A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 7
Capítulo VII - Índio


Notas iniciais do capítulo

Dedico este capítulo á Nádia, que ama o Índio e á Aliny!! :D



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VII

ÍNDIO



Por que ele? Índio perguntou-se. De tantos alunos naquela escola ela escolhera logo ele para fazer isso?

- Droga.

A mata estava escura. As cigarras cantavam e as folhas se mexiam com o vento. Como conseguiria achar a tal da caverna? Andando por aquela floresta àquela hora iria se perder facilmente.

“Siga as plantas.” – foi o que ele dissera. Seguir as plantas não era o melhor dos conselhos, dado que agora estava em uma floresta cheia de flores, mas ele não era burro. Alguma dessas plantas tinha que ter algo em comum que mostraria o caminho certo.

Agora ele, Vírgílio OuroPreto, estava naquele lugar com apenas uma pequena luz na ponta da varinha para guiar seu caminho pela vasta vegetação. Na outra mão uma bola de cristal coberta por um pano roxo.

Sabia que era de cristal porque o pano deslizava pela bola facilmente, mas não ousaria abri-la. A ordem que recebeu, apesar de não gostar, era de leva-la para um local longe e seguro.

Poderia escondê-la em um lugar muito mais longe da escola, mas ela disse que seria perigoso, pois todos estavam querendo ela pegá-la para coisas nada boas, queridinho.

Era dia, e tudo estava claro com o céu limpo e o sol brilhante como sempre. Mas apesar disso, ele estava dentro da floresta que era proibida á todos os alunos de entrar á não ser com um professor.

Em pouco tempo não ouvira mais nada além dos estalidos dos galhos e folhas secas sob os seus pés. Ela também o alertara que até a clareira a floresta era segura.

- Ótimo. – murmurou. – O que ela quis dizer com isso?

No fundo sabia a resposta. Além da clareira nada seria seguro. Parou por um instante. Havia chegado á tal da clareira. Sentiu um pequeno medo, pequeno, mas sentiu. Tinha que continuar. Olhou para trás. As arvores estavam diferentes. “Não use as árvores como referência ou vai se perder. Siga apenas as plantas.” Era outra das dicas que deram á ele.

- Cadê essas malditas plantas? – perguntou a si mesmo. Olhou para o lado e viu uma planta. Duas na verdade. Mas eram estranhas na verdade.

Uma tinha duas longas folhas que se curvavam para os lados com um pequeno tufo no meio de onde seria a cabeça. O corpo era pequeno e alto, parecia que usava maquiagem. O outro tinha folhas curtas na cabeça, mas era um pequeno e gorducho.

Tinham pequeninos olhos negros e brilhantes e o corpo parecia uma beterraba, mas marrom e viva. Ambos com perninhas e bracinhos que pendiam das laterais de seus corpos.

- Que que é rapá? – o gorducho disse.

Índio estava surpreso. Aquele bicho feio fala, pensou.

- Vocês são as plantas? – olhou de um para outro.

- Somos sim! Hihihi. – disse a mais alta. Ele percebeu que se tratava de uma fêmea e um macho. Se fossem animais, mas eram criaturas então não sabia se tinham sexo.

- Podem me guiar? Preciso chegar á uma caverna! – Se é que haveria uma ali, pensou.

- A caverna fica bem pra lá mano! – aponto com sua mão em miniatura para depois da clareira atrás dele. - Se quiser ir pra lá tem que ser corajoso.

Ele estava com uns óculos de sol dentro de uma floresta sombria. Vai entender.

- Eu não sou um covarde! – falou mais alto. Como ele ousava falar assim dele?

- Não tá parecendo! – ele gritou na ponta dos pés.

- Cala a boca Mandy! – ela falou dando um tabefe na cabeça dele. Ficou quieto num instante.

- Me desculpe, meu irmão é um pouco doido! Eu sou Óka e esse é meu irmão Mandy.

Índio não gostava de piadas, mas se gostasse aquela o faria rir. E muito. Mas estava ali para coisa mais importante.

- Vamos? – ele disse.

- Não vai falar quem é moleque? – o baixinho falou.

- Não é da sua conta. – respondeu. Mas que sujeitinho chato. Se não fosse mandado para lá daria um chute nele, que iria parar no Japão. Do jeito que estava se irritando com ele, não seria impossível.

- Venha! – ela disse gentilmente.

Ele ergueu a varinha para iluminar o caminho.

- Apaga isso Mané! – Mandy disse.

- Se você... – mas foi interrompido por Óka.

- Ele tem razão garoto. Você não vai querer companhias desagradáveis e nada amistosas, vai?

Virgílio abaixou sua varinha e com outro gesto a luz de sua ponta se apagou. Agora estavam totalmente na escuridão. Olhou para baixo para se certificar de não pisar em Óka sem querer, mas percebeu uma coisa. As folhas dela brilhavam fracamente como luzes de néon.

Após uns bons dez minutos andando pela floresta o clima começou a ficar mais frio e uma névoa branca apareceu do nada. Mas mesmo assim ele conseguia ver Óka e Mandy á sua frente com suas folhas iluminadas. Houve momentos em que ouvira um barulho por entre as árvores, como se um animal estivesse pronto para capturar suas presas, mas ficou quieto.

Chegaram a um lugar como uma arena. Livre de árvores e mato. Apenas uma enorme rocha e uma caverna ao fundo.

- Não podemos entrar lá, mas com certeza esse é o local apropriado que você procura. – Óka disse. Ele virou-se para a caverna e adentrou.

Grandes estalactites e estalagmites pendiam do teto, assim como no chão. O barulho de uma goteira chegou á seus ouvidos e ele foi andando. Cada vez mais as paredes e o teto se tornavam menores até ficarem na altura dele. Estava muito escuro e estavam com um frio na barriga, nada comum para ele.

- Assendjá. – murmurou e a luz apareceu na ponta da varinha novamente. O local era muito estranho. Chegou ao que parecia ser uma caverna simples, com um lago e passando por cima dele, uma ponte de pedra que davam caminho ao centro do lago. Uma mini-ilha com um ficava no centro do lago e uma pequena torre de pedra se erguia nele.

Virgílio pôs se á andar pela ponte e depositou a esfera de cristal no topo da torre.

Por um momento a caverna ficou clara com uma luz que emanava da bola, mas se dissipou rapidamente.

- Acho que é só isso.

Voltou pelo caminho que viera, deixando a bola de cristal para trás.

- Vamos sair daqui! – ele disse. Esfregava os braços com as mãos. Estava frio ali.

- Teremos que ir por outro caminho. Não é seguro voltar pelo mesmo.

- Tudo bem. – respondeu.

No caminho ele ouviu um farfalhar de folhas seguidas por som de passo. Virou-se para trás aflito, mas não havia nada. Quando se voltou para frente para seguir Mandy e Óka, eles não estavam ali. Nem sinal das folhas brilhantes. Estava perdido.

Olhou para os lados para ter certeza se havia se perdido deles, mas não os viu em lugar algum.

Uma sombra se mexeu na névoa em sua direção. Ele andou para trás sem tirar os olhos e tropeçou, mas quando olhou para o alto, para ver quem era aquela sombra, não havia nada.

- O que está fazendo no chão?

Olho para o lado e lá estavam eles. Nunca quis tanto espancar tais criaturinhas.

- Onde vocês se meteram? – disse com raiva na voz.

- Você é que sumiu moleque medroso.

- Cale a boca! – ele ameaçou.

-Vem calar! – disse Mandy.

- Ei, ei, ei! Vamos parar com isso! – Óka se intrometeu.

Virgílio se levantou com raiva limpando a roupa de terra. E prosseguiram. Chegaram, por fim á clareira da qual já estaria seguro.

- Agora já está seguro. – disse Óka.

Ele deu as costas e continuou á andar. A luz do sol já aparecia entre as árvores.

-Sem educação! – Mandy gritou para ele. – Nem agradece! Se você tivesse meu tamanho te daria uns sopapos aqui e agora!

- Aff. Mas que bichinho insuportável! Ele conseguiu superar aquela tal de Annie que vive me enchendo o saco.

E continuou pelo restante da floresta. Sem sombra, sem barulho, sem névoa. Normalmente normal.

Quando ele se depara com o local que tiveram a primeira aula. O lago que abrigava a Kappa que quase assassinara a professora. Sabia disso porque estava atrás de uma arvore olhando tudo.

Lançou o olhar para o lago e viu a Kappa pendurada nas grades. Ela parecia que estava... Com fome!

Ele não era nenhum protetor de animais ou coisa do tipo, mas também não era um sem coração. O animal estava preso e com fome por um dia inteiro? Não era possível esquecerem-se do coitado. Aquela professora era uma bruaca mesmo!

A Kappa lançou um olhar pidão para ele.

- Não vou te dar comida, se é o que tá pensando!

Ela continuou olhando para ele.

– Eu não tenho nada pra te dar!

Ela apontou com seu dedo estranho para o cadeado.

- Não vou te soltar! Você vai querer me matar como fez com a professora.

A Kappa balançou a cabeça. Mas será possível? Ela entende os humanos!

 - Tudo bem então. – disse. Não queria se sentir culpado depois se algo de ruim acontecesse. Ele pegou uma pedra grande que havia entre os ramos de uma arvore e começou a bater no cadeado que se abriu com um clique.

A Kappa que observava ele abrir pulou com tudo após o cadeado cair no chão. Agora em cima dele, ela rosnou e saiu correndo mata adentro.

- O que você fez seu moleque!!

Ele olhou para trás. Fausto Xavier, o zelador estava ali com a cara tão vermelha que dava até medo de olhar.

- Eu...

- Você está muito encrencado garoto!! Sabe o que você fez? Soltou aquele bicho perigoso na floresta!! Venha! – o agarrou pelo braço.

- Ai! Tá doendo! – ele protestou.

- Você ainda não viu nada garoto!

Eles passaram pela praia, onde os alunos de sua turma estavam aguardando pela segunda terceira aula. Sorte que não o viram, pensou. Mas olhou mais atentamente e lá estava o garoto chamado Abelardo. Ele viu que estavam saindo da floresta e começou a dar risada com seus amigos.

Eles subiram pelas escadas no pátio e Fausto o deixou em uma sala ao lado da do conselho. A sala onde eles davam as detenções imaginou.

Tinham muitas coisas lá. Desde brinquedos até roupas estranhas. Uma enorme lista de nomes estava colada em uma lousa.

Ficou lá sentado esperando alguém vir e dar o castigo, mas ninguém apareceu por meia hora.

Quando a porta se abriu, ele esperava que algum professor entrasse ou o próprio conselho, berrando sobre as regras que ele havia quebrado e blá, blá, blá. Mas quem entrou foram eles: o garoto loiro com que falara na floresta e sua amiga loira e o garoto que quase apanhou. A boca dele sangrava.

- Brigando de novo? – ele debochou.

- É como diz o ditado: O que é a vida sem alguns dragões!! – ele respondeu. - E você?

- Fui pego injustamente.

- Todos fomos! – a garota disse mal humorada.

Eles se sentaram nas mesas que havia ali. 

- Eu te avisei. – falou para ele.

- Eu sei. – ele falou chateado.
















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