A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 4
Capítulo IV - Caimana


Notas iniciais do capítulo

Achei esse capítulo um pouco difícil de fazer, pois como sei como são os personagens, ficou difícil saber qual seria a reação deles. Mas acho que vão gostar. :-)
Vejo vocês no próximo, talvez o Índio esteja lá! hehehe



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IV

CAIMANA


Quando voltou á olhar para Viny, ele estava quase babando. E só quando Caimana interrompeu seu contato visual, que ele saiu do transe.

- O que foi? – perguntou confuso.

- Você está bem? – ela perguntou.

- Estou ótimo! Porque a pergunta?

- É que você estava olhando de um jeito estranho pro Capí. – estranho era pouco. Por um breve momento parecia que Viny estava apaixonado por Capí. Não tirava os olhos dele.

- Estranho? Como assim? – Viny perguntou. Alguns alunos ao redor olharam para eles, repreendendo-os.

Ela olhou novamente pra Capí e depois voltou para Viny.

- Você estava olhando por Capí! – ela disse querendo dizer “Helôô. Ele é um garoto.”.

- Sim. O que é que tem?

Caimana não aguentou e soltou o verbo.

- Viny, você estava olhando para um garoto!!! – ela falou isso um pouco alto demais. O bastante para todos ficarem em silêncio olhando para ela. Ela virou devagar e viu o homem magro do conselho o fulminava com o olhar. Olhou de relance alguns professores que estavam sentados em suas mesas. Atlas estava lá, segurando um risinho. Ela odiou esse risinho. Uma garota ruiva fez sinal de silencio para ela.

- Me desculpe. – disse baixinho. Mas como o refeitório estava muito quieto, o Conselho ouviu o que ela disse. Não podia ver, mas tinha a certeza de que estava mais vermelha do que pimentão.

- Como eu falava... – disse ele, continuando o discurso. Mas Caimana, que não ouvira o começo do discurso, não chegou á ouvir nem o final. Estava com tão envergonhada que baixou a cabeça nos braços e ficou ali, até que o discurso chegou ao fim.

Quando ergueu a cabeça e olhou para os lados, se certificando que ninguém mais olhava para ela, falou.

- Me desculpe! – na verdade não sabia por que estava se desculpando.

- Não foi nada. – Viny deu um sorriso pra ela. – Todo mundo já sabe, e mesmo se não soubesse, eu não me importo com o que eles pensam.

Caimana ficou quieta.

- Sabem? O que?

Mas Viny não chegou á responder, pois muitas criaturas baixinhas com orelhas pontudas e pequenos chifres na cabeça chegaram com roupas de garçom e com as bandejas enormes flutuando á sua frente. Apesar de o banquete já estar sendo servido, o conselho continuou á falar.

- Este ano, correm boatos de que um espirito de um dos feiticeiros das trevas mais poderosos que já existiu está solto. Nós do conselho, não iremos tolerar que tais boatos circulem pela escola. A escola é totalmente segura, impossível de tal ameaça, da qual não é real, entrar aqui. Ponto final.

Alguns que ainda prestavam atenção ao discurso se entreolharam com preocupação. Era óbvio que mesmo com tais palavras do conselho, eles temiam. Mesmo que não fosse verdade, alguma coisa estava por traz disso, pois os boatos apareceram do nada. Alguém sabia de algo e espalhou para todo mundo, precavendo-os. E esse papo do conselho não querer que os boatos rondassem a escola era estranho. Muito estranho.

Caimana foi interrompida de seus pensamentos pela criaturinha que jogou um pano em cima da mesa que se desenrolou no ar e já estava com os pratos e talheres já arrumados. Caimana deu uma olhada melhor na criatura e viu que na parte debaixo do corpo, onde deveria ter o restante do uniforme de garçom, havia pernas e patas de bode.

Segurou um riso e a criaturinha, saiu para outra mesa com o rabicho peludo balançando.

Voltou o olhar para a mesa e se deparou com pedaços de carne no espeto e cascas de alguma coisa parecida com laranja em volta. Em outra bandeja, um tentáculo com bolinhas pretas. Mas o que mais chamou a atenção foi um negócio verde que tinha textura de carne e estava envolto por pedaços de batatas.

- O que é isso?

- Gnomo com batatas. - Viny respondeu.

- Gnomo? Mas pode servir gnomo como jantar? Quero dizer, deveria ter uma regra não é? E, além disso, deve dar uma dor de barriga tremenda.

Viny deu risada com o comentário dela.

- Não sei. Só conheço porque fui meus pais costumam comer esse treco. Eles dizem que está na moda na Europa comer isso. Sabe o que eu acho? Uma porcaria. – disse ficando sério.

Capí veio até eles e Caimana se lembrou do vexame de alguns instantes atrás. E focou no churrasco que era a melhor opção, pois estava com muita fome e não estava nem um pouco a fim de comer aquela coisa verde e nojenta para por o que tinha no estômago pra fora.

- O que acharam da comida? – Capí perguntou

- Estranha. – ela disse,

- Suspeito que seja gnomo. – ele falou um pouco triste. – Se for, pobres criaturinhas. Se dão bem com as pessoas, mas a maioria delas acham que são uns monstros. Ia continuar á falar, mas uma figura muito engraçada adentrou o refeitório.

Com um manto longo e lilás que cintilava á cada passo que dava uma pequena tiara de flores caindo sob seus curtos cabelos branco. O sorriso emanava uma aura de felicidade que inundava o salão.

- Obrigada mais uma vez Pompeuzinho! – disse com um sorriso sincero. E o conselheiro voltou ao seu lugar com uma expressão de intolerância.

- Como foram as férias meus amores? – ela perguntou emocionada.

O salão irrompeu em respostas de muitos dos alunos que já estudaram no ano anterior. Ela deus umas palmadinhas serelepes lançando um olhar encantador para todos. – Que ótimo meus corcundas!! Estão prontos para mais um ano de estudo? – a maioria fez que sim com a cabeça. – Ótimo!

Caimana a achou a pessoa mais adorável do mundo. Tão simpática, de um jeito meio Hippie, um pouco maluquinha e muito risonha. A alegria que saia dela atingia á todos, até o mais sérios dos alunos.

- Queria muito poder conversar mais um pouco com vocês queridinhos. – a expressão de felicidade passou para uma preocupada. – Mas eu e o conselho, temos assuntos muito importantes á tratar. Mas não se preocupem meus amores, tudo está bem. – e voltou á colocar o sorriso no rosto.

- Podem voltar á deliciosa refeição! E aos novos alunos, sejam bem-vindos á Nossa Senhora do Korkovado!

Ela foi recebida por vários aplausos. Era de longe, a melhor diretora do mundo, e já tinha visto ela algumas vezes. Seu nome? Zoroasta Maria Leopoldina Isabel Xavier Gonzaga da Silva.

Após terminarem a refeição, os alunos se dirigiram para seus dormitórios e Caimana já estava exausta. Quando caiu na cama, tudo se apagou em poucos minutos.


* * *


O sol brilhava intensamente lá fora. Os raios batiam na janela e mudava sua direção para o rosto de Caimana que acordou um pouco sonolenta ainda. Ela olhou para a cama da garota chamada Rosa, mas nem sinal dela. Levantou e foi até a janela onde pode ver um jardim com várias flores exóticas. O relógio na parede marcava 8 horas e trinta minutos. Ainda tinha mais meia hora para se preparar para a primeira aula.  Em dez minutos já estava preparada e saía do seu quarto e ao chegar no grande pátio, com o tronco de escadas, onde estivera no dia anterior, alguém colocou a mão em seu ombro.

 Virou-se um pouco surpresa.

- Até que enfim acordou.

- Onde esteve? – Caimana perguntou.

- Acordei mais cedo para me informar sobre as aulas. – pegou um papel do bolso e leu.

- De acordo com o que está escrito, nossa aula começa ás nove horas, em vinte minutos mais ou menos, aqui no pátio.

Olharam em volta e poucos alunos estavam lá.

- Cadê o pessoal?

- Devem estar dormindo. Ontem á noite fizeram uma festa lá na praia, muito devem estar lá dormindo ainda.

- Fizeram uma festa e nem me chamaram? Sacanagem!

Caimana olhou mais além no pátio e avistou Viny sentado em um dos banquinhos lendo um livro. Ou pelo menos fingindo, pois por de trás do livro seu olhar caia sobre elas. Um garoto moreno estava sentado do lado dele e Caimana percebeu que ele dava pequenas cotoveladas nele.

- Ontem ele não me falou porque estava olhando para o Capí.

Rosa deu um leve suspiro.

- É que o Viny é diferente de outros garotos. Enquanto os garotos normais gostam de garotas, o Viny não!

Deu mais um suspiro de raiva.

- Então. Quer dizer que o... – ela começou a falar. Estava confusa e com raiva ao mesmo tempo. Quer dizer que estava gostando de um garoto que nunca daria bola pra ela? Estava totalmente sem palavras, e chocada acima de tudo.

- O Viny gosta de garotos e... – mas não chegou á terminar a frase. Sua voz estava triste e chorosa. Deu as costas e saiu do pátio. Caimana se dirigiu á um dos bancos vazios para pensar direito.

Viny se levantou. Estava caminhando na direção dela.

Ai que vergonha, pensou. E eu fiz aquele vexame ontem no refeitório. Mas porque ele não me disse antes? Seria mais fácil.

Ele sentou ao lado dela.

- Oi!

- Oi! – ela disse meio desconcertada.

- Eu... Queria te falar uma coisa. Mas só vou falar porque descobri que você gosta de mim.

 Ela ficou envergonhada e começou a falar.

- Me desculpe! Eu não queria ter dito aquilo na frente de todo mundo! Eu entendo que...

- Eu também gosto de você. – ele interrompeu.

Por um momento Caimana ficou parada. Sem respirar e olhando fixamente para aqueles olhos castanhos com um sorriso encantador. Não era possível. Rosa acabou de dizer á ela que ele não gostava de garotas.

Um sentimento misto de alegria e culpa a envolveu. E ele continuava encarando com aqueles lindos olhos... O rosto se aproximando do seu. A boca tão perto da sua que podia sentir o hálito dele. Os olhos se fecharam e...

- Atenção!

Separaram-se em um pulo. Mas que droga. Quem interrompeu um momento importante como esse? Logo agora?

Os alunos, alguns deitados nos bancos tirando uma soneca se levantaram assustados.

Uma mulher com cabelos até os ombros, uma pose de sabe-tudo. Usava um terninho cheio de frescuras. Um sorriso se alargava em seu rosto.

- Estão prontos para a primeira aula de Segredos do Mundo Animal?

E deu uma piscada pra Caimana. Estava totalmente com raiva por ela ter estragado um momento tão especial.

- Vamos para o gramado no jardim.

E a seguiram para a primeira aula do dia.








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