Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 12
Entre desabafos e arrependimentos




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Eu conseguia sentir minha garganta fechar ao deixar as memórias que eu tinha reprimido por tanto tempo virem à tona. Percebi que meus olhos inundaram, mas mesmo assim não parei.
- Lá estava ele, na maior pega com a minha melhor amiga. – eu respirei fundo – Eu simplesmente não sabia o que fazer – minha voz começou a ficar trêmula e as lágrimas começaram a rolar – Eu era uma criança, e estava cegamente apaixonada por ele, ele era uma prova que me fazia acreditar todos os dias que a vida não acaba na primeira decepção. Não importa qual ela for. – eu comecei a soluçar, e senti Sebastian passar seu braço pelos meus ombros e me puxar pra perto, me abraçando. Meus soluços ficavam cada vez mais altos.

Sebastian POV On
De repente eu senti uma necessidade de...de confortá-la. Segui meus impulsos e a puxei para mim, a abraçando e afagando seus cabelos.
- Calma, passou. Ele não pode fazer mais nada com você. – eu falei, beijando o topo de sua cabeça. – Você já superou. – ela balançou a cabeça e se afastou de mim.
- Não, esse é o problema. – ela disse enquanto secava os olhos. – Eu nunca superei. Eu acho que nunca vou superar. Não que eu ainda goste dele, nada disso. Mas é que de toda essa experiência, só sobraram coisas ruins. E eu me acostumei a viver com esses sentimentos ruins, que parece que eu não consigo sentir mais nada bom. – ela falou, olhando para o nada.
- Não é assim. – eu comecei – É só que aconteceu tudo de uma vez só. Você não é obrigada a aguentar tudo isso e agir como se nada tivesse acontecido. – eu parei e pensei em minhas palavras. Eu nunca tinha dito nada parecido pra ninguém, eu nunca tinha ouvido alguém desabafar antes. O que eu estava fazendo?
- Pronto, eu te contei tudo que você queria saber. – ela pareceu se recompor completamente. Como ela consegue assumir uma pose tão fria depois de ter chorado tanto? – Que isso não saia daqui, por favor. – ela se levantou e voltou para dentro da casa. E eu fiquei sentado na grama, a observando ir embora. Atônito. Meus olhos me levaram a olhar para a casa a minha frente, e eles pousaram bem na sacada do quarto de Bryan, onde ele estava parado, vendo tudo.

Alice POV On
Subi as escadas correndo e entrei no meu quarto, me jogando na cama e chorando tudo o que ainda estava engasgado. O que eu tinha feito? Eu tinha simplesmente contado um dos acontecimentos mais marcantes da minha vida até agora para uma pessoa que eu mal conheço. Droga! Eu não podia ter me deixado enfraquecer desse jeito. Como eu sou estúpida!
Eu precisava sair daquele lugar urgentemente! Eu queria minha casa mais que tudo nesse momento!
Ouvi uma batida na porta e meu nome sendo chamado.
- Vai embora! – eu gritei, abafada pelo travesseiro.
- Sou eu, Bryan. – ele falou.
- Eu sei que é você. Eu não quero falar com ninguém. – eu rebati. E então ele não insistiu mais. Essa era a grande diferença do Bryan pro Sebastian. O Bryan não insiste para que eu fale as coisas, elas saem naturalmente. Agora o Sebastian me vence pelo cansaço.
Passei mais um tempo no quarto e então resolvi descer, pois estava com fome. Desci rezando para que os dois estivessem em seus respectivos quartos.
Cheguei na cozinha e abri a geladeira a procura de qualquer coisa.
- Alice? – Droga! Me virei.
- O que foi, Sebastian? – eu perguntei.
- Eu só queria dizer que...
- Por favor, - eu o interrompi – não vá pensando que o que aconteceu mais cedo vai nos tornar mais íntimos ou alguma coisa do tipo...
- Alice! – ele me reprendeu e eu parei – Eu só queria dizer que tem chegou algo pra você. Toma. – ele esticou um papel todo trabalhado para mim, parecia um convite. O abri e tirei outro papel de dentro. Não era um convite, era uma carta. Uma carta do meu pai. Olhei para o Sebastian, agradecendo-o e subindo as escadas. Sentei em minha cama e abri a carta, lendo tudo.
Não poderia ter vindo em melhor momento. Na carta meu pai contava sobre o que ele vinha fazendo, sobre como ele estava, como estava o trabalho e a casa sem mim. Contou sobre Théo e como as coisas estavam correndo no Brasil. Disse que sentia saudades, e pra finalizar, ele disse que estava se esforçando para arranjar um tempo para poder pegar o primeiro avião que pudesse e vir me ver, e que não demoraria muito.
Meu pai está vindo me ver. Abri um sorriso maior que meu rosto. Finalmente.
Li e reli a carta várias vezes. Depois peguei o livro que tinha emprestado do Bryan e comecei a lê-lo tudo de novo. Mas nada conseguia me prender, a ansiedade tinha me tomado de vez. Resolvi recorrer a minha única opção: meus desenhos. Peguei meu caderno novamente e comecei a pensar em alguma coisa pra colocar no papel, mas nada me vinha à mente.
Então deixei minha mente vagar um pouco, correr pelas coisas que tinham acontecido ultimamente, e então minhas mãos começaram a trabalhar, e o resultado foi surpreendente até pra mim mesma. Olhei para o desenho, assustada. Peguei a folha, escondendo dentro de outro caderno qualquer dentro da caixa onde se encontrava meu caderno de desenhos, e a devolvendo para a prateleira mais alta do meu closet.
Ouvi algumas batidas na porta e a abri, dando de cara com Bryan.
- Posso falar com você? – ele perguntou, com as mãos nos bolsos da calça. Eu apenas dei um passo pro lado, dando passagem para ele. Bryan entrou e eu fechei a porta, parando na frente dele.
- O Sebastian me disse que já falou com você sobre a festa do Connor. – ele disse, se sentando na beirada da minha cama.
- Sim. E eu já disse a ele que não vou. – respondi.
-Porque não? – ele perguntou. Eu me sentei ao lado dele.
- Porque eu não gosto de festas, Bryan. E ainda mais na casa do Connor...eu não gostei dele. – eu respondi.
- Mas você não vai precisar nem vê-lo, a casa é gigante e vai estar lotado. – ele disse.
- Desculpa Bryan, de verdade...
- Você realmente vai querer ficar sozinha aqui sábado? – ele me interrompeu – Meu pai e Elizabeth provavelmente vão sair para jantar, como eles fazem na maioria dos sábados.
- Eu não sei...
- Ash também estará lá. – ele me interrompeu mais uma vez – E ela vai ficar feliz de te ver. E se você não gostar, não quiser ficar lá de jeito nenhum, eu assumo a responsabilidade de te trazer pra casa. Meu carro já está aí, então nós não precisamos depender do Sebastian pra nada. – respirei fundo e olhei pra ele, depois sorri, soltando o ar. – Pensa um pouco vai...não custa nada. – ele sorriu de volta, esticando a mão e jogando uma mecha da minha franja que estava para o outro lado.
- Tá, tudo bem. – eu respondi, passando a mão pelo cabelo. – Eu vou pensar, mas eu não prometo que eu vou.
- Ótimo! – ele sorriu e se levantou, andando em direção à porta, quando estava com a mão na maçaneta, se virou. – Ah, Alice... – e então parou de falar, como se estivesse visto alguma coisa que o deixasse surpreso. Acompanhei seu olhar e vi que ele olhava para o desenho de Seattle que estava preso em meu mural. – Aquilo é... – ele começou a andar em direção ao desenho e eu me levantei, me colocando em sua frente.
- Aquilo não é nada. – eu disse. Ele me encarou, estava a poucos centímetros de mim.
- Você desenhou a vista que eu te mostrei. – ele abaixou a voz, me encarando diretamente nos olhos. – Eu nem sabia que você desenhava.


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Notas finais do capítulo

Desculpem pela demora, mas está aí, espero que gostem! Comentem por favor!



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