A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 9
Capítulo IX - Índio


Notas iniciais do capítulo

Nesse capítulos teremos mais mistério e personagens novos que serão apresentados apenas no próximo capítulo!! Espero que gostem!!



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IX

ÍNDIO



Enquanto Virgílio limpava a terceira prateleira do terceiro andar, ele vislumbrou uma pessoa passando pelo corredor. Á julgar pela estatura, parecia ser uma menina. Mas a biblioteca estava fechada e vazia, o que fez pensar que estaria imaginado coisas.

Não seria possível que teria uma menina além da Caimana ali á esta hora.

Ele olhou para o corredor. Tinha no mínimo umas cem prateleiras cheias de livros. Lá embaixo era possível ver as muitas mesas e cadeiras, aonde os alunos iam para estudar.

Um vulto apareceu por detrás de uma prateleira. Ele esfregou os olhos. Devia ser a poeira dos livros que estava fazendo isso. É. Devia ser isso mesmo, pensou.

– Pessoal! Vamos sair daqui antes que a velha apareça! – ele cochichou.

– Tá me ouvindo índio? – Viny falou.

– Índio? – ele perguntou. Mas que apelido mais besta era aquele?

– Ah... – Viny pareceu desconcertado. Então falou. – É que eu decidi te chamar assim. Você se parece muito com um... – ele continuou sem graça.

– Vamos logo! – Caimana disse.

Saíram da biblioteca sem ao menos terminar de limpar 1/10 das prateleiras do terceiro andar.

– Ela não vai gostar nada disso. – Capí falou já descendo as escadas da arvore do pátio central.

– Ela nem vai perceber! – Viny disse. – E, além disso, já está na hora de irmos pra aula!

Eles desceram correndo e cada um foi para seu dormitório pegar seu material.

A aula seria de Alquimia. Isso significava que teria de subir a enorme e interminável escada para chegar até a ultima sala. Mas que saco, pensou.

– Espero que aquela doida não esteja lá. – ele falava de Annie, a garota que vivia perseguindo ele. Ela era bonita, tinha que admitir. Com aquele cabelo loiro encantador... Se ela não fosse tão irritante, talvez ele... Mas não tinha tempo.

Ele saiu correndo pelas escadas. Chegaria atrasado por causa da detenção na biblioteca, mas Rudji não seria tão ruim com eles quanto a bibliotecária.

A Rádio Wiz acordava os alunos ainda em suas camas.

“Pessoal que ainda está dormindo!! Acho melhor acordar, pois as aulas perdidas são sempre as melhores!”

“E para esclarecer mais uma vez o que foi dito pela nossa querida diretora, Zô, aquelas coisas todas que estão se espalhando por ai sobre um espirito mal da natureza é mentira. Se quiserem continuar com isso o conselho não vai gostar nada, pois eles já proibiram de espalharem isso pela escola!”

Ele chegou exausto à sala antes do professor. A sala era escuros e muitos frascos de vidro, comportas, bules ou coisas do gênero era preso ás paredes. Nada de prateleira. De certa forma ficou aliviado, prateleira seria a ultima coisa que queria ver na vida.

As jarras de vidros com ingredientes inofensivos ficavam em umas estantes baixas. Já as outras ficavam em um armário com portas de vidro fechado, para que nenhum aluno pusesse as mãos neles. Tinha de tudo, desde asas de morcegos até escamas de dragão.

Na mesa do professor alguns receptáculos de vidro. Ele varreu o olhar pela sala.

Alguns alunos já estavam sentados na cadeira e para desgosto dele, a tal de Annie estava sentada do lado do único lugar desocupado.

– Aff!! – ele bufou. Ela ficou tão feliz de vê-lo na porta que quase caiu da cadeira de ansiedade. Quase não, ela caiu mesmo. Todos davam risada dela.

– A garota do Índio ataca mais uma vez!! – alguém gritou do fundo.

Annie se levantou toda vermelha e se encolheu em sua mesa. Na hora que ele se sentou o professor chegou á porta.

Ele parou e ficou observando e esperando os alunos que estavam em pé se sentarem. Tinha cabelos ruivos e espetados, usava um óculos azul e vestia uma blusa preta. Índio daria no máximo 30 anos para ele.

Viu que a turma já estava sentada e se silenciou.

– O que vocês acham de poções com ingredientes Azêmolas? – ele perguntou. – Alguns especialistas, professores ou entendedores do assunto acham que isso é impuro. O que vocês acham disso?

A sala continuou silenciosa como se ele não tivesse feito pergunta alguma.

– Ainda bem que não têm problema com isso. Não saberia o que fazer com meus remédios de doidera.

A sala caiu na risada. Mas que idiota, ele pensou. Piada mais sem graça.

– Eu sou brincalhão quando for preciso, mas também serei uma fera quando for preciso.

Seu olhar ficou sério.

– Aluá, amalá, acaçá... - Rudji foi nomeando cada ingrediente escuso que tinha em sala de aula, apontando-os na parede. -... Aloe vera, Akòko...

Disse muitos outros, mas não prestou atenção direito, pois se sentia estranho com a garota olhando para ele e não conseguia prestar atenção á aula no momento. Será que ela vai estar em toda bendita aula que ele estiver?

De repente ele se voltou com a mesma expressão de seriedade no rosto para a sala. A turma se calou.

– Um aviso eu vou dar e espero que prestem muita atenção! Nunca, e eu digo NUNCA beba qualquer poção que esteja jogada por aí!

Ele olhou para cada um dos alunos que entenderam o recado.

Mas que pessoa idiota iria beber uma poção sem saber pra que serve?, pensou Índio.

– Bem, para começar a nossa primeira aula, eu vou pedir para que façam grupos de quatro pessoas. Sem alvoroço pessoal! – ele avisou.

– Você vem com a gente! – alguém o puxou pelo braço. Ele olhou para Annie que fez uma carinha triste. Ele sentiu pena, mas ao mesmo tempo alívio. Aquela garota era maluca! Virou-se para frente para ver quem era sua salvadora e viu os longos cabelos de Caimana.

Ela estava naquela sala? Como não a viu antes?

Ela o arrastou para uma mesa onde Capí e Viny estavam. Ele não os viu também.

– Não sabia que estavam aqui! – ele ficou sério, como de costume. -Porque me chamaram para fazer grupo com vocês?

– Deixa de ser ingrato! – Viny disse. – Quer sentar com a Annie?

Ele virou para olhar para a garota no outro lado da sala. Ela quase chorava por detrás dos óculos. Mas não tirava os olhos dele por um minuto sequer.

– Tudo bem. – ele disse a contra gosto. Preferia mil vezes ficar com eles do que ficar com a doida.

Ele pegou uma mesa e juntou ás outras três, formando um quadrado. Sentaram-se e o professor mandou pegarem os caldeirões.

– Putz! – Viny falou.

Caimana bateu a mão na testa e Capí fez uma cara de que não deveria ter esquecido.

– Vixi. – Índio falou. Agora que ele percebeu os alunos tirando seus caldeirões em miniatura das bolsas.

– Deixem comigo. – Capí disse. – Professor! Nós estávamos ocupados e esquecemos os nossos caldeirões. Será que teria algum sobrando?

Rudji chegou á mesa deles e falou.

– E porque eu emprestaria á vocês?

– Bom é que... – Capí começou, mas Viny o interrompeu.

– Nós estávamos em detenção.

Ele avaliou os alunos calmamente e disse.

– Tudo bem, mas não se esqueçam da próxima vez! Podem pegar um no armário. – ele apontou um pequeno armário de madeira no canto da sala.

Caimana pegou um caldeirão e um aparelho que Índio sabia que servia para ligar o fogo e apoiar o caldeirão em cima. O caldeirão parecia um pouco velho, mas daria para fazer poção.

– Estão todos com seus caldeirões? – Rudji perguntou após a sala estar dividida em vários grupos compostos por quatro alunos, todos sentados e quietos. Todos disseram sim. – E o livro de “Chás de Loucos”?

Todos ergueram seus livros.

– Muito bem! Hoje iremos fazer, ou pelo menos tentar fazer, uma Poção do sono profundo. Mais conhecida como “Chá de Boa Noite Cinderela”, ou então “Sossega Leão”, alguém já ouviu falar? Sim Annie!

Annie estava com a mão erguida.

– O chá de Sossega Leão, faz com que a pessoa caia em um sono profundo. É também usada em vários países com o nome de Poção do Morto-Vivo, pois a pessoa cai em um sono tão profundo que dá a impressão de estar morta.

– Muitíssimo bem Annie! Parabéns! – Ela se sentou vermelha, mas com um sorrisinho no rosto. – Está certíssima. Como a Annie falou essa poção faz com que a pessoa caia em um sono profundo.

– Vocês têm trinta minutos. Não se preocupem em terminar, mas o mais próximo da poção ganha uma nota especial, combinado?

– Que página professor? – Annie perguntou.

– Ah! É verdade! Quase me esqueço... Página 394!

Todos se puseram á trabalhar. Índio tirou de sua bolsa o livro que o professor mencionara. Abriu na página 394 e lá estava escrito exatamente o que a garota falou..


Chá de Sossega Leão


Poção muito poderosa que serve para causar um sono profundo em quem a bebe. É conhecida também como Chá de Boa Noite Cinderela e em outros países como Poção do Morto-Vivo, pois a pessoa cai em um sono tão profundo que dá a impressão de estar morta.


Ingredientes:

Vagem suporífera;

Fígado de Morcego;

Presas de cobra amassada;

Essência de Camomila;

Infusão de Losna;

Asfódelo.


Enquanto o professor passava pelas mesas avaliando os grupos eles perguntou.

– Alguém aqui pode me explicar o porquê da poção se chamar Chá de Boa Noite Cinderela e Não Boa Noite Bela Adormecida?

Annie levantou a mão mais uma vez e todo mundo parou o que estava fazendo para prestar atenção nela.

– Na verdade as pessoas confundiram e por achar Boa Noite Cinderela uma expressão muito usada, acabou ficando assim. Mas a história verdadeira da Bela Adormecida acontece no mesmo ano em que a poção foi criada. Mas, do contrário ao que é dito para as crianças, a bruxa usou uma poção para fazer a princesa dormir, e veio o príncipe com uma poção Restauradora de Vigor para acordá-la e por fim beijou-a.

– Nossa!! Muito bem Annie!! E vejo que a sua poção já está no ponto!

De fato, Annie já tinha terminado. Mas eles não chegaram nem á deixar a poção cor de rosa, como o livro mandava.

– A aula acabou pessoal! E Annie vai ganhar um presentinho. Já podem ir para a próxima aula! – ele dispensou os alunos.

Índio desceu as escadas silenciosamente enquanto Viny e Capí falavam em altas vozes sobre o talento de Annie e em chama-la da próxima vez.

– Deixa de ser interesseiro! – Camina falou.

– Não é questão disso... Com ela a gente pode aprender bastante!

Enquanto falavam Índio ouviu um PUFF e um negro com vestes africanas apareceu na frente dele, envolto por uma fumaça verde espessa, como um grande gênio da lâmpada.

– Griô! – Capí exclamou! – Tudo bom? Tem uma história pra gente hoje?

– Ô, se tenho! – Griô respondeu com um olhar misterioso. – Mas não para agora.

– Como assim?

– Vim pra avisá esse piqueno Índio aqui!

– Me avisar o que? – Índio perguntou.

– Di que o lugar não tá siguro!

Índio olhou para ele sem entender o que ele estava querendo dizer.

– Sabi do que tô falando!

Índio pensou um pouco. Mas é claro! Ele estava falando daquilo.

– Não se preocupe, está bem seguro. – e pôs-se á andar.

– É milhor ocê mudar de lugar! Se ele si soltá, apenas quem solto pode trancá!

Ele não iria mudar nada de lugar. Ignorou o estranho e foi para a próxima aula.

– Tchau Griô! – ouviu Capí dizer.

Se ele tivesse que mudar aquilo de lugar, não seria hoje. Estava seguro lá.














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