A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 30
Capítulo XXX - Capí




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XXX
Capí

Capí mantinha a varinha erguida na altura dos ombros, apontando para o monstro á frente. Esse, por sua vez, tinha características felinas e era quase do mesmo tamanho que o Rinoceronte. Seus músculos enormes e peludos carregavam uma enorme e grossa corrente que tinha em sua ponta uma esfera preenchida por espinhos. Uma típica arma medieval. Sua armadura de metal brilhou com a luz da lua ao se movimentar e ele rosnou para os garotos á sua frente.

– Estamos mortinhos da silva! - Erik choramingou mesmo com a varinha em prontidão. Seu olhar fixo na criatura deixava transparecer o medo interior. A tremedeira dizia o mesmo.

– Você precisa se concentrar Erik. Se conseguir isso, você conseguirá se acalmar e prestar atenção á luta. Ou então... Você morre.

Os monstros partiram para cima deles de uma só vez com um grito de guerra assustador, digno de história de piratas.

O monstro-felino girou a ferramenta de morte com uma só mão. A velocidade era tanta, que de longe pareciam hélices de um helicóptero. Capí não sabia se Erik conseguiria ter o raciocínio como o dele. Mas apesar da lerdeza do garoto, Capí confiava cegamente na coragem dele, apesar das tremedeiras. Erik não desistiria fácil, mesmo estando aterrorizado com tudo aquilo.

Capí, analisando a velocidade com que o monstro se aproximava se esquivou para um dos lados enquanto Erik seguia para o lado contrário. Uma mão enorme e azul passou raspando pelos seus cabelos, mas Capí não se importou com isso. Sua atenção estava totalmente voltada àquele que estavam enfrentando. Ele viu Erik do outro lado enquanto o Leopardo seguia como um touro em fúria na arena. Ele bateu de cabeça em um enorme lagarto que estava virado na direção de Gus e Clarissa.

O enorme lagarto caiu no chão em frente aos jovens bruxos e então Capí fez algo que Erik nem nenhum dos outros sabiam que ele era capaz de fazer.

Aproveitando-se do terreno totalmente mutável por conta do poder maligno de Anhangá, Capí lembrou-se de algo que havia feito várias vezes quando criança. Ele tocou a varinha da mesma maneira que se toca uma flauta.

Ao tocar os lábios de Capí, a varinha iluminou com tons verdes os pequenos ramos que a encobria. O som que saia dela era calmo e sereno. Capí fechou os olhos e imaginou a cena em sua mente. No mesmo instante, enormes raízes brotaram do chão espalhando paralelepípedos para todos os lados. Eles cresceram como na história do Pé de Feijão e seguiram vivas como cobras para prender os braços e pernas dos monstros que estavam caídos no chão. Eles urraram e se esforçaram para se livrarem, mas em vão. Ficaram imóveis e cobertos pelas raízes, até que o chão se abriu e eles foram tragados para dentro do enorme buraco que se fechou sem auxílio de nada, apenas de magia.

Os quatro jovens ficaram atônitos demais com a cena.

– Toma essa seu cara de Tartaruga Ninja! - Viny gritou no fundo.

Capí se virou e viu uma enorme tartaruga, nada lenta por sinal, se aproximava com uma espada velha e enferrujada para cima de Viny e Brenda. Ele lançava feitiços aleatórios enquanto se esquivava dos movimentos mortais da espada do réptil. Brenda se instalara na parte de trás, bem acima do casco da tartaruga gigante atacando a varinha na cabeça com alguns feitiços que, pela visão de Capí, não eram nada além de luzes. Ele sentiu orgulho daquela garota apesar de sua tentativa fútil de luta.

Eles correram para ajudá-los, lançando feitiços nos pés da criatura (Como Brenda estava nas costas era perigoso demais.).

– Brenda sua doida! Sai daí! - Erik gritou.

Clarissa ergueu a varinha e apontou para a amiga. Brenda começou a subir no ar até se soltar do monstro, e então, com outro movimento, ela chegou ao lado deles e tocou os pés no chão.

– Você ficou maluca? Não se sobe em cima do inimigo querida! - Clarissa gritou para Brenda assustada.

– Mas eu fui! Até parece que eu ia deixar ele vir pra cima dos meus amigos. E além disso, sambei na cara dele, olha lá! - Brenda apontou para a cena.

Não era nada agradável. A Tartaruga encurralou Viny em frente á uma banca de jornais. Ele estava assustado, sem saber o que fazer. Estava machucado, com alguns cortes nos braços. A varinha prateada apontada para o chão. Já não havia mais feitiços á lançar.

Capí olhou á sua volta em busca de algo que pudesse ajudar. Ele viu Annie e Índio lutando juntos contra um centauro. Eles eram fortes separados e duplamente mais fortes quando estavam juntos. Naquele instante, tentar ajudá-los apenas atrapalharia. Na outra extremidade da praça, em um tipo de chafariz retangular, Caimana e Alícia estavam utilizando a água para derrubar uma cobra que soltava chamas pela boca. A água formava estranhos objetos como martelo gigante, bola (envolvendo a cobra dentro que se debatia fortemente) e outras coisas.

Capí olhou mais ao redor, para a praça preenchida pela destruição, como que desenhada para um espetáculo cinematográfico. Ele viu a fenda que foi aberta e que enterrara os corpos dos monstros á alguns minutos atrás e logo ao lado...

– Rápido gente! Vamos usar feitiços de levitação!

Ele apontou para as enormes pedras caídas pelo chão. Pedras de paralelepípedos.

– Eu não sei feitiço de levitação! - Brenda protestou.

É claro, Brenda havia faltado áquela aula porque estava com febre de dragão-australiano.

– É fácil Brenda! - Capí disse com ternura. - Apenas se concentre no objeto e diga "Kalêsegon".

Brenda apontou sua varinha para uma das pedras, respirou profundamente e olhou fixamente para o objeto.

– Kalêsegon. - ela disse. O paralelepípedo pareceu continuar inerte. Sem nenhum movimento, mas quando Brenda começou a erguer a varinha, o objeto a imitou da mesma forma, enfrentando a lei da gravidade que fora criada por azêmolas.

– Isso Brenda! Parabéns! - Erik disse feliz.

Brenda sorriu radiante. Ela mudou sua expressão para uma de garota sapeca. Virou-se em direção á tartaruga que já erguia sua espada e lançou a varinha para frente. A pedra segui para a direção apontada zunindo e atingiu em cheio a parte de trás da cabeça do monstro.

Este olhou para os lados e não achou ninguém por perto, mas quando tentou erguer a espada novamente uma chuva de pedras enormes choveu sobre ele. Erik ria alto como uma maníaco de desenho animado.

O casco da tartaruga começou a rachar até que se quebrou em mil pedaços, caindo no chão e deixando a tartaruga indefesa e nua. Era apenas mais um animal-humanoide. O monstro começou á ficar envolto por uma fumaça roxa, até que emitiu um grito agudo e explodiu, desaparecendo por completo, sem deixar vestígios.

Quase que no mesmo instante, a cobra que antes lutava com Caimana e Alícia, veio voando com uma lança feita de água atravessando o seu peito. Ela bateu na parede e explodiu na mesma substancia que a tartaruga gigante.

Eles olharam para as garotas que estavam molhadas das cabeças aos pés. Elas bateram as mãos em um tipo de cumprimento e deram muitas risadas após isso.

– Cara, a gente tá rindo demais não acham? - Erik disse. - Nem parece uma batalha pra salvar a humanidade.

– Isso eu tenho que concordar contigo Erikito! - Caimana disse tacando água com as mãos na cara dele.

– Mas pessoal, cade o Índio e a Annie?

Capí se assustou e virou o olhar. Lá estavam eles. Nas ruas por onde milhares de pessoas passavam quase todos os dias, fazendo suas compras tranquilamente. Agora a destruição era presente e Índio e Annie estavam lado a lado lutando. Eles apontaram as varinhas um para o outro deixando um espaço de um metro entre a ponta de suas varinhas. Eles disseram algo e o feitiço disparou formando uma ligação entre as varinhas.

Capí olhou boquiaberto para a cena. Tinha ouvido Índio falar certa vez que era possível fazer aquilo, mas nunca tentou realmente testar algo do tipo.

Uma enorme bola verde se formou no lugar onde os feitiços se ligavam. Cada vez maior ate que, quando o monstro correu na direção deles, eles jogaram com um movimento igual das varinhas, a enorme bola verde na direção dele, que explodiu em chamas lançando uma luz roxa que quase cegou todos que olhavam a cena.

Os dois se olharam por alguns instante e depois se abraçaram forte. Annie tinha as vestes da escola rasgada, e após o abraço ela tirou a capa e jogou para o lado.

– Isso atrapalha demais! - ela disse. - Desculpa Indiozinho do meu coração, da próxima eu venho vestida adequadamente só pra ti! - ela depositou um beijo no rosto de Índio que ficou vermelho.

– Aff, vamos logo sair daqui e procurar Anhangá.

Eles deram um passo em direção ao portal e sentiram. Não, eles ouviram.

A voz vinha de dentro de cada um deles. Saindo de todos os lugares e dominando a mente deles, deixando-os apreensivos. Capí nunca sentira nada parecido. Era assustador demais.

"Vocês não precisam vir á minha procura crianças." a voz disse.

Clarissa se agarrou em Gus assustada.

Capí engoliu em seco, tentando ignorar o arrepio que subia pela sua espinha.

"Eu mesmo fiz questão de vir buscar vocês. Eu mesmo faço questão de acabar com vocês pessoalmente."

As portas da catedral da Sé se abriram. Uma luz forte arroxeada vinha de seu interior. Capí se sentiu chegando no céu. A luz era tão clara e tão forte que eles tiveram que tapar os olhos com os braços.

Porém, a curiosidade do ser humano foi mais forte e Capí baixou o braço. Com os olhos semicerrados ele viu a figura de um enorme cervo, de mais ou menos 4 metros de altura. Sua galhada enorme quase não passavam pelo portal. Os olhos do animal eram vermelhos e uma cruz estava tattoada em sua testa. A criatura era totalmente roxa, se assemelhando muito á um alien ou algo do gênero. Uma estranha aura negra cobria seu corpo deixando tudo á sua volta turvo.

Capí estava petrificado. Era uma criatura... diferente. Bela, mas estranhamente assustadora. Já ouvira boatos de como era a verdadeira aparência de Anhangá antes, mas nada se igualava áquilo.

Os outros jovens bruxos estavam no mesmo estado de choque que Capí.

"O que foi? O gato comeu a língua de vocês?" a voz soou na mente deles novamente. "Eu parei de destruir a cidade só para vir aqui, acabar com vocês. Deveriam demonstrar o mínimo de respeito!" a voz rosnou.

Uma forte força magnética os forçou á se ajoelharem. Ele suava e se esforçava á se levantar. Mas uma força muito maior não o permitia se levantar.

"Isso. Ajoelhem-se perante á mim. Ajoelhem-se para sua morte. "


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