A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 5
Capítulo V - Capí


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi muito legal de fazer, espero que gostem! ;)
E vocês verão rapidamente o tão aguardado Índio! kkk

Boa leitura! :D



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V

CAPÍ


Capí chegou ao pátio e encontrou Caimana e o garoto que estava jantando com ela na noite anterior um pouco próximos demais e que havia batido no Abelardo para ajuda-lo. A professora que ele mais odiava em todo esse mundo chegou e os interrompeu. Felícia Bonfim. A monstra que aterroriza tudo e todos.

- Atenção!

Capí segurou um riso. Eles se separaram assustados.

- Estão prontos para a primeira aula de Segredos do Mundo Animal? – ela disse.

Não, gritou ele mentalmente. E deu uma piscada para Caimana, que pareceu não gostar, pois estava vermelha e parecia um dragão de raiva.

- Vamos para o gramado no jardim.

Enquanto saiam do pátio, Capí pode ouvir uma voz como a de um locutor.  Era a Rádio Wiz. Todo ano eles anunciavam notícias e dicas para os alunos, principalmente os novatos.

“Hora de despertar corcundas!” a voz soou de um autofalante enorme presa no topo da arvore de escadas. O garoto olhou para Caimana.

- Acho que ele está um pouquinho atrasado. – falou e Caimana deu um sorriso.

“Pelas barbas de Merlin!! Já estão atrasados! Acordem! ACORDEM!”

“E preparem-se para a primeira bronca do ano!”

“E a previsão para a semana toda é de muito SOL!! Espero que muito alunos não cabulem aula hoje, pois as ondas estarão perfeitas para aqueles que gostam de surfar!”

“Só um aviso: surfe não cai nas provas finais hein!”

“E aqui vai uma dica para os novatos:” outra voz interrompeu, “A floresta NÃO É pequena e TEM MUITOS bichos perigosos. Não acreditem em UMA só palavra do que os mais velhos digam sobre ela.”.

Viny e Caimana se entreolharam. Voltaram sua atenção para a rádio.

- Vamos logo! – Capí alertou.

Mas não ouviram o restante do que a Radio e nem o que Capí dizia por que a professora voltou e os chamou. Eles entraram por uma das dezenas de portas. Todas levavam para o mesmo corredor circular.

Capí parou em frente á porta. Só havia eles três ali, o restante dos alunos estavam com a professora, por tanto já tinham passado por ali. O corredor não tinha luz.

-Temos que ser rápidos. Precisamos chegar ao portão 4! – disse.

- O que? Por quê? – Caimana perguntou.

- Agora! – saiu correndo e Caimana e o garoto correram atrás dele.

Assim que pisaram no corredor, três blocos vieram deslizando atrás deles.

- Temos que ser rápidos! – Capí gritou lá da frente. Ele olhou para o lado e uma balança de pedra vinha ao seu alcance. Capí não conseguiu correr rápido o bastante, pois a balança chegou um pouco á sua frente e despejou seu horóscopo. “Não se esqueça de agradecer àqueles que te ajudarem! Tenha bons modos!”.

“Veja lá com quem você faz amizade! Isso pode causar uma grande encrenca pra vocês!” – Capí ouviu um aquário gritar para Viny.

- O que? – ele exclamou. – Eu sou de Capricórnio.

Caimana riu.

“Fica se juntando com moleques que seu mundo vai cair de cabeça pra baixo! Escute o que eu digo!”- um Carneiro gritou para Caimana.

- Vaza daqui seu louco! – Caimana gritou como resposta. O Carneiro se sentiu ofendido e se afastou. Chegaram até uma porta com um número 4. Eles passaram correndo e a porta se fechou, dissipando todo o falatório dos signos zodiacais.

- O que foi aquilo? – Caimana perguntou ofegante e se sentando em um sofá.

- Esse é o Inferno Astral, como costumamos chama-lo. Os horóscopos fazem a previsão do dia, ou do mês.

- Agora eu entendo porque se chama assim... – Caimana disse recuperando o fôlego.

- Porque aquele aquário me perseguiu se sou de Capricórnio. – Capí deu de ombros. - Toda vez que formos para a aula dela, teremos que passar por aqui? – O garoto falou.

- Sim, vão! Você não me disse seu nome! – acrescentou para o garoto loiro.

- Viny! Meu nome é Viny. – E o olho dele brilhou estranhamente.

- Legal! – Vamos pra aula da bruxa... Quer dizer, da Felícia.

A porta de numero quatro levava á um salão de jogos, com sofás, jogos de tabuleiros e muito outros, dos quais Caimana e Viny não tiraram os olhos.

- Po aqui! - Capí disse avistando o grupo de alunos que passava pelo jardim. Chegaram até o grupo e os acompanhou juntamente da professora para dentro da floresta.

- Mas, professora! Não é proibido vir aqui?

- Sim, mas sem nenhum acompanhante! – Capí ouviu Felícia responder. – Estamos quase lá.

Capí sabia muito bem para onde ela os estava levando, para um pequeno lago que tinha no começo da floresta, mas não sabia o porquê, pois não tinha nada naquele lago.

Após mais cinco minutos andando, chegaram ao lago que Capí conhecia mais do que ninguém naquela escola. Mas não estava do jeito que se recordava. Longas grades isolava a parte da água da parte terrestre.

Eram grades como aquelas de campo de futebol, que separavam as pessoas do gramado, mas esta cobria o lago todo como uma redoma.

- Aqui estamos queridos! – Felícia disse estendendo as mãos para a grade.

- E o que é isso? – uma garota morena de cabelos cacheados perguntou.

- Ah sim! Observem. – ela pegou a varinha e acenou para a água que emitiu pequenos raios de eletricidade. A água do lago ficou agitada e uma criatura saiu de lá se debatendo e urrando.

Capí ficou pasmo com a cena. O que aquela mulher pensava que estava fazendo?

- Crianças, o que estão vendo é uma Kappa! – anunciou como em um espetáculo de circo.

- Kappa? – Capí ouviu alguém perguntar. Ele se virou e se deparou com Abelardo. Podia ficar pior que isso?

- Isso mesmo Abelardo! Peguem seus cadernos e se preparem para anotar o que vou dizer.

Mas Capí não pegou caderno nenhum. Tinha um conhecimento amplo sobre animais, pois sempre que desse tempo, e isso era extremamente raro, ele ia até a biblioteca e pegava um dos livros sobre animais que lá tinha.

- A Kappa é um animal mágico de origem japonesa, mas apesar de sua origem ser longínqua, eles sempre emigram de lá, onde não têm muitas regiões rurais, e vêm para países como o Brasil, com matas densas.

Os alunos estavam impressionados. Até Capí que nunca havia visto uma Kappa com os próprios olhos. Era um animal um pouco estranho, com um casco de tartaruga nas costas, a pele verde, mãos e pés iguais de humanos e no rosto um nariz adunco. Coroando a sua cabeça, havia uma depressão circular cheia de água, que Capí sabia ser necessária para manter seus poderes sobrenaturais quando fora d’água.

- Eles têm poderes medicinais, por isso aquele negócio que ele tem na cabeça. Quando eles ficam fora da água por muito tempo, eles usam a água que fica ali para fazerem as coisas.

Capí viu a Kappa e jugando por suas feições, ele não estava nada feliz. E isso era perigoso.

- Mas professora, eles são extremamente perigosos! Podem até matar!

Os alunos olharam assustados para a criatura que parou de se mexer e se agarrava á grade.

- Não se preocupe Capí, meu querido. – ela disse. – Ele nunca vai conseguir sair dessas grades. Está vendo ali? – ela apontou para uma fechadura trancada. – Está bem trancado, ele só sairá daí se alguém abrir. – E deu as costas para o lago falando para os alunos.

- Além disso, este aqui não poderá fazer nada além de algumas travessuras, que é tipicamente o que eles fazem.

- Alguém viu meu amor? O Índio? – uma menina loira de olhos verdes falou. Todos os olhares caíram nela enquanto um menino ao fundo, bem longe dela bufou.

- Aff!

- Ela soltou um gritinho de alegria e de repente, muitas coisas aconteceram.

Capí viu de relance, Abelardo abrir a tranca enquanto a professora estava de costas.

- Não! – Capí gritou, mas foi tarde demais. Toso os alunos olharam e começaram á gritar e á correr ao mesmo tempo em que a Kappa pulava pra fora do lago que o mantinha preso.

O caos foi total, enquanto os alunos corriam desembestados pelo caminho que vieram, a professora tropeçou e caiu. A Kappa pulou pra cima dela. Capí estava horrorizado, do jeito que a professora o tratara e a raiva que ele estava, ela morreria em breve. Tinha que fazer alguma coisa, apesar de não gostar daquela professora. Ela se debatia, tentando tirar a Kappa de cima dela.

Caimana e Viny foram os únicos que ficaram. De terror ou de surpresa Capí não podia dizer.

- Rápido! Ajudem-me! – disse pra eles, que acordaram do transe.

- O que a gente faz? – Caimana perguntou assustada.

- Tentem atrasá-lo.

Capí ouviu a criatura falar, mas não entendeu nada. Correu para o jardim, onde tinha uma pequena horta. Pegou uma berinjela enorme e voltou correndo com ele na mão.

Deparou com Viny e Caimana com um enorme tronco de arvore batendo no casco bicho, mas ele não largava a professora de jeito nenhum. Sangue começou a sair do pescoço dela. A professora continuava se debater.

- Aqui! – Capí gritou segurando o legume no alto. – Olha que berinjela deliciosa!

A Kappa virou se para Capí com a boca ensanguentada e ele jogou a berinjela no chão. A Kappa pulou rapidamente para pegar e começou a comer.

Capí o pegou pelo pescoço e com muita força, jogou-o no chão, fazendo a agua que ficava em sua cabeça caísse. Esse era o ponto fraco dele, se lembrou do que o livro dizia.

Agora eles deveriam fazer um acordo.

- Nunca mais volte a atacar alguém! Entendeu?

A Kappa fez que sim com a cabeça e Capí o soltou. Pegou a berinjela e voltou para o lago, mansinho.

- Precisamos chamar alguém. – Capí disse segurando a professora que desmaiou e caiu no chão. Estava com o pescoço sangrando muito.

– Eu vou buscar ajuda. – Viny disse e saiu da floresta enquanto Capí segurava a pessoa que mais odiava no mundo.

Ele viu atrás de uma arvore um garoto com feições Indígenas. O tal de Índio que a garota gritara antes de tudo aquilo acontecer. Quando Viny passou por ele, o garoto o chamou e disse algo em seu ouvido. Viny olhou para Capí, respondeu para o garoto e correu para a escola para buscar por ajuda.

Índio saiu das arvores e seguiu a mesma direção.

A Kappa estava tranquila no lago.












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