Os Quatro Símbolos escrita por Avery Chevalier


Capítulo 21
Capítulo Dezenove


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :)



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/390790/chapter/21

CAPÍTULO DEZENOVE

A quinta-feira tinha sido um dia chato, porque a Morgana estava em casa e porque ela não conseguia parar de surtar com o que tinha acontecido com o quarto da filha e quanto dinheiro teria que gastar de novo. Bom, e teve também os problemas relacionados com o colégio já que ele foi todo destruído então teríamos que procurar um outro e entraríamos em pleno segundo semestre onde todos já se conhecem e não querem saber de alunos novos.

A Morgana resolveu nos matricular numa escola em que o primo dela é diretor e que conseguiu uma vaga para mim e para a Sophie estudarmos lá. É claro que a Morgana não estava nem aí para mim, queria mais era saber em como sua filha estava se sentindo com tudo que aconteceu e se ficaria bem na nova escola, sendo que a culpa do nosso antigo colégio ter queimado, foi em parte culpa dela, pois se não estivesse me trancado naquela salinha, acho que aquilo não teria acontecido.

A sexta-feira chegou rápido e eu não estava mesmo preparada para ir para outra cidade novamente, a última que fomos não foi lá muito legal e quase morremos naquela tal de rua Guimel, pelo menos Denvallu não é uma cidade fantasma largada no meio do nada, mas o ruim disso é que é pior para encontrar uma pessoa.

Tinha que estar no Darteen Shopp as dez horas, mas iria passar no Hospital Santé antes para visitar a Giselle, precisava ver minha amiga, já fazia um tempo desde que tinha ido ali e mesmo sabendo que ela ainda não tinha acordado queria saber como estava.

Sai de casa deixando um recado para a Sarah - que tinha ido passar a noite com sua família - dizendo que ia sair e provavelmente não voltaria hoje. Pelo menos ela não estando em casa não me perturbaria me enchendo de perguntas das quais não daria para eu responder e também não poderia me impedir de sair e ir para um lugar que eu nem conheço.

Peguei um ônibus que me deixou num ponto em frente ao hospital. Eu ainda estava travada na entrada, não queria muito entrar, sabia que lá estaria cheio de gente e bastante delas poderia ser que eu conhecesse e eu não queria isso ainda mais sabendo que em parte foi minha culpa.

Dei um passo a frente e a porta automática se abriu me revelando a parte de dentro do hospital e ele estava cheio, todos os bancos ocupados pelo que pareciam ser parentes das pessoas internadas ali. Tentei não olhar para ninguém e assim não relacionar o parente a pessoa que eu poderia conhecer.

Fui até a recepção e perguntei se já estava no horário de visita e uma mulher ruiva atrás do balcão disse que sim e me indicou o quarto da Giselle, sendo que eu me lembrava onde era ainda. Tive que seguir por um corredor em que toda hora passava enfermeiros correndo com macas ou médicos apressados e isso só me dava nós na barriga. Ainda bem que já estava perto do quarto da minha amiga e entrei logo nele.

O quarto continuava o mesmo e a Giselle também, mas sua aparência estava mais pálida do que o normal. Me doía ver minha amiga ali naquele estado e aquela marca no pulso dela só me fazia lembrar que eu deveria achar essa pessoa do quarto símbolo o mais rápido possível. Me aproximei da cama da minha amiga e me sentei ao seu lado segurando sua mão.

– Amiga, eu acho que você não está me escutando, mas fique sabendo que você vai melhorar logo, tá? Eu te prometo isso, sei que fui eu que te meti nessa e eu vou te tirar nem que para isso eu me arrisque demais...Sabe, Gi, eu passei por tanta coisa na minha vida só nesse tempinho que você está internada e que nossa, uma reviravolta completa na minha vida. Você acredita que o Jonh me beijou? Isso mesmo, eu nunca na minha vida imaginei isso! E tem uma notícia que sei que você ficaria feliz de ouvir que é que a escola não existe mais, ela pegou fogo e queimou e eu sei que você iria surtar já que odiava aquele colégio - tentei sorrir mas não conseguia, sentia que meus olhos estavam marejados - E tem também duas pessoas muito chatas que conheci, uma é a Adélia e essa tenho certeza de que você odiaria e tem também o Daniel, ele é um idiota, mas sinto que você iria gostar dele. Enfim, amiga, tem muitas coisas acontecendo na minha vida e espero que eu continue viva para ver quando você sair dessa cama e vamos comemorar indo para uma daquelas suas festas loucas...

Ouvi a porta abrindo atrás de mim e uma enfermeira entrou no quarto, ela segurava uma bandeja com uns negócios em cima que não consegui identificar o que era.

– O horário de visitas acabou - ela me disse e me lanço um sorriso.

Eu tinha que me lembrar dos horários de visita, cheguei quase no horário que acabava ela, mas também não queria chegar antes para ficar esperando do lado de fora e vendo toda aquela agitação de hospital.

Sai da sala olhando para baixo enquanto enxugava alguma lágrimas que insistiam em cair dos meus olhos e acabei esbarrando em alguém ou alguém esbarrou em mim, eu não tinha certeza, mas mesmo assim não estava afim de ver quem era, falei "desculpa" baixo e continue andando, mas alguém segurou meu braço fazendo-me parar e virar.

– Eloísa? - uma voz conhecida disse.

Eu levantei a cabeça e vi o Jonh parado na minha frente, ele estava com os cabelos meio despenteados o que era estranho da parte dele, e seus olhos tinham leves olheiras embaixo. No meio de tanta coisa acontecendo tinha me esquecido do Jonh, nem tive tempo de me preocupar em saber se ele estava bem ou não, mas vê-lo ali na minha frente soube que as coisa não estavam muito legais.

– Ah, oi Jonh - disse e ainda não conseguia olhar em seus olhos, me sentia envergonhada pelo enorme mico que eu passei.

– O que faz aqui? Aconteceu alguma coisa? - ele perguntou soltando meu braço - Você está bem?

– Eu estou, só vim visitar a Giselle. E você, o que faz aqui? Se machucou ontem no incêndio? Porque não parece bem...

O Jonh realmente não parecia estar bem, ele parecia cansado e quando eu perguntei o que ele fazia ali, parece que sua aparência ficou mais triste.

– Não, eu estou bem...é que quem se machucou foi minha irmã, ela estava lá no colégio ontem...

Senti uma enorme vontade de abraçar o Jonh, mas fiquei com medo da reação dele, então só fiquei ali parada na sua frente e disse:

– Sinto muito...E ela está como?

– Não sinta. não foi sua culpa, e bom, ela está bem, mas mesmo assim me preocupo.

Se ele soubesse que boa parte foi minha culpa, pensei, mas não podia dizer isso.

– Espero que ela melhore logo. Bom, agora tenho que ir.

– Ah, e a Sophie, como está?

Por que ele tinha que mencionar ela? No mínimo já deve estar pensando em voltar com ela de novo, tenho certeza de que ainda está bravo comigo.

– Ela está bem. Agora eu realmente tenho que ir.

Me virei e saí daquele corredor voltando a olhar para baixo e tentando não olhar para cara das pessoas, não queria ver outro conhecido ali e que tem algum parente que se machucou por causa daquele desastre.

Ainda bem que não precisaria pegar outro transporte para ir até o Darteen Shopp até porque ele ficava próximo do Hospital, só umas duas ruas de distância.

Enquanto caminhava até lá não parava de pensar no que me esperava naquela cidade e o que aconteceria se caso não encontrássemos o quarto símbolo, e eu realmente não queria pensar nisso, mas era inevitável assim como tudo de estranho na minha vida, eu simplesmente não podia controlar o que eu queria ou não que acontecesse, eu poderia estar aqui andando normalmente e a qualquer momento surgir um daqueles cães grandes estranhos e me devorar, ou simplesmente se transformar num homem que diz me conhecer sendo que eu nunca o vi na vida.

Estava tão imersa nos meus pensamentos que quando fui atravessar a rua quase fui atropelada por um um carro que passou em alta velocidade a o cara que estava dirigindo ainda meteu a cabeça para fora da janela me chamando de louca e eu realmente estava, até porque atravessei uma rua sem nem me ligar em olhar para os lados e me certificar de estar vindo carro ou não.

Cheguei no Darteen Shopp e ainda não tinha avistado ninguém, até porque ali era um lugar que vivia cheio mesmo de manhã cedo, era um enorme lugar que tinham várias lojinhas que vendiam de tudo, desde legumes e verduras até a eletrodomésticos, como um hipermercado, só que muitas coisas que vendiam ali eram pirateadas, e as lojas que eram piratas ficavam escondidas, mas mesmo assim estavam lá.

Olhei ao redor e avistei uma garota vestida com um short preto curto desfiado, com uma blusa caída no ombro que ia até acima do umbigo, uma meia-calça toda rasgada e sapatos "tipo boneca" só que de salto e soube de imediato que era a Adélia, ainda mais que estava jogando seu charme para um vendedor de verduras e que parecia estar bem interessado nela.

Fui até lá e puxei seu braço tirando ela de frente da barraca de verduras.

– Ei, quem você pensa que é para me tirar de lá assim? - ela reclamou puxando seu braço da minha mão.

– Desculpe atrapalhar você com o verdureiro, mas eu quero saber que horas vamos sair daqui e onde está o Daniel.

– Como eu vou saber? Tenho uma bola de cristal ou algo assim? Que eu saiba só consigo entrar no sonho das pessoas e não ser um GPS humano, então vê se me esquece por enquanto, vou ter que passar muito tempo com você e não quero que ele comece agora.

Ela se virou e voltou para a barraca de verdura enquanto eu fiquei ali parada com cara de tacho naquele lugar onde um bando de vozes se misturavam enquanto os vendedores gritavam nas portas das lojas para as pessoas irem para lá.

Um vendedor de peixe parou do meu lado e ficou toda hora falando sobre peixes e em como eu deveria compra-los, se eu queria comprar, disse que ia me dar um desconto, ficou lá fazendo de tudo para eu comprar os peixes dele e ele já estava me irritando muito!

– Porra, será que dá para parar com isso?! Pega esse maldito peixe e enfie no...

– Nossa, não sabia que você tinha esse tipo vocabulário - ouvi alguém dizer e atrapalhar minha fala sobre tudo o que eu queria dizer para aquele vendedor chato.

Me virei e vi o Daniel parado atrás de mim. Ele era outro irritante, mas pelo menos o vendedor de peixes foi embora dizendo algo como "que garota mais mal-educada e maluca", então só me restava um irritante, ou melhor, dois já que tinha me esquecido da Adélia.

– E eu não tenho esse tipo de vocabulário, só que aquele vendedor me irritou MUITO e você bem que poderia ter chegado logo.

– Dan!!!! - ouvi a Adélia gritar e vir correndo se pendurar no pescoço do Daniel. Pelo visto ela esqueceu o verdureiro rapidinho- Até que enfim chegou, não aguentava mais esperar.

– Desculpe o atraso, mas vamos agora.

Reparei que a Adélia antes de entrarmos no carro do Daniel virou-se para trás e deu um piscada na direção do verdureiro, sabia que ela não tinha desistido dele, ela só quer todos ao mesmo tempo.

A Adélia já foi correndo para o banco passageiro para se sentar ao lado do Daniel no carro, então só me sobrou o banco de trás para sentar e assim era até melhor,pois não precisava ficar com ninguém, só eu.

~~ Os Quatro Símbolos ~~

Já estávamos a mais ou menos uma hora no carro e eu não aguentava mais, o sol já tinha saído e ele estava escaldante e eu não aguentava mais ouvir a voz da Adélia, ela não parou de falar o caminho todo enquanto eu não abri a boca uma única vez para dizer nada e nenhum dos dois sentados ali na frente também não fizeram questão de falar comigo.

Eu realmente não entendia o motivo do Daniel ainda estar com raiva de mim, ele só pode ter problemas e se ele acha que eu vou ser a primeira a falar, está muito enganado.

– Mas que saco, será que essa droga de carro não tem um ar-condicionado não? Aqui atrás está horrível de quente e as janelas não abrem! - eu disse, não queria falar mas já não aguentava mais ficar naquele calor horrível.

– Nossa, você está acordada, achei que estivesse dormindo - a Adélia disse fingindo surpresa.

– Sinto lhe dizer que o ar está escangalhado - o Daniel disse e continuo lá no volante bem calmo dirigindo.

A Adélia se virou para trás e mexeu com os lábios dizendo "vai ter que ficar no calor" e depois começou a rir.

– Sua infeliz idiota - murmurei.

– Você é uma vacaísa - a Adélia murmurou de volta.

– Vadia.

– Retardada lerda.

– Imbecil.

– Sua...

– Dá para as duas pararem! Eu não vou aguentar ficar o tempo inteiro com as duas trocando "elogios" umas para as outras não! - o Daniel disse socando o volante e fazendo a buzina disparar.

– Mas foi ela quem começou - a Adélia disse apontando para mim.

Ai, mas que droga, eu vou mesmo ter que aguentar a tortura de ficar com a Adélia? Já não basta a Sophie em casa, agora quando não estou em casa também tem uma garota chata com quem lidar. E pior é que estávamos num engarrafamento que olhando pela janela não parecia ter fim. É, eu vou torrar no banco de trás daquele carro.

A Adélia não parava de virar para trás e ficar me xingando só mexendo os lábios para me irritar e sabia que ela queria que eu gritasse para fazer papel de louca, mas parei de me importar, virei a cabeça para a janela e me foquei lá fora.

Estava a anos luz de distância da terra nos meus pensamentos, quando comecei a ouvir o carro sacudir e parecia que se arrastava até que comecei a sentir cheiro de queimado e fumaça saindo do capô do carro, até que o veículo parou de vez.

– Ah, isso não é bom - ouvi o Daniel dizer e depois ele saiu do carro. Depois de uns minutos ele voltou e disse: - Sinto dizer que o motor do carro queimou.

Eu não acredito! Por que tudo sempre tem que dar errado? Parece que nunca dá para chegar em um lugar sem que nada aconteça, é um azar muito grande esse que eu tenho.

O Daniel empurrou o carro para o canto da estrada e ligou para o caminhão guincho vir buscar ele. Então tivemos que ficar ali naquela estrada na beirada de um barranco cheio de pedras e que lá embaixo tinha o mar revolto batendo nelas e qualquer deslize poderia morrer.

– Mas que droga, Daniel, você não tinha um carro melhor para vir não? Se esqueceu que o lugar era longe?Você é um lerdo!

– Querida, por acaso se esqueceu que o meu outro carro foi roubado naquela rua esquisita? Então não reclame, pois se a princesa queria vir numa Limousine então que você própria alugasse uma!

– Se você tivesse me dito que seu carro era uma porcaria preferiria mil vezes pegar um ônibus de viagem do que ele, e fora que você é um babaca por não ter conferido se o carro estava bom ou não antes de vir!

– Talvez o problema aqui seja você, já que sempre que estamos juntos alguma coisa dá errado.

– Ah, então você acha que o problema sou eu? Fique sabendo que eu não pedi para estar aqui e não tenho culpa dessas coisas estranhas nos perseguirem!

– Ei, parem, ou melhor, é sua culpa Eloísa, saí de perto do Daniel - a Adélia disse puxando o braço do Daniel e tirando ele de perto de mim e da ribanceira.

– Pode deixar que faço isso, já que eu sou o problema - falei e fui para a parte detrás do carro e me encostei ali.

Eu realmente iria explodir tendo que que conviver com aqueles dois, é, talvez realmente eu fosse o problema e estivesse atrapalhando o casal. Cruzei os braços e fiquei ali naquele sol escaldante esperando o guincho chegar e pensando na droga que minha vida havia se tornado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Esse capítulo não aconteceu NADA, mas não dá para sempre acontecer coisas estranhas, né? rsrs Até o próximo capítulo e deixem reviews o/