H O L O C A U S T escrita por imyourvenus


Capítulo 6
Murmurando palavras sem sentidos de amor e saudades.


Notas iniciais do capítulo

Oi gente, o que faz uma pessoa que já tem o capítulo pronto há anos postar justo no dia que está doente e faltou a prova de física?
Eu não sei. Mas aqui está, espero que goste!
Leiam as notas finais, terá alguns esclarecimentos.
Até lá embaixo!



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Verão de 1943.

Lily Evans

O mês é Julho.

E, por Deus, está tão quente...

O que qualquer um neste campo não faria por alguns minutos de um bom banho de água gelada?

Era nisso que eu pensava enquanto trabalhava transportando materiais para um depósito á céu aberto próximo à cerca.

Transportar a mente para um lugar fora dali... Estar e ao mesmo tempo não estar.

Eu havia me aperfeiçoado bastante nessa prática ao longo dos dias. Eu acordava, fazia o que devia fazer, e voltava para o barracão.

Sem pensar, sem sentir.

Nunca me permitindo lembrar das pessoas queridas que ficaram no passado, no conforto de casa e no luxo que era ser uma pessoa normal.

Apenas pensamentos pequenos e bobos. Era o que me permitia sobreviver.

Ultimamente eu trabalhava observando as flores que ficavam do outro lado da cerca, sem dúvidas uma visão privilegiada para um prisioneiro de Auschwitz.

E elas me faziam lembrar que ainda havia vida fora daquela cerca.

Era um pensamento masoquista, mas eu não podia evitar. Apesar de tudo, uma parte de mim queria sair viva dali.

Por mamãe e papai. Por Tonks. Por mim.

Mas em compensação a outra parte estava se deteriorando muito rapidamente, era como um câncer que vai contaminando os órgãos ainda saudáveis.

No meu caso, os pensamentos esperançosos.

Se vocês querem mesmo saber, eu estava me saindo bem em sobreviver, já que eles mandavam as pessoas com melhor aparência para áreas próximas a cerca.

Simplesmente não podiam arriscar que um civil passasse por ali e visse cadáveres andando de um lado para o outro com cargas pesadas sendo carregadas. Não, não podiam.

Então mandavam as pessoas recém-chegadas que estavam mais sadias e as que por algum motivo, não tinham cabelos raspados. E graças a isso, as aparências, eu ganhava uma pequena quantidade extra de ração.

Que eu não hesitava em dividir com Tonks.

Ah a pequena e animada Tonks... Depois de tanto tempo, começou a sucumbir.

A travessura habitual de seus olhos havia desaparecido, seu sorriso grande e alegre se reduzira a um pequeno curvar dos lábios.

Estava permanentemente febril e cansada.

E ainda era obrigada a trabalhar.

Eu preferia não pensar nisso na maior parte do tempo, mas quando o soldado vinha nos buscar para voltarmos ao barracão eu não tinha como fugir.

Fugir de encarar Tonks com sua vida se esvaindo diante dos meus olhos.

Fugir do meu sentimento de impotência.

Fugir de simplesmente assisti-la morrer gradualmente.

Era demais pra mim. Mas eu não podia fugir.

– Então Lily... Como foi o dia? – Perguntou ela ao deitarmos em nosso beliche, no fim do dia.

– Cansativo, mas não aconteceu nada demais. E o seu?

– Uma mulher judia machucou a mão na maquina de costura ao meu lado – ela começou, enquanto um soldado servia uma concha de sopa em sua tigela – e não deixaram que ela parasse de trabalhar. – Concluiu.

Fui servida com uma concha da mesma sopa e recebi um pão preto extra, do qual tirei um pedaço e dei para Tonks. Ela adorava molha-lo na sopa para comê-lo.

Todos jantavam calados, não sei se era por estarem cansados demais ou se para apreciarem melhor a refeição miserável.

Tonks terminou de comer e se deitou em nosso beliche, sem nem ao menos sussurrar seu habitual “Boa noite Lily”.

Estava cansada. Estava morrendo.

E se Tonks se fosse, eu iria também. Simples assim.

Ela era a única âncora que me prendia nesse mundo.

Me deitei ao seu lado, tentando não sonhar com sua morte. Nem com o que aquele soldado nojento fez comigo. Nem com o assassinato da mulher judia.

E não tive sucesso, é claro.

Os pesadelos sempre vêm.

ALGUM TEMPO DEPOIS.

Algumas semanas haviam se passado.

Parecia ter sido uma eternidade.

Aquela noite era a terceira desde que Tonks se fora.

A terceira noite que eu me sentia vazia e ao mesmo tempo completa de tristeza.

Tonks se fora. Para sempre.

Era difícil aceitar. Aquela menininha teria um futuro brilhante, milhões e milhões de oportunidades roubadas.

Milhões e milhões de sonhos em uma cabecinha que agora estava jogada em uma cova coletiva, como se não fosse ninguém.

Como se não fosse importante.

Mas ela era. Tonks definitivamente era alguém. E era importante.

E eu estava sofrendo.

A dor que eu estava sentindo, como se agora fizesse parte de mim, era algo terrível.

Meu peito doía e minha garganta parecia se contrair a cada lágrima que eu prendia.

Não queria chorar. Não iria chorar.

Eu havia prometido isso a Tonks.

FLASHBACK ON

– Tonks? Tonks, fala comigo! – Eu pedia desesperada. – Por favor, por favor!

Ela estava tremendo e suando frio, seus olhos que há pouco estavam fechados agora se abriam.

E eles estavam opacos.

Eu sabia o que estava acontecendo, só não queria aceitar.

– Lil’s... – Ela começou, com a voz fraca demais – Estou partindo.

– Não, você vai ficar bem. Só aguente um pouco, certo? Você não pode me deixar.

Lágrimas já caíam dos meus olhos enquanto me debruçava acima do corpinho pequeno de Tonks.

– “Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade”, Lily. Um professor meu disse isso. – Ela falou, e seus olhos estavam piscando lentamente, como se ela estivesse se esforçando pra mantê-los abertos. – Me prometa que não vai chorar.

– Eu... Prometo. – Fiz o que ela pedia, mas não pude conter os soluços.

– Você vai sair daqui e vai ser muito feliz, e quando estiver bem velhinha vai contar aos seus netos sobre mim, e lembra-lhes que não se deve ter pena dos mortos, e sim dos vivos, e acima de tudo, daqueles que vivem sem amor. – Então seus olhos se fecharam. – Adeus Lily, eu te amo. – Ela disse, e suspirou.

Seu último suspiro.

– Eu te amo, Tonks. Te amo. – Eu falava para o corpo que outrora pertencera a uma menininha radiante, mas agora estava vazio e perdendo seu calor. – Nunca irei te esquecer. Obrigada por tudo. Por tudo.

Eu estava murmurando algumas coisas sem sentido para ela quando as sirenes tocaram, anunciando o inicio de um novo dia de trabalho.

E eu nem percebi quando tiraram seu corpo dos meus braços, nem quando o café da manhã foi servido, eu apenas estava onde deveria estar.

Fazendo o que deveria fazer.

Mas a minha alma estava com o corpo de Tonks, aonde quer que ela estivesse. Permaneceria ao seu lado, murmurando palavras sem sentidos de amor e saudades.

FLASHBACK OFF

E a partir daquela noite meus pesadelos mudaram.

Não eram mais com aquela mulher judia, nem com aquele soldado.

Era o mesmo que tive antes de ser encontrada pelos nazistas. Uma menininha morrendo.

Mas a única diferença era que a menina judia havia desaparecido, e em seu lugar estava Tonks.

Sendo baleada e morrendo em meus braços.

Como se não bastassem às lembranças durante o dia, eu era torturada de noite também.

E lá estava eu, na fila para retirar mais entulhos nas proximidades da cerca.

Pelo menos ainda poderia observar as flores. Elas me distraiam um pouco da minha realidade.

Aquela esperança de sobreviver tinha ido embora junto com Tonks, eu estava fadada a morte.

Como a mulher judia.

Como todos que estavam ali.

E já estava passando da hora de aceitar esse fato.

NOTAS FINAIS. (O Nyah bugou e está cortando as notas!)

Então, capítulo curtinho né?
Eu ia colocar o James nesse, mas ficaria muita informação para um só capítulo. Então resolvi deixar esse só pra nossa Tonks ♥
Então já sabem né? O próximo terá o primeiro contato Jily! Estou ansiosa.
Já tenho os rascunhos para ele desde que escrevi a prévia, assim como para o último capítulo.
É isso amores, obrigada pelos reviews e pra quem favoritou *-* Respondi tudo!
Tem um grupo no facebook, pra se vocês quiserem perguntar ou falar alguma coisa, aqui está o link: https://www.facebook.com/groups/536052499777266/
Postei uma drabble do Tom (Riddle Jr), se alguém quiser dar uma olhada, está no meu perfil.
Vou postar uma one Jily também, é (muito) longa, vou deixar o link no grupo, então entrem lá.
Beijos gente, obrigada por lerem e até o próximo!


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