A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 3
Capítulo III - Caimana


Notas iniciais do capítulo

Agradeço mais uma vez (kkk') Nadia, que fez a revisão! ;)

E queria aproveitar e fazer um agradecimento ao meu amigo Vinicius, um ótimo escritor e conselheiro e que me apoia não apenas com essa Fanfic, mas com minha história própria também.



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Capítulo III

CAIMANA


Aquele garoto era simplesmente perfeito. Do jeito que ela gostava. Alto, corpo esbelto, mas nunca pensou que ele fosse tão burro á ponto de entrar em uma briga no lugar de outra pessoa.

A visão de garoto perfeito que ela tinha dele perfeito mudou depois da briga em que ele se meteu. Era só ignorar o Abelardo. Eles estavam em um clima tão romântico, mas de repente aquele bendito garoto foi inventar de ser herói.

Caimana subia os degraus da escada que não tinha fim.

Porque ele não me ouviu? – pensou. Não! Ele tinha que ir buscar encrenca. Ainda mais para um garoto que nem sequer agradeceu por ele ter livrado a cara dele de pancadas. E o Abelardo lá com aquele ar metido dele. Mas Caimana havia dado uma lição que ele nunca esqueceria. Bem feito para ele.

Afinal, quem era esse homem que os levava para um castigo dos brabos? Era o primeiro dia de aula e já estavam sendo levados para alguma coisa nada boa. Meu pai me mataria, pensou.

- Quem é você? – perguntou lembrando-se da pergunta mental.

- Eu? – o homem se virou. – Eu sou Atlas Vital. Prazer! – disse com um largo e juvenil sorriso.

- E o que faz aqui? – continuou.

- Eu ensino Defesa pessoal garotinha. – disse ele sorrindo. – Ou seja, sou seu professor. – e deu uma piscadela pra ela.

- O senhor pode me chamar de Caimana professor! – disse, sentindo o rosto corar com a piscadela, mas com um tom autoritário na voz.

- Como nos achou lá? – Viny perguntou. Finalmente fez algo que preste, pensou Caimana, que ainda estava brava com ele.

- Eu estava dando uma volta com meu filho quando vi o Abelardo sair correndo com os amigos e o Capí os trouxe para a floresta. Deixei meu filho com a Zô. Você salvou o Capí pelo que parece, tu é bem valente garoto.

Viny corou e fitou os pés. Porque ele ficou com vergonha? O professor prosseguiu com a subida de escada.

Estava ficando cansada já de tanto subir degraus e mais degraus, até que depois de uma meia hora, ou mais, não saberia dizer, pois parecia que estavam andando á horas, os quatro chegaram ao septuagésimo sétimo andar.

Atlas abriu uma grande porta de madeira com molduras bem elegantes e um tanto antigas.

A sala tinha um cheiro de coisa antiga, como em um desses sebos velhos.

Era bem grande, com livros em estantes enormes. Pensando melhor, era mais como uma biblioteca. Ao fundo, seguido por um tapete vermelho bem escuro, encontrava-se uma mesa elevada, como de tribunais. Atrás dela, uma mulher de longos cabelos loiros e ondulados. Linda, mas com uma cara de poucos amigos. Á sua direita, em uma mesa com algumas canetas e papéis, um senhor magro olhava com superioridade para eles. E no outro lado, um gordinho que aparentava ser o mais simpático dos três.

Abelardo estava sentado em pé ao lado da mesa do homem magro, com a cara emburrada e inchada. Uma mancha roxa no rosto.

- Estávamos á sua espera professor. – a mulher disse. Manteve a mesma frieza nos olhos.

- Me desculpe Dalila, mas um dos garotos estava machucado, então decidi fazer um... Curativo.

Viny levantou a mão na altura do peito.

Ela caiu seu olhar para Caimana que desviou. Ela dava muito medo. Nem parecia que era...

- Logo no primeiro dia de aula. – ela disse. – Brigando com os colegas da escola. – Olhou para Viny.

- Eu não tive culpa! – se defendeu. – Aquele garoto folgado, o Abelardo, ele que...

- Chega! Como se atrevem á mentir? – olhou de Viny para Atlas.

Viny engoliu em seco.

- Dalila. Nós dois sabemos quem o Abelardo é. Não pode ficar protegendo ele para sempre.

- Quem é você para me dizer o que devo fazer? Esse garoto marginal bateu nele! Além de ter usado feitiço antes das aulas começarem. – ela começou a falar com a voz elevada. – Merecem uma punição.

Ficou um silêncio na sala, cortado apenas pelo “tic-tac” de um relógio na parede. Abelardo olhava para eles com frieza.

- Ela tem toda a razão. – homem magro falou. – Devem ao menos ser punidos, mas da próxima vez... – olhou para cada um deles nos olhos. – Não haverá perdão.

- Tudo bem. – Atlas falou.

Caimana olhou para ele indignada.

- Tudo bem coisíssima nenhuma! Ele também merece ser punido! – ela apontou para Abelardo.

- Eu não fiz nada! – ele disse em protesto. Era a primeira vez que falava naquela sala.

Mas que garoto cínico. Mentindo na cara larga.

- Quieto Abelardo! – O homem falou.

- Uma carta será enviada á seus pais sobre os acontecimentos. Por enquanto, estão dispensados.

- Mas qual é a punição? – Viny falou preocupado.

- Voltem aqui amanhã, e lhe diremos. Agora vão para seus dormitórios. Amanhã as aulas começam.

Deu uma ultima olhada para Caimana. Atlas a pegou pelo braço, puxando-a para a saída. A porta fechou atrás deles.

- Porque aquele moleque não foi punido? – Viny perguntou.

- Ele é filho dela. – disse Capí.

- O quê? – Viny perguntou surpreso.

- E como você pode ficar quieto numa situação dessas? – Caimana se revoltou com Capí, que ficou envergonhado.

- Vou pra casa. Meu pai deve estar me esperando. – disse baixinho e desceu as escadas.

Caimana estava indignada da vida. Atlas os acompanhou até o pátio onde mostrou uma porta desgrudada da parede e em pé, no vazio.

- Você não vem? – ela perguntou.

- Não, tenho que me arrumar para o banquete da meia-noite. Tchau garotos, até mais.

- Tchau. – responderam juntos.

Eles entraram na porta e se depararam com um grande salão. Mas será possível que tudo ali era enorme?

Um corredor comprido e com muitas portas se esticava para os dois lados da entrada. Em cada porta, um pequeno quarto com duas camas, escrivaninha, armá­rio e janela.

- Vamos procurar um quarto? Ou você já tem companhia?

- Já tenho companhia. – Viny respondeu.

- Tudo bem então! Até mais.

- Até mais. – E saiu na direção oposta.

- E á propósito! Qual é seu nome mesmo?

-Viny Y-piranga, mas pode me chamar de Viny! E você?

- Caimana Ipanema.

- Até mais então Caimana.

Caimana estava sozinha agora. Apesar de ter irmãs, apenas ela escolheu ser bruxa, ou seja, ninguém estava com ela ali.

“Independência ou morte!” – alguém gritou, fazendo-a pular de susto. “Desculpe-me Senhora. Não tive a intenção de assustá-la.”. Ela tentou procurar de onde vinha a voz, mas apenas um quadro que se mexia estava ali. Espere um pouco, pensou. Um quadro que se mexia? E estava certa. Havia um pequeno quadro de Dom Pedro I e seus cavaleiros, junto á porta de entrada.

- Ah... Não... Tem problema. – ela disse meio desconcertada.

O cavaleiro no quadro fez uma reverência e Caimana começou á ir à busca de um quarto livre, o que á essa altura seria impossível.

Depois de bater em pelo menos uma meia dúzia de portas e ver se tinha alguém, e também depois de ouvir muitos “Já está ocupado!”, ela chegou ao próximo, onde havia uma menina de cabelo curtinho e preto. Os olhos profundos e verdes.

- Olá! – Caimana saudou.

- Olá! – a garota respondeu gentilmente.

- Tem mais alguém neste quarto?

- Não! Pode ficar! – respondeu com um sorriso. Apontou para as malas e disse. – Á não ser que a garota dona dessas coisas chegue.

O quarto tinha muitas bolsas e uma bagagem um pouco estranha e comprida, parecida com a sua, que por sinal estava em cima da cama junto com seus outros pertences.

- Eu sou a dona dessas coisas! Como vieram parar aqui?

A garota deu de ombros.

- Um garoto estranho entrou e as colocou aqui. – disse, colocando uma bolsa em cima da cama. - Eu vou para o banquete. A gente se vê mais tarde! – e saiu deixando a porta aberta.

Até que era bem confortável. Duas camas separadas, uma escrivaninha, um armário e janela. Um relógio na parede anunciava exatas 23h45min. Tinha quinze minutos para se preparar para o banquete.

Como não estava com o uniforme, ela teve que fechar a porta para se trocar. Colocou as meias e a calça social, que achava feias, aliás, preferia mil vezes uma calça jeans. A camisa, dobrando as mangas pra cima, a gravata com listras brancas e pretas e, por fim, uma capa longa até os pés com um capuz, as beiras da capa eram de um dourado bem bonito.

Agora que estava pronta, com o cabelo solto, saiu para o refeitório.

Chegou ao refeitório em cima da hora. Quando a maioria dos alunos estava lá. Caimana se lembrou do caminho e quando viu a porta de madeira, percebeu que era o lugar por onde passaram depois da entrada. Era um salão enorme. Tão grande que poderia servir para um baile ou coisa do tipo. As paredes cobertas de espelhos e tapeçaria faziam com que o lugar fosse maior do que era.

O teto com muitas figuras mitológicas esculpidas dava um encanto á mais ao lugar.

Em uma placa na parede dizia “Salão Godofredo Onofre, xodó de Zacarias Ipanema, arquiteto e escultor”. Que legal, Caimana pensou, tem o mesmo sobrenome que o meu.

Muitas mesas estavam espalhadas com números disformes de cadeiras, onde todos estavam sentados. Procurou pelo garoto loiro e achou ele bem na ponta, perto da parede, sentado com a garota do seu dormitório.

Foi até eles. Mas que traidora, pensou. Eu o achei primeiro. Ele é meu.

Sentou-se ao lado dela com a cara mais falsa do mundo. Mas é claro que ela não iria perder aquele moleque lindo e loiro por nada. Tudo bem que ele era burro, mas isso ela poderia concertar.

- Olá! Eu estava te procurando. – disse á garota com ar de fingimento. Ignorou que Viny estivesse ali. - Você não me disse como se chama, já que vamos dividir o mesmo quarto, acho que eu deveria saber.

- Mas é claro! Como pude esquecer. Me chamo Rosa Nogueira. Mas pode me chamar só de Rô!

- Que legal Rosa... Quero dizer Rô! O meu é Caimana. – e ofereceu um aperto de mão que foi retribuído calorosamente.

- Viny! Nem te vi! – disfarçou.

Rosa se levantou, pois avistou suas amigas do outro lado do salão.

- Pessoal, vou ali com minhas amigas! – e deu um beijo na bochecha de Viny. O sangue da Caimana ferveu, mas logo se acalmou forçadamente.

Quando Rosa saiu. No fundo do refeitório, sob as mesas mais elevadas que as outras, encontravam-se o Conselho.

Com o salão já lotado, o mais magro e mais velho do Conselho se levantou e limpou a garganta solenemente. Todos se aquietaram e o silêncio, impressionantemente tomou conta do lugar. Ele começou a falar sobre as regras da escola, o planejamento didático para o novo ano letivo, e muitas outras coisas super-desinteressante, mas Caimana não estava mais prestando a atenção, pois olhou pro lado e viu que Viny estava em algum estado de transe, olhado para algo á sua frente.

Ela seguiu seu olhar e se deparou com Capí por entre os outros alunos, á umas quatro cadeiras á frente e cinco ao lado.

















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Notas finais do capítulo

Obs: Tem uma personagem que criei por causa da minha mãe que tava falando comigo na hora!! heheheh



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