Family Portrait escrita por imradioactives


Capítulo 10
Nada muito certo




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Deu a hora do intervalo e quando eu saí, não foi difícil encontrar Ashley me esperando. Começamos a andar e logo localizei a mesa onde os meninos estavam sentados.
- Irmãzinha! – ouvi Sebastian gritar e o fuzilei com o olhar – Desculpe, Alice. – ele corrigiu - Tenho um lugar reservado pra você aqui, - ele bateu no espaço vazio ao seu lado – do meu lado! – eu olhei em volta e parei em Taylor, que fazia cara de poucos amigos pra mim.
- Obrigada, Sebastian! Mas eu prefiro ficar por aqui mesmo. – eu gritei de volta, me sentando no meio de Bryan e Ashley.
- Perdeu, playboy! – Connor deu um tapa na cabeça de Sebastian, que sorriu cínico para ele. – E então, Alice... – Connor começou e eu o olhei – Conta um pouco sobre você. – ele apoiou os cotovelos na mesa e juntou as mãos. Automaticamente todos se calaram e voltaram atenção em mim.
- Agora eu quero ver. – Bryan falou baixinho do meu lado, olhei para ele e revirei os olhos.
- Eu não gosto de falar de mim. – eu disse, séria e seca.
- Porque não? – ele perguntou.
- Porque não. – respondi. Ele levantou as mãos, em sinal de desistência.
- Tudo bem, tudo bem. Não insisto mais. – ele olhou pra mim – Vocês não me falaram que ela era desse jeito. Pra ter alguma chance vou ter que trabalhar mais um pouco do que o normal. – ele disse com um sorriso de lado, irônico. Todos na mesa riram, menos Sebastian, Bryan e Ashley. E eu, claro. Coloquei as duas mãos na mesa e fui me levantar, mas Byan colocou sua mão sobre meu braço e sussurrou:
- Ignora, não vale a pena. – olhei para ele e relaxei, mas sem deixar de lançar um olhar de desdém para Connor.

Na troca para a última aula, desci as escadas e fui em direção ao meu armário, trocando os materiais, e quando o fechei, Bryan estava encostado do lado da porta.
- Ai que susto! – eu reclamei.
- Desculpe. – ele riu – E desculpa também pelo Connor hoje. Ele é meio idiota às vezes, mas é uma boa pessoa.
- Eu percebi mesmo. – eu falei, irônica, me encostando ao lado dele. Ele riu.
- Você se acostuma.
- Porque todo mundo me diz isso? – eu coloquei a mão na testa, esfregando meu rosto.
- Porque é a verdade. – ele disse.
- Tomara que seja mesmo. – eu disse e me desencostei do armário, indicando que eu ia começar a andar, Bryan fez o mesmo e começou a me acompanhar. – A propósito, falei com Sebastian sobre ontem. Que foi tudo um mal entendido.
- Ah, ótimo. Ele entendeu, pelo menos?
- Sim, acho que sim. – eu dei de ombros. Acenei para ele e entrei em minha sala.

Quando o sinal tocou, peguei minhas coisas e saí, descendo a escadaria do colégio, procurando pro Bryan. Até onde eu conseguia enxergar do campus, ele não estava.
- Procurando quem? – Connor.
- Não te interessa. – sorri, cínica e voltei a andar. Ele me segurou pelo braço e me puxou de volta.
- Ei, calma. Desculpa por hoje, eu sei que a gente não começou muito bem.
- Não. – eu disse – Você não começou bem.
- Certo. – ele colocou as mãos nos bolsos da calça – Eu fui meio idiota, assumo.
- Ótimo. – eu disse – Você viu Bryan por aí?
- Da última vez que eu o vi a Taylor estava o puxando pros fundos do campus. – olhei pra ele, assustada. Ele levantou os braços em defesa.
- As coisas acontecem.
- Ah, claro. E Sebastian? – perguntei.
- No estacionamento. Vamos, eu estava indo pra lá também. – ele colocou a mão nas minhas costas, e eu me desvencilhei.
- Não te convidei para me acompanhar, mas obrigada pela informação, de qualquer jeito. – eu disse e saí andando.
Depois de entrar no estacionamento, logo avistei Sebastian encostado no carro, e o mais estranho: sozinho. Me aproximei e quando ele me avistou, sorriu.
- Que milagre é esse? Você está sozinho? Alguém tira uma foto disso, por favor! – eu imitei como ele fez mais cedo.
 - Cala a boca, menina! – ele disse rindo e abaixando meus braços, que estavam levantados. – Pra quem vive de mau humor, está bem animadinha hoje.
- Eu não vivo de mau humor. – eu cruzei os braços, olhando pra ele, incrédula.
- Não, é claro que não. – ele disse balançando a cabeça, irônico.
- Cala a boca, você não me conhece. – eu falei, levantando as sobrancelhas.
- E você ama dizer isso. – ele rebateu – E em falar nisso, você pode me explicar o que foi aquilo no sábado? Você chorando e meu irmão com cara de quem tinha feito merda.
- Eu não estava chorando. – eu disse, firme e baixo.
- Alice, até pessoas como você choram às vezes. – ele falou.
- Pessoas como eu? – eu perguntei, o encarando.
- Sim, com toda essa pose de durona, de quem não liga pra nada nem pra ninguém.
- Você acha que sabe muito sobre mim, não é? – eu perguntei, sorrindo irônica.
- Não. Na verdade eu sei muito pouco sobre você. O problema é que você acha que pode se esconder dentro de um casulo antissocial, se excluindo e afastando qualquer um que queira se aproximar de você. Você acha que todos vão fazer mal a você. E que fingir não se importar é sempre a melhor maneira de não sair machucada. – ele se curvou, se aproximando de mim – Eu não conheço você, mas essa sua atitude é tão previsível. – eu não me afastei, e sustentei seu olhar por algum tempo, antes de falar.
- Você conhece muito bem essa coisa toda, não é? E eu me pergunto se não é porque são pessoas como você, - eu encostei o dedo em seu peito – que deixam as pessoas assim, como eu. – eu me aproximei ainda mais – Pessoas muito seguras de si, Sebastian, normalmente são as mais frágeis. – eu sorri de lado, ainda sustentando seu olhar por alguns segundos, antes de Bryan chegar.
- Desculpe o atraso. – ele chegou, passando as mãos pelos cabelos. Eu quebrei o contato visual com Sebastian e me virei, sorrindo para Bryan.
- Da próxima eu te largo aqui. – Sebastian disse seco, abrindo a porta do carro e logo em seguida a batendo forte.
- Aconteceu alguma coisa? – Bryan perguntou enquanto dava a volta para entrar no lado do passageiro. Levantei meus ombros, como se não soubesse de absolutamente nada.


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