H O L O C A U S T escrita por imyourvenus


Capítulo 7
Passageiras do trem chamado destino.




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NOTAS INICIAIS: (Qual é o problema do Nyah! com as minhas notas?)

Uma semana. Esse foi o tempo que demorei pra atualizar a fanfic.
Palmas pra mim pessoal!! hahahahah tô melhorando e muito empolgada com a fic ♥
Bom, aproximadamente 110 pessoas leram o capítulo anterior e apenas 3 comentaram. Então, esse é o capítulo das meninas que comentaram! Já passei da fase de reclamar por review, embora encoraje sim o autor, cabe a vocês a escolha de gastar dois minutinhos comentando algo que levei duas horas pra escrever, ou não. Enquanto tiver 1 leitora ativa aqui, permanecerei aqui!
Afinal, amo escrever. E amo vocês também, obrigada Lua Mckinnon Black, Lily Evans Potter e MABS por fazer uma autora feliz!!

Verão de 1943

Lily Evans

Julho passou, agosto também. Setembro é o mês.

Estou mal.

Doente e faminta.

Cansada e atormentada.

Sinto falta de casa, da minha família, de Tonks. Sinto falta de mim também.

E esse é o primeiro passo pra morte, sentir.

Finalmente estou me rendendo... Aos poucos estou sucumbindo à fadiga.

Era algo inevitável que eu estava adiando.

Gostaria de dizer que fui forte e fiel à promessa que fiz a Tonks, mas não fui.

Eu estava chorando. Eu iria morrer e estava chorando por isso.

Estava deitada no beliche que compartilhava com uma mulher desconhecida que não falava minha língua, e ela não ligou pros ruídos do meu choro.

Ela tinha suas próprias lágrimas pra se importar.

Eu estava sozinha e só agora essa realidade me atingira. Eu não tinha ninguém.

Papai e mamãe deviam achar que eu já estava morta, Tonks se fora e eu estava sozinha no mundo.

Em alguns anos – ou alguns meses? – ninguém se lembraria de mim como algo vivo, que falava, que sorria e que sentia, mas sim algo distante que durou pouco demais.

Eu fui passageira. Todos são afinal.

Mas a viagem da vida de alguns dura um pouco mais.

A minha mal tinha começado quando foi interrompida.

Tinha que lidar com isso o mais rápido possível. Pessoas são substituíveis.

São esquecíveis.

E são, sem dúvidas, passageiras.

Passageiras do trem chamado destino, onde os rumos que ele pode tomar são tão inesperados como a direção do vento.

Pode nos levar a mais bela felicidade.

Ou nos levar a escuridão de uma guerra que não é nossa.

Na minha curta viagem da vida, o destino não passou pelas paisagens mais bonitas.

Não pude conhecer o amor.

Nem as amizades verdadeiras e duradouras.

Nem a sensação de ter um filho recém-nascido nos braços.

Tudo que vi foi uma paisagem de folhas secas, um outono que nunca tinha fim.

O verão da minha vida nunca chegaria.

Mas fui abençoada pelos outros passageiros do destino a quem minha viagem cruzou. Mamãe, Papai e Tonks. E até Petúnia, éramos amigas antes disso tudo começar.

Eu os amo com todo o meu ser, e não me arrependo de minha viagem por eles.

– x –

Acordei com o barulho das sirenes, comi minha ração como se fosse a única no mundo – e pra mim, era mesmo – e fui para fora.

Fui encaminhada por um soldado para meu novo posto de trabalho, onde eu teria que empilhar materiais em um estoque a céu aberto. Sozinha.

Isso demoraria longos meses, se tivesse fim.

De materiais, ou o meu.

Eu não iria ter supervisão, tinha um bom histórico afinal. E também não é como se eu, uma adolescente pele e osso fosse conseguir fazer alguma coisa sozinha.

Eles tinham um campo inteiro de pessoas que apresentavam mais risco que eu para tomar conta.

Durante todo esse tempo aqui no campo, tinha aprendido a contar as horas pela posição do sol.

Eram 11:00 hrs quando minhas costas começaram a doer. E 12:30 hrs quando minha cabeça deu a primeira fisgada.

Eram 13:50 quando resolvi tirar um intervalo de 10 minutos para recobrar as forças.

E Eram 14:00 horas quando me levantei para continuar o serviço que já estava bem adiantado e me assustei com uma voz desconhecida.

– Hãm... Oi? Você está bem? – O garoto, que estava do outro lado da cerca, perguntou.

Ele não trajava uniforme, e nem estava desnutrido. Era um civil.

– Não, mas vou ficar em pouco tempo. E você? – Essa era a mais verdadeira das respostas. Eu não estava nada bem, mas ficaria. Em menos tempo que gostaria.

– Bem. Você está pálida, tá sentindo alguma dor?

Além da dor de estar longe de tudo que amo e de perder a única pessoa que ainda tinha? Tem a dor nas costas insuportável, a de cabeça e a de todo o resto também.

– Eu convivo com a dor. Mas logo ela vai passar.

– Como assim?

Como assim? Estava bem óbvio, não Sr... Senhor o que mesmo?

– A morte se aproxima... Como é seu nome mesmo?

– Potter. James Potter. E o seu?

– Lily Evans.

Então ele ficou calado por um tempo, me observando trabalhar.

Já devia ser umas 14:40 hrs quando ele falou novamente.

– Isso não é muito pesado pra você? Você é uma garota, não deveria pegar esse peso.

– É isso ou morrer, Potter. Não tenho muito que escolher.

– Os tijolos não te matariam se você não os empilhasse, Lily. – Ele disse rindo.

Então eu o encarei. O quão alienada uma pessoa pode ser?

– Os tijolos com certeza não, mas os soldados sim. – Falei como se fosse óbvio. Por que era óbvio.

Em que mundo ele vivia, afinal?

– Ninguém vai te matar por isso, só vão mandar outra pessoa pra fazer.

Então eu me toquei. Ele vivia no mundo do outro lado da cerca.

É claro que ele não sabia o que acontecia aqui.

E eu ri. Uma gargalhada alta e de puro humor que eu não dava há muito tempo.

– Potter, Potter. Você acha que isso aqui é um acampamento de férias? – Perguntei ainda rindo.

– Não, eu sei que vocês têm que trabalhar e tudo o mais, mas nem é tão ruim.

Bom, aí já era um nível de ignorância além do tolerado. Fiquei séria no mesmo instante.

– Você acha que não é tão ruim? Realmente não é tão ruim ser separada da sua família, nem é tão ruim ter que trabalhar 12 horas por dia faça sol ou chuva, nem se alimentar com um pão preto e um copo de água pela manhã e uma concha de sopa de repolho podre com cascas de batata fervida de noite, nem ter que dividir um beliche duro com outra pessoa, nem é tão ruim ver uma mulher judia sendo assassinada na sua frente por que caiu, nem é tão ruim ver uma criança inocente morrer de tanto cansaço. Nem é tão ruim, Potter.

“Nem é tão ruim ser violada por um homem nojento.” Pensei, mas isso era uma coisa que guardaria pra mim pro resto da vida. Um segredo. Uma vergonha particular.

– Mas... Eles nos mostram vídeos que... – Ele começou, gaguejando.

Não deixei que ele continuasse. Era a primeira vez que eu podia falar com alguém, e eu falaria.

– Eles mostram o que eles querem, Potter! Não o que acontece! Céus, eles mandam mulheres, idosos e crianças para morrer com gás ou com tiros na cabeça. Nós formamos filas com armas apontadas para nós, e se estamos doentes, morremos. Não existem médicos para nós, não existe nem se quer água potável!

– Meu pai, ele disse que vocês eram bem tratados, e tinham tudo o que precisavam... – Ele falou baixinho.

– Então olhe pra mim, - Eu disse e abri os braços, próxima a cerca – Você acha que tenho tudo o que preciso? Também estou doente. Mental e fisicamente. Não vou durar muito, e eu tive sorte aqui dentro, muita sorte. A maioria não passa do primeiro mês.

Ele ficou calado. E eu continuei trabalhando por horas e horas.

– Lily? Eu tenho que ir... Daqui a pouco meu pai chega em casa e não vai gostar de saber que vim conhecer a vizinhança. – Ele disse se levantando.

– Hm? – Ele ainda estava ali? – Ah sim, tchau Potter. – Falei e acenei com a mão que estava livre.

– Você pode me chamar de James, e me desculpa por mais cedo, fui insensível. – Ele soou sincero.

– Tudo bem, eu fui grossa. Me desculpe também. – Pedi.

– Não se pode ficar zangado com ruivas, né? – Ele disse e eu ri. Não, não se pode ficar zangado com ruivas.

– Vai logo James, eu tenho que trabalhar! – Eu falei, ainda sorrindo.

Eu me sentia... Humana?

– Ok ok, mas me responda uma coisa, você gosta de chocolate?

– Gosto, na verdade, tenho uma história bem engraçada sobre isso. Quem sabe eu te conte algum dia.

Caso a gente se veja novamente.

– Quem sabe esse dia não seja amanhã? Virei aqui te ver. Fica bem, ruiva. – Ele disse e isso soou como um “até mais” e não como um “adeus”.

As vezes a gente só precisa que alguém fale com a gente para que nos sintamos importante. Afinal, o que é mais humano que a fala e a capacidade de compreensão?

E aquela foi a primeira vez que tive pensamentos agradáveis antes de dormir.

Pensamentos que incluíam certo garoto com cabelos pretos bagunçados e um sorriso presunçoso demais para o meu gosto. E para o meu coração.


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Notas finais do capítulo

Nosso James apareceu galera!! Pra quem estava esperando uma aparição pacifica e fofinha, bem, não rolou, afinal são James Potter e Lily Evans. Mesmo que em um contexto diferente.
Mas eu gostei do final e do começo do próximo (Já falei que tô empolgada com a fic? Acho que já) que já fiz o rascunho e tudo o mais. Comentem e façam uma autora feliz, leio e respondo tudo com muito carinho!
Grupo no facebook -> https://www.facebook.com/groups/536052499777266/
(Ainda não postei a one que comentei no capítulo passado, muito grande e a preguiça de betar é monstra)
Beeeeeeeeeijos galera, até o próximo!