parte do time de basquete da Lakeside? – eu perguntei.
- Como eu disse, basquete é um hobbie. Eu não quero responsabilidade com um time.
- Tenho certeza que cheerleaders gostariam muito de te ter no time, Sebastian Dixon.
- Recuso, muito obrigado. – ele disse. Nós sorrimos.
O sol estava diretamente no nosso rosto, então só fui perceber a presença de Bryan quando a bola bateu na parede ao lado da cabeça de Sebastian.
- É tudo mentira, Alice. Ele só não entra porque não o querem lá. Sebastian é um amador. – Bryan disse pegando a bola de volta e olhando para nós dois. Sebastian olhou para mim e piscou com um olho só, logo depois se levantando e roubando a bola de Bryan, corendo até a cesta do outro lado. Bryan conseguiu alcança-lo, batendo a mão na bola antes que ele arremessasse. Sebastian recuperou a bola, e assim eles começaram a jogar, um bloqueando o outro. Suas risadas eram altas enquanto eles corriam e tentavam roubar a bola um do outro.
Observei aquela cena e de repente uma onda de calma me inundou. Mas a preocupação veio junto, como se de alguma forma a minha presença ameaçaria o que eles tinham de mais bonito.


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