Os Quatro Símbolos escrita por Avery Chevalier


Capítulo 18
Capítulo Dezessete


Notas iniciais do capítulo

Capítulo normalzinho, acho que a Eloísa já sofreu muito no capítulo anterior né? Rsrs Espero que gostem :)



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CAPÍTULO DEZESSETE

    Estava completamente exausta e dolorida, cada passo que dava parecia que carregava chumbo nos pés e fora que minhas mãos estava doendo, qualquer esforço que fazia com elas sentia fisgadas fortes, só quero ver como irei fazer as coisas, pelo menos tenho a Sarah para me ajudar, porque se dependesse da Morgana eu poderia ter morrido naquele incêndio, desde que a querida filha dela ficasse bem, o resto todo poderia ter virado cinzas.

    Tentei convencer de todas as formas para o Daniel ir embora, mas ele quis ficar para "cuidar de mim" sendo que não preciso dele, sei me virar sozinha e acho mesmo que ele não iria querer ficar no mesmo lugar que a Sophie, ela vai perturbar dizendo que tudo o que aconteceu é minha culpa, sendo que não é só minha, é dela também por ter me trancado naquela sala.

    - Meu Deus, eu preciso muito de um salão de beleza urgente, meu cabelo está um horror e minhas unhas estão quebradas, acho que estou morrendo! - a Sophie se lamentou enquanto subia as escadas e ia para o seu quarto.

    Eu nem tinha me dado conta do estado que estava até me olhar no espelho, e notei também estava um horror, meu cabelo estava todo desgrenhado e minha roupa de líder de torcida estava toda rasgada, faltava um pedaço da saia e a blusa estava toda desfiada, estava mais curta do que deveria, eu estava parecendo mais quem sofreu um estupro do que quem saiu de um incêndio.

    - É sério, você pode ir embora, daqui a pouco a Sarah vai chegar e ela toma conta de mim - disse para o Daniel que estava parado num canto da sala em pé, acho que ele sabe que não seria legal sentar em algum dos móveis da Morgana estando imundo.

    - Então quando ela chegar eu vou embora, antes disso não - continuo ali de braços cruzados firme em sua decisão.

Não adiantava tentar expulsar ele, pelo visto o teria que aturar mais um pouco.

    - Já que não vai embora é melhor tomar um banho, acho que não vai querer ficar parado aí o tempo todo e eu não o quero sujando a casa de terra para depois a Morgana colocar a culpa em mim.

    Fui até um quartinho onde ficam as coisas do meu falecido pai e vi se achava alguma roupa que desse no Daniel. As coisas que meu pai tinha a Morgana não quis se desfazer e eu também não queria, então em pelo menos uma coisa concordamos, é claro que teve coisas que ela vendeu - não doou - mas algumas ficaram.

    Entreguei as roupas para o Daniel e depois fui para o meu quarto tomar o meu banho que eu estava precisando. Entrei no chuveiro de cabeça e os cortes que tinha na minha perna estavam ardendo assim como os da mão, que não adiantou nada ter feito curativos na ambulância, pois teria que refaze-los já que molhei eles.

    Ainda não sabia como tinha conseguido empurrar aquela porta, aquilo foi hiper estranho, será que agora eu tenho uma super força ou algo assim? Isso até que ia ser legal, mas não menos estranho. Outra coisa que me deixou intrigada foi aqueles olhos vermelhos que apareceram na sala de limpeza e logo depois o fogo começou, acho que algo não quer que eu fique viva. E teve também aquela água saindo de todos os lugares que podia e competindo com o fogo, me senti numa espécie de fim do mundo, eu achei mesmo que fosse morrer, acho que passou um filme pela minha cabeça.

    Sai do banho enrolada numa toalha e fui procurar uma roupa para vestir no meu guarda-roupa desarrumado, tinha que colocar algo decente já que tinha visita em casa, mas se bem que eu não tenho roupas indecentes mesmo, quem tem isso é a Sophie e ela não tem vergonha de usar.

    Coloquei um short e uma camiseta e quando estava tentando desembaraçando o meu cabelo com as mãos machucadas, ouvi alguém bater na porta e pela suavidade eu tinha certeza de que não era a Sophie, ela não sabe fazer isso, ou abre sem bater ou esmurra a porta. 

    - Entra - disse.

    Pelo espelho da penteadeira pude ver o Daniel entrando no quarto e as roupas do meu pai até que cabiam nele, era uma bermuda bege e uma blusa xadrez azul, mas ficavam um pouco estranhas nele, tive que rir.

    - O que está rindo? - ele perguntou com um ar divertido.

    - Você com essa roupa de pessoa mais velha está engraçado.

    - E você com essa blusa do bob esponja também, parece uma criança - ele falou rindo também.

    O Daniel estava com os cabelos molhados e isso o fazia ficar tão diferente, ficava mais bonito e ressaltava mais seus olhos que naquele momento estava mais para cinza do que para o azul.

    - Ei, não me julgue pela blusa, sou muito madura tá - disse tentando parecer séria.

    - Ok, então já que é tão madura assim acho que não preciso te ajudar com os curativos da sua mão.

    - Eu posso fazer sozinha.

    Eu disse isso e depois peguei as gazes e tentei coloca-las na minha mão, mas me embolei na hora de colar com esparadrapo o que resultou num curativo todo tordo e o Daniel rindo da minha cara como se eu fosse uma idiota.

    - Deixa que eu faço isso, eu já fiz no seu pé outro dia, se lembra?

    - Eu já imaginava que tinha sido você, já que no outro dia apareci com um um curativo no pé, mas nem me lembrava de como tinha acontecido.

    O Daniel se sentou na beirada da minha cama de frente para o banco da penteadeira de onde eu estava sentada e puxou minha mão colocando-a delicadamente sobre uma almofada enquanto fazia um curativo no machucado, passar a pomada ardia e dava vontade de socar qualquer coisa, por sorte o Daniel segurou meu pulso senão a "qualquer coisa" seria a cara dele.

    - Agora, um beijinho para sarar - ele disse e beijou a palma da minha mão e fazendo eu ficar arrepiada.

    - Para com isso - falei puxando minha mão.

    - O que estou fazendo? - perguntou se fazendo de cínico.

    - De...de ficar beijando a mão das pessoas.

    - Mas você não é qualquer pessoa...

    Droga, por que ele sempre tem que me deixar constrangida com a presença dele? Odeio isso e nunca sei como sair da situação, mas por sorte ouvi alguém batendo na porta do quarto e antes que pedisse para entrar, vi a Sarah adentrando o local e vindo me abraçar com os braços abertos, ela estava vestindo um terninho rosa claro que usava para ir à igreja e seus olhos castanhos estavam repletos de preocupação. Não tive como escapar do abraço apertado dela que fez eu ficar mais dolorida do que eu já estava.

    - Meu bebezinho, lindinha, fofinha, eloizinha, que bom que está bem! Eu sai da festa da igreja antes do bingo porque fiquei bem preocupada quando soube da notícia. Que bom que minha bebê está boa.

    - Sarah, ér...não estamos sozinha - falei me soltando do abraço e indicando com a cabeça o Daniel que ainda estava sentado na beirada da minha cama.

    A Sarah percebeu e estendeu a mão para o Daniel.

    - Prazer, sou Sarah.

    - Daniel - ele respondeu apertando a mão.

    Depois disso, a Sarah segurou meus ombros e me guiou para fora do quarto me carregando para a biblioteca ao lado da escada.

    Ela entrou na sala e encostou a porta atrás de si, eu ainda não fazia ideia do que ela queria falar a sós comigo. Eu não sabia se ia demorar ou não então me sentei num sofá vermelho que tinha no centro da biblioteca, aquele lugar não era grande, tinha algumas estantes, dois sofás, uma mesa no canto e um computador numa escrivaninha.

    - Pode me contar o que fazia sozinha com aquele garoto no quarto? - ela perguntou bem séria, mas quem não conseguiu ficar séria fui eu, comecei a rir ao mesmo tempo de alívio - por não ser nada grave - e ao mesmo tempo de que realmente foi engraçado a Sarah perguntando isso.

    - Você acha mesmo que eu e o Daniel estávamos nos agarrando lá? Isso é algo muito, muito e muito enganoso da sua parte - respondi ainda meio que rindo.

    Pude ver que a Sarah não estava rindo, mas também não estava tão séria como antes. Ela se sentou ao meu lado do sofá e perguntou:

    - Sabe que não gosto de garotos no quarto das minhas meninas, você e a Sophie são minhas crianças e isso nunca vai mudar e sei que se dependesse da Morgana essa casa estaria cheia de homens por aí, mas é claro, desde que não sentassem nos móveis branquinhos dela e nem mexessem nas suas esculturas.

    - Ok, Sarah, mas eu e o Daniel realmente não estávamos fazendo nada, ele só veio deixar eu e a Sophie aqui depois daquele incêndio e naquela hora do quarto estava fazendo um curativo na minha mão machucada. Agora cadê aquela preocupação toda de alguns minutos atrás, hem?

    A Sarah me abraçou de novo e depois começou a me contar as coisas que ouviu no rádio sobre o incêndio e eu fiquei nervosa só de me lembrar disso, mas por sorte ela me contou que ninguém morreu, mas teve muitos feridos e alguns em casos bem graves e eu espero que saiam dessa, não quero me sentir mais culpada do que já estou.

    Quando voltei para o meu quarto, o Daniel estava na varanda  olhando o cenário lá fora, eu achei que ele já pudesse ter ido embora, mas não, ele continuava lá.

    - Eu não tive tempo de perguntar...mas então, como foi?

    - Hã? O quê? Minha conversa com a Sarah? Não foi nada demais, ela só estava me contando sobre o que ela ouviu no rádio, e ainda bem que ninguém morreu, é claro que teve ferido, mas estão vivos e isso é que importa, só espero que eles fiquem bem senão eu vou me sentir muito culpada e eu odeio me sentir assim, tipo, eu sei que é mais culpa da Sophie, mas é minha também, pois tem coisas nos perseguindo e queria que eu morresse, mas eu por sorte não morri, espero que essas coisas acabem logo...

    - Para de falar, Eloísa, eu não estou falando disso, estou falando sobre você ter beijado o Jonh! - o Daniel me interrompeu se virando e ficando de frente para mim.

    Sério que ele está falando sobre isso? Pois é, parece que sempre acontece algo quando estou com o Daniel que eu tenho que ficar vermelha...mas peraí, será que ele sabe que eu troque os nomes? Não, não, não, não e não, espero que o meu bloqueio mental contra isso tenha funcionado, mas eu infelizmente não consegui esconder que beijei o Jonh...mas perai de novo, isso não é infelizmente, o Daniel não tem nada haver com a minha vida.

    - Mas você sabe de tudo até aonde? - perguntei meio receosa.

    - Só até você ter beijado ele...Por que? fizeram algo a mais e não queria que eu descobrisse? - ele perguntou levantando uma sobrancelha.

    - Claro que não! Mas quer saber, não é mesmo da sua conta quem eu beijo ou deixo de beijar o que eu faço ou deixo de fazer, então dá para você ir embora logo? A Sarah já chegou e ela não gosta de garotos no meu quarto.

    - Tudo bem, seja feliz com seu namoradinho - ele disse e depois passou por mim esbarrando no meu ombro e saiu do quarto batendo a porta.

    O que deu no Daniel...será que ele estava com ciúmes? Como assim? Eu nunca dei nenhum indício de que alguma hora pudéssemos ficar juntos, ou eu pelo menos acho que não. Acho que passar muito tempo junto com o Daniel não está me fazendo bem.

    Já estava pensando que poderia me jogar na cama e descansar por pelo menos um minuto e quem sabe conseguir dormir, quando uma uma garota ruiva desesperada vestindo só um short minúsculo rosa e um top preto com glitter entra desesperada no meu quarto me fazendo levar um susto.

    - Eloísa, o quê está acontecendo? Tem alguma coisa MUITO errada no meu quarto e eu estou com medo! - a Sophie gritou me arrastando pelo braço.

    Ela parou na porta de seu quarto e indicou com a cabeça para eu entrar, mas vindo da Sophie eu não sei de mais nada, então parei e me virei para ela.

    - Eu não vou entrar aí, vai que seja mais uma das suas "brincadeiras" - respondi e já ia me virando quando ouvi um estrondo vindo de dentro do quarto que fez eu parar.

    - É sério, o que quer que seja não é comigo, acho que deve ter se confundido de quarto, porque nas paredes estava escrito "Eloísa" e eu não vou entrar aí nem que me paguem - os olhos da Sophie estavam arregalados e suas mãos tremendo, ela não estava com cara de quem estava brincando.

    Respirei fundo e abri a porta do quarto e quando vi como estava ele, levei um susto, o que quer que seja aquela brincadeira, não tinha cara de ser da Sophie...


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Notas finais do capítulo

Até logo ^^