A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander


Capítulo 20
Capítulo XX - Índio




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XX

ÍNDIO

Enquanto Índio arfava caído de quatro no chão de terra, ele ouviu Caimana fazer uma pergunta com a voz assustada.

– O que é isso?

Índio, tomado de curiosidade por conta do medo empregado na voz dela, levantou a cabeça para o céu. Uma forma humana e gigante de mais ou menos sete metros de altura estava entre uma vasta fumaça roxa.

Era como um demônio gigante, com asas enormes de morcego, longos chifres nascidos acima de sua cabeça, olhos vermelhos e dentes afiados. A pele era verde e escamosa. Anhangá estava ali. Havia encontrado eles e agora estavam perdidos, sem forças para fugir ou sequer tentar lutar.

– Finalmente achei vocês!! – ele cantarolou com sua voz estrondosa. Ergueu as mãos e materializou, como da ultima vez, um enorme cajado com um diamante brilhante em sua ponta.

– Dessa vez, não tem ninguém para salvá-los. – ele riu.

Porém, ele não voltou ao tamanho humano. E apontou o cajado para eles que se juntaram temerosos.

– Abá-Îu...

– Não vou deixar que faça isso!

Antes que Anhangá terminasse o feitiço, uma luz clara veio da floresta e, como se fosse um sol artificial, iluminou tudo ao redor. Por um breve momento todos tamparam os olhos com as mãos.

Curupira estava ali, montado em seu Javali gigante e em chamas.

– Essas crianças têm algo que eu quero e não vou deixar que você mate eles! – ele gritou para Anhangá.

– Ora, ora! Se não é meu antigo aliado Curupira! – ele sibilou.

Curupira olhava para frente, mas não era possível ver seus olhos, pois no lugar havia orbitas em chamas. O fogo de seu cabelo subia á dois metros de altura ardente e selvagem.

– Vai embora daqui Anhangá! Nossos tempos de aliança se passaram á muito tempo.

– Está de brincadeira! – Anhangá disse com os dentes serrados. - Você vai ajudar estes pivetes?

– Sinto muito Anhangá! Mas como eu disse, eles têm algo que eu quero!

Caimana deu um passo para trás e Índio percebeu que ela escondia nas costas o espelho da Iara.

– Muito bem. Já que é um traidor, vou matar TODOS VOCÊS! – Anhangá gritou e ergueu seu cajado.

– AAAAAAAAHHHH!! – Curupira saltou do Javali e materializou uma lança em uma das mãos.

O feitiço lançado por Anhangá errou o alvo, mas a lança que o Curupira jogou acertou em cheio o peito do adversário.

– Como ousa! – Anhangá se enfureceu. Os olhos deles brilharam e se tornaram chamas negras. Seu tamanho triplicou e ele ergueu o cajado mais uma vez. Porém seu alvo já não era mais Curupira e sim os Pixies que estavam estupefatos com a luta entre eles.

Curupira materializou uma flauta e soprou ela. Enquanto os Pixies se dispersavam para atrapalhar Anhangá, uma coisa estranha começou á acontecer. Enquanto Índio corria na direção da floresta, ele vislumbrou as arvores se erguerem de suas raízes, ganhando vida.

A canção que Curupira tocava estava fazendo com que as árvores se animassem e atacassem Anhangá, prendendo as suas pernas.

Os Pixies pararam e ficaram observando aquele acontecimento nunca visto antes na vida deles.

– Você vai me pagar Curupira! – Anhangá berrava.

Enormes raízes brotaram do chão e prenderam os braços dele. Curupira tocou uma nota aguda e o seu javali de estimação cresceu até ficar do tamanho de Anhangá. Curupira montou no animal e ficou da altura exata de Anhangá.

– Você se arrependerá Curupira! Espere para ver! – Anhangá gritou furioso. Uma aura negra tomou conta do corpo dele. Quando o Javali avançou para ataca-lo, Anhangá se desfez em água, caindo no riacho que voltava ao seu leito.

– Ele... Ele morreu? – Caimana perguntou assustada.

– Não. Com certeza não - Índio falou. – Curupira apenas o...Expulsou, eu diria.

– Então ele continua vivinho da Silva! – Viny falou.

– Achei que hoje seria o ultimo dia de nossas vidas! – Capí disse.

– Não diga bobagens! – Viny falou. – Ainda tenho a vida toda pela frente para aproveitar.

– Espero que eu tenha feito isso por um bom motivo.

Eles se viraram e Curupira estava ali. No tamanho normal e com seu javali ao seu lado. Ele parecia muito mais agressivo do que sua forma de Caipora.

Caimana se aproximou, puxando o espelho á frente.

– Isso... – Curupira falou estendendo as mãos.

– Mas espera! – Caimana falou.

Curupira ficou sério.

– O que é?

– Você tem que nos ajudar primeiro!

– Já não basta eu ter salvado vocês de Anhangá?

– Não! – índio falou. – Precisamos aprisiona-lo, e para isso precisamos da Bola de Cristal que só você pode fazer!

– Grrrrr. – Curupira rosnou deixando á mostra seus dentes caninos.

– É uma troca justa! Você terá uma coisa que você sempre quis mas que nunca conseguiu e nós teremos uma coisa que queremos também.

– Tudo bem. – ele resmungou.

– Queria saber de uma coisa! – Viny falou.

Curupira olhou confuso para ele.

– Por que você nunca conseguiu pegar esse espelho dela? Era só você pular no rio e nadar atrás dela.

– Garoto idiota!

– É eu sei... – Caimana suspirou.

– Meu cabelo é de fogo caso não tenha percebido. – Curupira resmungou.

– E o que tem á ver? Só vai apagar por alguns instantes! Depois você acende de novo!

– Se minhas chamas apagarem, elas nunca mais “acendem” novamente.

– O cabelo dele é a fonte de seu poder... – Capí falou baixinho.

Curupira assentiu.

– Ah tah! – Viny falou desconcertado.

– E então? Vai nos ajudar? – Caimana perguntou balançando o espelho.

– Vou. – Curupira falou de mau gosto.

Ele montou no Javali e adentrou pela floresta. Apesar de seu cabelo estar pegando fogo, as folhas o tocavam e nada acontecia.

Eles ficaram esperando sentados. Estavam muito cansados e com fome. Índio estava até sentindo saudade daquela garota louca: a Annie. Todos eles estavam com saudades da escola.

– Meu pai vai me matar! – Capí falou.

– Por quê? – Viny perguntou.

– Porque faz dois dias que estamos fora da escola.

– Não é um dia só? – Viny perguntou.

– Não. – Capí apontou para o horizonte. O céu começava á se tingir de laranja.

– Espero que ele não demore. – Índio falou nervoso. – Se amanhecer ele não será mais o Curupira, e ai vamos ter que esperar até anoitecer de novo.

Ao dizer isso eles ouviram um barulho e Curupira saltou de trás dos arbustos com uma caixa de madeira em mãos.

– Aqui está! – ele disse. – Agora me deem o espelho.

Caimana estendeu o espelho e pegou a caixa de madeira. Ele ficou olhando vislumbrado para o sua relíquia enquanto os Pixies se juntaram ao redor de Caimana para ver o conteúdo dentro da caixa. Ela abriu cuidadosamente a tampa de madeira e um brilho iluminou as faces dos jovens bruxos. Uma bola de cristal, mais brilhante do que a outra, estava pousada em cima de um punhado de capim. Quando Caimana levou á mão até a Bola...

– Não toquem nela! – Curupira gritou.

Ela encolheu a mão envergonhada.

– Por... Por que não?

– A bola só poderá ser tocada no momento que... – mas eles não chegaram á ouvir o restante pois os raios solares tocaram no rosto de Curupira e ele brilhou feito ouro até voltar á ser Caipora, com cabelos vermelhos e não em chamas.

– Não acredito! Agora ficaremos sem saber por que não podemos tocar na bola de cristal. – Índio falou irritado.

– Não se preocupe. – Caipora disse. – Em breve saberão a resposta.

– E porque você mesmo não nos dá a resposta? – Viny perguntou agitado.

– Porque eu não sei.

– Affê! – Índio bufou.

– E agora? Como iremos voltar para a escola? – Caimana perguntou.

– Sigam-me. – Caipora disse e eles o seguiram por entre a floresta até chegar ao riacho onde poucos momentos antes tiveram um confronto com Anhangá.

– O que faremos aqui?

– A cachoeira os levará para sua casa. – ele apontou para as águas que caíam em cascata e formavam um lindo arco-íris com a luz do sol.

Caipora estendeu as mãos e um redemoinho de água abriu espaço no meio da cachoeira verticalmente, de modo que eles podiam ver dentro do redemoinho sem fim.

– Rápido, o portal só ficará aberto por alguns segundos.

Eles agradeceram Caipora por toda a ajuda rapidamente e saltaram dentro da água que girava sem parar.

Tudo ficou claro e ele vislumbrou muitas paisagens diferentes que surgiam borradas por detrás do redemoinho. Até que tudo escureceu e eles caíram em um pequeno lago em um lugar muito escuro e frio. Quando Índio se levantou, com a água chegando ao seu joelho, ele se lembrou que já estivera ali antes. Ele estivera naquele lugar quando teve que esconder a Bola de Cristal. Perto da escola.


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