A Arma Escarlate - As Aventuras Dos Píxies escrita por Erik Alexsander
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CAIMANA
Enquanto seguiam Índio, Caimana perguntou para Capí.
- Quem é aquele lá?
- Ele é o Griô. Contador de histórias.
Olhou para Índio que andava á passos largos. O que aquele moleque tem? Só vive emburrado.
- O que ele estava querendo dizer com aquilo, quando falava com o Índio?
- Eu não sei. Mas o Griô conhece todas as histórias que se há para contar; sabe tudo que já aconteceu no mundo. Mas só conta o que quer, para quem quer, e quando quer.
- Será que ele sabe de alguma coisa que o Índio não sabe? – ela perguntou. Só podia ser. Para ele sair todo nervosinho dali. Mas Capí deu de ombros.
- Pode ser que sim.
Viny alcançou Índio e entrou na frente dele fazendo-o parar. Caimana e Capí os alcançaram.
- O que houve com você? – Viny perguntou.
- Nada! – Índio respondeu com aquela cara séria.
- Como assim nada? O que ele quis dizer com aquilo?
- Nada. Eu já disse.
- Não vamos te deixar em paz enquanto não nos falar. – estavam na praia já e o sol ardia sobre a cabeça deles. Um dia ótimo, na opinião de Caimana.
- Eu não posso falar! – Índio falou.
- Ah, então quer dizer que tem algo! – Caimana falou. Mas é claro que tinha. Sabia disso pelo jeito dele.
- Vamos para a aula tudo bem? – ele falou.
- Agora é a aula de Ética. – disse Viny. - Deve ser um saco! Que tal a gente ficar aqui? – ele olhou pela praia. Tinham muitos alunos na água e ninguém estava os mandando voltarem para as salas.
- Boa ideia! – Caimana falou. – Estou morrendo de vontade de surfar!
- Você surfa? – Capí perguntou. Ela afirmou com a cabeça. – Que legal!
- O meu pai me ensinou. Quer ver? – ela disse ansiosa.
- Quero sim!! Vai ser demais! – Capí falou empolgado.
- Então esperem aqui que eu já volto.
Ela saiu correndo para seu dormitório. Pegou sua prancha de surfe azul, colocou um biquíni e saiu correndo para a praia.
- UAU! – Viny exclamou.
- O que foi? – perguntou se fingindo de ingênua.
- É que... Você está...
- Vai lá Caimana! – Capí falou. – Manda vê!
Ele estava empolgado. Então ela decidiu mostrar o que fazia de melhor na SUA praia.
Ela saiu correndo em direção ao mar com os cabelos voando ao vento. As ondas chegaram á sua cintura quando ela se deitou de frente na prancha.
As ondas batiam e passavam por cima dela. A água salgada batia no rosto dela, quando soube que estava na hora de se levantar e arrasar.
Ela se ergueu em cima da prancha e em um equilíbrio, que era normal para ela, deslizou sobre as ondas que se quebravam no mar.
Dava saltos belos com o brilho das gotas sob o sol. Tinham muitos surfistas no mar, fazendo várias manobras que só eles entendiam. Mas a areia se encheu com as pessoas que antes estavam cabulando aula. Caimana atraiu o olhar de todos.
Formava um grupo que observava atentamente á sua dança no mar. Ela queria dar o mais belo e radical quando a onda veio um pouco antes do que ela previa. Quebrou antes mesmo da parte final da manobra e ela caiu na água. Prendeu a respiração e ficou em baixo d’água por certo tempo e nadou para a superfície arfando.
Ela olhou, com os braços agitando, para a praia e viu olharem preocupados para ela. Bobos, ela pensou. Não precisavam se preocupar.
Ainda com os braços agitando a água ela olhou para o lado e viu sua prancha repartida ao meio balançando no mar.
- Droga! Minha prancha! – ela falou.
Pegou os pedaços da sua prancha e voltou para a areia.
- Mas que droga!
- Não dá pra concertar? – Capí perguntou.
- Não. – ela respondeu mentalmente “Pelo menos aqui não”.
- Logo agora que estava bacana. – Capí disse deprimente.
- Onde está o Índio? – ela procurou pela praia, mas nem sinal dele. Viny e Capí se viraram para procura-lo também, mas Caimana avistou o garoto entrando na floresta lá no fundo.
- Ali ele! – ela apontou.
Capí e Viny olharam bem na hora que ele sumiu pela vasta vegetação.
- O que será que ele foi fazer? – Viny perguntou.
- Não sei. Mas a floresta não é segura. Devíamos avisar alguém.
- Não precisa. Ele sabe se virar sozinho. – ela disse.
Um garoto moreno mais velho que ela se aproximou.
- Nossa!! Você é demais! Pena que a prancha quebrou!
Ela olhou para as duas partes da prancha em seus braços.
- Tive uma ideia! Vou precisar da vassoura de alguém!
- Pode ser a minha!! – Viny respondeu rápido.
- Tudo bem.
Ele saiu correndo para seu dormitório enquanto Caimana explica sobre como aprendera á surfar. Viny voltou com uma vassoura que parecia da época de bruxas de histórias contadas para crianças.
- Essa serve? – ele perguntou.
- Perfeita! – ela largou o resto do que antes era uma prancha e pegou a vassoura da mão de Viny.
Ela largou a vassoura e ela ficou flutuando horizontalmente á menos de 50 centímetros da areia. Ela pulou em cima e ficou em pé com os dois pés no cabo da vassoura e as hastes na parte de trás. Ela ia mostrar á eles como surfar em VASSOURA.
Ela fez várias manobras que faria com sua velha prancha, mas com uma vassoura que voava veloz por entre as ondas. Todos batiam palmas e gritavam estímulos para ela.
Depois de um tempo, o sol começou á se por no horizonte. Caimana devolveu a vassoura para Viny e se despediu do pessoal que assistira á sua apresentação de Surfe. Deu um tchau para Capí, que estranhamente não dormia nos dormitórios e foi para o seu, onde encontrou Rosa roncando levemente.
* * *
O dia amanheceu como sempre desde que ela chegou á escola, com um sol brilhando intensamente no céu.
A aula seria de Leis da Magia, com um professor de nome esquisito.
O professor insistira em fazerem grupos para debaterem sobre a escala de periculosidade dos animais mágicos. Era para debaterem sobre a importância e quais as possíveis falhas dessa lei.
Como Capí, Viny e Índio estavam na mesma classe, ela decidiu fazer grupo com eles quatro.
- Sinceramente, eu acho uma merda essa coisa de grau de periculosidade. Afinal, se um animal for perigoso, nós com certeza vamos saber, mais cedo ou mais tarde. – ela disse.
- Mas é importante, pois assim, nós já temos conhecimento. Nunca se sabe se pode confiar em algo fofinho. Ele pode te matar. Não viu a Kappa daquele dia? – disse Capí.
- É verdade! – Viny falou.
Caimana olhou para os outros grupos que discutiam e seu olhar parou sob Abelardo. Ele deu um sorriso de desdém para eles, que fez o sangue de Caimana ferver de ódio.
- Ele e aqueles amiguinhos dele, me irritam. – ela disse voltando-se para seu grupo.
- A mim também. – Viny falou olhando para o grupo. – Na frente da Dalila eles são Anjinhos, mas por trás...
- Anjos... – Caimana falou.
- Podíamos chama-los assim! – Viny disse de repente.
- O que? – Caimana, Capí e até mesmo Índio exclamaram juntos.
- É! Assim ninguém saberia que estamos falando deles... Assim a gente evita de entrar em mais uma encrenca com aqueles lá... Digo com os Anjos.
- Como assim? – ela perguntou.
- Veja bem. Se a gente falar mal deles e alguém ouvir e contar para eles, eles virão pra cima da gente encher o saco... Mas se ninguém souber que estamos falando deles... Não virão encher o saco!
Eles raciocinaram sobre a ideia de Viny.
- É! Até que faz sentido... acho!
Eles ficarão em silencio, encarando os papéis dos cadernos na frente deles.
- Podíamos colocar um nome para o nosso grupo também! – Viny falou.
- A não! Nem venha com essa! – Índio protestou.
- Chega de ideias malucas Viny! – Caimana falou.
- Mas pessoal! Seria bacana!
- De jeito nenhum! – Índio disse. Mas Viny já estava pensando.
- Deixe-me ver...
E pôs a mão sobre o rosto numa imitação de Chico Xavier.
- Já sei! – ele falou quase num grito e batendo na mesa. O professor olhou para eles.
- Foi mau professor! – ela se desculpou. – É que estamos discutindo sobre a lei! – mentiu. Virou-se para Viny e falou num cochicho. – Tá maluco?
- Podemos nos chamar de Diabretezinhos!! Como a Dalila nos chamou!
- T´de brincadeira? – Índio falou com carranca.
- Não.
- Isso é ridículo Viny! – ela disse.
- Mas você disse pra ela que podíamos nos chamar de outro nome! Seria estranho se colocássemos justo esse, que ela gosta! – Capí falou finalmente.
- É isso Capí! – ele exclamou e deu um beijo no rosto de Capí que ficou vermelho e limpou o rosto com a mão.
- Você é maluco!
- Você é brilhante! Nós vamos nos chamar de Pixies!
- Aff! – Índio falou. – Como é que fui me meter com vocês?
- Achei legal! – Caimana admitiu.
- Praquê isso? – índio perguntou.
- Ora bolas, para ficarmos reconhecíveis!
- Pessoal, não se esqueçam de trazer aquele texto na próxima aula! – o professor gritou para os alunos.
Eles saíram da sala, e foram para a próxima aula do Rudji.
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